O financiamento pelo BNDES de
parte de um gasoduto que poderá abastecer o Brasil com o gás argentino no
futuro, em substituição à produção da Bolívia, foi um dos pontos tratados pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à Argentina. A discussão sobre
integração energética é parte da agenda de Lula com o presidente Alberto
Fernandez, e inclui não apenas o gás, mas o desenvolvimento de projetos de
exploração de energia offshore e de potenciais hidrelétricos binacionais.
Os dois governos incluíram
entre os compromissos assumidos a criação de um grupo de trabalho para
aprofundar as discussões sobre a integração energética bilateral. Há a intenção
de promover um mercado de energia sul-americano, com aumento do intercâmbio de
gás natural, de gás liquefeito de petróleo (GLP) e de energia elétrica entre os
dois países.
A agenda conjunta prevê
também ações de incentivo a cadeias e complexos produtivos, com ênfase em
biocombustíveis, hidrogênio, hidroeletricidade e energia eólica e solar, além
da cadeia de lítio. A ideia é reativar o comitê técnico responsável pelos estudos
relacionados a empreendimentos hidrelétricos binacionais em trechos do Rio
Uruguai e de seu afluente Peperí-Guaçú.
A cooperação bilateral e projetos conjuntos para usos pacíficos da energia e da tecnologia nucleares fazem parte da estratégia conjunta nessa área. Foi destacada ainda a aliança estratégica dos dois países nas negociações sobre mudança do clima, com o apoio argentino à candidatura da cidade de Belém/PA a sede da COP 30, em 2025.
Gasoduto
Lula confirmou em 23/01/23, a
participação do banco brasileiro no financiamento da segunda parte do gasoduto
Néstor Kirchner. A primeira fase da instalação foi concluída, e os argentinos
buscam recursos para contratar o segundo trecho, de cerca de 500 km, que ligará
os campos de óleo e gás da região de Vaca Muerta até San Jerónimo. Em uma fase
futura, o gasoduto poderá chegar ao Brasil.
Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Economia argentino, Sergio Massa, também trataram do tema em entrevista coletiva em Buenos Aires. Questionado sobre o financiamento, quando o Brasil tem amplas reservas de gás do pré-sal e reinjeta grande parte do insumo, Haddad destacou o potencial de geração de energia limpa no continente e deixou claro que o Brasil pode usar tanto o gás do pré-sal quanto o de Vaca Muerta.
Massa explicou que o segundo tramo do gasoduto deverá abastecer parte do litoral e o norte argentino. Há sobras, segundo ele, que podem ser usadas na construção de um ramal para trazer gás para o Brasil. O ministro lembrou ainda que o gás da Bolívia está em declínio, o que afetará o atendimento futuro aos dois países. (canalenergia)
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