“Assim como a Idade da Pedra
não acabou por falta de pedras, a Era do Petróleo chegará ao fim, não por falta
de óleo” - Ahmed-Zaki Yamani
Iniciando com uma notícia
boa: o mundo bateu o recorde de aumento da capacidade instalada de energias
renováveis em 2023.
O acordo final da 28ª
conferência do clima da ONU, a COP28, realizada em dezembro de 2023, propôs a
meta de triplicar a capacidade de geração das energias renováveis globais até
2030. Porém, sob as políticas e condições de mercado existentes, a capacidade
renovável global deve atingir 7.300 GW até 2028. Esta trajetória de crescimento
representaria um aumento da capacidade para 2,5 vezes o seu nível atual até
2030, ficando aquém da meta de triplicar.
Segundo a IEA, os governos
podem completar a lacuna para atingir mais de 11.000 GW até 2030 superando os
desafios atuais e implementando as políticas existentes de forma mais rápida.
Estes desafios se dividem em quatro categorias principais e diferem conforme o
país: 1) incertezas políticas e respostas políticas atrasadas às novas
condições macroeconómicas do ambiente; 2) investimento insuficiente em
infraestruturas de rede, impedindo uma expansão das energias renováveis; 3)
barreiras administrativas pesadas e permissões procedimentos e questões de
aceitação social; 4) financiamento insuficiente em países emergentes e
economias em desenvolvimento.
Como mostraram Richard Heinberg e David Hughes no artigo “Climate Change and Energy Transition: The 2023 Scorecard” (16/01/2024) a transição energética precisa ser muito rápida para zerar as emissões de carbono até 2050, como mostra o gráfico abaixo.
Os autores mostram que, no início de 2024, a humanidade não está no caminho certo para evitar alterações climáticas catastróficas. Mais de 37 bilhões de toneladas métricas de dióxido de carbono estão a ser libertadas pelas atividades humanas, principalmente pela queima de combustíveis fósseis. A probabilidade de limitar o aquecimento a 1,5ºC (objetivo estabelecido nos Acordos de Paris de 2015) é agora extremamente remota. Na verdade, esse limite foi quase ultrapassado em 2023, pelos dados do Instituto Copernicus que indicou uma anomalia de 1,48ºC em relação ao período pré-industrial. Pelo Instituto Berkeley Earth a anomalia da temperatura em 2023, em relação ao período pré-industrial foi de 1,54ºC.
Se os líderes mundiais
quiserem genuinamente mudar estas tendências, serão necessárias medidas
drásticas que impliquem a reavaliação das prioridades atuais. Não só os
subsídios aos combustíveis fósseis, mas também o crescimento contínuo da
atividade econômica global ligada à energia deve ser questionado.
Sol e vento são recursos
naturais abundantes e renováveis, mas, indubitavelmente, não podem fazer
milagres e nem evitar o imperativo do metabolismo entrópico, como ensina a
escola da economia ecológica. A humanidade já ultrapassou a capacidade de carga
do Planeta.
Como alertou o ambientalista Ted Trainer (2007), as energias renováveis não são suficientes para manter a expectativa das pessoas por um alto padrão de consumo conspícuo. Ted Trainer prega um mundo mais frugal, com decrescimento demoeconômico, onde as pessoas adotem um estilo de vida com base nos princípios da Simplicidade Voluntária.
Estratégias de descarbonização podem transformar sua empresa em Zero Carbono mais rapidamente.
São tecnologias limpas e processos de produção mais eficientes que tornam possível a aplicação de novas práticas. A economia de baixo carbono vai além do combate às mudanças climáticas, mas estimula também o desenvolvimento sustentável e traz competitividade para o mercado nacional e internacional. (ecodebate)
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