sábado, 16 de março de 2024

Transportes elétricos ultrapassam energias renováveis e lideram investimentos

BNEF: Transportes elétricos ultrapassam energias renováveis e lideram investimentos na transição.
Relatório mostra que setor teve aumento de 36% nos investimentos e que 2023 trouxe recordes nos investimentos globais.

Os transportes elétricos ultrapassaram o setor de energias renováveis, que registou um aumento de 8%, para US$ 623 bilhões. O montante traduz o investimento na construção de instalações de produção de energia renovável, como centrais eólicas, solares e geotérmicas, e centrais de produção de biocombustíveis.

Veículos elétricos receberam maior parte dos investimentos de energia limpa em 2023

Geração de energia renovável ficou em segundo lugar, com US$ 623 bilhões e um crescimento de 8%.

Estação carrega bateria de veículos elétricos com energia solar fotovoltaica.

Os investimentos globais em energia limpa aumentaram 17% no ano passado, atingindo US$ 1,8 trilhão, dos quais US$ 634 bilhões estavam associados à mobilidade elétrica, calcula levantamento da BloombergNEF.

Divulgado em 30/01/24, o relatório aponta que os gastos globais em veículos elétricos subiram 36%, tornando-o o setor que mais recebeu dinheiro. A geração de energia renovável ficou em segundo lugar, com US$ 623 bilhões e um crescimento de 8%.

A geração de energia renovável ficou em segundo lugar, com US$ 623 bilhões e um crescimento de 8%. Investidores também destinaram US$ 310 bilhões para redes elétricas, que vão escoar a eletricidade gerada a partir de novos parques eólicos e solares que estão entrando em operação.

Além disso, o mercado de hidrogênio de baixo carbono movimentou US$ 10,4 bilhões, o triplo em relação a 2022, em sinal de interesse crescente na tecnologia, embora ainda não tenha ganhado escala, analisa a BNEF.

Quando adicionados os investimentos na expansão das cadeias de fornecimento de energia limpa, e mais US$ 900 bilhões em financiamento, a conta de recursos envolvidos na transição chega a cerca de US$ 2,8 trilhões em 2023.

Eletrificação ganha força

A previsão para 2024 é de mais um ano de recorde de vendas. A consultoria espera que 16,7 milhões de carros eletrificados entrem em circulação e mais um milhão de VEs comerciais.

Isso significa uma participação de cerca de 20% no comércio global de carros de passeio.

No total, 57 milhões de eletrificados devem estar nas estradas até o final do ano, correspondendo a mais de 4% da frota – o que já está começando a impactar o consumo de combustíveis em alguns países.

Recorde de 1,6 milhão de conectores públicos para carregamento devem ser adicionados em 2024, em comparação com 1,2 milhão em 2023.

…nos mesmos mercados de sempre

Quase 60% das vendas globais de eletrificados previstas para 2024 serão na China.

Europa e Estados Unidos – segundo e terceiro maiores mercados, respectivamente – devem experimentar uma desaceleração por conta da combinação de incentivos fiscais reduzidos, desafios na cadeia de suprimentos e fabricação, além de inflação.

BNEF também aponta que as eleições nos EUA podem afetar negativamente as vendas se o ex-presidente Donald Trump for eleito em novembro/24.

A eletrificação dos transportes é necessária e vai acontecer

Insuficiente

Apesar de estarem alcançando os da indústria fóssil, os aportes de recursos para instalar energia renovável, comprar veículos elétricos e desenvolver o mercado de hidrogênio ainda estão bem abaixo dos US$ 4,8 trilhões/ano estimados como necessários para alinhar a transição à meta de limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C até 2100.

A BNEF alerta que os governos precisam fazer ainda mais nos próximos anos, e cita como exemplo a Lei de Redução da Inflação (IRA, em inglês), sancionada por Joe Biden nos EUA, que ajudou a alavancar o crescimento de 22% nos investimentos renováveis.

1ª publicação Os efeitos também chegam ao mercado de trabalho. Projeções da consultoria Hayman-Woodward apontam para um crescimento de 51% no número de vagas para técnicos em energia solar nos EUA (de 2019 a 2029) e de quase 45% para técnicos em manutenção de turbinas eólicas (2022-2032).

Brasil na rota do lítio

O projeto coloca o Brasil na rota de produção de lítio para baterias e abre a possibilidade de transformar o Vale do Jequitinhonha, uma das regiões de mais baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do estado de Minas Gerais e do Brasil, em referência mundial na produção de Lítio Verde.

Matéria-prima crítica para fabricação das baterias dos veículos elétricos, o lítio deve ver sua demanda crescer vertiginosamente, em mais de 40 vezes até 2040, segundo projeção da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).

O mundo já começa a assistir uma corrida pelo mineral e o Brasil pode ser um fornecedor a preços competitivos, afirmam executivos.

Mesmo com o derretimento dos preços do mineral na cotação internacional, que em 2023 chegou a cair 80%, a lucratividade do lítio brasileiro deve se manter estável, avalia Marc Fogassa, CEO da Atlas Lithium, com sede nos Estados Unidos.

“Os preços do hidróxido de lítio, do carbonato de lítio e do espodumênio caíram entre 70% e 80%. Nós da Atlas não estamos preocupados, porque acreditamos que o nosso produto vai continuar sendo um produto de alta qualidade e relativo baixo custo”, diz o executivo à agência epbr.

A Atlas é uma das quatro mineradoras que anunciaram projetos de exploração no Vale Jequitinhonha, em Minas Gerais, quando o país lançou a iniciativa Lithium Valley Brazil, na bolsa de valores de Nova York, em maio de 2023.

A empresa prevê o início da produção no Vale do Jequitinhonha no quarto trimestre de 2024, com a meta de produzir até 150 mil toneladas por ano de concentrado de lítio – também chamado de concentrado de espodumênio –, e dobrar a capacidade no ano seguinte.

Segundo Fogassa, os custos de extração e da operação da planta de lítio na região são muito baixos e devem ser ainda mais competitivos que de outros grandes produtores mundiais, como a Austrália.

Risco de investimento fóssil

Análise do Carbon Tracker alerta investidores que injetam capital no setor de petróleo e gás sobre os riscos financeiros associados à transição energética e à redução da demanda por combustíveis fósseis. Segundo o think tank sediado em Londres, a transição gera riscos para as taxas de retorno e pode afetar o fluxo de caixa dos projetos, que podem ter quedas bruscas com a redução dos preços das commodities fósseis.

Alavanca para transição?

Para o CEO da consultoria Eurasia Group, Ian Bremmer, a produção de combustíveis fósseis é uma alavanca para garantir a transição energética no Brasil e no mundo. Durante o lançamento do B20 Brasil, fórum de diálogo empresarial do G20, na segunda-feira (29/1), no Rio de Janeiro, o executivo afirmou que o Brasil está muito melhor posicionado para se tornar uma economia de baixo carbono do que países ricos.

Indústria confiante

23 de 29 setores da indústria iniciaram 2024 otimistas, aponta levantamento da CNI. Em janeiro/2024, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) por setor mostrou que em todos os portes da indústria e na maioria das regiões e dos setores industriais, os empresários iniciaram o ano com visão positiva sobre o desempenho da economia e de suas próprias empresas. Foram consultadas 1.962 indústrias.

Finanças verdes

O Banco Central Europeu indicou em 30/01/24 que pode tornar sua política monetária mais verde como parte de um novo esforço para levar em conta as mudanças climáticas. Ativistas pedem há anos que o BCE anexe metas climáticas aos seus empréstimos de longo prazo e pare de comprar títulos de empresas poluidoras. (epbr)

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