Marco Aurélio Garcia explicou que custos do tratado serão assumidos por Tesouro e por soluções a serem apresentadas.
O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou em 27/07/2009 que o acordo firmado entre Brasil e Paraguai em relação à Hidrelétrica Binacional de Itaipu não vai criar nenhum tipo de ônus para o consumidor brasileiro.
Em relação aos custos do acordo, ele afirmou que "serão assumidos em parte pelo Tesouro e em parte por uma série de soluções técnicas que serão estudadas e anunciadas nos próximos 60 dias", afirmou, segundo a Agência Brasil.
O custo a que o assessor se refere resulta do aumento de US$ 120 milhões para US$ 360 milhões da tarifa paga pela energia produzida por Itaipu que o Paraguai não utiliza e vende ao Brasil. O país vizinho queria que esse valor fosse para US$ 800 milhões. Hoje, o Brasil paga US$ 43,8 por megawatt/hora mais US$ 3,17 pela cessão. Essa taxa passará para US$ 9,51.
Valor
O aumento ainda será submetido ao Congresso Nacional de ambos os países, mas o presidente Luís Inácio Lula da Silva já afirmou que não quer que o consumidor seja lesado por decisão desta natureza, segundo afirmou também nesta segunda o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
"Eu havia perguntado para o presidente e ele disse que a determinação é de que não tenha impacto para o consumidor", disse o ministro, acrescentando que o tema será discutido na próxima reunião de coordenação política.
Depois de um ano de discussões, os países chegaram às bases do acordo sobre a hidrelétrica. De acordo com tratado firmado em 1973 e válido por 50 anos, cada um dos países tem direito à metade da energia produzida na usina. No entanto, o Paraguai usa cerca de 5% da parte que lhe cabe. O restante é necessariamente vendido ao Brasil, por força do tratado, por preço de custo.
Mudanças
Dentre as mudanças previstas no documento chamado de Construindo uma Nova Etapa na Relação Bilateral, está a criação de um grupo de trabalho para discutir se a energia produzida em Itaipu a que o Paraguai tem direito poderia ser vendida diretamente pela Ande (Agência Nacional de Energia do Paraguai) às distribuidoras brasileiras. O resultado deve ser apresentado aos presidentes em três meses, para depois passar pelo legislativo de cada país.
O mesmo grupo ainda estudará a possibilidade de venda de energia da Hidrelétrica de Acaray e da Represa de Yguazú para o mercado brasileiro.
Também deve ser analisado a viabilidade de Brasil e Paraguai venderem energia para outros países a partir de 2023, quando o país vizinho acaba de pagar pela construção da usina e deve querer negociar novas regras.
Fundo de desenvolvimento
Além disso, o novo acordo renova as ofertas de criação de um fundo de desenvolvimento para projetos de integração industrial produtiva e de facilitação de financiamento para obras de infraestrutura no Paraguai. Esse fundo contaria com recursos orçamentários.
Ainda ficou acertado que a hidrelétrica arcará com os custos de modernização de uma linha de transmissão entre Itaipu e Villa Hayes, ampliando a capacidade para 500 Kv, o que permitirá ao Paraguai dispor de mais energia. Essa linha não será repassada ao país vizinho sem custo.
O entendimento vem com o nível cultural e intelectual de cada pessoa. Aprendizagem, conhecimento e sabedoria surgem da necessidade, da vontade e da perseverança em agregar novos valores aos já existentes.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
terça-feira, 28 de julho de 2009
Emprego é usado como argumento de defesa em usinas
Trabalhadores trocam canavial por usina.
"Você não vai achar ninguém por aqui que fale mal da usina." O aviso foi dado à reportagem pela agente de saúde Maria das Graças de Andrade, 29 anos, no distrito de Chã de Cruz, município metropolitano de Paudalho, vizinho de Igarassu, onde se localiza a usina térmica a óleo diesel Termomanaus, que deve entrar em operação ainda neste mês.
Até dezembro, em torno de 1,5 mil pessoas recrutadas na região - municípios de Igarassu, Camaragibe, Paudalho - trabalhavam na obra civil da usina. "Isso aqui parecia um formigueiro", afirma Wendson Francisco Chagas, 29 anos. Wendson fazia parte do "formigueiro".
Começou a trabalhar na Termomanaus como servente de pedreiro e hoje é um dos eletricistas chave da usina, de acordo com o gerente Valclerc Braga.
Com a finalização da obra civil, hoje existem cerca de 300 trabalhadores no local, mas somente cerca de 130 permanecerão como funcionários contratados. A maioria dos trabalhadores foi selecionada com ajuda do SENAI. Com Wendson, o caminho foi o inverso. Seu talento como eletricista foi descoberto enquanto ele atuava como servente de pedreiro. A empresa o treinou e agora ele irá fazer o curso do SENAI para ter o diploma.
"Hoje tenho uma profissão, me sinto muito mais respeitado", diz Wendson, ex-trabalhador sazonal no corte da cana-de-açúcar que hoje tem salário de R$ 1.040,00 - sem incluir horas extras. "Sinto-me bem comigo mesmo, tenho planos de vida."
Maior usina térmica do mundo em número de geradores - total de 576 - de acordo com Braga, a usina recebeu um investimento de R$ 220 milhões dos acionistas Grupo Cantarelli e Vital Oliveira (de Pernambuco) e da goiana Aroanã Energia. Concluída, terá capacidade instalada de 246 MW - suficiente para abastecer uma cidade de 500 mil habitantes.
Braga diz que a usina tomou alguns cuidados contra a poluição: foi concebida com 9 casas de força para que se possa modular a potência de acordo com a necessidade, visando minimizar as emissões de óxido de enxofre e óxido de nitrogênio.
"Você não vai achar ninguém por aqui que fale mal da usina." O aviso foi dado à reportagem pela agente de saúde Maria das Graças de Andrade, 29 anos, no distrito de Chã de Cruz, município metropolitano de Paudalho, vizinho de Igarassu, onde se localiza a usina térmica a óleo diesel Termomanaus, que deve entrar em operação ainda neste mês.
Até dezembro, em torno de 1,5 mil pessoas recrutadas na região - municípios de Igarassu, Camaragibe, Paudalho - trabalhavam na obra civil da usina. "Isso aqui parecia um formigueiro", afirma Wendson Francisco Chagas, 29 anos. Wendson fazia parte do "formigueiro".
Começou a trabalhar na Termomanaus como servente de pedreiro e hoje é um dos eletricistas chave da usina, de acordo com o gerente Valclerc Braga.
Com a finalização da obra civil, hoje existem cerca de 300 trabalhadores no local, mas somente cerca de 130 permanecerão como funcionários contratados. A maioria dos trabalhadores foi selecionada com ajuda do SENAI. Com Wendson, o caminho foi o inverso. Seu talento como eletricista foi descoberto enquanto ele atuava como servente de pedreiro. A empresa o treinou e agora ele irá fazer o curso do SENAI para ter o diploma.
"Hoje tenho uma profissão, me sinto muito mais respeitado", diz Wendson, ex-trabalhador sazonal no corte da cana-de-açúcar que hoje tem salário de R$ 1.040,00 - sem incluir horas extras. "Sinto-me bem comigo mesmo, tenho planos de vida."
Maior usina térmica do mundo em número de geradores - total de 576 - de acordo com Braga, a usina recebeu um investimento de R$ 220 milhões dos acionistas Grupo Cantarelli e Vital Oliveira (de Pernambuco) e da goiana Aroanã Energia. Concluída, terá capacidade instalada de 246 MW - suficiente para abastecer uma cidade de 500 mil habitantes.
Braga diz que a usina tomou alguns cuidados contra a poluição: foi concebida com 9 casas de força para que se possa modular a potência de acordo com a necessidade, visando minimizar as emissões de óxido de enxofre e óxido de nitrogênio.
domingo, 26 de julho de 2009
Brasil triplicará valor pago ao Paraguai por energia
O Brasil concordou neste sábado em triplicar o montante pago ao Paraguai pela energia gerada pela hidrelétrica de Itaipu, localizada na fronteira dos dois países, terminando uma longa disputa que prejudicou as relações entre os dois países.
O Paraguai também ganhou o direito de gradualmente vender o excesso de energia gerado pela hidrelétrica diretamente para o mercado brasileiro, ao invés de fazê-lo exclusivamente através da estatal Eletrobrás. Isso irá permitir que o Paraguai consiga vender mais energia a preço de mercado.
O acordo é uma vitória política importante para o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, cujo primeiro ano de governo foi contaminado por escândalos sobre revelações de que ele se tornou pai quando ainda era um bispo católico e pela severa crise econômica.
O acordo, contudo, deverá enfrentar críticas no Brasil, onde líderes da oposição e até mesmo alguns aliados do governo pediram que Lula jogasse duro com o Paraguai.
Lugo chegou ao poder em agosto do ano passado depois de prometer extrair do Brasil melhores condições sobre a energia que o país vende de Itaipu.
Tanto Lugo quanto o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva saudaram o acordo como histórico, afirmando que ele deverá conduzir a uma nova era de relações entre os dois países baseada em cooperação, ao invés de recriminações sobre quem se beneficia mais de Itaipu.
ACORDO DE DOIS VENCEDORES
Lula disse que o acordo é parte de uma ampla pressão brasileira para fomentar o desenvolvimento econômico nos países vizinhos menores.
"O Brasil não está interessado em crescer e se desenvolver se nossos vizinhos não estiverem crescendo e se desenvolvendo ao mesmo tempo," afirmou Lula, em uma cerimônia com Lugo no palácio presidencial em Assunção, capital do Paraguai.
"Este não é um acordo onde um lado perde e outro ganha," disse Lugo. "Ele é para o bem dos dois países."
Inicialmente, Lugo buscou renegociar o tratado de 1973 que fundou as bases de Itaipu, que tem suas fronteiras ao longo do rio Paraná. Mas o Brasil recusou a proposta e pressionou para obter um acordo que permitiria ao Paraguai levantar os benefícios que recebe da represa.
O Brasil recebe quase 20 por cento da sua energia de Itaipu, pagando ao Paraguai cerca de 120 milhões de dólares por ano, um valor que agora irá triplicar. Cada país é dono de cerca de 14.000 megawatts que a represa produz anualmente, mas o Paraguai consome somente 5 por cento deste total e vende o restante para a Eletrobrás por 45 dólares o megawatt/hora.
O Paraguai será, finalmente, autorizado a vender uma parcela crescente desse excesso de energia diretamente para o mercado brasileiro, onde pode chegar a 65 dólares por megawatt/hora nos preços atuais de mercado.
O acordo também estipulou que o Brasil e o Paraguai poderão vender o excesso de energia de Itaipu para outros países a partir de 2023, quando o tratado de Itaipu expira.
O Paraguai também ganhou o direito de gradualmente vender o excesso de energia gerado pela hidrelétrica diretamente para o mercado brasileiro, ao invés de fazê-lo exclusivamente através da estatal Eletrobrás. Isso irá permitir que o Paraguai consiga vender mais energia a preço de mercado.
O acordo é uma vitória política importante para o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, cujo primeiro ano de governo foi contaminado por escândalos sobre revelações de que ele se tornou pai quando ainda era um bispo católico e pela severa crise econômica.
O acordo, contudo, deverá enfrentar críticas no Brasil, onde líderes da oposição e até mesmo alguns aliados do governo pediram que Lula jogasse duro com o Paraguai.
Lugo chegou ao poder em agosto do ano passado depois de prometer extrair do Brasil melhores condições sobre a energia que o país vende de Itaipu.
Tanto Lugo quanto o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva saudaram o acordo como histórico, afirmando que ele deverá conduzir a uma nova era de relações entre os dois países baseada em cooperação, ao invés de recriminações sobre quem se beneficia mais de Itaipu.
ACORDO DE DOIS VENCEDORES
Lula disse que o acordo é parte de uma ampla pressão brasileira para fomentar o desenvolvimento econômico nos países vizinhos menores.
"O Brasil não está interessado em crescer e se desenvolver se nossos vizinhos não estiverem crescendo e se desenvolvendo ao mesmo tempo," afirmou Lula, em uma cerimônia com Lugo no palácio presidencial em Assunção, capital do Paraguai.
"Este não é um acordo onde um lado perde e outro ganha," disse Lugo. "Ele é para o bem dos dois países."
Inicialmente, Lugo buscou renegociar o tratado de 1973 que fundou as bases de Itaipu, que tem suas fronteiras ao longo do rio Paraná. Mas o Brasil recusou a proposta e pressionou para obter um acordo que permitiria ao Paraguai levantar os benefícios que recebe da represa.
O Brasil recebe quase 20 por cento da sua energia de Itaipu, pagando ao Paraguai cerca de 120 milhões de dólares por ano, um valor que agora irá triplicar. Cada país é dono de cerca de 14.000 megawatts que a represa produz anualmente, mas o Paraguai consome somente 5 por cento deste total e vende o restante para a Eletrobrás por 45 dólares o megawatt/hora.
O Paraguai será, finalmente, autorizado a vender uma parcela crescente desse excesso de energia diretamente para o mercado brasileiro, onde pode chegar a 65 dólares por megawatt/hora nos preços atuais de mercado.
O acordo também estipulou que o Brasil e o Paraguai poderão vender o excesso de energia de Itaipu para outros países a partir de 2023, quando o tratado de Itaipu expira.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Diesel de cana-de-açúcar
O Brasil vem se firmando como um grande pólo de produção de combustíveis renováveis. Mais um passo foi dado no final de junho. Desta vez trata-se do diesel feito da cana-de açúcar. A primeira usina piloto foi inaugurada em Campinas, no interior do estado de São Paulo, pela empresa Amyris Brasil. Pelo menos outras cinco usinas brasileiras já demonstram interesse em investir também no produto. A expectativa é alta. Estimativas iniciais falam em um bilhão de litros produzidos por esse setor em 2014.
A cana-de-açúcar tem se mostrado uma fonte valiosa de energia renovável. Não ameaça o abastecimento de alimentos, como acontece com o milho, e é eficaz como matéria-prima de etanol e de plástico verde. Agora, pode servir também para a produção de diesel. Testes iniciais foram feitos em motores. O rendimento foi equivalente ao produto derivado do petróleo, com uma vantagem: não há, nessa queima, emissão de enxofre. O tipo de diesel feito a partir do petróleo mais usado em veículos que circulam pelas metrópoles libera 0,05% de enxofre, equivalente a 500 partes por milhão.
O diesel feito de cana pode ser misturado ao derivado de petróleo, com redução de emissão de enxofre. É boa notícia para o ambiente e também para os cofres públicos. O Brasil importa diesel. Uma produção nacional em grande escala diminuirá a dependência externa e beneficiará a balança comercial.A Amyris tem laboratórios nos Estados Unidos e no Brasil. Os primeiros testes começaram na Califórnia. No ano passado teve início a instalação da planta industrial em Campinas. A primeira etapa será modesta. A produção deverá ser de apenas 300 litros por dia. A empresa planeja adquirir mais duas usinas até o final do ano e começar em breve uma produção de 150 milhões de litros por ano. Em 2011 o diesel feito de cana-de-açúcar deverá ser produzido em escala comercial.
A cana-de-açúcar tem se mostrado uma fonte valiosa de energia renovável. Não ameaça o abastecimento de alimentos, como acontece com o milho, e é eficaz como matéria-prima de etanol e de plástico verde. Agora, pode servir também para a produção de diesel. Testes iniciais foram feitos em motores. O rendimento foi equivalente ao produto derivado do petróleo, com uma vantagem: não há, nessa queima, emissão de enxofre. O tipo de diesel feito a partir do petróleo mais usado em veículos que circulam pelas metrópoles libera 0,05% de enxofre, equivalente a 500 partes por milhão.
O diesel feito de cana pode ser misturado ao derivado de petróleo, com redução de emissão de enxofre. É boa notícia para o ambiente e também para os cofres públicos. O Brasil importa diesel. Uma produção nacional em grande escala diminuirá a dependência externa e beneficiará a balança comercial.A Amyris tem laboratórios nos Estados Unidos e no Brasil. Os primeiros testes começaram na Califórnia. No ano passado teve início a instalação da planta industrial em Campinas. A primeira etapa será modesta. A produção deverá ser de apenas 300 litros por dia. A empresa planeja adquirir mais duas usinas até o final do ano e começar em breve uma produção de 150 milhões de litros por ano. Em 2011 o diesel feito de cana-de-açúcar deverá ser produzido em escala comercial.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Produção de biodiesel cresce 36% na UE
A União Europeia ampliou em mais de 35% sua produção de biodiesel em 2008, mas o desempenho não foi considerado um sucesso pelas autoridades ligadas ao segmento. A velocidade de crescimento tem que ser maior para que o bloco atinja metas de redução de poluentes.
No ano, a produção foi de 7,7 bilhões de litros, um aumento de 35,7% em comparação com 2007. Parte relevante do avanço pode ser creditada à França, segunda maior fabricante de biodiesel da UE. O país mais que dobrou sua produção, levando-a a 1,81 bilhões de litros. Em contrapartida, a Alemanha, líder mundial no setor, viu sua produção cair 2,5%, para 2,82 bilhões de litros. A Itália manteve-se no terceiro posto no bloco, com 595 milhões de litros, um aumento de 64%.
De acordo com o Comitê Europeu de Biodiesel (EBB, na sigla em inglês), que apresentou ontem os dados, o desempenho em 2008 ficou "bem abaixo do que os fabricantes da UE poderiam alcançar". O argumento é explicitado pela capacidade ociosa: em 2006, a produção no bloco correspondeu a 80% da capacidade instalada, fatia que passou a 55% no ano seguinte e a 48% em 2008.
A meta da UE é que, em 2020, os biocombustíveis passem a responder por 10% dos combustíveis consumidos para transporte. Para chegar ao objetivo, a oferta total terá que alcançar 33 bilhões de litros - nem tudo, ressalve-se, será de produção própria, já que parte do abastecimento será feita com combustível importado.
Com a atualização dos dados europeus, o Brasil manteve-se entre os cinco principais fabricantes mundiais de biodiesel. Em 2008, a produção do país foi de 1,17 bilhões de litros, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A produção brasileira crescerá em 2009, já que foi ampliada de 3% para 4% a mistura obrigatória de biodiesel no diesel mineral. Mesmo com o avanço, a relevância comercial do biodiesel nacional no exterior é pequena - a produção abastece o mercado interno.
No ano, a produção foi de 7,7 bilhões de litros, um aumento de 35,7% em comparação com 2007. Parte relevante do avanço pode ser creditada à França, segunda maior fabricante de biodiesel da UE. O país mais que dobrou sua produção, levando-a a 1,81 bilhões de litros. Em contrapartida, a Alemanha, líder mundial no setor, viu sua produção cair 2,5%, para 2,82 bilhões de litros. A Itália manteve-se no terceiro posto no bloco, com 595 milhões de litros, um aumento de 64%.
De acordo com o Comitê Europeu de Biodiesel (EBB, na sigla em inglês), que apresentou ontem os dados, o desempenho em 2008 ficou "bem abaixo do que os fabricantes da UE poderiam alcançar". O argumento é explicitado pela capacidade ociosa: em 2006, a produção no bloco correspondeu a 80% da capacidade instalada, fatia que passou a 55% no ano seguinte e a 48% em 2008.
A meta da UE é que, em 2020, os biocombustíveis passem a responder por 10% dos combustíveis consumidos para transporte. Para chegar ao objetivo, a oferta total terá que alcançar 33 bilhões de litros - nem tudo, ressalve-se, será de produção própria, já que parte do abastecimento será feita com combustível importado.
Com a atualização dos dados europeus, o Brasil manteve-se entre os cinco principais fabricantes mundiais de biodiesel. Em 2008, a produção do país foi de 1,17 bilhões de litros, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A produção brasileira crescerá em 2009, já que foi ampliada de 3% para 4% a mistura obrigatória de biodiesel no diesel mineral. Mesmo com o avanço, a relevância comercial do biodiesel nacional no exterior é pequena - a produção abastece o mercado interno.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Energia alternativa ganha espaço em novo cenário
Estudo mostra que Brasil precisa avançar mais em geração nuclear e eólica
Para se manter à frente na corrida por energias sustentáveis, o Brasil precisa derrubar alguns mitos e fomentar as cadeias de produção de energia nuclear e eólica, além de investir na nova geração de biocombustíveis, como o etanol a celulose.
Essas são algumas das conclusões do estudo "Energy Shift" ("Virada Energética", em tradução livre), da consultoria Booz & Company, que traçou um panorama do cenário de energia no mundo até 2030.
Em termos globais, é previsto um cenário em que os combustíveis fósseis – petróleo, carvão e gás natural – perdem espaço, mas não deixam de ser importantes.
Ao mesmo tempo, as pressões em relação à redução das emissões de gases de efeito estufa vão obrigar governos e empresas a combinar diferentes fontes de energia. As fontes alternativas, como energia eólica, fotovoltaica e geotérmica, ganham espaço, e também a geração nuclear cresce, por ser livre de emissões de CO2.
O estudo observa que o Brasil está bem posicionado em relação à sua matriz energética, com 46% de fontes renováveis. Mas diz ser preciso não se acomodar com as inovações que levaram o País a essa liderança, como hidrelétricas, carros flex e etanol.
"A virada energética no Brasil terá um ritmo diferente dos países desenvolvidos, pois fomos o primeiro país a concentrar esforços em desenvolver fontes renováveis", explica Arthur Ramos, sócio da Booz & Company no Brasil.
"Mas o Brasil tem de almejar estar na linha de frente do desenvolvimento de novas tecnologias em geração de energia. É hora de virar a página e investir em inovação", diz. "Ainda haverá espaço para os fósseis, mas também para energia eólica, fotovoltaica e gás natural, que é um combustível fóssil, mas bem menos poluente."
Eólica
O estudo da Booz & Company tem como objetivo dar pistas sobre o futuro da energia, para que empresas de diferentes setores se preparem para as mudanças. "O conselho para o Brasil seria desenvolver as cadeias produtivas de energia eólica e nuclear", diz Ramos. Entre as fontes renováveis, a eólica é a que deve alcançar maior escala, aponta a pesquisa.
A CPFL Energia, que atua principalmente no Estado de São Paulo, vai investir R$ 320 milhões em pesquisa e inovação até 2013, e parte desses recursos deve contemplar a geração eólica. Dentro de cinco a oito anos teremos um boom de geração eólica.
Para se manter à frente na corrida por energias sustentáveis, o Brasil precisa derrubar alguns mitos e fomentar as cadeias de produção de energia nuclear e eólica, além de investir na nova geração de biocombustíveis, como o etanol a celulose.
Essas são algumas das conclusões do estudo "Energy Shift" ("Virada Energética", em tradução livre), da consultoria Booz & Company, que traçou um panorama do cenário de energia no mundo até 2030.
Em termos globais, é previsto um cenário em que os combustíveis fósseis – petróleo, carvão e gás natural – perdem espaço, mas não deixam de ser importantes.
Ao mesmo tempo, as pressões em relação à redução das emissões de gases de efeito estufa vão obrigar governos e empresas a combinar diferentes fontes de energia. As fontes alternativas, como energia eólica, fotovoltaica e geotérmica, ganham espaço, e também a geração nuclear cresce, por ser livre de emissões de CO2.
O estudo observa que o Brasil está bem posicionado em relação à sua matriz energética, com 46% de fontes renováveis. Mas diz ser preciso não se acomodar com as inovações que levaram o País a essa liderança, como hidrelétricas, carros flex e etanol.
"A virada energética no Brasil terá um ritmo diferente dos países desenvolvidos, pois fomos o primeiro país a concentrar esforços em desenvolver fontes renováveis", explica Arthur Ramos, sócio da Booz & Company no Brasil.
"Mas o Brasil tem de almejar estar na linha de frente do desenvolvimento de novas tecnologias em geração de energia. É hora de virar a página e investir em inovação", diz. "Ainda haverá espaço para os fósseis, mas também para energia eólica, fotovoltaica e gás natural, que é um combustível fóssil, mas bem menos poluente."
Eólica
O estudo da Booz & Company tem como objetivo dar pistas sobre o futuro da energia, para que empresas de diferentes setores se preparem para as mudanças. "O conselho para o Brasil seria desenvolver as cadeias produtivas de energia eólica e nuclear", diz Ramos. Entre as fontes renováveis, a eólica é a que deve alcançar maior escala, aponta a pesquisa.
A CPFL Energia, que atua principalmente no Estado de São Paulo, vai investir R$ 320 milhões em pesquisa e inovação até 2013, e parte desses recursos deve contemplar a geração eólica. Dentro de cinco a oito anos teremos um boom de geração eólica.
sábado, 18 de julho de 2009
Célula Combustível de Etanol no Brasil
Uma política energética centrada em uma única forma de produção e mega-estruturada, como é o caso da política vigente no Brasil, tem se mostrado acentuadamente ineficiente e causadora de diversos problemas ambientais e sociais.
Desta forma, o Brasil deveria urgentemente adotar uma política energética de produção em micro-escala que pudesse atender aos anseios de um desenvolvimento urbano mais homogeneamente distribuído pelo território nacional, com características de maior justiça social e num contexto de desenvolvimento sustentável.
Um dos sistemas possíveis de serem empregados na produção de energia elétrica, segundo a política proposta, são as células combustíveis.
Tais sistemas eletroquímicos produzem energia elétrica a partir da energia proveniente da reação entre um combustível (usualmente o hidrogênio) e o comburente (ar). São sistemas termodinamicamente espontâneos, o que equivale a dizer que não necessitam de energia externa para que produzam eletricidade.
As vantagens desses sistemas são:
1) baixíssimos níveis de poluentes são liberados para a atmosfera com a produção de energia (níveis que são iguais a zero quando o hidrogênio é utilizado)
2) versatilidade de utilização de diversos combustíveis, tais como o metanol e etanol
3) apresentam alta eficiência por não serem limitados termicamente como outros geradores (a energia térmica co-produzida pode ser utilizada na própria reação aumentando assim a eficiência nominal)
4) são sistemas compactos que permitem ser empregados para a geração de energia elétrica em sistemas compreendidos desde computadores tipo Laptop até hospitais. Por outro lado, o etanol constitui-se num combustível que apresenta como vantagens o fato de ser facilmente produzido através da biomassa (fonte renovável), apresentar alto conteúdo energético, ser muito menos poluente do que combustíveis derivados do petróleo e pode ser estocado e transportado até a usina processadora de maneira segura
O Brasil possui hoje em dia uma incontestável infra-estrutura e tecnologia adquiridas nas últimas décadas para a produção e transporte de etanol no território nacional, tendo sido pioneiro na utilização deste combustível em veículos automotivos seja como único combustível ou como aditivo da gasolina.
Desta forma, fica simples delinear os benefícios que podem ser obtidos pela adoção de um programa de desenvolvimento de Células a Combustível de Etanol (CCE), para serem utilizadas na geração de energia elétrica em nosso país.
Antes de qualquer coisa é oportuno salientar que o conhecimento científico-tecnológico necessário à viabilidade de uma CCE já foram adquiridos por centros de pesquisa e Universidades no Brasil e exterior; apontando, inclusive, para vantagens da utilização do etanol em relação ao similar metanol (minimização do efeito de difusão pela membrana da célula e de envenenamento da superfície eletródica).
Estes sistemas poderiam ser instalados, num primeiro momento, em regiões do país onde haja dificuldade para a transmissão de energia elétrica obtida por geração hidroelétrica, propiciando infra-estrutura para a instalação de indústrias e, conseqüentemente, gerando empregos, desenvolvimento local e diminuindo a migração para centros mais desenvolvidos.
Em médio prazo, tais sistemas poderiam ser utilizados para o fornecimento de energia elétrica para hospitais, escolas e escritórios de departamentos governamentais. Em longo prazo poderíamos vislumbrar a substituição de sistemas com funcionamento à base de combustíveis fósseis para uma maior emancipação em relação às intempéries político-sociais dos países produtores e mesmo em relação às fontes naturais esgotáveis.
Aceitar o custo de produção atual da energia elétrica a partir do sistema proposto como entrave para a adoção de medidas sérias e urgentes no sentido de programar-los é um erro semelhante ao que ocorreria, nos primórdios da história da Revolução Industrial, a não adoção da energia elétrica como sustentáculo para o desenvolvimento industrial.
É urgente e imprescindível a implementação organizada e direcionada de programas de pesquisa e desenvolvimento de CCE para diversas aplicações no território nacional.
Desta forma, o Brasil deveria urgentemente adotar uma política energética de produção em micro-escala que pudesse atender aos anseios de um desenvolvimento urbano mais homogeneamente distribuído pelo território nacional, com características de maior justiça social e num contexto de desenvolvimento sustentável.
Um dos sistemas possíveis de serem empregados na produção de energia elétrica, segundo a política proposta, são as células combustíveis.
Tais sistemas eletroquímicos produzem energia elétrica a partir da energia proveniente da reação entre um combustível (usualmente o hidrogênio) e o comburente (ar). São sistemas termodinamicamente espontâneos, o que equivale a dizer que não necessitam de energia externa para que produzam eletricidade.
As vantagens desses sistemas são:
1) baixíssimos níveis de poluentes são liberados para a atmosfera com a produção de energia (níveis que são iguais a zero quando o hidrogênio é utilizado)
2) versatilidade de utilização de diversos combustíveis, tais como o metanol e etanol
3) apresentam alta eficiência por não serem limitados termicamente como outros geradores (a energia térmica co-produzida pode ser utilizada na própria reação aumentando assim a eficiência nominal)
4) são sistemas compactos que permitem ser empregados para a geração de energia elétrica em sistemas compreendidos desde computadores tipo Laptop até hospitais. Por outro lado, o etanol constitui-se num combustível que apresenta como vantagens o fato de ser facilmente produzido através da biomassa (fonte renovável), apresentar alto conteúdo energético, ser muito menos poluente do que combustíveis derivados do petróleo e pode ser estocado e transportado até a usina processadora de maneira segura
O Brasil possui hoje em dia uma incontestável infra-estrutura e tecnologia adquiridas nas últimas décadas para a produção e transporte de etanol no território nacional, tendo sido pioneiro na utilização deste combustível em veículos automotivos seja como único combustível ou como aditivo da gasolina.
Desta forma, fica simples delinear os benefícios que podem ser obtidos pela adoção de um programa de desenvolvimento de Células a Combustível de Etanol (CCE), para serem utilizadas na geração de energia elétrica em nosso país.
Antes de qualquer coisa é oportuno salientar que o conhecimento científico-tecnológico necessário à viabilidade de uma CCE já foram adquiridos por centros de pesquisa e Universidades no Brasil e exterior; apontando, inclusive, para vantagens da utilização do etanol em relação ao similar metanol (minimização do efeito de difusão pela membrana da célula e de envenenamento da superfície eletródica).
Estes sistemas poderiam ser instalados, num primeiro momento, em regiões do país onde haja dificuldade para a transmissão de energia elétrica obtida por geração hidroelétrica, propiciando infra-estrutura para a instalação de indústrias e, conseqüentemente, gerando empregos, desenvolvimento local e diminuindo a migração para centros mais desenvolvidos.
Em médio prazo, tais sistemas poderiam ser utilizados para o fornecimento de energia elétrica para hospitais, escolas e escritórios de departamentos governamentais. Em longo prazo poderíamos vislumbrar a substituição de sistemas com funcionamento à base de combustíveis fósseis para uma maior emancipação em relação às intempéries político-sociais dos países produtores e mesmo em relação às fontes naturais esgotáveis.
Aceitar o custo de produção atual da energia elétrica a partir do sistema proposto como entrave para a adoção de medidas sérias e urgentes no sentido de programar-los é um erro semelhante ao que ocorreria, nos primórdios da história da Revolução Industrial, a não adoção da energia elétrica como sustentáculo para o desenvolvimento industrial.
É urgente e imprescindível a implementação organizada e direcionada de programas de pesquisa e desenvolvimento de CCE para diversas aplicações no território nacional.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Eficiência energética ganha espaço nas empresas
Programas de uso racional de energia se tornam parte da gestão estratégica das companhias.
A crise financeira, a necessidade de reduzir custos e as preocupações com sustentabilidade e com o suprimento de energia no longo prazo estão ampliado o mercado no Brasil para as empresas que realizam projetos de eficiência energética, conhecidas como escos. Em 2008, o setor faturou R$ 1,4 bilhão, um aumento de 35% em relação a 2007. Para este ano, o salto deve chegar a 70%.
As escos começaram a ganhar espaço com o apagão energético de 2001, quando o setor privado se viu às voltas com a necessidade de economizar energia. “Agora, a eficiência energética está sendo incorporada à gestão das companhias. Hoje é um movimento mais estrutural, não para remediar uma situação pontual de falta de energia”, diz Maria Cecília Amaral, diretora executiva da Abesco, a associação que reúne as empresas do setor e que realiza, na semana que vem, o sexto Congresso de Eficiência Energética, em São Paulo. Segundo ela, o potencial de mercado para essas empresas é ainda maior, uma vez que o País perde, todo ano, R$ 17 bilhões com o desperdício de energia.
A seguradora Porto Seguro é uma das empresas que precisou economizar energia na época do apagão e que transformou a necessidade em um programa mais abrangente de eficiência energética. Em 2001, a empresa começou a fazer , com a ajuda de uma esco, a Nittoguen, o mapeamento do consumo de energia em sua sede, no bairro de Campos Elísios, em São Paulo, onde trabalham cerca de 4,5 mil pessoas.
“Descobrimos que o ar condicionado e o sistema de iluminação do prédio, que tem mais de 50 anos de construção, estavam consumindo energia demais”, conta Adriano Almeida, coordenador do setor de obras e projetos da Porto Seguro.
Uma vez detectado o problema, os passos seguintes foram modernizar as instalações elétricas, trocar os equipamentos obsoletos e, num segundo momento, expandir as reformas para os demais imóveis da empresa – 260 em todo o Brasil. O investimento de R$ 3 milhões se pagou em três anos, com uma economia de energia da ordem de 20% em relação a 2001.
“Os resultados foram surpreendentes”, diz Almeida. De 2001 até hoje, a empresa conseguiu registrar uma economia anual de 900 megawatts/ano, o equivalente à produção de uma pequena central hidrelétrica. Quem envereda por esse caminho da eficiência energética acaba gostando.
Expansão
Outro fator que tem impulsionado a atuação das escos é a lei da eficiência energética (Lei 10.295/01), que prevê que as concessionárias de energia elétrica destinem 0,5% de sua receita líquida para projetos de uso racional de energia. Grande parte desses projetos está voltada para famílias de baixa renda. São programas de troca de geladeiras antigas e de regularização de instalações elétricas em favelas e palafitas.A MGD Engenharia, de São Paulo, é uma das escos que têm realizado projetos desse tipo, em parceria com concessionárias como Elektro e CPFL Energia. “Conseguimos regularizar 20.000 residências de baixa renda nos últimos 3 anos”, diz Norberto Duarte, presidente da MGD Engenharia. A empresa também realiza projetos para a indústria, e tem clientes como Vicunha Têxtil, Kaiser e Eaton. A demanda está crescendo 30% ao ano e deve continuar nesse ritmo.
A crise financeira, a necessidade de reduzir custos e as preocupações com sustentabilidade e com o suprimento de energia no longo prazo estão ampliado o mercado no Brasil para as empresas que realizam projetos de eficiência energética, conhecidas como escos. Em 2008, o setor faturou R$ 1,4 bilhão, um aumento de 35% em relação a 2007. Para este ano, o salto deve chegar a 70%.
As escos começaram a ganhar espaço com o apagão energético de 2001, quando o setor privado se viu às voltas com a necessidade de economizar energia. “Agora, a eficiência energética está sendo incorporada à gestão das companhias. Hoje é um movimento mais estrutural, não para remediar uma situação pontual de falta de energia”, diz Maria Cecília Amaral, diretora executiva da Abesco, a associação que reúne as empresas do setor e que realiza, na semana que vem, o sexto Congresso de Eficiência Energética, em São Paulo. Segundo ela, o potencial de mercado para essas empresas é ainda maior, uma vez que o País perde, todo ano, R$ 17 bilhões com o desperdício de energia.
A seguradora Porto Seguro é uma das empresas que precisou economizar energia na época do apagão e que transformou a necessidade em um programa mais abrangente de eficiência energética. Em 2001, a empresa começou a fazer , com a ajuda de uma esco, a Nittoguen, o mapeamento do consumo de energia em sua sede, no bairro de Campos Elísios, em São Paulo, onde trabalham cerca de 4,5 mil pessoas.
“Descobrimos que o ar condicionado e o sistema de iluminação do prédio, que tem mais de 50 anos de construção, estavam consumindo energia demais”, conta Adriano Almeida, coordenador do setor de obras e projetos da Porto Seguro.
Uma vez detectado o problema, os passos seguintes foram modernizar as instalações elétricas, trocar os equipamentos obsoletos e, num segundo momento, expandir as reformas para os demais imóveis da empresa – 260 em todo o Brasil. O investimento de R$ 3 milhões se pagou em três anos, com uma economia de energia da ordem de 20% em relação a 2001.
“Os resultados foram surpreendentes”, diz Almeida. De 2001 até hoje, a empresa conseguiu registrar uma economia anual de 900 megawatts/ano, o equivalente à produção de uma pequena central hidrelétrica. Quem envereda por esse caminho da eficiência energética acaba gostando.
Expansão
Outro fator que tem impulsionado a atuação das escos é a lei da eficiência energética (Lei 10.295/01), que prevê que as concessionárias de energia elétrica destinem 0,5% de sua receita líquida para projetos de uso racional de energia. Grande parte desses projetos está voltada para famílias de baixa renda. São programas de troca de geladeiras antigas e de regularização de instalações elétricas em favelas e palafitas.A MGD Engenharia, de São Paulo, é uma das escos que têm realizado projetos desse tipo, em parceria com concessionárias como Elektro e CPFL Energia. “Conseguimos regularizar 20.000 residências de baixa renda nos últimos 3 anos”, diz Norberto Duarte, presidente da MGD Engenharia. A empresa também realiza projetos para a indústria, e tem clientes como Vicunha Têxtil, Kaiser e Eaton. A demanda está crescendo 30% ao ano e deve continuar nesse ritmo.
terça-feira, 14 de julho de 2009
Riqueza ou Pobreza?
A riqueza da biosfera, bem como a riqueza dos solos e sua produtividade, dependerão de maneira decisiva de quanta “biomassa” em forma de folhas, lenha residual e palha, retirarmos deles para consumo nosso ou quanto deixarmos nas áreas. Nas florestas da Idade Média, das quais não somente foram retiradas lenha e palha, mas também submetidas a uma intensiva exploração pecuária, após 700 anos podem ser reconhecidas como áreas florestais degradadas.
Mandamento racional é utilizar com máxima parcimônia e eficiência a biomassa, cujas florestas e campos extraímos nosso provimento alimentar e energético. Em longo prazo não poderemos dar perdas desproporcionalmente elevadas, inevitáveis para a obtenção de sunfuel! O processo não deixará resíduos em forma de cinzas que com seus preciosos componentes minerais possam ser devolvidas às lavouras ou florestas. As cinzas deverão ser vitrificadas em escórias a temperaturas de >1400°C, para posterior uso como material de construção.
As matérias (a “biomassa”) de florestas, campos e lavouras não estão disponíveis em massa ou de forma ilimitada, se nosso alvo é que a humanidade de amanhã, sem a abundância das energias fósseis dos últimos 100 anos, possa viver de forma sustentável e digna. Supre as necessidades alimentares de todos os seres superiores, a produção florestal e agrícola poderá servir para cobrir por um lado as necessidades de matérias primas e por outro as necessidades de energia e combustíveis dos seres humanos. É importante que haja uma suficiente reposição, aos solos florestais e agrícolas, das substâncias naturais e dos nutrientes de teor energético (folhas, cascas, lenha residual e palha, esterco, chorume de biogás e cinzas), para que a biosfera e os solos não empobreçam, nem diminua a sua produtividade.
Na verdade deveria ser o mais nobre objeto de nossa ciência descobrir que parcelas da “biomassa” poderão retirar, também para fins energéticos, sem causar danos aos ecossistemas da terra, e sem turbar o inteligente balanço entre construção e decomposição de matérias orgânicas, que constituem o fundamento de uma vida abundante.
Mandamento racional é utilizar com máxima parcimônia e eficiência a biomassa, cujas florestas e campos extraímos nosso provimento alimentar e energético. Em longo prazo não poderemos dar perdas desproporcionalmente elevadas, inevitáveis para a obtenção de sunfuel! O processo não deixará resíduos em forma de cinzas que com seus preciosos componentes minerais possam ser devolvidas às lavouras ou florestas. As cinzas deverão ser vitrificadas em escórias a temperaturas de >1400°C, para posterior uso como material de construção.
As matérias (a “biomassa”) de florestas, campos e lavouras não estão disponíveis em massa ou de forma ilimitada, se nosso alvo é que a humanidade de amanhã, sem a abundância das energias fósseis dos últimos 100 anos, possa viver de forma sustentável e digna. Supre as necessidades alimentares de todos os seres superiores, a produção florestal e agrícola poderá servir para cobrir por um lado as necessidades de matérias primas e por outro as necessidades de energia e combustíveis dos seres humanos. É importante que haja uma suficiente reposição, aos solos florestais e agrícolas, das substâncias naturais e dos nutrientes de teor energético (folhas, cascas, lenha residual e palha, esterco, chorume de biogás e cinzas), para que a biosfera e os solos não empobreçam, nem diminua a sua produtividade.
Na verdade deveria ser o mais nobre objeto de nossa ciência descobrir que parcelas da “biomassa” poderão retirar, também para fins energéticos, sem causar danos aos ecossistemas da terra, e sem turbar o inteligente balanço entre construção e decomposição de matérias orgânicas, que constituem o fundamento de uma vida abundante.
domingo, 12 de julho de 2009
Desmatamento anula benefício climático do etanol
Um mês de derrubada na Amazônia emite tanto CO2 quanto o que foi economizado em 5 anos de carros flex
Em cinco anos, desde que a tecnologia Flex Fuel chegou ao mercado de automóveis, o Brasil "economizou" 42,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), que deixaram de ser emitidas para a atmosfera graças à substituição de gasolina por álcool combustível, segundo cálculos da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Isso equivale a três anos e meio de emissões de CO2 da cidade de São Paulo, como se todos os veículos e fábricas da metrópole tivessem parado de funcionar durante esse período.
Segundo o físico José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, os 42,5 milhões de toneladas poupados representam quase 20% das emissões brasileiras do gás - excluindo o que é emitido via desmatamento e queimadas. "É um número muito significativo", afirma Goldemberg. Essa é a boa notícia.
A má notícia é que, quando se leva em conta as emissões por desmatamento e queimadas na Amazônia, essa economia do álcool se desvaloriza quase que instantaneamente na atmosfera. Em um único mês, a combustão da floresta tropical lança na atmosfera a mesma quantidade de gás carbônico que deixou de ser emitida nos cinco anos de tecnologia Flex Fuel. A comparação foi feita pelo Estado, com base em informações fornecidas por especialistas da academia e da indústria.
Pesquisadores estimam que cada quilômetro quadrado de floresta derrubada e queimada na Amazônia libera para a atmosfera, em média, 44 mil toneladas de CO2. Em 2007, por exemplo, foram derrubados 11.532 km2 de floresta amazônica, segundo dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Pelos cálculos dos cientistas, isso implicou na emissão de 507,4 milhões de toneladas de CO2, o que dá uma média de 42,3 milhões de toneladas por mês - quase o mesmo que os 42,5 milhões de toneladas evitadas pelo uso de álcool em motores Flex Fuel em cinco anos.
2007 foi o ano de desmatamento mais baixo no período. Se a comparação for feita com a média de anos anteriores, quando o desmatamento foi maior, o benefício climático do etanol desaparece ainda mais rapidamente. Em 2004, quando foram derrubados 27.423 km2 de floresta, a emissão média chegou a 100,5 milhões de toneladas de CO2/mês, ou 3,3 milhões de toneladas de CO2/dia. A economia de carbono dos motores Flex Fuel foi zerada naquele ano em menos de duas semanas.
Os números mostram que não há saída para o Brasil. Se o País quiser mesmo contribuir para reduzir as mudanças climáticas, a única maneira de fazer isso é reduzir o desmatamento
Tendência de Alta
Após três anos em queda, o desmatamento voltou a crescer este ano na Amazônia. O cálculo oficial de área está sendo feito pelo Inpe, que deverá publicar as estatísticas no mês que vem.
A especialista Suzana Kahn, secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), reconhece que o desmatamento é um problema seríssimo e que ainda está longe de ser resolvido, mas acredita que isso não invalida os resultados positivos obtidos com os esforços ambientais de conservação da floresta e na área energética, com o etanol.
Segundo ela, é importante olhar os dois lados da moeda. Além de contar o carbono que é emitido pela destruição da floresta, diz, é preciso contabilizar o que deixou de ser emitido pela redução do desmatamento.
"O esforço que o Brasil fez para reduzir o desmatamento é mais do que qualquer país conseguiu fazer até hoje para reduzir emissões", afirma Suzana, que também é pesquisadora da Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo um cálculo que deverá ser apresentado pelo Brasil na próxima conferência de mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas (mais informações nesta pág.), a redução das taxas anuais de desmatamento da Amazônia nos últimos anos evitou a emissão de mais toneladas de CO2 do que a soma de todas as reduções propostas pelo Protocolo de Kyoto nos países desenvolvidos.
Alguns ambientalistas e pesquisadores, porém, questionam o mérito do governo sobre a redução dos últimos anos, que teria sido fortemente influenciada pela redução momentânea dos preços de carne e soja no mercado internacional.
"Evidentemente, não há como o uso do etanol compensar o desmatamento da Amazônia em termos de gases do efeito-estufa e creio que esse propósito não está na cabeça do governo federal nem tampouco do setor produtivo, pois há o reconhecimento de que o desmatamento criminoso e descontrolado deve ser eliminado", avalia o consultor de emissões e tecnologias da Unica, Alfred Szwarc. "O que deve ser considerado é que sem o uso do etanol, nas condições atuais de desmatamento, a emissão do Brasil seria ainda maior."
Em cinco anos, desde que a tecnologia Flex Fuel chegou ao mercado de automóveis, o Brasil "economizou" 42,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), que deixaram de ser emitidas para a atmosfera graças à substituição de gasolina por álcool combustível, segundo cálculos da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Isso equivale a três anos e meio de emissões de CO2 da cidade de São Paulo, como se todos os veículos e fábricas da metrópole tivessem parado de funcionar durante esse período.
Segundo o físico José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, os 42,5 milhões de toneladas poupados representam quase 20% das emissões brasileiras do gás - excluindo o que é emitido via desmatamento e queimadas. "É um número muito significativo", afirma Goldemberg. Essa é a boa notícia.
A má notícia é que, quando se leva em conta as emissões por desmatamento e queimadas na Amazônia, essa economia do álcool se desvaloriza quase que instantaneamente na atmosfera. Em um único mês, a combustão da floresta tropical lança na atmosfera a mesma quantidade de gás carbônico que deixou de ser emitida nos cinco anos de tecnologia Flex Fuel. A comparação foi feita pelo Estado, com base em informações fornecidas por especialistas da academia e da indústria.
Pesquisadores estimam que cada quilômetro quadrado de floresta derrubada e queimada na Amazônia libera para a atmosfera, em média, 44 mil toneladas de CO2. Em 2007, por exemplo, foram derrubados 11.532 km2 de floresta amazônica, segundo dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Pelos cálculos dos cientistas, isso implicou na emissão de 507,4 milhões de toneladas de CO2, o que dá uma média de 42,3 milhões de toneladas por mês - quase o mesmo que os 42,5 milhões de toneladas evitadas pelo uso de álcool em motores Flex Fuel em cinco anos.
2007 foi o ano de desmatamento mais baixo no período. Se a comparação for feita com a média de anos anteriores, quando o desmatamento foi maior, o benefício climático do etanol desaparece ainda mais rapidamente. Em 2004, quando foram derrubados 27.423 km2 de floresta, a emissão média chegou a 100,5 milhões de toneladas de CO2/mês, ou 3,3 milhões de toneladas de CO2/dia. A economia de carbono dos motores Flex Fuel foi zerada naquele ano em menos de duas semanas.
Os números mostram que não há saída para o Brasil. Se o País quiser mesmo contribuir para reduzir as mudanças climáticas, a única maneira de fazer isso é reduzir o desmatamento
Tendência de Alta
Após três anos em queda, o desmatamento voltou a crescer este ano na Amazônia. O cálculo oficial de área está sendo feito pelo Inpe, que deverá publicar as estatísticas no mês que vem.
A especialista Suzana Kahn, secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), reconhece que o desmatamento é um problema seríssimo e que ainda está longe de ser resolvido, mas acredita que isso não invalida os resultados positivos obtidos com os esforços ambientais de conservação da floresta e na área energética, com o etanol.
Segundo ela, é importante olhar os dois lados da moeda. Além de contar o carbono que é emitido pela destruição da floresta, diz, é preciso contabilizar o que deixou de ser emitido pela redução do desmatamento.
"O esforço que o Brasil fez para reduzir o desmatamento é mais do que qualquer país conseguiu fazer até hoje para reduzir emissões", afirma Suzana, que também é pesquisadora da Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo um cálculo que deverá ser apresentado pelo Brasil na próxima conferência de mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas (mais informações nesta pág.), a redução das taxas anuais de desmatamento da Amazônia nos últimos anos evitou a emissão de mais toneladas de CO2 do que a soma de todas as reduções propostas pelo Protocolo de Kyoto nos países desenvolvidos.
Alguns ambientalistas e pesquisadores, porém, questionam o mérito do governo sobre a redução dos últimos anos, que teria sido fortemente influenciada pela redução momentânea dos preços de carne e soja no mercado internacional.
"Evidentemente, não há como o uso do etanol compensar o desmatamento da Amazônia em termos de gases do efeito-estufa e creio que esse propósito não está na cabeça do governo federal nem tampouco do setor produtivo, pois há o reconhecimento de que o desmatamento criminoso e descontrolado deve ser eliminado", avalia o consultor de emissões e tecnologias da Unica, Alfred Szwarc. "O que deve ser considerado é que sem o uso do etanol, nas condições atuais de desmatamento, a emissão do Brasil seria ainda maior."
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Energia alternativa ganha espaço em novo cenário
Estudo mostra que Brasil precisa avançar mais em geração nuclear e eólica.
Para se manter à frente na corrida por energias sustentáveis, o Brasil precisa derrubar alguns mitos e fomentar as cadeias de produção de energia nuclear e eólica, além de investir na nova geração de biocombustíveis, como o etanol a celulose.
Essas são algumas das conclusões do estudo "Energy Shift" ("Virada Energética"), da consultoria Booz & Company, que traçou um panorama do cenário de energia no mundo até 2030.
Em termos globais, é previsto um cenário em que os combustíveis fósseis – petróleo, carvão e gás natural – perdem espaço, mas não deixam de ser importantes.
Ao mesmo tempo, as pressões em relação à redução das emissões de gases de efeito estufa vão obrigar governos e empresas a combinar diferentes fontes de energia. As fontes alternativas, como energia eólica, fotovoltaica e geotérmica, ganham espaço, e também a geração nuclear cresce, por ser livre de emissões de CO2.
O estudo observa que o Brasil está bem posicionado em relação à sua matriz energética, com 46% de fontes renováveis. Mas diz ser preciso não se acomodar com as inovações que levaram o País a essa liderança, como hidrelétricas, carros flex e etanol.
"A virada energética no Brasil terá um ritmo diferente dos países desenvolvidos, pois fomos o primeiro país a concentrar esforços em desenvolver fontes renováveis", explica Arthur Ramos, sócio da Booz & Company no Brasil.
"Mas o Brasil tem de almejar estar na linha de frente do desenvolvimento de novas tecnologias em geração de energia. É hora de virar a página e investir em inovação", diz. "Ainda haverá espaço para os fósseis, mas também para energia eólica, fotovoltaica e gás natural, que é um combustível fóssil, mas bem menos poluente."
Eólica
O estudo da Booz & Company tem como objetivo dar pistas sobre o futuro da energia, para que empresas de diferentes setores se preparem para as mudanças. "O conselho para o Brasil seria desenvolver as cadeias produtivas de energia eólica e nuclear", diz Ramos. Entre as fontes renováveis, a eólica é a que deve alcançar maior escala, aponta a pesquisa.
A CPFL Energia, que atua principalmente no Estado de São Paulo, vai investir R$ 320 milhões em pesquisa e inovação até 2013, e parte desses recursos deve contemplar a geração eólica. "Dentro de cinco a oito anos teremos um boom de geração eólica", diz Marcelo Corsini, gerente de inovação tecnológica da CPFL Energia.
Para se manter à frente na corrida por energias sustentáveis, o Brasil precisa derrubar alguns mitos e fomentar as cadeias de produção de energia nuclear e eólica, além de investir na nova geração de biocombustíveis, como o etanol a celulose.
Essas são algumas das conclusões do estudo "Energy Shift" ("Virada Energética"), da consultoria Booz & Company, que traçou um panorama do cenário de energia no mundo até 2030.
Em termos globais, é previsto um cenário em que os combustíveis fósseis – petróleo, carvão e gás natural – perdem espaço, mas não deixam de ser importantes.
Ao mesmo tempo, as pressões em relação à redução das emissões de gases de efeito estufa vão obrigar governos e empresas a combinar diferentes fontes de energia. As fontes alternativas, como energia eólica, fotovoltaica e geotérmica, ganham espaço, e também a geração nuclear cresce, por ser livre de emissões de CO2.
O estudo observa que o Brasil está bem posicionado em relação à sua matriz energética, com 46% de fontes renováveis. Mas diz ser preciso não se acomodar com as inovações que levaram o País a essa liderança, como hidrelétricas, carros flex e etanol.
"A virada energética no Brasil terá um ritmo diferente dos países desenvolvidos, pois fomos o primeiro país a concentrar esforços em desenvolver fontes renováveis", explica Arthur Ramos, sócio da Booz & Company no Brasil.
"Mas o Brasil tem de almejar estar na linha de frente do desenvolvimento de novas tecnologias em geração de energia. É hora de virar a página e investir em inovação", diz. "Ainda haverá espaço para os fósseis, mas também para energia eólica, fotovoltaica e gás natural, que é um combustível fóssil, mas bem menos poluente."
Eólica
O estudo da Booz & Company tem como objetivo dar pistas sobre o futuro da energia, para que empresas de diferentes setores se preparem para as mudanças. "O conselho para o Brasil seria desenvolver as cadeias produtivas de energia eólica e nuclear", diz Ramos. Entre as fontes renováveis, a eólica é a que deve alcançar maior escala, aponta a pesquisa.
A CPFL Energia, que atua principalmente no Estado de São Paulo, vai investir R$ 320 milhões em pesquisa e inovação até 2013, e parte desses recursos deve contemplar a geração eólica. "Dentro de cinco a oito anos teremos um boom de geração eólica", diz Marcelo Corsini, gerente de inovação tecnológica da CPFL Energia.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Energia verde no deserto chinês
País avança na construção de usinas elétricas eólicas e solares e desacelera projetos a base de carvão.
No momento em que os Estados Unidos dão seus primeiros passos para obrigar empresas de energia a gerar mais eletricidade de fontes renováveis, a China já tem um requisito semelhante e está investindo bilhões para se refazer como uma superpotência de energia verde.
Com uma combinação de ameaça e persuasão, Pequim começa a mudar a maneira como o país gera sua energia. Embora o carvão continue a ser a maior fonte de energia e muito provavelmente continuará sendo, a ascensão da energia renovável, em especial a eólica, ajuda a desacelerar o forte crescimento das emissões de gases que contribuem para o aquecimento global no país.
Enquanto a Câmara de Representantes aprovou na semana retrasada um requerimento para que as empresas de eletricidade americanas gerem uma parte maior de sua energia de fontes renováveis e o Senado vai analisar propostas parecidas nos próximos meses, já faz dois anos que a China impôs esse requisito.
Neste ano, a China estará prestes a ultrapassar os Estados Unidos como o maior mercado mundial para turbinas eólicas - após dobrar sua capacidade de energia eólica em cada um dos últimos quatro anos. As companhias estatais de eletricidade estão competindo para ver qual delas conseguirá construir usinas solares mais depressa, embora esses projetos sejam muito menores que os projetos eólicos. E outros projetos de energia verde, como a queima de resíduos agrícolas para gerar eletricidade, estão pipocando por todo o país.
Dunhuang, uma cidade oásis nas profundezas do Deserto de Gobi ao lado da famosa Rota da Seda e as vastidões circundantes de dunas de areia e cascalho, tornou-se o centro do impulso da China para liderar o mundo nas energias eólica e solar.
Uma série de projetos está sendo construída no planalto quase sem vida a sudeste de Dunhuang, entre os quais seis imensos projetos de energia eólica que estão sendo construído por toda a China, cada um com uma capacidade de mais de 16 usinas de eletricidade a carvão. Cada um dos seis projetos "ofusca totalmente todo o resto, qualquer outra coisa no mundo", disse Steve Sawyer, o secretário-geral do Global Wind Energy Council, uma associação setorial em Bruxelas.
Algumas autoridades reguladoras chinesas chegam a recear que as ordens de Pequim estejam impelindo as companhias a irem longe demais e rápido demais. As companhias podem oferecer deliberadamente preços abaixo do valor real para construir projetos novos pensando em voltar posteriormente ao governo e pedir uma compensação quando os projetos estiverem perdendo dinheiro.
"O problema é que temos muitas empresas obtusas", disse Li Junfeng, que é vice-diretor-geral de pesquisa energética na principal agência de planejamento econômico da China e secretário-geral da estatal Associação de Indústrias de Energia Renovável.
O HSBC prevê que a China investirá mais dinheiro em energia renovável e energia nuclear entre agora e 2020 que em eletricidade à base de petróleo e carvão. Isso não significa que a China se tornará um gigante verde da noite para o dia. Em primeiro lugar, o consumo de energia no país deve subir consistentemente na próxima década, quando 720 milhões de chineses rurais começarem a adquirir aparelhos de ar-condicionado e outras amenidades consumidoras de energia que já são comuns entre os 606 milhões de moradores urbanos do país.
No início do ano passado, a meta do governo chinês era ter 5.000 megawatts instalados de energia eólica até o fim do ano seguinte, ou o equivalente a oito grandes usinas de eletricidade movidas a carvão, uma pequena proporção do consumo de energia da China e uma ninharia no momento em que o país estava construindo quase duas usinas a carvão por semana.
Mas em março do ano passado, quando as companhias de eletricidade começaram a acelerar a construção de turbinas eólicas, o governo emitiu uma projeção de que 10 mil megawatts seriam efetivamente instalados até o fim do ano. E agora, apenas 15 meses depois, com a construção de usinas a carvão tendo desacelerado para uma por semana e em queda, parece que a China terá 30 mil megawatts de energia eólica até o fim do próximo ano, que era a meta anterior para 2020, disse Li.
Um grande impulso foi o requisito do governo, emitido em setembro de 2007, de que grandes empresas de energia gerassem pelo menos 3% de sua eletricidade de fontes renováveis até o fim de 2010. O cálculo exclui a energia hidrelétrica, que já responde por 21% da energia chinesa, e a energia nuclear, que responde por 1,1%. As companhias chinesas terão de gerar 8% de sua energia de fontes renováveis excluindo a energia hidrelétrica até o fim de 2020.
O projeto de lei da Câmara dos EUA lembra a abordagem da China ao impor um padrão de energia renovável para grandes fornecedoras de eletricidade. Mas os detalhes tornam difícil comparar padrões. O projeto da Câmara exige que os grandes provedores de eletricidade dos EUA derivem pelo menos 15% de sua energia até 2020 de uma combinação de economia de energia e energia renovável - incluindo usinas hidrelétricas construídas a partir de 1992.
As companhias energéticas chinesas estão ávidas para investir em energia renovável não só pelas determinações do governo, mas porque estão cheias de dinheiro e os bancos estatais estão ávidos para lhes emprestar mais. E são poucos os obstáculos regulatórios.
Mesmo com obstáculos, como tempestades de areia e a insuficiente rede de transmissão elétrica, oficiais de Dunhuang investem em novos projetos. "É o Deserto de Gobi", disse Wang Yu, o vice-diretor de planejamento econômico. "Não há muita outra utilidade para ele."
No momento em que os Estados Unidos dão seus primeiros passos para obrigar empresas de energia a gerar mais eletricidade de fontes renováveis, a China já tem um requisito semelhante e está investindo bilhões para se refazer como uma superpotência de energia verde.
Com uma combinação de ameaça e persuasão, Pequim começa a mudar a maneira como o país gera sua energia. Embora o carvão continue a ser a maior fonte de energia e muito provavelmente continuará sendo, a ascensão da energia renovável, em especial a eólica, ajuda a desacelerar o forte crescimento das emissões de gases que contribuem para o aquecimento global no país.
Enquanto a Câmara de Representantes aprovou na semana retrasada um requerimento para que as empresas de eletricidade americanas gerem uma parte maior de sua energia de fontes renováveis e o Senado vai analisar propostas parecidas nos próximos meses, já faz dois anos que a China impôs esse requisito.
Neste ano, a China estará prestes a ultrapassar os Estados Unidos como o maior mercado mundial para turbinas eólicas - após dobrar sua capacidade de energia eólica em cada um dos últimos quatro anos. As companhias estatais de eletricidade estão competindo para ver qual delas conseguirá construir usinas solares mais depressa, embora esses projetos sejam muito menores que os projetos eólicos. E outros projetos de energia verde, como a queima de resíduos agrícolas para gerar eletricidade, estão pipocando por todo o país.
Dunhuang, uma cidade oásis nas profundezas do Deserto de Gobi ao lado da famosa Rota da Seda e as vastidões circundantes de dunas de areia e cascalho, tornou-se o centro do impulso da China para liderar o mundo nas energias eólica e solar.
Uma série de projetos está sendo construída no planalto quase sem vida a sudeste de Dunhuang, entre os quais seis imensos projetos de energia eólica que estão sendo construído por toda a China, cada um com uma capacidade de mais de 16 usinas de eletricidade a carvão. Cada um dos seis projetos "ofusca totalmente todo o resto, qualquer outra coisa no mundo", disse Steve Sawyer, o secretário-geral do Global Wind Energy Council, uma associação setorial em Bruxelas.
Algumas autoridades reguladoras chinesas chegam a recear que as ordens de Pequim estejam impelindo as companhias a irem longe demais e rápido demais. As companhias podem oferecer deliberadamente preços abaixo do valor real para construir projetos novos pensando em voltar posteriormente ao governo e pedir uma compensação quando os projetos estiverem perdendo dinheiro.
"O problema é que temos muitas empresas obtusas", disse Li Junfeng, que é vice-diretor-geral de pesquisa energética na principal agência de planejamento econômico da China e secretário-geral da estatal Associação de Indústrias de Energia Renovável.
O HSBC prevê que a China investirá mais dinheiro em energia renovável e energia nuclear entre agora e 2020 que em eletricidade à base de petróleo e carvão. Isso não significa que a China se tornará um gigante verde da noite para o dia. Em primeiro lugar, o consumo de energia no país deve subir consistentemente na próxima década, quando 720 milhões de chineses rurais começarem a adquirir aparelhos de ar-condicionado e outras amenidades consumidoras de energia que já são comuns entre os 606 milhões de moradores urbanos do país.
No início do ano passado, a meta do governo chinês era ter 5.000 megawatts instalados de energia eólica até o fim do ano seguinte, ou o equivalente a oito grandes usinas de eletricidade movidas a carvão, uma pequena proporção do consumo de energia da China e uma ninharia no momento em que o país estava construindo quase duas usinas a carvão por semana.
Mas em março do ano passado, quando as companhias de eletricidade começaram a acelerar a construção de turbinas eólicas, o governo emitiu uma projeção de que 10 mil megawatts seriam efetivamente instalados até o fim do ano. E agora, apenas 15 meses depois, com a construção de usinas a carvão tendo desacelerado para uma por semana e em queda, parece que a China terá 30 mil megawatts de energia eólica até o fim do próximo ano, que era a meta anterior para 2020, disse Li.
Um grande impulso foi o requisito do governo, emitido em setembro de 2007, de que grandes empresas de energia gerassem pelo menos 3% de sua eletricidade de fontes renováveis até o fim de 2010. O cálculo exclui a energia hidrelétrica, que já responde por 21% da energia chinesa, e a energia nuclear, que responde por 1,1%. As companhias chinesas terão de gerar 8% de sua energia de fontes renováveis excluindo a energia hidrelétrica até o fim de 2020.
O projeto de lei da Câmara dos EUA lembra a abordagem da China ao impor um padrão de energia renovável para grandes fornecedoras de eletricidade. Mas os detalhes tornam difícil comparar padrões. O projeto da Câmara exige que os grandes provedores de eletricidade dos EUA derivem pelo menos 15% de sua energia até 2020 de uma combinação de economia de energia e energia renovável - incluindo usinas hidrelétricas construídas a partir de 1992.
As companhias energéticas chinesas estão ávidas para investir em energia renovável não só pelas determinações do governo, mas porque estão cheias de dinheiro e os bancos estatais estão ávidos para lhes emprestar mais. E são poucos os obstáculos regulatórios.
Mesmo com obstáculos, como tempestades de areia e a insuficiente rede de transmissão elétrica, oficiais de Dunhuang investem em novos projetos. "É o Deserto de Gobi", disse Wang Yu, o vice-diretor de planejamento econômico. "Não há muita outra utilidade para ele."
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Câmara dos EUA aprova lei de energia limpa
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou por apertados 219 votos a favor e 212 votos contra a "Lei Americana de Segurança e Energia Limpa", um marco na legislação climática que vai mudar a forma como o país usa energia, ao obrigar as refinarias, usinas de energia e outros negócios a cortarem suas emissões de gases que provocam o efeito estufa. A apertada votação reforça os desafios que o projeto de lei vai enfrentar para se tornar efetiva. Espera-se que no Senado os obstáculos sejam ainda maiores.
Mesmo assim, a passagem da polêmica lei na votação de junho de 2009 deu ao presidente Barack Obama e aos Democratas uma grande vitória em um marco da agenda política da administração e deu a Washington um forte instrumento de barganha antes das negociações internacionais de mudança climática no final deste ano. Esta também foi a primeira vez que o Congresso dos EUA votou por uma lei que reduz as emissões de gases do efeito estufa.
A legislação tem como objetivo reduzir a emissão de gases do efeito estufa que acredita-se que contribuem para o aquecimento global em 17% abaixo dos níveis de 2005 em 2020 e em mais de 80% até 2050. Ao limitar as emissões enquanto cria um mercado para compra e venda dos direitos para emissão de tais gases, o projeto coloca um preço sobre a emissão de gases como dióxido de carbono e metano e aumenta o custo da produção de energia.
Os produtores de combustíveis fósseis convencionais terão de desenvolver tecnologias para capturar os gases do efeito estufa ou vão perder participação de mercado para energias alternativas que até tinham um custo de produção mais caro. Se o texto se tornar lei, espera-se que uma enxurrada de dólares deve fluir para as indústrias envolvidas em energia renovável, biocombustíveis avançados, tecnologia de bateria e eficiência energética. Por outro lado, a lei vai atingir a indústria de petróleo.
Mesmo assim, a passagem da polêmica lei na votação de junho de 2009 deu ao presidente Barack Obama e aos Democratas uma grande vitória em um marco da agenda política da administração e deu a Washington um forte instrumento de barganha antes das negociações internacionais de mudança climática no final deste ano. Esta também foi a primeira vez que o Congresso dos EUA votou por uma lei que reduz as emissões de gases do efeito estufa.
A legislação tem como objetivo reduzir a emissão de gases do efeito estufa que acredita-se que contribuem para o aquecimento global em 17% abaixo dos níveis de 2005 em 2020 e em mais de 80% até 2050. Ao limitar as emissões enquanto cria um mercado para compra e venda dos direitos para emissão de tais gases, o projeto coloca um preço sobre a emissão de gases como dióxido de carbono e metano e aumenta o custo da produção de energia.
Os produtores de combustíveis fósseis convencionais terão de desenvolver tecnologias para capturar os gases do efeito estufa ou vão perder participação de mercado para energias alternativas que até tinham um custo de produção mais caro. Se o texto se tornar lei, espera-se que uma enxurrada de dólares deve fluir para as indústrias envolvidas em energia renovável, biocombustíveis avançados, tecnologia de bateria e eficiência energética. Por outro lado, a lei vai atingir a indústria de petróleo.
sábado, 4 de julho de 2009
Produção Moderna de biocombustíveis: Visão Perspectiva VI
A partir destes resultados podemos inferir que para se obter um balanço econômico satisfatório na produção e comercialização deste produto é preciso a observância de questões tais como:
6.1. Disponibilidade de insumo de biomassa (resíduos) e de métodos de coleta e condicionamento a custos competitivos e com a qualidade requerida;
6.2. Eficiências de recuperação de bio-óleo acima de 60 %;
6.3. As plantas devem ter uma capacidade acima de 200 kgh-1 (prevêem-se plantas de 500 a 1000 kgh-1 de capacidade, com 1 ou vários reatores em paralelo) e;
6.4. Mercado atraente financeiramente para os produtos do processo.
Algumas aplicações podem não ser atraentes. Na verdade, uma análise multivariável deve ser feita em cada caso.
O desafio a curto e médio prazo deve estar direcionado ao equacionamento dos seguintes aspectos:
Desenvolvimento dos processos tecnológicos unitários relacionados com a sua produção visando aperfeiçoar a qualidade e eficiência de obtenção: Neste caso é importante salientar que mais estudos devem ser realizados sobre formas de recuperação dos aerossóis da pirólise rápida (bio-aerossóis), formação, crescimento, composição química, deposição, precipitação e separação do fluxo de gases, além de serem testados novos sistemas de separação;
Desenvolvimento das aplicações e dos processos para sua implementação: no caso do seu uso como energético, o desenvolvimento das misturas de bio-óleo com alcoóis poderia representar um passo de avanço importante, dada a sua incompatibilidade com hidrocarbonetos convencionais;
“Scale-up” da tecnologia: o “scale-up” da tecnologia deve levar em conta os efeitos da mudança de escala no rendimento gravimétrico e energético e a qualidade do bio-óleo. Estudos nesta direção estão sendo realizados;
Redução de custos: recentes estudos têm demonstrado que o custo de produção do bio-óleo encontra-se ainda entre 10 e 100% do custo de produção do óleo combustível;
Estabelecimentos de normas para os produtores e usuários da tecnologia e os produtos: são necessários trabalhos de caracterização e estandardização no uso e a distribuição do bio-óleo. Estabelecimentos de normas relacionadas com a saúde ambiental e segurança no manuseio, transporte e uso final do bio-óleo;
Disseminação de informações sobre o uso do bio-óleo e dos benefícios econômicos e ambientais decorrentes da tecnologia e dos produtos.
Para se alcançar uma maturidade tecnológica que permita a aplicação desta tecnologia e seus produtos em escala comercial é necessárias ainda pesquisas básicas e aplicadas. Uma dada aplicação terá impacto de escala quando seja atraente economicamente em cada uma das etapas dos processos envolvidos.
6.1. Disponibilidade de insumo de biomassa (resíduos) e de métodos de coleta e condicionamento a custos competitivos e com a qualidade requerida;
6.2. Eficiências de recuperação de bio-óleo acima de 60 %;
6.3. As plantas devem ter uma capacidade acima de 200 kgh-1 (prevêem-se plantas de 500 a 1000 kgh-1 de capacidade, com 1 ou vários reatores em paralelo) e;
6.4. Mercado atraente financeiramente para os produtos do processo.
Algumas aplicações podem não ser atraentes. Na verdade, uma análise multivariável deve ser feita em cada caso.
O desafio a curto e médio prazo deve estar direcionado ao equacionamento dos seguintes aspectos:
Desenvolvimento dos processos tecnológicos unitários relacionados com a sua produção visando aperfeiçoar a qualidade e eficiência de obtenção: Neste caso é importante salientar que mais estudos devem ser realizados sobre formas de recuperação dos aerossóis da pirólise rápida (bio-aerossóis), formação, crescimento, composição química, deposição, precipitação e separação do fluxo de gases, além de serem testados novos sistemas de separação;
Desenvolvimento das aplicações e dos processos para sua implementação: no caso do seu uso como energético, o desenvolvimento das misturas de bio-óleo com alcoóis poderia representar um passo de avanço importante, dada a sua incompatibilidade com hidrocarbonetos convencionais;
“Scale-up” da tecnologia: o “scale-up” da tecnologia deve levar em conta os efeitos da mudança de escala no rendimento gravimétrico e energético e a qualidade do bio-óleo. Estudos nesta direção estão sendo realizados;
Redução de custos: recentes estudos têm demonstrado que o custo de produção do bio-óleo encontra-se ainda entre 10 e 100% do custo de produção do óleo combustível;
Estabelecimentos de normas para os produtores e usuários da tecnologia e os produtos: são necessários trabalhos de caracterização e estandardização no uso e a distribuição do bio-óleo. Estabelecimentos de normas relacionadas com a saúde ambiental e segurança no manuseio, transporte e uso final do bio-óleo;
Disseminação de informações sobre o uso do bio-óleo e dos benefícios econômicos e ambientais decorrentes da tecnologia e dos produtos.
Para se alcançar uma maturidade tecnológica que permita a aplicação desta tecnologia e seus produtos em escala comercial é necessárias ainda pesquisas básicas e aplicadas. Uma dada aplicação terá impacto de escala quando seja atraente economicamente em cada uma das etapas dos processos envolvidos.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Produção Moderna de biocombustíveis: Visão Perspectiva V
5.1. Custos de Produção do Bio-Óleo
Segundo avaliação econômica realizada no início dos anos 90, uma planta de pirólise ablativa com capacidade de 907 toneladas de biomassa/dia poderia produzir 680 toneladas de bio-óleo bruto por dia, a um custo de 100 dólares a tonelada. Essa estimativa corresponde a uma taxa de juros de 20% ao ano, e a biomassa a um preço de 44 dólares a tonelada. O custo total seria de 58,7 dólares por tonelada de biomassa seca (53% do custo total). A estimativa de custo do equipamento é de 11 milhões de dólares e o investimento total a ser feito de 44,5 milhões de dólares. Para uma planta menor, com capacidade de 227 toneladas de biomassa por dia, o custo do bio-óleo seria de 158 dólares por tonelada, indicando um importante efeito de escala.
Um estudo sobre a avaliação dos custos de produção do bio-óleo obtido por pirólise rápida de biomassa realizado no New Hampshire Department of Resources and Economic Development, da Universidade de New Hampshire, UK, projeto identificado com o título “Identifying and Implementing Alternatives to Sustain the Wood-Fired Electricity Generating Industry in New Hampshire”, de Janeiro de 2002, estimou a tendência mostrada no gráfico da Figura 1 abaixo apresentada [4]. Trata-se da avaliação da variação do custo unitário de produção do bio-óleo (em US$/litro) como função da umidade inicial do insumo (aparas de madeira ou woodchips) para uma planta com capacidade de 8,3 tonh-1. Observa-se um pronunciado incremento do custo unitário de produção do bio-óleo para umidades da biomassa acima de 35% (base úmida). Foi verificado também, neste estudo, que o custo unitário de produção do bio-óleo não é mais praticamente influenciado pela capacidade das plantas para valores deste parâmetro acima de aproximadamente 4 tonh-1. Este comportamento foi similar para as três umidades da biomassa testadas, de 25, 35 e 55% (base úmida).
No Brasil, poucas pesquisas estão em andamento na área de pirólise rápida de biomassa. O grupo de biocombustíveis da Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP trabalha na obtenção de bio-óleo a partir da tecnologia de reator de leito fluidizado borbulhante. Suas principais rotas de trabalho são: desenvolvimento de uma tecnologia própria, obtenção e melhoramento da qualidade do bio-óleo, redução dos custos envolvidos, estudo para a expansão das aplicações dos produtos e co-produtos do processo de pirólise, e o estudo do aumento de escala da tecnologia.
5.2. Mercado para o Bio-Óleo
O bio-óleo é uma mistura orgânica complexa, formada por centenas de compostos diferentes pertencentes a muitos grupos químicos. O Poder Calorífico Superior-PCS do bio-óleo varia, em média, entre 18 e 20 MJkg-1, ou seja, aproximadamente metade do valor do PCS do óleo combustível convencional. O teor de água pode variar de 15% a aproximadamente 40% do peso. A densidade do bio-óleo é também alta, em torno de 1,2 kgl-1.
São sugeridas algumas aplicações para o bio-óleo. Combustíveis líquidos (Premium), como os hidrocarbonetos leves e a mistura aromática de gasolina e substâncias como o diesel, poderiam ser produzidos por catálise. O uso como óleo combustível em motores estacionários em substituição ao óleo diesel é possível, embora seja necessário resolver problemas como a corrosão, baixo valor de aquecimento e envelhecimento (reações de polimerização) durante o armazenamento.
O bio-óleo é também uma fonte de produtos químicos refinados, com um alto preço no varejo. Por exemplo, com o bio-óleo é possível produzir compostos para aditivos e aroma de alimentos como a alilsiringol (que custa US$ 1000,00 por kg), siringaldeído e siringol (ambos custam US$ 400,00 por kg).
Nos últimos anos tem sido dispensada uma atenção especial ao desenvolvimento de materiais com o uso de frações do bio-óleo. Os derivados fenólicos presentes no bio-óleo insolúvel, principalmente derivados da despolimerização da lignina, são utilizados com êxito para substituir o fenol petroquímico durante a formulação de resinas do tipo fenol-formaldeído (PF-resinas). Este tipo de resina é utilizada como ligante em vários tipos de madeira compensada e também é um material básico nas indústrias de abrasivos e adesivos. A substituição de 50% (em peso) de fenol é viável, sem alterar ou afetar o desempenho da resina.
Fibras curtas de carbono ativado, que servem para a fabricação de filtros para tratamento da água, podem ser produzidas com o uso de material residual da destilação do bio-óleo ou do alcatrão da pirólise lenta. O piche residual recuperado durante a destilação do bio-óleo também serve como ligante em eletrodos. O bio-piche, como é conhecido, é mais reativo do que o piche de alcatrão de carvão fóssil, resultando em uma rede transversalmente ligada com coque.
5.3. Produção de energia elétrica a partir do Bio-Óleo
A produção de eletricidade a partir da pirólise de biomassa é uma das alternativas tecnológica cuidadosamente considerada nos projetos de P&D. Uma das vantagens potenciais dessa tecnologia é a desvinculação da produção de eletricidade com a produção de biomassa, isto é, o óleo resultante da pirólise poderia ser transportado até as centrais elétricas e as limitações relativas ao tamanho da planta e aos impactos ambientais poderiam ser superadas.
A pirólise rápida da biomassa e o subsequente uso do combustível líquido nos motores de combustão interna são um processo tecnológico novo que ainda deve apresentar-se com mais pesquisa. Porém, apesar da fase de desenvolvimento incipiente desta tecnologia estudos prévios indicam que poderá haver um potencial nicho de mercado para a produção de eletricidade por meio de pirólise rápida em unidades de pequena escala (capacidade entre 5 e 25 MW), principalmente no atendimento das cargas de ponta. As recentes análises de viabilidade apresentadas na literatura exploram mais a vantagem da desvinculação da produção de bio-óleo e da sua utilização na produção de eletricidade, permitindo uma melhor exploração do conceito de economia de escala para regiões com potencial disponibilidade de insumos de biomassa.
5.4. Tendências e Desafios para a Pirólise Rápida de Biomassa
A viabilidade econômica da produção do bio-óleo é altamente dependente de fatores como:
5.4.1. Parâmetros de custo: Neste caso são considerados os seguintes aspectos:
a. da aplicação que se tenha para o bio-óleo o qual define, a princípio, o seu preço de venda (consideram-se o mercado de energéticos e o mercado de insumos químicos);
b. do preço de venda do insumo (a biomassa) na região onde se instalariam as plantas de bio-óleo.
5.4.2. Tamanho da planta:
Trata-se da capacidade em alimentação de biomassa das plantas (economia de escala).
5.4.3. Desempenho da planta:
Trata-se da eficiência de separação e recuperação do bio-óleo. Os finos de biocarvão, a princípio, não interessam muito nesta análise, mas que podem beneficiar os custos e a análise de viabilidade econômica é uma realidade.
5.4.4. Parâmetros financeiros:
Referem-se ao cenário financeiro, taxas de juro consideradas, impostos.
Estes resultados são fruto de uma análise de sensibilidade paramétrica realizada para a escala da planta de pirólise rápida da UNICAMP. Esta unidade foi instalada e operada em regime de pesquisa e demonstração dentro das dependências do Centro de Tecnologia Canavieira-CTC em Piracicaba-SP, usando-se gramíneas como capim elefante e palha de cana como insumo.
Segundo avaliação econômica realizada no início dos anos 90, uma planta de pirólise ablativa com capacidade de 907 toneladas de biomassa/dia poderia produzir 680 toneladas de bio-óleo bruto por dia, a um custo de 100 dólares a tonelada. Essa estimativa corresponde a uma taxa de juros de 20% ao ano, e a biomassa a um preço de 44 dólares a tonelada. O custo total seria de 58,7 dólares por tonelada de biomassa seca (53% do custo total). A estimativa de custo do equipamento é de 11 milhões de dólares e o investimento total a ser feito de 44,5 milhões de dólares. Para uma planta menor, com capacidade de 227 toneladas de biomassa por dia, o custo do bio-óleo seria de 158 dólares por tonelada, indicando um importante efeito de escala.
Um estudo sobre a avaliação dos custos de produção do bio-óleo obtido por pirólise rápida de biomassa realizado no New Hampshire Department of Resources and Economic Development, da Universidade de New Hampshire, UK, projeto identificado com o título “Identifying and Implementing Alternatives to Sustain the Wood-Fired Electricity Generating Industry in New Hampshire”, de Janeiro de 2002, estimou a tendência mostrada no gráfico da Figura 1 abaixo apresentada [4]. Trata-se da avaliação da variação do custo unitário de produção do bio-óleo (em US$/litro) como função da umidade inicial do insumo (aparas de madeira ou woodchips) para uma planta com capacidade de 8,3 tonh-1. Observa-se um pronunciado incremento do custo unitário de produção do bio-óleo para umidades da biomassa acima de 35% (base úmida). Foi verificado também, neste estudo, que o custo unitário de produção do bio-óleo não é mais praticamente influenciado pela capacidade das plantas para valores deste parâmetro acima de aproximadamente 4 tonh-1. Este comportamento foi similar para as três umidades da biomassa testadas, de 25, 35 e 55% (base úmida).
No Brasil, poucas pesquisas estão em andamento na área de pirólise rápida de biomassa. O grupo de biocombustíveis da Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP trabalha na obtenção de bio-óleo a partir da tecnologia de reator de leito fluidizado borbulhante. Suas principais rotas de trabalho são: desenvolvimento de uma tecnologia própria, obtenção e melhoramento da qualidade do bio-óleo, redução dos custos envolvidos, estudo para a expansão das aplicações dos produtos e co-produtos do processo de pirólise, e o estudo do aumento de escala da tecnologia.
5.2. Mercado para o Bio-Óleo
O bio-óleo é uma mistura orgânica complexa, formada por centenas de compostos diferentes pertencentes a muitos grupos químicos. O Poder Calorífico Superior-PCS do bio-óleo varia, em média, entre 18 e 20 MJkg-1, ou seja, aproximadamente metade do valor do PCS do óleo combustível convencional. O teor de água pode variar de 15% a aproximadamente 40% do peso. A densidade do bio-óleo é também alta, em torno de 1,2 kgl-1.
São sugeridas algumas aplicações para o bio-óleo. Combustíveis líquidos (Premium), como os hidrocarbonetos leves e a mistura aromática de gasolina e substâncias como o diesel, poderiam ser produzidos por catálise. O uso como óleo combustível em motores estacionários em substituição ao óleo diesel é possível, embora seja necessário resolver problemas como a corrosão, baixo valor de aquecimento e envelhecimento (reações de polimerização) durante o armazenamento.
O bio-óleo é também uma fonte de produtos químicos refinados, com um alto preço no varejo. Por exemplo, com o bio-óleo é possível produzir compostos para aditivos e aroma de alimentos como a alilsiringol (que custa US$ 1000,00 por kg), siringaldeído e siringol (ambos custam US$ 400,00 por kg).
Nos últimos anos tem sido dispensada uma atenção especial ao desenvolvimento de materiais com o uso de frações do bio-óleo. Os derivados fenólicos presentes no bio-óleo insolúvel, principalmente derivados da despolimerização da lignina, são utilizados com êxito para substituir o fenol petroquímico durante a formulação de resinas do tipo fenol-formaldeído (PF-resinas). Este tipo de resina é utilizada como ligante em vários tipos de madeira compensada e também é um material básico nas indústrias de abrasivos e adesivos. A substituição de 50% (em peso) de fenol é viável, sem alterar ou afetar o desempenho da resina.
Fibras curtas de carbono ativado, que servem para a fabricação de filtros para tratamento da água, podem ser produzidas com o uso de material residual da destilação do bio-óleo ou do alcatrão da pirólise lenta. O piche residual recuperado durante a destilação do bio-óleo também serve como ligante em eletrodos. O bio-piche, como é conhecido, é mais reativo do que o piche de alcatrão de carvão fóssil, resultando em uma rede transversalmente ligada com coque.
5.3. Produção de energia elétrica a partir do Bio-Óleo
A produção de eletricidade a partir da pirólise de biomassa é uma das alternativas tecnológica cuidadosamente considerada nos projetos de P&D. Uma das vantagens potenciais dessa tecnologia é a desvinculação da produção de eletricidade com a produção de biomassa, isto é, o óleo resultante da pirólise poderia ser transportado até as centrais elétricas e as limitações relativas ao tamanho da planta e aos impactos ambientais poderiam ser superadas.
A pirólise rápida da biomassa e o subsequente uso do combustível líquido nos motores de combustão interna são um processo tecnológico novo que ainda deve apresentar-se com mais pesquisa. Porém, apesar da fase de desenvolvimento incipiente desta tecnologia estudos prévios indicam que poderá haver um potencial nicho de mercado para a produção de eletricidade por meio de pirólise rápida em unidades de pequena escala (capacidade entre 5 e 25 MW), principalmente no atendimento das cargas de ponta. As recentes análises de viabilidade apresentadas na literatura exploram mais a vantagem da desvinculação da produção de bio-óleo e da sua utilização na produção de eletricidade, permitindo uma melhor exploração do conceito de economia de escala para regiões com potencial disponibilidade de insumos de biomassa.
5.4. Tendências e Desafios para a Pirólise Rápida de Biomassa
A viabilidade econômica da produção do bio-óleo é altamente dependente de fatores como:
5.4.1. Parâmetros de custo: Neste caso são considerados os seguintes aspectos:
a. da aplicação que se tenha para o bio-óleo o qual define, a princípio, o seu preço de venda (consideram-se o mercado de energéticos e o mercado de insumos químicos);
b. do preço de venda do insumo (a biomassa) na região onde se instalariam as plantas de bio-óleo.
5.4.2. Tamanho da planta:
Trata-se da capacidade em alimentação de biomassa das plantas (economia de escala).
5.4.3. Desempenho da planta:
Trata-se da eficiência de separação e recuperação do bio-óleo. Os finos de biocarvão, a princípio, não interessam muito nesta análise, mas que podem beneficiar os custos e a análise de viabilidade econômica é uma realidade.
5.4.4. Parâmetros financeiros:
Referem-se ao cenário financeiro, taxas de juro consideradas, impostos.
Estes resultados são fruto de uma análise de sensibilidade paramétrica realizada para a escala da planta de pirólise rápida da UNICAMP. Esta unidade foi instalada e operada em regime de pesquisa e demonstração dentro das dependências do Centro de Tecnologia Canavieira-CTC em Piracicaba-SP, usando-se gramíneas como capim elefante e palha de cana como insumo.
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