Na defesa de interesses da
Petrobras, o governo Lula também discorda, por exemplo, da determinação de uma
escala progressiva no percentual de combinação dos combustíveis, além da
obrigatoriedade de distribuidoras de gás natural iniciarem misturas do produto
com biometano.
O texto original havia sido
apresentado pelo governo, com participação do Ministério de Minas e Energia, e
não tinha a escala progressiva, nem a sugestão de incluir o biometano como
combustível obrigatório.
As mudanças foram acrescentadas pelo relator da proposta, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), da bancada do agronegócio. Os biocombustíveis são feitos, majoritariamente, de soja, milho e cana-de-açúcar, o que beneficia o agronegócio, elevando seu potencial de produção.
Produtores de biodiesel de soja vencem embate com indústria automobilística e aumentam mistura no diesel para 12%.
Até 2030
O texto de Arnaldo Jardim
estabelece que o percentual de biodiesel no óleo diesel saia de 14% para 20%,
entre 2025 e 2030. A proposta também dá uma margem de segurança de 2% para mais
ou menos nos percentuais anuais. O mesmo projeto também cria um percentual
obrigatório de biometano em gás natural, de 1%, a partir de 2026, até 10% em
2034.
“É natural a resistência. Fiz
algumas manutenções e adições. Coloquei a escala e a possibilidade de variação
de 2%. Mas o governo está preocupado com isso. O setor também. Eles acham que
podem não conseguir atingir o piso de 18% de biodiesel no diesel até 2027, por
exemplo”, disse Jardim.
O temor do governo e do setor
petrolífero é de que as distribuidoras não consigam atingir os mínimos estabelecidos
ano a ano, tanto de biodiesel, quanto de biometano, prevendo a possibilidade de
uma oferta menor de produtos no mercado.
“As distribuidoras (de gás) afirmam que poderiam ter dificuldade em conseguir o biometano, que o mercado não tenha oferta suficiente. Pediram para revermos os anos de largada e chegada, em 2034”, prossegue o parlamentar.
Gasolina e etanol
Outra mudança proposta é o
aumento de 22% para 27% do porcentual obrigatório de etanol anidro a ser
adicionado à gasolina tipo C até 2030.
Em outra frente,
representantes da Petrobras disseram ao relator que o aumento dos
biocombustíveis poderia prejudicar as expectativas de venda da estatal.
Em
nota, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) disse que vê com ressalvas
e preocupação a minuta do relator e que devem “ser preservados os poderes do
CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) para decisões sobre o
percentual das misturas. Tal flexibilidade é necessária para a segurança do
abastecimento nacional”.
“Existem alguns pontos a serem observados, os percentuais de mistura. Mas temos que aguardar e acompanhar o debate na Câmara”, disse o presidente da Frente Parlamentar de Recursos Naturais e Energia e vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rego (MDB-PB).
Mesmo com as discussões ainda em andamento, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), quer tocar o projeto ainda na semana que vem. A aprovação deve contribuir para o avanço do que ele chama de “agenda verde”, um dos marcos que pretende deixar como presidente da Casa. Um novo texto de Arnaldo Jardim deve ser apresentado em 05/03/24. (biodieselbr)
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