quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Pré-sal num mundo sustentável

Desafios da exploração do pré-sal num mundo sustentável
Quando falamos em exploração de petróleo, dois extremos aparecem na discussão. De um lado temos as riquezas que a exploração traz. Do outro os potenciais danos ao meio ambiente que podem ocorrer. Enquanto matriz energética, o petróleo ainda é a principal fonte de energia e nada demonstra que ela estará fora do foco das atrações quer em matéria tecnológica, quer em matéria de regulação legal, nos próximos anos.
A equação que move o setor do petróleo tem variáveis bem complexas. Por um lado as reservas conhecidas estimam que o petróleo deva durar entre 40 e 60 anos, todavia a cada dia novas reservas são descobertas. O preço do barril do petróleo, se mais caro ou mais barato, incentiva ou desestimula a pesquisa não só das fontes alternativas, enquanto substitutivas da matriz energética, bem como incrementa a exploração de petróleo para áreas onde a exploração econômica seria inviável com baixo preço de venda.
Em que pese a busca de uma energia ambientalmente correta ser um fator de peso a cada dia que passa, essa opçāo ainda está longe de ser determinante para frear a indústria do petróleo. Por outro lado, é preciso identificar se a utilização do petróleo é algo necessariamente execrável e se as fontes alternativas são necessariamente positivas. A mesma proporção de raciocínio tem se pensarmos em uma política de segurança com base no modelo tolerância zero, sem que o sistema judiciário, social e prisional possam suportar essa política. Da mesma forma a política energética e ambiental deve seguir par e passo com o desenvolvimento econômico.
A relevância do tema toma proporções na medida em que a nova fronteira exploratória do petróleo é a exploração em águas internacionais em lâmina d’água ultra profunda. A euforia das autoridades e dos agentes econômicos com as descobertas de petróleo na chamada camada do pré-sal equivale, proporcionalmente, à descoberta de petróleo na bacia de Santos, quando então o Brasil apenas refinava o petróleo bruto importado do oriente médio. A aprovação das Leis n. 12.276/10 e n. 12.304/10 e a discussão do Projeto de Lei n. 5.940/09, que definirá o novo marco regulatório, deixa em aberto a discussão sobre os riscos ambientais.
Quando o governo encaminhou os projetos para o Congresso Nacional, no final do mês de agosto de 2009, foi requerido o regime de urgência, que tem trâmite mais célere nas duas casas do Congresso Nacional. As principais alterações do projeto foram aprovadas quase que em turno único no Senado Federal em março de 2010. Diante desta celeridade, importantes emendas foram rejeitadas. Especificamente emendas de cunho ambiental que importavam no desenvolvimento de estudos de impacto ambiental ou qualquer outra medida que pudesse diminuir eventual ritmo exploratório foram todas rejeitadas. Menos de um mês depois, o acidente no Golfo do México quase trouxe as questões ambientais para o foco da discussão. Dizemos quase, pois o início da campanha presidencial e a copa do mundo tomaram as manchetes dos meses de maio e junho.
Um grande acordo foi então costurado no Congresso Nacional. O acordo envolvia basicamente três pontos. Seriam retirados os pedidos de tramitação em regime de urgência dos três projetos de lei; os projetos de lei relativos à capitalização da Petrobras e à criação da Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA) seriam aprovados rapidamente e o projeto que englobava o marco regulatório do pré-sal, criação do Fundo Social e a distribuição de royalties ficaria para depois das eleições. Para que a aprovação dos projetos constantes no acordo fosse feita de maneira rápida, seria necessário que os projetos fossem aprovados no Senado com a redação encaminhada pela Câmara dos Deputados, pois caso houvesse alguma alteração, eles teriam que retornar àquela casa para atender ao princípio constitucional que prevê que um projeto alterado em uma casa legislativa deve ser submetido à nova discussão na outra casa legislativa. E foi o que ocorreu dando origem à Lei n. 12.726/10, que determinou as regras da capitalização da Petrobras e à Lei n. 12.304/10, que criou a PPSA.
Retirado o regime de urgência do último projeto que resta, justamente o marco regulatório, as discussões estão sendo retomadas sem que a agenda ambiental seja novamente tratada, colocando em risco a credibilidade do projeto por falta de sólidos compromissos ambientais com uma exploração sustentável. Esta postura é ruim para o Brasil, pois demonstra para a comunidade internacional que estamos adiando a preocupação ambiental. Acresça a isso que a exploração do pré-sal prevê a participação, via concorrência de empresas estrangeiras, às quais terão que saber as regras claras a serem definidas em matéria ambiental.
Enquanto nos Estados Unidos existe um fundo composto por US$ 0,08 por cada barril explorado, não só para cobrir eventuais danos da atividade exploratória, como também para pagar os custos da fiscalização das atividades off shore (que no mínimo precisam de helicópteros), aqui nada disso sequer entra na pauta de discussão, não adiantando depois chorar pelo óleo derramado.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

CGEE divulga estudo

Energia nuclear: CGEE divulga estudo
O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) divulgou em 23 de novembro de 2010, em São Paulo, durante o Encontro de Negócios de Energia Nuclear, a segunda parte do estudo Programa Nuclear Brasileiro que busca identificar as condições necessárias para implantar no país uma cadeia de suprimento qualificada para a produção de energia nuclear.
O objetivo é que o trabalho sirva de base para atender a expansão do PNB prevista para até 2030. Concluído este ano, o estudo contou com o apoio do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), do Ministério da Ciência e Tecnologia, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), da Eletronuclear, do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), da Nuclep e das Indústrias Nucleares do Brasil (INB).
A segunda fase do estudo, que começou no primeiro semestre deste ano, busca especificar e dimensionar a demanda de suprimentos, fundamentada na expansão prevista para o setor, além de estabelecer um diálogo entre oferta e demanda para identificar oportunidades de investimentos que fortaleçam a base industrial do país. Na primeira etapa, o estudo produziu o relatório “Estudo da Cadeira de Suprimento do Programa Nuclear Brasileiro: contextualização e perspectivas do setor de produção de energia nucler no Brasil”.
O estudo tem a geração de energia elétrica como um dos focos principais. Isto porque o Plano Nacional de Energia, preparado pelo governo, trabalho com uma participação da energia nuclear de até 5% da matriz energética em 2030. Nos planos do governo está a instalação de quatro a oito novas usinas nucleares.
No Encontro de Negócios de Energia Nuclear, o CGEE também vai levantar informações para preparar um banco de dados sobrea as empresas mais envolvidas com a energia nuclear no país. A entidade, no dia do evento, vai fazer um cadastramento local, que servirá de escopo para a criação do banco de dados. Segundo a CGEE, o objetivo do evento é instigar a retomada do setor de energia nuclear no Brasil por meio do debate e da articulação de empresários de diversas indústrias. (ambienteenergia)

domingo, 26 de dezembro de 2010

World Energy Outlook

World Energy Outlook: energias renováveis e nuclear em alta
Apesar da manutenção do domínio das fontes fósseis, a nova edição do World Energy Outlook – WEO 2010, da Agência Internacional de Energia (AIE) revela um cenário promissor para as fontes renováveis de energia. Segundo o documento, o uso das energias hidrelétrica, eólica, solar, geotérmica e biomassa triplica em 2035, com sua participação na demanda da energia primária total de 7% para 14%. A participação da energia nuclear também aumenta, saltando de 6% em 2008 para 8% em 2035. Veja abaixo um resumo dos principais pontos do World Energy Outlook.
Energia e mudanças climáticas
No tocante às mudanças climáticas, segundo o documento, a reunião das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas realizada em dezembro de 2009, em Copenhague, representou um marco, ainda que tenha ficado aquém das expectativas. O Acordo de Copenhague – ao qual se associaram todos os principais países emissores – definiu um objetivo não vinculativo de limitar o aumento da temperatura global a dois graus Celsius (2°C) acima dos níveis da época pré-industrial. Estabeleceu igualmente para os países industrializados o objetivo de mobilizarem recursos financeiros destinados a mitigar e adaptar as alterações climáticas nos países em desenvolvimento, de 100 bilhões de dólares por ano até 2020, e exigiu dos países industrializados que fixem objetivos de emissões para o mesmo ano. Todavia, os compromissos anunciados subsequentemente, mesmo se fossem integralmente cumpridos, permitiriam percorrer apenas uma parte do caminho em direção ao objetivo dos 2°C. Cumpre mencionar que o Brasil foi dos poucos países que apresentaram metas concretas e substantivas de redução de emissões.
O WEO 2010, salienta ainda que as perspectivas mundiais da energia até 2035 dependerão de uma forma crítica das ações políticas governamentais e da maneira como essas ações afetarem a tecnologia, o preço dos serviços energéticos e o comportamento dos utilizadores finais. Nesse sentido, o cenário central desta nova edição do Outlook – New Policies Scenario (O cenário Novas Políticas) – toma emconsideração os compromissos políticos e os planos anunciados por vários países no mundo, incluindo as promessas nacionais de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e os programas de abandono progressivo dos subsídios às energias fósseis, mesmo se ainda estiverem por identificar ou anunciar as medidas para concretizar esses compromissos. O documento realiza comparações com um Cenário Políticas Atuais (Current Policies Scenario, anteriormente denominado Cenário de Referência – Reference Scenario), que não inclui nenhuma alteração das políticas atuais, em meados de 2010, o que significa que os recentes compromissos não são concretizados. Além disso, são apresentados os resultados do Cenário 450, que foi primeiro apresentado em detalhe no WEO‑2008, e que estabelece uma via coerente com a meta dos 2°C e a limitação da concentração dos gases com efeito de estufa na atmosfera em torno de 450 partes por milhão de equivalente CO2 (ppm eq. CO2).
No Cenário Novas Políticas, a procura de energia primária aumenta 36% entre 2008 e 2035, passando aproximadamente de 12.300 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (Mtep) para 16.700 Mtep, correspondendo a uma média anual de 1,2%, uma taxa que deve ser comparada com a média anual de 2% dos últimos 27 anos. A taxa de crescimento da procura projetada é inferior à do Cenário Políticas Atuais, no qual a procura aumenta 1,4% por ano no período 2008‑2035. No Cenário 450, a procura ainda cresce entre 2008 e 2035, mas somente de 0,7% por ano. Os combustíveis fósseis – petróleo, carvão e gás natural – continuam a ser as fontes de energia dominantes em 2035 nos três cenários, embora a sua percentagem no combinado global de combustível primário varie fortemente. As quotas das fontes de energias renováveis e nucleares são comparativamente mais elevadas no Cenário 450  e mais baixas no Cenário Políticas Atuais. As evoluções possíveis – e logo, as incertezas quanto à utilização futura da energia – são muito maiores para o carvão, a energia nuclear e as fontes de energia renováveis não hidroelétricas.
Fontes não renováveis permanecem dominantes
Ainda segundo o documento WEO 2010, no Cenário Novas Políticas, a procura mundial para cada fonte de combustível aumenta, sendo os combustíveis fósseis responsáveis por mais de metade do aumento da procura de energia primária total.
O petróleo continua a ser o combustível dominante no combinado de energia primária durante o período considerado no Outlook, embora a sua participação, que se manteve a 33% em 2008, caia para 28% à medida que os preços elevados e as ações dos governos a favor da eficiência do combustível acarretam uma redução mais acentuada do petróleo nos setores industrial e da geração de eletricidade e que começam a surgir mais oportunidades para substituir os produtos petrolíferos por outros combustíveis no transporte. A procura de carvão aumenta aproximadamente até 2025 e declina lentamente em seguida, durante o resto do período considerado no Outlook. O aumento da procura de gás natural é muito superior à procura de outros combustíveis fósseis devido às suas características ambientais e práticas mais favoráveis e aos constrangimentos ligados à implementação suficientemente rápida das tecnologias de baixo de teor de carbono.
Segundo o WEO 2010, a participação de energia nuclear aumenta, passando de 6% em 2008 para 8% em 2035. A utilização de energias renováveis modernas – incluindo as energias hidroelétrica, eólica, solar, geotérmica, a biomassa moderna e marítima – triplica durante o período do Outlook, passando a sua participação na demanda da energia primária total de 7% para 14%. O consumo da biomassa tradicional cresce ligeiramente até 2020, baixando em 2035 para um nível um pouco inferior ao atual, à medida que os agregados familiares utilizam cada vez mais combustíveis modernos nos países em desenvolvimento.
Crescimento da demanda concentrado nos emergentes
Os países que não são membros da OCDE representam 93% do aumento previsto na procura mundial de energia primária no Cenário Novas Políticas, o que reflete um aumento mais rápido das taxas de crescimento da atividade econômica, da produção industrial, da população e da urbanização.
A China, onde a procura disparou nos últimos dez anos, será responsável por 36% do crescimento previsto na utilização da energia global, e a sua procura aumenta 75% entre 2008 e 2035. Em 2035, a China representa 22% da demanda mundial, a comparar com a sua participação atual de 17%. A Índia é o segundo maior contribuidor para o aumento da procura mundial até 2035, representando 18% desse aumento: durante o período considerado no Outlook, o seu consumo de energia aumenta mais do dobro. Fora da Ásia, é a região do Médio Oriente que registra a taxa de crescimento mais rápida, com um ritmo de 2% por ano. Após um crescimento modesto até 2020, a procura global de energia nos países da OCDE estagna. Todavia, por volta de 2035, os Estados Unidos da América são ainda o segundo maior consumidor de energia no mundo, atrás da China, e muito à frente da Índia (que ocupa um terceiro lugar distante).
A procura mundial de eletricidade deverá continuar a crescer mais solidamente do que qualquer outra forma final de energia. No Cenário Novas Políticas, prevê-se um crescimento de 2,2% por ano entre 2008 e 2035, sendo mais de 80% desse aumento originado por países não OCDE.
Maior participação de fontes renováveis
O WEO 2010, sublinha que a geração de eletricidade está se transformando à medida que o investimento é direcionado para as tecnologias de baixo teor de carbono – consecutivamente ao aumento dos preços dos combustíveis fósseis e às políticas governamentais de estímulo à segurança energética e à redução das emissões de CO2.
No Cenário Novas Políticas, os combustíveis fósseis – principalmente o carvão e o gás natural – continuam a dominar o mercado; contudo, a sua participação na geração total de energia decresce de 68% em 2008 para 55% em 2035, enquanto as energias nuclear e renováveis se desenvolvem. A transição para as tecnologias com baixa emissão de carbono é particularmente destacada nos países da OCDE. De um modo geral, o carvão continua a ser a principal fonte de geração elétrica em 2035, embora a sua participação na geração de eletricidade baixe de 41% atualmente para 32%. Em termos globais, prevê-se que a transição para as energias nuclear, renováveis e outras tecnologias com baixa emissão de carbono diminuirá em um terço a quantidade de CO2 emitido por unidade de eletricidade gerada entre 2008 e 2035.
A expansão das fontes de energia renováveis terá uma influência decisiva na capacidade em conduzir o planeta para um caminho energético mais seguro, fiável e sustentável. O sector elétrico apresenta o maior potencial para desenvolver o uso das energias renováveis em termos absolutos. No Cenário Novas Políticas, a geração elétrica baseada nas energias renováveis triplica entre 2008 e 2035 e a participação de energias renováveis no total da geração de eletricidade, de 19% em 2008, aumenta praticamente um terço (atingindo o nível do carvão). Este aumento provém principalmente das energias eólica e hidroelétrica, embora esta continue a ser a fonte dominante durante o período considerado no Outlook. A eletricidade produzida a partir da energia solar fotovoltaica aumenta muito rapidamente, embora a sua participação na geração global represente apenas cerca de 2% em 2035. A utilização de biocombustíveis cresce mais de quatro vezes entre 2008 e 2035, satisfazendo assim 8% da procura de combustível para o transporte rodoviário no final do período considerado no Outlook (um aumento de 3% em relação à situação atual).
Biocombustíveis
Segundo o WEO 2010, a utilização de biocombustíveis – combustíveis de transporte derivados da matéria-prima da biomassa – deverá continuar a aumentar rapidamente durante o período analisado, graças à subida de preços do petróleo e aos apoios governamentais. No Cenário Novas Políticas, o uso global de biocombustíveis cresce de aproximadamente 1 milhão de barris/dia atualmente para 4,4 mb/d em 2035. Estima-se que os Estados Unidos, o Brasil e a União Europeia permanecerão os maiores produtores e consumidores mundiais de biocombustíveis. Os biocombustíveis avançados, incluindo os derivados de matérias-primas lignocelulósicas, entrarão provavelmente no mercado por volta de 2020, principalmente nos países da OCDE.
Ainda que em países como o Brasil se observe um aumento de competitividade e redução de custos dos biocombustíveis, o WEO 2010 sugere que o custo de produção atual dos biocombustíveis seja muitas vezes superior ao custo atual do petróleo importado, de tal forma que são geralmente necessários incentivos governamentais para torná-los competitivos face aos combustíveis à base de petróleo. O apoio governamental global atingiu 20 bilhões de dólares em 2009 e foi principalmente concedido pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Energia e desenvolvimento humano
Apesar da utilização crescente da energia no mundo inteiro, muitos lares dos países em desenvolvimento não têm ainda acesso aos serviços modernos de energia. Os números são impressionantes: estima-se em 1,4 bilhões o número de pessoas – mais de 20% da população mundial – que não têm acesso à eletricidade e a 2,7 bilhões – cerca de 40% da população mundial – as que dependem ainda do uso tradicional da biomassa para cozinhar. Pior ainda, as projeções da AIE sugerem que se trata de um problema a longo prazo, pois no Cenário Novas Políticas, 1,2 bilhões de pessoas continuam a não ter acesso à eletricidade em 2030 (a meta fixada para o acesso universal aos serviços modernos de energia), 87% das quais residentes em zonas rurais.
Dar a prioridade ao acesso a serviços modernos de energia pode contribuir para acelerar o desenvolvimento econômico e social. O Objetivo de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, de erradicar a pobreza extrema e a fome em 2015, não será atingido se o acesso à energia não melhorar substancialmente. Para alcançar esse objetivo, deverá ser facultado a 395 milhões de pessoas suplementares o acesso à eletricidade e a um bilhão de pessoas suplementares o acesso a combustíveis limpos para cozinhar. (ambienteenergia)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Bioeletricidade: Minas incentiva geração

O Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) aprovou, na semana passada, por meio da Câmara Normativa Recursal (CNR), Deliberação Normativa que facilita o processo de licenciamento para produção de energia por meio do aproveitamento do bagaço da cana-de-açúcar.
A DN Copam nº 159/2010 dispõe sobre a regularização ambiental para geração e repotenciação de bioeletricidade sucroenergética em Minas Gerais, ou seja, estimula as usinas mineiras a aproveitarem em maior quantidade o resíduo de usinas de açúcar e álcool por meio da regularização ambiental simplificada. “A grande vantagem é que o empreendedor que usar uma quantidade maior de bagaço terá o processo de regularização mais simples, estimulando o uso do resíduo e proporcionando ganho tanto para o empreendedor, com a geração de energia, quanto para o meio ambiente com a diminuição da emissão de gases de efeito estufa liberados na atmosfera”, ressaltou o presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), José Cláudio Junqueira.
Para que o empreendedor possa realizar a repotenciação de geração de bioeletricidade sucroenergética é preciso atender simultaneamente requisitos tais como já possuir regularização ambiental para a produção de bioeletricidade sucroeneergética, não haver ampliação dos plantios de cana-de-açúcar com finalidade específica de geração de energia elétrica e que não haja aumento na capacidade de moagem de cana-de-açúcar já definido no processo de licenciamento ambiental. O pedido será avaliado por meio de Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF), uma forma mais simplificada para análise do processo de licenciamento.
A produção de energia gerada a partir de qualquer matéria orgânica de origem vegetal tem se tornado nos últimos anos uma promessa entre as fontes renováveis no Brasil. De acordo com a Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), 4% da energia produzida em Minas Gerais vem do bagaço da cana-de-açúcar.
Um balanço da empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostra que os enormes volumes de bagaço e palha correspondentes a dois terços do material extraído da cana-de-açúcar transformam-se em energia limpa e complementar. O balanço energético nacional mostra também que a produção de energia no Brasil por meio do bagaço da cana atingiu cerca de 148 mil toneladas em 2009.
Para o coordenador ambiental da Usina Coruripe, situada em Campo Florido e Iturama, no Triângulo Mineiro, Bertoldino Apolonio Teixeira Junior, a agilidade no processo de licenciamento, por meio da Deliberação Normativa, vai fazer com que a produção de energia limpa seja disponibilizada de forma mais rápida para o sistema de energia. “Além disso, houve um ganho ambiental muito grande, pois as empresas estão sendo estimuladas a usar o resíduo da cana-de-açúcar”, frisou.
A Deliberação Normativa vem também confirmar o esforço de Minas Gerais no combate às mudanças climáticas e na gestão de emissões de gases de efeito estufa no Estado e diminuição da geração e reaproveitamento de resíduos. (ambienteenergia)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Considerações sobre a economia do hidrogênio

As células a combustível surgiram nas décadas pós-revolução industrial como uma das mais promissoras novas tecnologias de produção e energia elétrica, com forte caráter ambiental e eficiência. O dispositivo denominado célula a combustível representa o motor de mudança de uma economia baseada em fontes fósseis para a chamada “Economia do Hidrogênio” /RIFKIN 2003//CRABTREE 2008/. Este novo conceito de economia carrega o potencial de uma economia de energia inesgotável. Entretanto, até que este sonho seja uma realidade, são imperativas muitas mudanças estruturais associadas a um grande esforço de P&D&I, priorizando a produção, armazenamento e utilização de hidrogênio em sistemas de células a combustível, além de ações governamentais sérias. A nanociência pode dar várias contribuições significativas em todas as etapas destes desenvolvimentos citados. Novos materiais devem ser desenvolvidos associados à compreensão dos fenômenos envolvidos na interação do hidrogênio com estes materiais em nano escala.
Das tecnologias de células a combustível espera-se que causem um impacto ambiental significativo em nossas vidas num futuro próximo. As aplicações importantes destas tecnologias incluem veículos de emissão zero e/ou emissões reduzidas; unidades estacionárias de geração elétrica e aplicações portáteis diversas. Além disso, espera-se que a possibilidade de cogeracão das células auxilie sua introdução nas indústrias. A utilização bem sucedida de células a combustível pode fazer uma ponte suave de transição das fontes fósseis para as fontes de energias renováveis.
Um grande e importante obstáculo para o desenvolvimento acelerado e o mercado de células a combustível é o seu atual alto custo. Outro impedimento seria a não disponibilidade de hidrogênio, como vetor energético, em grandes quantidades para este fim e a não existência de uma infraestrutura de seu suprimento distribuído, a custos competitivos. Para a derrubada destas barreiras é necessário um esforço conjunto de governos, universidades, institutos de pesquisa e empresas, numa mudança de mentalidade em relação ao uso da energia, que, pela primeira vez na história considerasse o meio ambiente e a sustentabilidade como parâmetros importantes.
Toda mudança global vem acompanhada de oportunidades de sucesso e crescimento. Com a tecnologia de células a combustível não será diferente. Portanto, compete a estes mesmos atores, ou seja, a governos, universidades, institutos de pesquisa e empresas a tomada de decisões estratégicas, no momento certo, para se destacarem a assumirem posições privilegiadas no futuro.
Muitos bilhões de dólares já foram investidos nesta tecnologia. Quais foram os resultados até agora? Podem-se citar alguns casos, nos quais as células a combustível estão se aproximando da maturidade com custos viáveis, embora com um mercado ainda restrito, se comparado às tecnologias convencionais estabelecidas/FCSEMINAR 2007/:
• PAFCs de 200 kWe e 200 kWt. Estes módulos da empresa UTC são ainda muito caros, entretanto, encontram aplicações em nichos específicos, onde é requerido um alto grau de confiabilidade da energia elétrica produzida, como bancos, hospitais, empresas de comunicação, instalações militares, etc.
• SOFC de 1 kWe. Módulos produzidos pela empresa Hexis para residências. Encontram-se numa fase de demonstração.
• MCFC. Módulos da empresa MTU, de 300 kWe e módulos da empresa FuelCell Energy, de 1 MWe. Também se encontram numa fase de demonstração.
Os casos citados são exemplos de tecnologias já desenvolvidas no mercado ou em fase de demonstração, que despertam, hoje, pouco interesse de grupos de P&D no mundo. Todas as outras possibilidades ainda não atingiram a maturidade e custos aceitáveis para a entrada no mercado. Mais P&D&I e investimentos público e privado são, obviamente, necessários. Os casos das células dos tipos PEMFC e SOFC de grande porte devem ser considerados a parte, por alguns motivos /LINARDI 2002/. O primeiro para as células PEMFC, e talvez o mais importante, está relacionado com a tecnologia ainda não bem estabelecida em muitos pontos, mas, principalmente, com relação a vida útil das células, para qualquer dos três grupos de aplicações possíveis, estacionária, móvel e portátil.
Para aplicações veiculares, o custo desempenha também uma barreira importante, mais ponderada nesta aplicação que nas outras. Entretanto, podem ser citados inúmeros protótipos de diversas empresas espalhadas pelo mundo, incluindo o Brasil, para diversas aplicações. Todo este desenvolvimento serve como um imenso laboratório de destas duas tecnologias, PEMFC e SOFC.
As grandes motivações para os investimentos no setor devem estar sempre na memória para acelerar a curva de aprendizagem desta tecnologia, ou seja:
• forte caráter ambiental, pouco ou não poluentes. Nenhuma restrição para a licença de operação em relação às emissões;
• alta eficiência em relação ao combustível;
• alta confiabilidade da energia produzida;
• favorecimento da geração distribuída de energia elétrica com redução de custos de transmissão;
• possibilidade de cogeração eletricidade/calor;
• robustez e modularidade;
• trabalho silencioso e possibilidade de gerenciamento remoto;
• flexibilidade em relação ao combustível, com soluções geográficas diferentes, democratizando a produção de energia, e
• ponte para a utilização plena de combustíveis renováveis em grande escala, garantindo sustentabilidade.
Nenhum outro energético oferece estas características reunidas. Uma maior maturidade tecnológica, custos competitivos, tanto do dispositivo como do combustível e, claro, uma mudança racional de mentalidade, representam, portanto, as principais barreiras a serem vencidas.
A chamada “Economia do Hidrogênio” não é um simples sonho. Pode ser transformada em realidade. As perguntas que se devem fazer são apenas: “Quando?”, “Em que penetração de mercado?” e “A que preço?”. Embora uma “Economia do Hidrogênio” madura pressuponha soluções técnicas e econômicas para a produção, armazenagem e utilização do hidrogênio, nada impede que soluções parciais para cada uma destas áreas possam ser implementadas separadamente.
A demanda global de energia deve dobrar em 2050, a de eletricidade deve triplicar, enquanto a preocupação com o meio ambiente e mudanças climáticas se tornam imperativas. Esta combinação única de tendências cria inúmeras oportunidades para o hidrogênio entrar numa matriz energética nacional como um armazenador complementar de energia elétrica /CRABTREE 2008/.
No Brasil, em particular, há necessidade de desenvolvimento de uma tecnologia nacional, segundo o nosso mercado específico, que possui características diferentes de outros países. Em especial, a aplicação estacionária, ou seja, a geração distribuída de energia elétrica com células a combustível representa um enorme potencial de crescimento e uma oportunidade ímpar à indústria nacional nascente no setor, mesmo com empresas estrangeiras atuando no país. Insere-se aí o fornecimento de energia elétrica a regiões isoladas do país, aumentando a qualidade de vida destas comunidades. Para tanto, apoios públicos (governo, via MCT e MME, fundações, universidades, institutos de pesquisas, etc.) e privados (grandes empresas de energia), são vitais agora, sem perda de tempo, antes que o país passe a mero consumidor desta tecnologia, como ocorreu em outros setores da economia. (ambienteenergia)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Competitividade internacional do etanol

Competitividade internacional do etanol brasileiro: oportunidades e ameaças
A competitividade é um dos principais fatores que garantem o crescimento e o sucesso de um produtor ou de um país. Competitividade é uma questão de grau. Existe um espectro de possibilidades (níveis) de modo que não se trata apenas de ter ou não ter, mas em se possuindo alguma competitividade, importa saber em que patamar ela se encontra. O conceito de competitividade é relativo e se define pela comparação entre produtores ou países. Ela pode ser mensurada, basicamente, por meio do ritmo de crescimento das vendas, da rentabilidade e, principalmente, da participação de mercado (market-share) do agente ou do conjunto de agentes em análise.
Deste modo, é possível que os elementos que compõem a competitividade de uma indústria sofram uma piora em certo momento, mas a indústria pode permanecer competitiva em alguma medida. Em mercados de produto homogêneo, ou com poucas diferenças qualitativas (como é o caso do etanol), o preço é um elemento decisivo na determinação da competitividade. Quando um produtor é capaz de praticar preços abaixo de seus concorrentes, suas vendas podem crescer e ele pode conquistar e manter uma maior participação de mercado. O preço também pode oferecer sinais de mercado a respeito da estrutura de custos e da eficiência de um produtor. É basicamente a relação entre os custos e os preços que determina a rentabilidade do negócio. Assim, os produtores eficientes em custos têm condições para serem mais competitivos no mercado global, mantendo o crescimento das vendas e um maior market-share, ao sustentar preços abaixo daqueles praticados por seus concorrentes.
A produção brasileira de cana-de-açúcar, de etanol e de açúcar tem um nível elevado de competitividade internacional. Os baixos custos de produção e o maior market-share das exportações mundiais de etanol e açúcar manifestariam tal condição. A indústria sucroenergética nacional se beneficia do uso da cana-de-açúcar como matéria-prima, pois geralmente seus custos são inferiores aos do milho americano. A produtividade agroindustrial do etanol de cana era quase duas vezes superior ao do etanol de milho no passado recente.
Adicionalmente, o consumo de etanol no Brasil e nos Estados Unidos cresceu muito na segunda metade da década de 2000. O aumento da produção gerou um ambiente mais competitivo e permitiu a apropriação de economias de escala por parte dos produtores desses dois países. Além disso, as oportunidades oferecidas pelos subprodutos da fabricação do etanol vêm sendo aproveitadas de forma mais apropriada. Tudo isso contribuiu para a redução dos custos do etanol feito de cana-de-açúcar e do etanol produzido com o milho.
No que se refere à análise de competitividade, a maioria dos estudos não contempla adequadamente os custos de transporte do etanol de cana para os EUA e foram realizados quando o câmbio estava desvalorizado para os níveis atuais. Na prática as vantagens do etanol de cana dependem do câmbio, do preço da matéria-prima, do transporte e da influência dos subprodutos de cada processo produtivo, os quais reduzem os custos operacionais. Isso sem considerar as barreiras tarifárias ao comércio internacional. Em verdade, os custos operacionais na produção dos dois tipos de etanol são parecidos, enquanto o custo da matéria-prima no Brasil é inferior ao do milho americano. Entretanto, dois aspectos compensariam essa desvantagem. Por um lado, os custos de transporte encarecem o etanol brasileiro e, por outro, os produtos obtidos com o milho desoneram o etanol dos EUA, tornando-o mais competitivo naquele país.
Como se pode observar na Figura 1, em 2006, o custo do litro de etanol produzido por meio de cana de açúcar no Brasil variava entre US$ 0,25/litro e US$ 0,35/litro. Já a faixa de custo do litro de etanol feito do milho americano estava entre US$ 0,40/litro e US$ 0,60/litro naquele ano. Embora esses custos possam variar com as oscilações econômicas, a tendência recente desses custos teria sido de queda. Depois das safras recordes de 2007 e 2008, o custo do etanol de milho americano teria caído. Em 2005 o seu custo médio era de aproximadamente US$ 0,54/litro. De janeiro a maio deste ano, o custo da matéria-prima (milho) figurava em US$ 0,24/litro, enquanto o custo total do etanol era de US$ 0,35/litro.
Essas condições de custos permitiram que o etanol americano importado chegasse ao Brasil com o preço de R$ 1,05 mil/metro cúbico em certas ocasiões de 2010, por exemplo. Embora a média de preço do etanol brasileiro tenha figura próxima dos R$ 1,02 mil/metro cúbico neste ano, em muitos momentos os preços estiveram acima desse patamar. Já a máxima do ano foi de cerca de R$ 1,32 mil/metro cúbico. Em 2010 o etanol brasileiro – livre de impostos e frete – esteve mais caro do que o americano. Isso ocorreu até mesmo no mês de junho em que o preço doméstico atingiu a menor média de preço do ano: R$ 783/metro cúbico. O preço médio FOB (free on bord) de setembro esteve em R$ 823/metro cúbico – mês em que o preço médio das exportações brasileiras de etanol esteve no patamar mais baixo do ano.
Figura 1: Faixa de Custo por litro de Etanol
A investigação a respeito dos custos de produção de etanol depende das premissas e das condições em que se encontram as variáveis econômicas relevantes. Como os custos são expressos em dólares o câmbio tem um impacto significativo na definição dos mesmos. Assim, uma análise que considere fixo o câmbio no nível médio da década de 2000 (cerca de R$ 2,30) poderia concluir por uma quase equivalência no grau de competitividade entre o etanol de milho e de cana-de-açúcar.
É razoável o argumento de que essa situação seria sustentada pela tarifa de importação e pelos subsídios do governo americano ao etanol. Todavia, essa ilação feita de modo simplista pode induzir a equívocos. Ela tende a desconsiderar que mudanças técnicas e econômicas podem ser capazes de sustentar ganhos de competitividade do etanol americano, mesmo em um contexto de ausência de subsídios e tarifas de importação no mercado americano.
Já uma análise que enfatize a sensibilidade dos custos em relação à variável câmbio e à tecnologia, pode, por exemplo, apontar uma superioridade consistente do etanol americano em um contexto em que a cotação do dólar permaneça abaixo dos R$ 1,90 (como ocorreu em 2010). Ao se adicionar os custos de frete o etanol brasileiro ficaria mais caro nas duas análises. Quando se somam os impostos de importação a diferença se amplia mais em benefício do etanol de milho dos EUA, quando o lócus de comparação está referenciado no mercado americano.
A Figura 2 mostra que a partir de agosto de 2009 o preço do etanol paulistano (com o frete) superou o preço do etanol americano (free on bord).
Figura 2: Preço do Etanol (inclui frete para Nova Iorque)
Nos três primeiros trimestres de 2010, os EUA teriam exportado mais de 900 milhões de litros de etanol. Na condição de maior produtor e principal consumidor de etanol o país também estaria esboçando interesses no mercado internacional. A expectativa é que os EUA exportem cerca de 1,2 bilhões de litros de etanol em 2010 – valor não muito inferior aos 1,7 bilhões de litros estimados para as exportações brasileiras em 2010. Nos últimos dois anos as exportações do Brasil retrocederam. Na safra 2008-2009 as exportações atingiram os 4,8 bilhões de litros. Em se mantendo essa tendência, o market-share americano pode se igualar e até superar o brasileiro ameaçando a liderança do Brasil no mercado mundial de etanol no curto prazo. Em verdade, a desvalorização do dólar também foi decisiva para a recente melhoria na competitividade e no desempenho exportador do etanol americano.
É bem verdade que além de problemas sazonais e de conjuntura econômica, os produtores brasileiros enfrentam obstáculos de natureza tarifária às exportações do etanol. Os subsídios ao produto americano também são significativos e estiveram entre US$ 5,5 bilhões e US$ 7,3 bilhões. Eles equivalem ao valor aproximado de US$ 0,45 por galão (cerca de US$ 0,12 por litro). Os produtores brasileiros são prejudicados com os incentivos oferecidos ao produtor americano, tais como os empréstimos a “fundo perdido” que na prática funcionam como subvenções. Tais instrumentos alteram a estrutura de custos da indústria americana e a torna mais competitiva.
Contudo, a proteção tarifária e parte dos subsídios americanos podem se reduzir no curto prazo. Há um embate político no congresso americano diante da necessidade de ajuste fiscal do governo americano. Independente disso os produtores brasileiros precisam demonstrar que a segurança energética em relação ao etanol estará garantida caso o driver de crescimento da produção de etanol seja o Brasil. O processo de consolidação do setor pode ajudar a aumentar a estabilidade do setor.
A natureza sazonal da produção agrícola da cana-de-açúcar atua no sentido de conferir instabilidade ao mercado de etanol brasileiro. Diante dos aspectos tratados aqui, as vantagens econômicas do etanol brasileiro costumam variar em ciclos, de modo que a maior parte das exportações tende a ocorrer em janelas de oportunidade ao longo do ano. Algo semelhante ocorre no que se refere à viabilidade econômica de importar etanol dos EUA. Os produtores americanos começam a aproveitar melhor essas oportunidades, as quais, para o Brasil podem se traduzir em ameaças. Diante do potencial teórico de aumento da produção de etanol doméstica, pode não ser apropriada para a imagem do Brasil uma situação hipotética de se tornar importador líquido de etanol, por exemplo. Em 2010 o país importou gasolina e etanol.
Para o aumento da competitividade do etanol nacional a construção de etanol-dutos contribui muito na medida em que reduz os custos de transporte (podendo chegara 57% de redução) e estimular um novo ciclo de investimentos no setor, mas resolvem apenas uma parte (importante) do problema. Os investimentos na modernização das caldeiras também têm uma influência significativa nos custos globais do negócio sucroenergético, podendo ter impacto positivo de cerca de 20% nos resultados financeiros de uma usina. Caldeiras mais eficientes geram mais energia elétrica e, portanto, podem permitir a redução do preço do etanol, bem como podem elevar a rentabilidade das usinas na medida em que essa energia é comercializada.
Embora o etanol de cana brasileiro seja bem superior do ponto de vista ambiental, não é razoável que a indústria nacional se apóie somente no discurso da sustentabilidade para emplacar o aumento de suas vendas, seja no plano doméstico ou internacional. É desejável que o benefício ambiental seja um elemento adicional à viabilidade econômica da utilização de um etanol que pode ser produzido em condições competitivas no Brasil. Certamente a determinação do nível do câmbio transcende a capacidade dos produtores brasileiros de reduzir custos, mas a modernização da indústria deve ser perseguida efetivamente. A melhoria na eficiência da cogeração é uma oportunidade ainda pouco explorada. Somente um quinto das usinas tem caldeiras de alta eficiência no Brasil.
Por fim, é preciso assinalar que incrementos de competitividade do etanol brasileiro podem ser obtidos de diversos modos, dentre eles figuram: os investimentos em infra-estrutura, a modernização das plantas e a formação de estoques reguladores. A melhoria nos índices de liquidez e endividamento do setor também é essencial para a competitividade. Tudo isso ajuda a manter a estabilidade e rentabilidade do negócio independentemente de subsídios ou mudanças nos mercados de etanol ao redor do mundo. Cabe ao governo enfrentar o desafio relativo ao câmbio valorizado para não comprometer a competitividade dos distintos ramos industriais da economia nacional. (ambienteenergia)

sábado, 18 de dezembro de 2010

Etanol é 'vitória' nos Estados Unidos

Etanol nacional consegue 'vitória' nos Estados Unidos
A decisão dos californianos de rejeitaram nas urnas uma proposta que pretendia suspender a lei aprovada em 2006 pelo governador Arnold Schwarzenegger para conter a emissão de gases poluentes foi interpretada como mais uma vitória para o etanol brasileiro.
Só nesse Estado americano, o consumo de combustível é maior que em todo o Brasil, segundo o representante da Unica, Joel Velasco.
Para atender às metas do programa de redução de emissões, a Califórnia terá de aumentar o consumo de etanol, o que pode abrir espaço para o Brasil. Além dessa decisão, a partir do dia 15/11/2010 o Congresso americano começa a discutir se renova ou não a tarifa de importação do combustível e o subsídio dado ao etanol de milho.
O espaço para a definição é curto. Serão apenas duas semanas antes de o Congresso entrar em recesso. (OESP)

Brasil contesta regras europeias para o etanol

Usineiros brasileiros atacam a proposta de lei da União Europeia para estabelecer critérios ambientais para a entrada de etanol no mercado europeu e pedem que parte do projeto seja abandonado. Ontem, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) questionou oficialmente a política de Bruxelas para o comércio do etanol e deixou claro que, se a UE seguir com seu projeto, o Brasil poderia levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Nessa briga, os usineiros brasileiros ganharam o inesperado apoio de multinacionais europeias, como Shell e BP, que têm pesados investimentos no País.
A UE quer estabelecer uma lei que só permitiria a importação de etanol produzido de forma sustentável. O exportador brasileiro teria de provar que o etanol representa economia de pelo menos 35% nas emissões de CO2 em comparação com a gasolina. Na Alemanha, a exigência já começa a valer em 2011.
Por essas contas, o etanol de cana produzido no Brasil não seria afetado, já que a redução de emissões de CO2 seria equivalente a 71%. O que o Brasil teme é que esse número seja depois manipulado no Parlamento Europeu. "No Parlamento, não é a ciência que conduz o processo, é a política. O número final pode acabar sendo um leilão", afirmou o representante chefe da Unica para a União Europeia, Emmanuel Desplechin.
Os usineiros brasileiros criticam também os estudos feitos pela UE. Na opinião deles, a ciência não está madura para justificar uma nova legislação e os resultados do levantamento da UE mostram que as discrepâncias sobre o impacto ambiental do etanol são tão profundas que desacreditam o próprio estudo. "Qualquer política pública baseada em resultados tão contestáveis poderia ser facilmente questionada na OMC", alertou Desplechin.
Ontem, em um documento de 16 páginas entregue à UE, os brasileiros pediram formalmente a revisão do cálculo do impacto ambiental do etanol e o adiamento de qualquer imposição de leis. "Estamos ao lado do Brasil nesse ponto e achamos que a proposta da UE pode ser muito prejudicial para a construção de um mercado global de etanol", afirmou Luis Scoffone, vice-presidente da Shell para energias alternativas. Rob Vierhout, presidente da Associação de Bioetanol da Europa, admitiu que projeto da UE é falho. "O risco de briga na OMC é real." Ele chamou as exigências europeias de "prematuras". (OESP)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Biomassa: mais um passo para gaseificação

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) tem um projeto que prevê a construção, em Piracicaba (SP), de uma usina para desenvolver a tecnologia de gaseificação, técnica aplicada na conversão da biomassa em combustível. Com valor estimado em R$ 110 milhões, a previsão é que o projeto seja construído num prazo de cinco anos. A gaseificação da biomassa é vista como uma solução para diminuir a emissão de gases de efeito estufa e garantir a produção de energia limpa.
A proposta está em analise pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). Além de pretender contar com a participação federal, o IPT tem o apoio de empresas privadas como a Braskem, Cosan e Oxiteno, de acordo com informações do site do MCT. A intenção é que o projeto integre as principais iniciativas do IPT, do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE/MCT), do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), de universidades e de institutos de pesquisas.
O IPT, desde 1973, quando estourou a crise do petróleo, desenvolve projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, principalmente na conversão de combustíveis sólidos em gás. No Brasil, uma das principais fontes de biomassa é a cana-de-açúcar. Em 2009, foram colhidas 650 milhões de toneladas de cana. Cada tonelada gera 210 quilos de biomassa.
Só com a biomassa produzida pela cana em 2009 seria possível gerar cerca de R$ 24 bilhões em energia. A gaseificação é feita por reações termoquímicas que resultam em um combustível que pode ser utilizado de diversas maneiras. Um exemplo dessa versatilidade é o seu uso em motores de combustão interna e turbinas a gás. (ambienteenergia)

Biomassa da cana gerará R$ 24 bilhões em energia

Gaseificação da biomassa produzida pela cana pode gerar mais de R$ 24 bilhões em energia
A procura de novas fontes energéticas é uma preocupação da maioria dos países em desenvolvimento. Quando o tema é aproveitamento da biomassa a gaseificação é vista como uma ferramenta para diminuir a emissão de gases de efeito estufa e garantir a produção de energia limpa. Uma das principais fontes de biomassa no Brasil é a cana de açúcar. Em 2009, foram colhidas 650 milhões de toneladas de cana. Cada tonelada gera 210 quilos de biomassa.
Só com a biomassa produzida pela cana em 2009 seria possível gerar cerca de R$ 24 bilhões em energia. A gaseificação é feita por reações termoquímicas que resultam em um combustível que pode ser utilizado de diversas maneiras. Um exemplo dessa versatilidade é o seu uso em motores de combustão interna e turbinas a gás.
O Brasil domina a tecnologia de gaseificação, no entanto essa técnica aplicada na conversão da biomassa em combustível ainda precisa ser desenvolvida. Desde 1973, quando estourou a crise do petróleo, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do estado de São Paulo (IPT) desenvolve projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, principalmente na conversão de combustíveis sólidos em gás.
O IPT tem um projeto para a construção de uma usina, em Piracicaba, no interior de São Paulo, para incrementar essa técnica. A intenção é que o projeto integre as principais iniciativas do IPT, do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE/MCT), do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), de universidades e de institutos de pesquisas.
De acordo com o IPT, o projeto custa cerca de R$ 110 milhões e deve ser construído em cinco anos. A proposta está em analise pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). Além de pretender contar com a participação federal, o IPT tem o apoio de empresas privadas como a Braskem, Cosan e Oxiteno. (EcoDebate)

domingo, 12 de dezembro de 2010

Economia de Energia: eletrodomésticos campeões

Energia Eco
Economia de Energia: veja os eletrodomésticos campeões 
O número de equipamentos com o Selo Procel de Eficiência Energética segue uma rota de crescimento. Segundo dados do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), 2010 registra um avanço de 24% na quantidade de modelos que receberam a certificação, chegando a marca de 3.778 modelos de 2006 empresas diferentes. A estimativa é que os modelos contemplados representaram uma venda de 34 milhões de equipamentos em 2009.
Em relação a 2005, o número de categorias contempladas com o selo registrou aumento de 50%, atingindo 31 categorias. Em 2010, a certificação trouxe novidades, com a inclusão de mais quatro categorias em relação à edição anterior: condicionador de ar do tipo split system cassete; reator eletrônico para lâmpada fluorescente tubular; televisor LED, modo de espera (stand-by); e módulo fotovoltaico.
A lista que recebeu o Selo Procel este ano inclui produtos como coletores solares, condicionadores de ar, lâmpadas, máquinas de lavar roupa, refrigeradores e freezers, ventiladores, televisores, reservatórios térmicos, reatores, motores elétricos e componentes fotovoltaicos.
Ainda de acordo com o Procel, a economia de energia obtida pelo Selo Procel chegou a 5,4 mil GWh, o que corresponde a 6% da energia gerada pela hidrelétrica de Itaipu. o Selo Procel de Economia de Energia visa identificar os produtos que apresentam os melhores níveis de eficiência energética, motivando assim o mercado consumidor a adquirir e utilizar produtos mais eficientes.
“Os produtos certificados são referência em eficiência energética e preservação do meio ambiente”, observa Ubirajara Rocha Meira, diretor de Tecnologia da Eletrobras, ressaltando ainda que o Procel tem cumprido sua missão de estimular o uso racional da energia, contribuindo para a redução do desperdício. (ambienteenergia)

Indústria na rota da eficiência energética

O setor industrial, que responde por mais de 40% de energia elétrica do país, já tem um bom diagnóstico para investir em medidas de eficiência energética. Estudo feito pela Eletrobras/Procel e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) mapeou 13 setores e apontou um potencial de economia de R$ 85 bilhões em 20 anos na conta de energia. Para chegar a este patamar, as indústrias consideradas precisariam economizar 6,4% do consumo. O resultado representaria ainda a redução de 239 milhões de toneladas nas emissões de gás carbônico.
O estudo, divulgado na semana passada, teve o objetivo de identificar e difundir programas e tecnologias inovadoras de eficiência energética na indústria brasileira. Os setores analisados foram ferroligas, metais não ferrosos, fundição, papel e celulose, química, siderurgia, têxtil, vidro, cal e gesso, cerâmica, cimento, extrativa mineral e alimentos e bebidas.
Este outro extremo, por sua vez, não pode servir de muleta para justificar qualquer medida ou implantação de “parques de vento”. Não é porque tudo causa impacto ambiental que se vai concluir que qualquer medida ou implantação é justificada porque, afinal, não há nada que se possa fazer quanto a isso. Os extremos são sempre muito perigosos.
Em vez de erguerem-se bandeiras antiventos e alçarem-se vozes contrárias à instalação de parques eólicos, há que se exigir o estabelecimento de critérios técnicos que conduzam a diligências eficazes e conscientes para diminuir os inevitáveis impactos sobre o meio ambiente.
O Brasil padece de um marco regulatório padrão para os cada vez mais difundidos parques eólicos em nosso território. Por mais falha que seja a legislação brasileira para o setor, nesta área as normas ambientais são as mais abundantes. Falta, contudo, uma padronização para estabelecer uma criteriosidade e garantir a mitigação dos impactos ambientais.
A Constituição Federal de 1988 foi a primeira das constituições brasileiras a abordar o meio ambiente, tendo-lhe sido dedicado um capítulo exclusivo. A proteção ambiental foi descentralizada, o que significa que todos os entes federativos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) têm competência, dentro dos limites constitucionais, para tratar de matéria ambiental, não havendo subordinação de uns em relação aos outros. Por isso, não se pode obrigar que um Estado aja ou atue como outro.
No entanto, essa independência federativa não pode resultar em situações tão díspares quanto as que se apresentam hoje. O que é preciso para obter a licença? Depende de qual Estado irá albergar o parque eólico! Essa situação sai do campo da autonomia federativa para tornar-se um problema na media em que critérios são impeditivos de concessão em determinados Estados e permissivos em outro.  Por certo que as características de cada local devem ser consideradas e importam consideravelmente na análise que conduzirá à concessão ou não da licença, mas o que se tem hoje é um grande disparidade de exigências.
Assim, por exemplo, é exigência de EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e seu consequente RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) ao invés de RAS (Relatório Ambiental Simplificado) para a concessão das indispensáveis licenças ambientais para as instalações dos parques. Pelo país há órgãos ambientais que exigem o EIA e o RIMA ao passo que outros se contentam com o RAS. Será suficiente?
A exemplo de outras “modernidades” que foram criando e dominando os espaços urbanos, diante da necessidade de aumento do fornecimento de energia e da utilização de alternativa à eletricidade dos combustíveis fósseis, o alastramento de parques eólicos parece inevitável. Estudo do Conselho Mundial de Energia Eólica (GWEC), já amplamente divulgado, aponta que a energia eólica deverá atender 12% da demanda elétrica mundial em 2020, podendo chegar a 22% em 2030.
Por esse mesmo estudo, em 20 anos estima-se que serão gerados três milhões de empregos diretos e indiretos ligados à energia eólica (atualmente são 600 mil trabalhadores). O meio ambiente, por sua vez, será beneficiado na próxima década com 1,5 bilhão de toneladas anuais de dióxido de carbono que deixará de ser 0lançado na atmosfera.
A tendência de ampliação de aerogeradores espalhados pelo mundo, e em especial no Brasil, revela-se também pela ampliação da competitividade da “indústria eólica” na medida em que essa indústria já vem se desenvolvendo, tanto no aspecto tecnológico quanto no econômico. A energia eólica, que até há poucos anos era proclamada como proibitivamente cara, no último leilão já alcançou patamares inferiores aos preços das PCHs. No leilão de 2009 o preço médio de venda ficou em R$ 148,39/MWh, ao passo que o de 2010 caiu para R$ 130,865/MWh.
Todos esses fatores indicam a inevitabilidade do desenvolvimento do setor, sendo também inevitável a discussão e as providências quanto aos impactos ambientais. Pregar que a energia eólica não causa impacto ambiental é afirmação extema e ingênua, da mesma forma que é exacerbado atribuir-lhe impactos da monta como já vem sendo noticiado em casos narrados pela imprensa.
A evolução e a modernidade exigem sacrifícios – quem não recorda do Salto de Sete Quedas no Rio Paraná, a maior cachoeira do mundo em volume de água, que desapareceu para dar lugar à Usina de Itaipu? – e o impacto ambiental sempre existirá. Esse fato, por óbvio, não é uma apologia à destruição ou ao descaso com a natureza, nas tão-somente um alerta para que as questões ambientais sejam tratadas com o critério que exige, sem excessos para que não se chegue ao extremo de impedir o progresso ou de comprometer o meio ambiente. (ambienteenergia)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Brasil e Chile em etanol de 2ª geração

Bioenergia: Brasil e Chile em etanol de 2ª geração
O Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE/MCT) fechou acordo de cooperação com o consórcio chileno Bioenercel para o desenvolvimento conjunto da tecnologia de etanol celulósico. O trabalho da entidade brasileira terá foco na pesquisa de conversão do bagaço e palha da cana-de-açúcar em biocombustível, enquanto a empresa do Chile centrará atividade na madeira. Segundo o Ministério de Ciência e Tecnologia, este é o primeiro acordo de colaboração nesta área assinado por países da América do Sul.
O CTBE vai transferir ao grupo parceiro os conhecimentos adquiridos na implantação da sua Planta Piloto para Desenvolvimento de Processos (PPDP), que estará concluída em meados de 2011. O objetivo é contribuir para a otimização de processos e criação da indústria de etanol no Chile. Em 2011, os chilenos construirão sua primeira planta piloto para escalonamento de processos relacionados à produção de etanol de segunda geração. O trabalho conjunto com o CTBE serve para validar o parque de equipamentos das plantas de ambos os países.
O acordo assinado engloba, ainda, a elaboração de melhorias na Biorrefinaria Virtual de Cana-de-açúcar, em desenvolvimento no CTBE. Essa plataforma de simulação computacional de processos possibilita avaliar os impactos ambientais, econômicos e sociais de novas tecnologias na área de cana e etanol. Quando concluída, a Biorrefinaria Virtual deverá contribuir para que empresas, governos e instituições de pesquisa do Brasil e demais países envolvidos no Programa definam prioridades de estudo, avaliem o sucesso de projetos e planejem o investimento em novas tecnologias no setor. (ambienteenergia)

Biogás: software calcula variáveis do negócio

O Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio) colocou em seu site para download gratuito a “Ferramenta Computacional para Estimar Produção de Biogás, Geração de Eletricidade e Redução de Carbono para Fazendas de Pequeno e Médio Portes no Brasil”. Segundo o Cenbio, o software desenvolvido é voltado para fazendas de criação de gado (leiteiro, bovino de corte ou suíno), para captura e uso energético do biogás proveniente de dejetos animais.
A solução é resultado do projeto “Metodologia de estimativa de reduções de GEE provenientes da biodigestão de resíduos animais”, que tem como objetivos dimensionar sistema de tratamento de dejetos animais (bovinos e suínos) para pequenas e médias propriedades do Brasil; dimensionar sistema de geração de energia elétrica; estimar redução de carbono com a queima do metano de dejetos animais para geração de energia elétrica; e realizar cálculos financeiros da implementação de projetos.
O projeto conta com financiamento do Renewable Energy & Energy Efficiency Partnership (REEEP – Parceria por Energia Renovável & Eficiência Energética) e desenvolvimento pelo Cenbio, em parceria com a Winrock Foundation e a empresa UsinaAzul. Além do software, a entidade também colocou para download o seu manual. (ambienteenergia)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Energia – mitos que custam caro

É preciso prestar atenção ao estudo que acaba de ser divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (Estado, 11/11), segundo o qual a indústria brasileira pode economizar 25% da energia que consome, a começar pela indústria siderúrgica, seguida pelos setores de cerâmica, química, papel e celulose e cimento.
É um trabalho na mesma direção do estudo feito em 2006 pela Unicamp, WWF e outras instituições, mostrando que o País pode viver tranquilamente com metade da energia que consome hoje: pode economizar 30% com conservação e eficiência energética (tal como fez no “apagão de 2001, sem nenhum prejuízo para o País); mais 10% com ganhos nas linhas de transmissão (que hoje perdem entre 15% e 17% da energia que transmitem); e mais 10% repotenciando geradores antigos de usinas, hoje com baixo rendimento, e a custos muitas vezes menores que o da construção de mais hidrelétricas.
Esse estudo está sendo revisto neste momento por um grupo no Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, coordenado pelo ex-ministro e ex-secretário José Goldemberg, que está preocupado com o processo de licenciamento de novas usinas na Amazônia, principalmente nas regiões dos Rios Teles Pires e Tapajós, que implicam problemas em terras indígenas, parques e áreas federais de conservação – sem falar no projeto de Belo Monte, que recebeu no próprio Ibama mais dois pareceres contrários ao início das obras.
Curiosamente, o planejamento federal no Brasil continua a trabalhar com a premissa de que o País, para crescer 7% ao ano nos próximos 12 anos, precisa dobrar seu consumo per capita de energia (Agência Brasil, 7/7). E para isso precisaria acrescentar mais 5,1 GW ao seu potencial energético a cada ano, até 2022. Planejamento provavelmente comandado pelo oligopólio das grandes construtoras de usinas, geradoras e distribuidoras de energia – levando em conta seus interesses específicos, não exatamente os de todo o País. Não por acaso, o governo federal inicia neste momento o leilão de mais dez hidrelétricas, com potência total de 3.820 MW, metade das quais nas bacias dos Rios Teles Pires e São Francisco e metade na do Parnaíba (Maranhão e Piauí). As hidrelétricas do Teles Pires serão altamente complicadas, por incluírem terras indígenas e parques nacionais, da mesma forma que as da bacia do Tapajós, que deverão vir logo a seguir.
Se ainda fosse pouco, o setor de energia está dando prioridade nos novos leilões a usinas termoelétricas, altamente poluidoras, sob o pretexto de poupar água nos reservatórios de hidrelétricas. Por essas e outras, o consumo médio de energia termoelétrica em setembro último chegou a 12,5 vezes mais que em setembro do ano passado (Folha de S.Paulo, 7/10). Tem mais: o governo federal dobrou o subsídio para uso de energia termoelétrica na Região Norte do País, que este ano vai para R$ 4 bilhões – distribuídos pelas contas de todos os consumidores no País, inclusive dos que eventualmente estejam lendo este artigo. Algo tão abstruso que o Tribunal de Contas da União já sentenciou que a Aneel não tem nenhum controle sobre o consumo real de combustível nas 301 termoelétricas da região (Folha de S.Paulo, 14/8) – enquanto destina a energia hidrelétrica de Tucuruí, muito mais barata, quase toda para os conglomerados de exportação de alumínio, com altíssimos subsídios (que também vão para a conta de todos os consumidores no País). Da mesma forma que provavelmente fará com a energia da vergonhosa Usina de Belo Monte. E por essas e outras a produção de energia termoelétrica passou de 5,6% do total em junho do ano passado para 7,8% em junho deste ano (idem, 7/7).
A iniciativa do estudo da Confederação Nacional da Indústria, por isso, é muito bem-vinda. Outro estudo, do IFC, que é órgão do Banco Mundial, mostrou há poucos dias que os edifícios comerciais e públicos no Brasil consomem 80% da energia total (reforçando a tese da possibilidade de redução enfatizada pela Unicamp/WWF). A economia de energia fica ainda mais decisiva se se atentar para números divulgados por este jornal (3/9): 54,8% da energia consumida no País não provém de fontes renováveis, só o petróleo e derivados respondem por 40% (hidrelétrica, 13,9%).
Também adquire importância excepcional iniciativa da Hidrelétrica de Itaipu de estimular e financiar a implantação de sistemas geradores de energia em pequenas propriedades rurais a partir do biogás derivado de dejetos animais (bois, porcos, frangos). Além de reduzirem seus gastos com o pagamento de energia da rede, principalmente nos horários de pico (quando ela é mais cara), os pequenos produtores podem colocar o excedente da produção de energia na rede estadual de distribuição e ser remunerados por isso. É um exemplo a ser seguido em todo o País.
A cada dia são mais alarmantes as notícias sobre desastres climáticos, intensificados pela emissão de gases que se concentram na atmosfera, bem como sobre a insustentabilidade dos atuais níveis de consumo de recursos no mundo. O relatório sobre “pegada de carbono” na China divulgado pelo WWF (Agência EFE, 16/11) diz que, se o mundo usasse recursos e gerasse resíduos como a China, “necessitaria de um planeta 1,2 vez maior que a Terra”. E nesse país “a construção e o transporte, associados ao avanço no nível de vida, contribuíram em grande medida para que as emissões de dióxido de carbono atingissem 54% do impacto ecológico nacional”. Já como a maior emissora de poluentes no mundo, a China compromete-se a reduzir sua “intensidade de carbono” (emissões totais divididas pelo PIB) entre 40% e 45% até 2020, calculada sobre 2005.
Lá, como em toda parte, o setor da energia é o maior responsável por emissões. Por isso o mundo terá de caminhar rapidamente para a redução do consumo de energia e para o uso de combustíveis renováveis e não poluentes. Não se deve perder tempo. (EcoDebate)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Agenda para energia: os desafios das mudanças

O setor energético está em ebulição no mundo inteiro, processo marcado pela redefinição das políticas de governo para este negócio. Fatores como expansão das fontes alternativas na matriz energética, o uso de novas tecnologias como o smart grid e os programas para a redução das emissões de gases de efeito estufa modelam um novo olhar para o uso e o negócio energia. Este cenário servirá de pano de fundo para o Seminário uma agenda para a política energética brasileira nos próximos quatro anos, que a Associação Brasileira de Estudos em Energia (AB3E) e a Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE), realizam, no dia 14 de dezembro de 2010, no Rio de Janeiro.
“No caso brasileiro, existe uma variável que não estava na agenda do segundo governo Lula, que vem agora com a taxa de crescimento da economia maior do que se esperava”, observa o professor Helder Queiroz Pinto Jr, vice presidente da AB3E, capítulo brasileiro da International Association for Energy Economics (IAEE), lembrando que este seminário edita a versão anterior realizada em 2006 com os mesmos objetivos. Segundo ele, o crescimento mais acelerado, mesmo não mantido nas taxas de 7,8%, exigirá mais energia para manter a sustentabilidade da economia.
 “Com isso, haverá a necessidade de realocar as políticas de oferta e criar condições para estimular os investimentos na produção de energia”, avalia Helder Queiroz, também professor do Grupo de Economia da Energia do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. (ambienteenergia)

Mudanças climáticas e energia

Garantir serviços de energia à população mundial em crescimento, levar energia por vias modernas a bilhões de pessoas e garantir um custo viável desses serviços estão entre os maiores desafios a serem encarados pelo setor energético mundial, segundo Thomas Johansson, professor da Universidade Lund, na Suécia.
O cientista participou da mesa “Energia e mudanças climáticas”, durante o fórum “Mudanças Climáticas Globais – Desafios e oportunidades de pesquisa”, realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) nos dias 14 e 15 de outubro.
O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Luiz Pinguelli Rosa, e o coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Unicamp, Gilberto Januzzi, também participaram da sessão.
Além da universalização da energia a preços acessíveis, Johansson defende que o setor deve se preocupar também com os desafios ambientais e os riscos colaterais provocados pela produção e distribuição de energia. “O setor energético também pode afetar a competição por alimentos e por recursos naturais e até a proliferação de armas nucleares”, apontou.
Segundo ele, o desenvolvimento do setor deve se pautar na eficiência energética, na busca por novos combustíveis sustentáveis e na captura de carbono.
Como exemplo, citou a experiência de reforma de edifícios energeticamente pouco eficientes no Japão. “Naquele país, a reforma proporcionou uma queda no consumo de 150 quilowatts/hora por metro quadrado para cerca de 15 quilowatts/hora por metro quadrado”, disse.
Os edifícios são responsáveis por 40% da energia elétrica consumida no Japão, sendo que a maior parte dela é consumida pelos sistemas de refrigeração e aquecimento.
Johansson apontou algumas saídas para o problema, como a utilização de energia eólica, a ampliação da reciclagem de materiais para poupar a indústria de matérias-primas e a adoção de planejamentos urbanos eficientes.
“Essas medidas não trarão somente economia de energia, mas vários outros benefícios, como empregos e melhoria na saúde e na segurança da população. Uma reestruturação energética é uma janela de oportunidades que se abre”, ressaltou.
Januzzi destacou a necessidade de se planejar a transição das atuais fontes energéticas para uma economia de fontes renováveis. O também professor da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp defendeu a utilização e a adaptação da infraestrutura atual para efetuar essa transição.
“Oleodutos e gasodutos poderão ser adaptados para transportar novos combustíveis”, exemplificou, ressaltando a importância de um planejamento que leve em conta a infraestrutura atual.
Esse planejamento teria de prever também mudanças institucionais e de regulamentação. “Poderemos ter casas que serão ao mesmo tempo unidades consumidoras e produtoras de energia, mas será preciso regulamentar situações como essa”, disse.
Outro obstáculo a ser contornado pelas energias renováveis, segundo Januzzi, é a inconstância de seu fornecimento. Diferentemente do petróleo, que pode ser estocado e sua disponibilidade está relacionada ao tamanho estimado de reservatórios, as energias renováveis estão mais sujeitas aos eventos naturais.
Ventos, marés, sol e chuva são alguns elementos que influenciam a produção de energias limpas e de plantações que fornecem biocombustíveis. “As mudanças climáticas globais aumentam ainda mais a imprevisibilidade dessas fontes energéticas”, disse.
Veículos irracionais – Pinguelli Rosa destacou a exclusão de 12 milhões de brasileiros que não têm acesso à energia elétrica. Falou também sobre a dificuldade de distribuição de energia em regiões como a amazônica, em que populações dependem de geradores movidos a óleo diesel. “Esse combustível é subsidiado e a conta já chegou a US$ 2 bilhões”, disse.
Outro ponto criticado por Pinguelli, que também é secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, é o tamanho crescente dos automóveis atuais no país, o que tem demandado motores maiores e menos econômicos. “São veículos irracionais e que apresentam um padrão de consumo muito alto. Deveria haver restrições pesadas para quem adquirisse carros desse tipo”, defendeu.
Os carros bicombustíveis foram outro alvo de críticas de Pinguelli, que ressaltou o fato de seus motores não serem otimizados. “O flex não é tão eficiente como um motor que queima somente álcool ou somente gasolina”, disse.
A utilização do lixo como fonte de energia foi uma das alternativas apresentadas por Pinguelli Rosa, que acredita ser possível aproveitar toda a parte de material reciclável presente no lixo e incinerar o restante para a geração de energia. (ambienteenergia)

Luz para Todos é ação prioritária

Foi correta a decisão do governo federal de prorrogar, até dezembro de 2011, o prazo de execução do Luz para Todos — Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica. Como se sabe, o projeto foi lançado em 2003, com a meta de acabar com a falta de energia elétrica, um problema que afetava número muito grande de famílias no país. Calculava-se, à época, a necessidade de incluir nesse benefício prioritário, até o ano de 2008, cerca de 10 milhões de pessoas, principalmente do meio rural.
Em 2009, embora o objetivo tenha se cumprido quase integralmente, o aumento da população e o fato de algumas áreas ainda não terem sido contempladas, exigiram a prorrogação do programa, o que ocorreu até dezembro de 2010. Agora, para que haja tempo hábil para a conclusão de obras em andamento, decidiu-se por nova prorrogação, até dezembro de 2011.
O mapa da exclusão elétrica no Brasil, segundo o Ministério de Minas e Energia, órgão coordenador do programa, revelava que as famílias sem acesso à eletricidade eram de baixa renda e viviam majoritariamente nas localidades de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Por isso, entendemos que a iniciativa tenha significativo potencial como estimuladora do progresso socioeconômico, contribuindo para a redução da pobreza e aumento da renda familiar. A presença da energia elétrica facilita a implantação de empresas, a realização de programas governamentais, atuação do Terceiro Setor e melhor acesso a serviços de saúde, educação, abastecimento de água e saneamento.
Exemplo da importância do Luz para Todos verifica-se no Acre, onde conta com o apoio e defesa da Federação das Indústrias (Fieac). No estado, até setembro último, a iniciativa já havia levado o acesso gratuito à energia elétrica para 36.492 famílias, beneficiando mais de 182 mil pessoas. A meta é atender 50 mil famílias até o fim de 2011.
Quanto aos investimentos, o governo federal contratou R$ 262,6 milhões referente ao estado, dos quais R$ 199 milhões já foram liberados. Estima-se, ainda, que as obras locais do programa tenham gerado cerca de cinco mil empregos e utilizado 89 mil postes, 13 mil transformadores e 17 mil quilômetros de cabos elétricos. Integralmente iluminado, o Acre, cuja economia, impulsionada pela indústria, vem crescendo acima da média nacional, terá condições ainda melhores para avançar em seu processo de desenvolvimento. (ambienteenergia)

sábado, 4 de dezembro de 2010

Flex: etanol reduz emissões de C02

O uso de etanol na frota de veículos leves biocombustíveis evitou a emissão de 103.449.303 toneladas de gás carbônico (CO2) na atmosfera nos últimos sete anos, segundo o Carbonômetro,  ferramenta criada pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) que calcula a quantidade do poluente que deixou de ser emitida com os carros flex. Em comparação com a gasolina, o etanol emite 90% menos gases causadores do efeito estufa, de acordo com a Unica.
Os novos critérios adotados pela Organização Não-Governamental (ONG) “SOS Mata Atlântica” para compensação de emissões de CO2, mostram que as emissões evitadas desde 2003 equivalem ao efeito do plantio e manutenção de mais de 331 milhões de árvores nativas ao longo de 20 anos.
“Estas mais de 103 milhões de toneladas de CO2 evitadas pelos carros flex brasileiros equivalem à mesma quantidade que a Grécia emitiu em 2007 com a queima de combustíveis fósseis em geral,” compara o consultor de Tecnologia e Emissões da UNICA, Alfred Szwarc.
Outra solução criada pela Unica para medir as emissões é a “Calculadora de CO2”, ferramenta que serve para ajudar o consumidor brasileiro a compreender melhor a importância dos combustíveis renováveis como forma de reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa. A calculadora está acessível no site Etanol Verde. (ambienteenergia)

Empresas de açúcar e álcool investem em energia

Empresas de açúcar e álcool elevam investimentos na geração de energia
Estratégia
Grupos como Cosan, ETH e Açúcar Guarani usam cada vez mais o bagaço de cana para produzir eletricidade, uma forma de reduzir custos e aumentar a competitividade das usinas; pedidos de financiamentos para cogeração vêm aumentando no BNDES.
Grandes empresas do setor sucroalcooleiro estão elevando seus investimentos em cogeração de energia com a queima do bagaço da cana-de-açúcar, de olho na maior competitividade que a inclusão da produção de bioeletricidade traz para toda a usina.
"Estamos priorizando a cogeração de energia em nossas usinas porque, ao utilizar o bagaço de cana como matéria-prima, reduzimos os custos e nos tornamos mais competitivos. Agregamos receita ao nosso negócio a partir da mesma cana que já produziu açúcar ou etanol", diz o presidente da Açúcar Guarani, Jacyr Costa Filho.
Para o diretor de pessoas e sustentabilidade da ETH, Luiz Pereira de Araújo Filho, a receita extra que a cogeração cria é de até 15% do faturamento da unidade, mas o impacto geral está acima de 25%. "Além de reduzir o custo, estamos diminuindo o passivo ambiental da unidade ao nos livrarmos do bagaço", disse.
Essa preocupação já fez aumentar a busca de linhas de financiamento para cogeração no BNDES. Diante da falta de capital suficiente para construir novas usinas, muitas empresas optaram por ampliar a capacidade de cogeração e de açúcar. A fabricante de equipamentos Dedini também registrou um aumento nas encomendas de equipamentos para cogeração.
O gerente de Departamento de Biocombustíveis do BNDES, Artur Yabe, informa que a maior demanda do setor tem sido feito por usinas já em operação que querem fazer o "retrofit", ou seja, buscam recursos para trocar as caldeiras existentes por outras, de maior potência, e mais eficientes na produção de energia. "A cogeração é a principal demanda existente hoje do setor no BNDES", disse.
Para Yabe, esta busca maior por cogeração é um reflexo do atual estado das usinas brasileiras. "Apenas 20% das usinas têm caldeiras de alta eficiência. Então, para ser competitivo neste mercado, as empresas têm de se modernizar", disse.
A crise financeira mundial interrompeu o crescimento da participação do setor sucroalcooleiro nos desembolsos do BNDES. Em 2004, a participação das usinas era de apenas 1,53% do total desembolsado. Essa fatia chegou a 6,85% em 2008. Com a crise, recuou para 4,61% e, em 2010, até o final de outubro, a participação mostrava recuperação para 5,2% do total.
Cogeração. Nos próximos dois anos, a Guarani vai elevar sua produção de 300 mil megawatt/hora (MWh) para 700 mil MWh. A expectativa é de que a receita da Guarani com a venda de energia atinja R$ 105 milhões por ano em 2013. Das sete usinas do grupo, quatro possuem investimentos em cogeração. "No último leilão realizado em agosto, vendemos energia de duas usinas, a São José e a Mandú, que representam uma oferta de 430 mil MWh por ano", disse Costa. Segundo ele, o preço médio de venda foi de R$ 150 por MWh.
A ETH Bioenergia também está investindo em cogeração tanto em projetos novos como na ampliação da produção já existente. "Três de nossas usinas estão ampliando sua capacidade com a colocação de uma nova caldeira de alta pressão", informa Araújo. Com a expansão, as unidades de Conquista do Pontal, Santa Luzia e Rio Claro vão praticamente dobrar sua produção. Em 2010, as usinas Eldorado e Alcídia comercializaram mais de 2,3 milhões de MWh e iniciam a entrega a partir de 2011.
Além disso, das quatro usinas da Brenco que foram absorvidas pela ETH, três subestações de energia já estão prontas. No geral, Araújo informa que 70% da energia produzida pelas usinas do grupo já foram comercializadas. Segundo ele, parte da energia é deixada para ser comercializada no mercado livre. "A receita esperada com a venda desta energia durante toda duração do contrato, de 15 anos, é de R$ 4 bilhões", explica. Por ano, a receita deverá ser de R$ 266 milhões.
O executivo explica também que algumas usinas do grupo, localizados em Mato Grosso do Sul e Goiás, já estão com seus equipamentos prontos para operar, mas não conseguem colocar o excedente no sistema porque a conexão elétrica ainda não chegou às regiões.
Preço baixo
O presidente da Cosan Açúcar e Álcool, Pedro Mizutani, ressalta, contudo, que o otimismo em relação à cogeração de energia a partir de biomassa pode ter vida curta se os preços pagos em leilões do governo não forem reajustados. "No último leilão, o preço ficou em R$ 135 por MW, o que torna a produção inviável. Por isso não vendemos energia neste leilão", disse. Segundo ele, o preço de R$ 165 seria suficiente para cobrir os custos do setor.
Mizutani afirma que, embora a cogeração de energia seja importante na estratégia da Cosan, a empresa não deverá realizar novos investimentos nesta área se os preços continuarem baixos. "Vamos completar o ciclo de investimentos nas usinas que já venderam energia nos leilões. Desta forma, hoje temos 10 usinas com cogeração, em 2011 teremos 11 e em 2012 serão 12", disse.
A partir de 2012, a empresa espera obter uma receita de R$ 450 milhões por ano com a energia que será colocada no mercado. Além da venda em leilões, a Cosan também comercializa energia diretamente com algumas empresas, como CPFL, AES e Grupo Rede. (OESP)