quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Etanol: Paquistão adota mistura de 10% na gasolina

A cidade de Karachi, segunda maior do Paquistão, foi escolhida para ser a primeira a utilizar a mistura E10 no país. Com a medida, anunciada na segunda quinzena de agosto, o governo paquistanês pretende incentivar a produção de etanol de cana-de-açúcar e diminuir o consumo de combustíveis fósseis importados.
Com este projeto, o Paquistão demonstra ter compreendido a enorme contribuição que o etanol pode dar aos países que precisam reduzir a sua dependência pelo petróleo e diversificar a sua matriz energética. Também significa um avanço na consolidação de um mercado internacional para os combustíveis renováveis, observa Eduardo Leão de Sousa, diretor-executivo da União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA).
Para Irfan Qureshi, diretor da Pakistan State Oil (OSP), empresa estatal de petróleo que será responsável pela introdução do E10 em Karachi, o projeto deverá impactar numa significativa redução nas importações de petróleo ao país. Segundo Qureshi, o governo vai economizar anualmente de 100 a 130 milhões de dólares em divisas com o consumo do E10. As informações são do jornal paquistanês The News Internacional.
O Paquistão já produz cerca de 400 mil toneladas de etanol por ano, volume que tende a aumentar após a adoção da medida em Karachi. Para atender a essa demanda no futuro, o ministro da Privatização do Petróleo e Recursos Naturais, Syed Naveed Qamar, disse, em entrevista ao mesmo jornal que haverá incentivos fiscais aos produtores agrícolas que cultivam a cana-de-açúcar no país.
Subsídios
No Brasil, ao contrário do que ocorre atualmente no Paquistão, o setor sucroenergético já está consolidado, e as empresas produtoras de etanol não dependem de nenhum subsídio do governo federal para produzirem biocombustíveis.
Entretanto, os motivos que levaram o Brasil a investir na produção de etanol foram os mesmos fizeram os paquistaneses iniciarem o seu programa de energias renováveis: reduzir a dependência do petróleo importado.
A diferença é que o Brasil se antecipou na busca pela solução deste problema há mais de 30 anos. Na década de 1970, o governo lançou o Programa Brasileiro de Álcool, o Proálcool, como uma alternativa para se diminuir a importação de combustíveis fósseis, cujos preços, na época, sofriam grandes oscilações no mercado internacional e causavam prejuízo aos cofres do tesouro brasileiro.
Para estimular a diversificação da cana como matérias primas para a fabricação do etanol combustível além do açúcar, que na época era mais atrativo em termos de remuneração para o setor, o governo e a iniciativa privada incentivaram a indústria automotiva do País a fabricar os primeiros carros 100% movidos a etanol. Após alguns anos, principalmente em função do surgimento de novas tecnologias, como é o caso do desenvolvimento do recurso flex nos automóveis, o setor conquistou sua independência, e o mercado de biocombustíveis se auto-regulou.
As informações partem da assessoria de imprensa da Unica.

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