quarta-feira, 28 de setembro de 2011

ONU poupará energia

Meta de redução de emissões em 45% deve ser obtida com reforma da sede de Nova York
A Organização das Nações Unidas (ONU) vem há alguns anos tentando reduzir seu uso de energia e suas emissões de gases causadores do efeito estufa.
Duas iniciativas se destacam nessa cruzada: a primeira, a Cool UN, busca resultados de curto prazo; a segunda, a Capital Master Plan, tem como meta principal renovar a sede da ONU em Nova York dentro de três anos e meio. A ideia é deixar os prédios do complexo mais verdes e sustentáveis e, consequentemente, reduzir pela metade os gastos com energia.
Michael Alderstein, diretor executivo do Capital Master Plan da ONU, falou ao Estado sobre o assunto:
Vocês aumentaram a temperatura dos termostatos de 22°C para 25°C na sede em Nova York, além de desligar o ar-condicionado, o aquecimento e a ventilação nos fins de semana. Isso vai continuar sendo feito?
Sim, é parte da Cool UN, uma iniciativa operacional para economizar energia imediatamente. Ela parte da premissa de que qualquer um pode economizar energia em qualquer lugar, ajustando os termostatos. No verão, elevamos a temperatura, mantendo-a em níveis confortáveis, permitindo que as pessoas se vistam de acordo com o clima e possam tirar suas gravatas. No inverno, incentivamos que elas usem suéteres e se preparem para um clima um pouco mais frio do que seria de se esperar em um prédio comercial.
E quanto ao Capital Master Plan?
É um programa de renovação de todo o complexo da ONU em Nova York, o que vai baixar o consumo de energia a médio e longo prazos. Estamos adotando padrões muito altos de sustentabilidade. A ONU não se permite ser certificada por qualquer organização de seus Estados-membros, mas temos consultores particulares que vão garantir que alcancemos os padrões internacionais.
Vocês sabem como gastam energia e quanta economia poderá ser feita?
Planejamos reduzir nosso consumo de energia pela metade e as emissões dos escritórios de NY em até 45%. Mas, no momento, nossa infraestrutura remonta à década de 50 - as partes mais relevantes do Capital Master Plan não estão completas ainda. Então, não conseguimos quantificar as economias. Teremos essa capacidade dentro de três anos, quando tivermos medidores mais modernos. Hoje, é difícil dizer quanta (energia) está indo para aquecimento, refrigeração ou para alimentar computadores.
O Cool UN está sendo conduzido apenas no complexo de Nova York ou em outras sedes do mundo?
Nós temos muitos escritórios, e a ideia é encorajá-los a adotarem os padrões do Cool UN. Por enquanto, está mais ativo em NY.
As pessoas reclamam de ter de trabalhar em um ambiente mais quente ou frio, de ter de usar roupas leves ou pesadas?
Em um escritório da ONU há gente de todo lugar, todas as culturas do mundo. Temos pessoas que são tolerantes e flexíveis e outras menos. Então, sim, algumas pessoas reclamam, outras aprovam... Como tudo na ONU, o projeto gerou reações diferentes.
Vocês tentaram estabelecer um código de vestimentas, um padrão a ser seguido?
Não, não há um "dress code". O que existe é uma compreensão de que, quanto mais tempo de ONU você tem, mais formalmente se vestirá, porque vai galgando cargos e acaba tendo de se relacionar com autoridades, representantes de Estado e tudo mais.
Quantas pessoas você calcula que estejam envolvidas no Cool UN?
Só o complexo de NY tem cerca de 10 mil funcionários, é o maior de todos em termos de número de empregados. Não sei sobre os outros.
Na época do lançamento do Cool UN foi dito que a iniciativa poderia poupar à ONU US$ 1 milhão por ano e a organização deixaria de emitir 2,8 mil toneladas de dióxido de carbono. Esses números conferem?
Sim, aproximadamente é isso mesmo.
Vocês economizam mais energia no inverno ou no verão em Nova York?
Embora o verão dure menos que o inverno, os verões são muito úmidos e quentes. O ar-condicionado é nossa maior fonte de consumo de energia, pois o clima no verão é bastante desconfortável para quem está em um escritório.
QUEM É MICHAEL ALDERSTEIN
Dirige o Capital Master Plan da ONU
Arquiteto formado pelo Rensselaer Polytechnic Institute (NY), é especialista em preservação e restauração de monumentos históricos. Atuou como diretor de projetos durante a restauração da Ilha Ellis e da Estátua da Liberdade. Foi vice-presidente e arquiteto-chefe do Jardim Botânico de Nova York. (OESP)

Inimiga do consumo automotivo

Um dos principais desperdícios de energia no Brasil se deve à aerodinâmica dos veículos, que aperfeiçoada pode reduzir substancialmente o consumo de combustíveis, sobretudo dos caminhões de uso rodoviário, que trafegam em velocidades muito elevadas.
Quando um veículo se desloca em velocidade constante, o motor trabalha basicamente para vencer as forças representadas pelas resistências de rolamento dos pneus e do ar (ou força de “arrasto”). A primeira é oferecida pelos pneus que se deformam continuamente para criar uma área de contato com o solo, fundamental para a frenagem do veículo. Embora possa ser reduzida, os saltos de eficiência são poucos.
A força de arrasto, porém, ainda pode ser consideravelmente reduzida. Sua natureza é muito diferente, pois aumenta mais que proporcionalmente à velocidade: a 100 km/h ela é dobro da observada a 50 km/h. Assim, melhorando a aerodinâmica dos veículos é possível reduzir consideravelmente o consumo de energia em altas velocidades.
As crises do petróleo e incentivos à redução de emissões, à exemplo do programa Proconve no Brasil, contribuíram para que as montadoras de veículos reduzissem a força de arrasto de carros leves. No entanto, estima-se ainda haver potencial para reduzir até metade do nível atual.
Nos ônibus a força de arrasto é superior ao dos carros, pois seu formato de paralelepípedo dificulta as soluções de aerodinâmica. Nos caminhões é ainda maior, pois normalmente o chassi, baú e reboques são projetados e fabricados de forma independente e sem uma integração otimizada de formatos.
Por outro lado, caminhões conseguem reduzir o arrasto com defletores, spoilers e outros acessórios que diminuem o impacto do ar entre a cabine e o baú, entre os reboques, nas laterais dos pneus, mas o seu uso ainda é pequeno no Brasil.
Reduzir o arrasto interessa ao proprietário do veículo, pela economia de combustível, e é da maior importância para o país. Atenuar o arrasto em ônibus e caminhões reduz o consumo de diesel nas estradas, onde as velocidades médias são mais elevadas. Seria a forma mais rápida e de menor custo para o Brasil atingir as metas de redução de emissões, comprometidas internacionalmente, pois 2/3 do diesel usado em transportes é destinado para fins rodoviários.
Conseguir resultados traz desafios práticos, tanto para o estabelecimento de normas que incentivem a redução do arrasto dos veículos, quanto para as áreas científicas e acadêmicas. A definição das formas e superfícies adequadas, por exemplo, depende de complexos programas de simulação, testes em túneis de vento e processos de tentativa e erro.
Não é de admirar que essa área ainda proporcione surpresas: contrariando o senso comum, superfícies não lisas, como das bolas de golfe, e da pele dos tubarões, também reduzem o arrasto e materiais com esse objetivo começam a ser oferecidos para a cobertura de veículos.
Existem, enfim, mais desafios e alternativas em aberto numa área de impacto relevante nos planos econômico e ambiental. Por essas razões, o Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE) organiza um seminário para levantar as principais questões relacionadas, debater e buscar indicações e soluções para esses aspectos.
O “Seminário Resistência do Ar e Eficiência Automotiva” busca examinar e discutir formas de aumentar a eficiência energética do transporte automotivo através do uso de estruturas, superfícies e conceitos que permitam a redução da resistência do ar ao deslocamento (“arrasto”). O evento acontecerá na Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio de Janeiro, dia 8 de novembro. Mais informações e inscrições pelo site http://arrasto.inee.org.br (ambienteenergia)

Um chuveiro a gás inovador

Um chuveiro a gás inovador, de menor custo e de baixo impacto
Chuveiro a gás NC: de pequeno porte, equipamento dispensa a necessidade de instalação complicada
Uma boa ideia surge, muitas vezes, da necessidade. Foi assim com o casal de empreendedores e inventores Jorgea Marangon e Mauro Serra, sócios da microempresa ATA – AguaTerraAr. Há cerca de cinco anos, quando moravam em uma casa de campo nos arredores de Paraty, com rede elétrica de baixa capacidade, eles não conseguiam obter energia suficiente para fazer o chuveiro elétrico funcionar. Da necessidade cotidiana de tomar um banho quente surgiu uma inovação que hoje já está patenteada e fazendo sucesso no mercado: o chuveiro a gás NC, de pequeno porte e disponível em modelo portátil.
De fácil manuseio e instalação, já que dispensa qualquer tipo de obra, o chuveiro NC só precisa ser pendurado, exatamente como um quadro. “Ele vem pré-instalado e funciona perfeitamente com água vinda por gravidade, ou seja, não precisa de pressão de água e nem de altura de caixa pré-determinada”, explica Jorgea Marangon. A novidade, que conta com recursos do edital de Apoio ao Desenvolvimento de Modelos de Inovação Tecnológica Social – 2010, da FAPERJ, é ideal para ser utilizada em residências na zona rural sem energia elétrica, acampamentos, ambulâncias nas zonas urbanas, traillers ou mesmo em embarcações. “Já atendemos pedidos via internet para 15 estados de todas as regiões do País, de pequenas comunidades, consumidores isolados e mesmo habitantes de grandes centros”, conta a empreendedora e engenheira mecânica.
A praticidade do produto está alinhada com o compromisso com o meio ambiente, já que a tecnologia do chuveiro a gás viabiliza o uso de energia alternativa limpa. “O chuveiro não emite gases queimados ao meio no ambiente, pois foi desenvolvido e patenteado segundo um sistema de resfriamento de gases interno”, diz o inventor e técnico mecânico Mauro Serra. Trocando em miúdos, o sistema de resfriamento faz com que os gases emitidos no processo de combustão, especialmente o monóxido de carbono, se precipitem e fiquem retidos no interior do aparelho, dentro de uma serpentina, na forma líquida. “O grande diferencial do sistema é o reaproveitamento térmico visando à baixa temperatura da superfície externa do equipamento”, completa.
Outras vantagens do chuveiro, de acordo com os fabricantes, são a redução do consumo energético e a segurança. “O consumo do botijão de gás, no padrão de 13 kg, é baixíssimo. Ele dura, em média, de 120 a 150 dias com banhos diários de uma hora, economizando 150 kwh por mês em uma residência de quatro pessoas, se comparado ao chuveiro elétrico tradicional. Ele é 94% mais econômico que os chuveiros elétricos disponíveis no mercado”, detalha Mauro. E prossegue: “Enquanto o chuveiro elétrico de 5500W tem o custo de R$ 3,20 por hora, o chuveiro NC tem o custo de R$ 0,30 a hora. O equipamento também é bem mais seguro que os aquecedores convencionais, pois tem queima perfeita. Isso torna a chama dele sempre azul”, explica o inventor, lembrando que o produto tem preço acessível e é fabricado em material reciclável – contém 95% de material inoxidável.
A adequação do produto – que dispensa água fria para regulagem de temperatura – a um padrão ecologicamente correto, além do resfriamento de gases interno, rendeu a vitória da empresa no 4° Prêmio Brasil de Meio Ambiente 2009/2010, na categoria pequena e microempresa, com patrocínio da Petrobras e da Firjan. Foi a única microempresa premiada, no meio de tantas outras de grande porte. “Diante de tantas grandes empresas, é uma conquista uma micro receber um prêmio dessa relevância. Isso ressalta o valor do produto e aumenta a confiabilidade dele no mercado”, recorda Jorgea.
Para Mauro, o apoio da FAPERJ foi fundamental para expandir a produção do chuveiro, inicialmente, e até diversificar mais a linha de produtos da empresa, que hoje fabrica outros produtos interessantes, como uma máquina higienizadora para a lavagem de áreas de produção de leite, em propriedades rurais, e até uma versão automática do chuveiro NC, que abre e fecha sem necessidade de manusear o registro. “Ganhamos mais credibilidade e mais qualidade e velocidade de produção, devido à aquisição de maquinário mais adequado”, conclui Mauro. (EcoDebate)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sol do Brasil e a energia elétrica

O Sol do Brasil não presta para gerar energia elétrica?
Depois de ler os artigos que dão conta dos debates sobre energia elétrica promovidos pela revista Carta Capital, sinto a necessidade de buscar respostas a perguntas aparentemente absurdas, como a que serve de título: o sol do Brasil não presta para gerar energia elétrica? Junto em ela, caberia outra: seriam menos inteligentes do que o Brasil os países que priorizam pesquisas e avançam na produção de energia solar?
Ao se repetir que novas hidrelétricas seriam absolutamente necessárias para gerar os megawatts exigidos pelo crescimento do PIB dos próximos anos, e que, sem novas hidrelétricas, a matriz elétrica brasileira se tornaria mais suja porque dependeria do aumento de termoelétricas, resta ao cidadão perguntar-se: o que leva tantas pessoas aparentemente bem informadas a não incluir entre as alternativas, no Brasil, pelo menos três fontes abundantes: o sol, os ventos e o movimento das águas, especialmente as do Atlântico?
A primeira hipótese é a de que os responsáveis pela definição da política energética nacional estão cegos, e não se dão conta da abundância de sol que se derrama sobre o território praticamente durante todos os dias do ano, especialmente nos quase um milhão de quilômetros quadrados da Caatinga semi-árida e no Cerrado. Ou que não conhecem o seu país, pois não sabem que haveria ventos para produzir o dobro da energia elétrica hoje disponível, e que se dispõe de sete mil quilômetros de movimento natural de ondas do mar. Nada disso conta para eles e para muitos considerados “especialistas” no assunto. Nem mesmo a informação de que estas são fontes muitíssimo menos agressivas e poluentes, menos geradoras de gases de efeito estufa.
Por que a obstinação de só enxergar os recursos hídricos, agora localizados na Amazônia, e de continuar destinando 90% dos recursos públicos disponíveis à construção de enormes barragens para gerar hidroeletricidade?
De duas, uma: ou os países sempre citados como avançados, desenvolvidos, estão se tornando atrasados e mal orientados, ou o Brasil, mais uma vez, teima em manter-se preso a tecnologias superadas, candidatando-se a depender, num futuro próximo – se houver futuro! -, das novas tecnologias desenvolvidas por eles. Com um agravante: pagará royalties por tecnologias ligadas a fontes que o Brasil possui em larga escala.
Não é fácil demonstrar que Alemanha, Japão e China, entre outros, seriam países mal orientados em suas opções de desenvolvimento tecnológico e de uso de fontes alternativas de energia. Não serve nem o argumento de que as fontes alternativas exigem processos mais caros, pois os preços dos componentes já estão próximos aos tilizados na hidroeletricidade.
Tudo indica que estão certos os analistas que localizam no controle do Ministério de Minas e Energia pelo grupo ligado a José Sarney a causa da teimosa manutenção do represamento de água dos rios como fonte quase exclusiva para a produção de energia elétrica. Seu poder sobre a definição da política energética está assentado no poder financeiro e, por isso, de lobby, das grandes empreiteiras nacionais, que são as reais interessadas nas grandes obras que este tipo de energia exige, e das distribuidoras de energia, interessadas em manter o modelo de produção centralizada em grandes usinas, transformando a energia em uma mercadoria de valor estratégico, vendida a preço de ouro.
Por isso, a luta pela mudança de fontes prioritárias, passando para o sol, o vento e o movimento das águas, depende da pressão da cidadania em favor de outra política energética, descentralizada, com uso das fontes mais vantajosas de cada região, com energia produzida com participação da comunidade, transformada em fonte de renda dos cidadãos. É assim porque a energia solar, por exemplo, pode ser produzida nos telhados das casas, servindo para uso dos moradores e para vender o que sobra aos grandes consumidores de energia, quase todos ligados a produtos de exportação. Também a energia eólica pode ser produzida com diferentes componentes, adequados às opções das famílias ou das comunidades, evitando os preferidos pelas centrais empresariais, do tipo “fazendas eólicas ou solares”, que não ligam para as agressões ao ambiente ecológico, social, cultural, pois sua prioridade é o controle e a venda de um produto que gera lucros. (EcoDebate)

sábado, 24 de setembro de 2011

Energia Nuclear

Energia nuclear é a energia liberada numa reação nuclear, ou seja, em processos de transformação de núcleos atômicos.
Alguns isótopos de certos elementos apresentam a capacidade de se transformar em outros isótopos ou elementos através de reações nucleares, emitindo energia durante esse processo. Baseia-se no princípio da equivalência de energia e massa (observado por Albert Einstein), segundo a qual durante reações nucleares ocorre transformação de massa em energia. Foi descoberta por Hahn, Straßmann e Meitner com a observação de uma fissão nuclear depois da irradiação de urânio com nêutrons.
A tecnologia nuclear tem a finalidade de aproveitar a energia nuclear, convertendo o calor emitido na reação em energia elétrica. Isso pode acontecer controladamente em reator nuclear ou descontroladamente em bomba atômica.
Em outras aplicações aproveita-se da radiação ionizante emitida.
Quem descobriu?
Ernest Rutherford, o descobridor do núcleo atômico, já sabia que esses poderiam ser modificados através de bombardeamento com partículas rápidas. Com a descoberta do nêutron ficou claro que deveriam existir muitas possibilidades dessas modificações. Enrico Fermi suspeitava que o núcleo ficaria cada vez maior acrescentando nêutrons.
Ida Noddack foi a primeira a suspeitar que "durante o bombardeamento de núcleos pesados com nêutrons, esses poderiam quebrar em pedaços grandes, que são isótopos de elementos conhecidos, mas não vizinhos dos originais na tabela periódica”.
A fissão nuclear foi descoberta por Otto Hahn e Fritz Straßmann em Berlim-1938 e explicada por Lise Meitner e Otto Frisch (ambos em exílio na Suécia) logo depois, com a observação de uma fissão nuclear depois da irradiação de urânio com nêutrons.
A primeira reação em cadeia foi realizada em dezembro de 1942 em um reator de grafite de nome Chicago Pile 1 (CP-1), no contexto do projeto "Manhattan" com a finalidade de construir a primeira bomba atômica, sob a supervisão de Enrico Fermi na Universidade de Chicago.
Tipos de reatores
Reatores de fissão
Existem vários tipos de reatores, reatores de água leve (ingl. Light Water reactor ou LWR), reatores de água pesada (ingl. Heavy Water Reactor ou HWR), reator de rápido enriquecimento ou "reatores incubadores" (ingl. Breeder reactor) e outros, dependendo da substância moderadora usada. Um reator de rápido enriquecimento gera mais material físsil (combustível) do que consome. A primeira reação em cadeia foi realizada num reator de grafite. O reator que levou o acidente de Chernobyl também era de grafite. A maioria dos reatores em uso para geração de energia elétrica no mundo são do tipo água leve. A nova geração de usinas nucleares, denominada G3+, incorpora conceitos de segurança passiva, pelos quais todos os sistemas de segurança da usina são passivos, o que as tornam intrinsecamente seguras. Como reatores da próxima geração (G4) são considerados reatores de sal fundido ou MSR (ingl. molten salt reactor). Ainda em projeto conceitual, será baseada no conceito de um reator de rápido enriquecimento.
Reatores de fusão
O emprego pacífico ou civil da energia de fusão está em fase experimental, existindo incertezas quanto a sua viabilidade técnica e econômica.
O processo baseia-se em aquecer suficientemente núcleos de deutério até obter-se o estado plasmático.
Nesse estado, os átomos de hidrogênio se desagregam permitindo que ao se chocarem ocorra entre eles uma fusão produzindo átomos de hélio. A diferença energética entre dois núcleos de deutério e um de hélio será emitida na forma de energia que manterá o estado plasmático com sobra de grande quantidade de energia útil.
A principal dificuldade do processo consiste em confinar uma massa do material no estado plasmático já que não existem reservatórios capazes de suportar as elevadas temperaturas a ele associadas. Um meio é a utilização do confinamento magnético.
Os cientistas do projeto Iter, do qual participam o Japão e a União Europeia, pretendem construir uma central experimental de fusão para comprovar a viabilidade econômica do processo como meio de obtenção de energia. (afferroeletricidade)

Suspensão de novas usinas nucleares

Senado: Proposta de suspensão de novas usinas nucleares será discutida em audiência pública
As medidas que o Brasil deve adotar em relação à utilização da energia nuclear serão discutidas em audiência pública na Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI), com a participação de outras comissões. O debate visa instruir projeto de lei do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) que propõe a suspensão por 30 anos da construção de novas usinas nucleares no país.
A proposta (PLS 405/11) estava na pauta da comissão em 22/09 e foi retirada para que os senadores discutam melhor o assunto, avaliando a necessidade da suspensão e o prazo adequado para duração dessa medida. O relator da proposta, senador Roberto Requião (PMDB-PR), apresentou voto pela aprovação da matéria, que terá decisão terminativa da CI.
Requião observou que o Brasil possui outras fontes alternativas de energia limpa e que não precisa investir em energia nuclear. Apesar dos progressivos aperfeiçoamentos da tecnologia, avaliou, a utilização da energia nuclear, também uma energia limpa, ainda se apresenta como uma fonte insegura. Eventual acidente com usinas nucleares, ressaltou o senador, além das perdas humanas, inutiliza recursos naturais e causa prejuízos às gerações futuras.
Apesar de defender a suspensão da construção de novas usinas nucleares no país, Requião considera importante a continuação de pesquisas na área.
- Deixemos que os países que têm tecnologia e precisam desta energia financiem as pesquisas e corram os riscos. O Brasil tem muitas outras fontes alternativas e não precisa correr esse risco – disse o senador.
O autor da proposta disse reconhecer que a energia nuclear é uma energia limpa e eficiente. Afirmou ser importante, no entanto, a moratória até que haja garantia de que não haverá riscos com sua utilização.
Angra 3
Após o acidente de Fukushima, no Japão, observou o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), os países estão reavaliando a utilização deste tipo de energia. Ele criticou a omissão do governo brasileiro, ao não emitir declaração sobre o assunto expondo as medidas de segurança a serem tomadas no país.
- Continuamos construindo Angra 3 como se nada tivesse acontecido, disse Flexa Ribeiro.
Na avaliação do senador Valter Pinheiro (PT-BA), o Brasil precisa adotar uma política para a área energética. Ele disse que países europeus estão desativando suas usinas, porém continuam com a pesquisa e vendem usinas prontas, inclusive para o Brasil.
Essa opinião é compartilhada pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Para ele, apenas a decisão de não construir mais usinas, não basta. Segundo o parlamentar, é preciso também discutir o tratamento a ser dado às já existentes. (EcoDebate)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Governo define mais 4 usinas nucleares

Programa do governo define mais 4 usinas nucleares
Mesmo depois dos acidentes em Fukushima, no Japão, o governo faz uma aposta na expansão do programa nuclear brasileiro, prevendo “projetar e viabilizar” quatro usinas para a geração de energia atômica até 2015, mas não menção, no plano plurianual, sobre a localização das usinas.
O documento fala ainda sobre uma reorganização institucional do setor, com a criação da Agência Reguladora Nuclear, além da formação de 164 profissionais voltados aos segmentos de pesquisa avançada, desenvolvimento tecnológico e indústria nuclear.
Governadores de pelo menos quatro Estados do Nordeste – Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe – vinham travando uma disputa de bastidores para receber duas das quatro usinas. As outras duas estavam previstas inicialmente para o Sudeste.
No entanto, as explosões em Fukushima congelaram as discussões e criaram incertezas sobre a continuidade dos planos, após a conclusão de Angra 3, programada para dezembro de 2015. Agora, o Plano Plurianual – PPA aparentemente dissipa as dúvidas sobre a disposição do governo de continuar apostando na geração de energia atômica como complemento à matriz.
Para resolver um dos problemas mais questionados pelos ambientalistas, o da destinação definitiva do lixo nuclear, o governo se compromete a “atingir 45% do cronograma físico de implantação” do depósito de rejeitos de baixa e média radioatividade, em 2015. Segundo a Eletronuclear, o início das obras está previsto para 2014 e a operação começará em 2018.
Há outras duas metas consideradas essenciais pelo setor. Uma é a construção do reator multipropósito brasileiro, que deverá estar com 50% das obras concluídas até 2015, para permitir a produção nacional de radiofármacos e “ampliar o acesso à medicina nuclear” no Sistema Único de Saúde (SUS).
Outra é terminar a construção de um reator experimental para a produção de energia elétrica, com tecnologia nacional e 11 megawatts de potência, que servirá como protótipo em terra do sistema de propulsão naval usado no futuro submarino nuclear, considerado estratégico pela Marinha. É o que os militares têm chamado de Labgene – sigla para Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica.
Além da energia atômica, o governo mantém a aposta nos grandes empreendimentos hidrelétricos na Amazônia. A próxima ficha está na usina de São Luiz do Tapajós, no Pará, cujos estudos de viabilidade estão sendo feitos por um consórcio entre Camargo Corrêa, EDF e Eletronorte. (EcoDebate)

A política energética mundial após Fukushima

A política energética mundial após Fukushima e a discriminação
Atual política energética, baseada em cálculos da EPE por restringir a emissão de gases de efeito estufa, discrimina a principal reserva de combustível fóssil do Brasil, o carvão mineral.
Existe uma discussão entre a visão política do Ministério de Minas e Energia e a tecnicista da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) sobre a questão nuclear. Essa discussão é a mesma para o carvão mineral.
O acidente nuclear ocorrido no Japão ocasionou uma revisão de políticas energéticas em vários países, principalmente por razões de segurança, alguns países chegaram a propor a desativação de usinas e outros aumentaram os padrões de segurança para novos projetos ou mesmo os suspenderam. Atualmente a metade dos países que tem programas nucleares está na Europa que detém um terço da produção de energia nuclear do planeta e o outro terço vem dos Estados Unidos. O parque instalado tem idade média de 25 anos, mas estão sendo construídas 63 usinas em 14 países, sendo 26 na China, 10 na Rússia, 6 na Índia e 5 na Coréia do Sul. Como comparação em 1979, no auge da construção de usinas nucleares, 233 estava sendo construídas.
O cenário da demanda de energia com os compromissos assumidos em Copenhague feitos pela Agencia Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), projeta que a energia nuclear mantenha-se em 14% até 2035. Os incrementos seriam metade na China e índia e outra parte nos USA e Europa. Mas a mais forte repercussão do acidente de Fukushima ocorreu no velho continente. A Alemanha decidiu terminar com a energia nucelar até 2022. Na Itália e Suíça, por referendos populares, foi impedido o inicio de um programa nuclear na primeira e o fim das usinas até 2034 na segunda. Hoje, na Alemanha 23% do suprimento de energia elétrica é feito por usinas nucleares e na Suíça cerca de 50 %.
Na França, uma pesquisa de opinião mostrou que 70% dos franceses são favoráveis a um phase out nuclear, o que levou ao país, que tem cerca da metade da produção de energia a base nuclear da Europa a estudar um phase out em 2050. O acidente nuclear na semana passada na França deverá reforçar essa decisão. No USA, o governo Obama está apoiando a energia nuclear, junto com as energias renováveis e a captura e o armazenamento do carbono como formas de energia limpa, mas cobra mais segurança das usinas. Na China, o governo suspendeu temporariamente os novos projetos, mas no seu plano de 5 anos prevê que 11,4% da nova energia seja de fontes não fosseis, incluindo 43 GW de nuclear, algo confirmado pelo Governo.
Na Índia, os planos continuam para ter novos 63 GW com usinas nucleares, mas revisando os padrões de segurança. Entretanto, o acordo de cooperação na área nuclear entre Japão/Índia não está sendo efetivado. Na Rússia, por sua vez, confirma a duplicação da capacidade nuclear até 2020. Outros países como Coréia do Sul, Turquia, Polônia, Tailândia e Indonésia mantem seus programas nucleares, mas no Japão os planos para chegar a 50% em 2030 de produção nuclear estão sendo revistos.
As implicações deste cenário mostram que a extensão de vida útil das usinas nucleares na Europa e USA deverá diminuir, forçando a aposentadoria das usinas mais cedo do que o esperado afetando a produção de energia nuclear mundial. Por outro lado, os padrões de segurança deverão ser mais rigorosos, tornando o tempo de licenciamento mais longo e as usinas mais caras e menos competitivas.
Analistas do banco HSBC relatam que esses novos padrões de segurança podem afetar também cerca das 90 usinas nucleares do parque de 442, pois estas estão em áreas de risco sísmico.
Com uma demanda menor de geração nuclear fatalmente haverá uma maior demanda por combustíveis fóssil, principalmente o gás natural e carvão. Os analistas do HSBC, prevêem que o aumento do consumo do gás natural levará o aumento de seu preço. Nos países que tem sistemas de cap-and-trade para emissões de gases de efeito estufa o uso de mais fosseis levará a um aumento dos preços do carbono. Nas analises da IEA, um dos cenários mostra que a participação da energia nuclear cairá dos 14% para 10% em 2035. O grande beneficiado neste cenário seria o gás natural que cresce 6% a mais que o cenário de pós Copenhague seguido pelas renováveis e carvão com 4%. Mas esse avanço do gás natural deverá aumentar seu preço no mercado mundial e ter consequências no Brasil.
O cenário pós Fukushima altera os preços da energia que aumentam e também afetam o nível de emissões de gases de efeito estufa que deverá crescer cerca de 30% mais que o cenário de Copenhague. Essas implicações aliadas a crise econômica mundial fatalmente causarão uma maior dificuldade nas negociações de mudanças climáticas na COP-17 em Durban na África do Sul. O mundo de baixo carbono fica mais longe. O mundo, que depende dos fósseis, não os discrimina. Infelizmente no Brasil, isso é diferente. A atual política energética, baseada em cálculos da EPE por restringir a emissão de gases de efeito estufa, discrimina a principal reserva de combustível fóssil do Brasil, o carvão mineral. A discussão entre EPE e MME precisa ser aberta à Sociedade. Quanto se discute a matriz energética é necessário ter uma visão holística compatibilizando as quatro dimensões fundamentais para uma matriz equilibrada num pais em desenvolvimento, ou seja, segurança energética, modicidade tarifária, compatibilidade ambiental e redução da miséria.
O último deles não está sendo considerado pela visão tecnicista da EPE, quando retira o carvão da matriz. O carvão, mesmo sem qualquer beneficio fiscal e penalizado no financiamento, propicia modicidade tarifária, segurança energética, redução da miséria e, na questão ambiental, os gases de efeito estufa são, neste momento, o seu calcanhar de Aquiles. A nuclear, mesmo com suas isenções tributárias, não fornecerá uma energia competitiva, mas atende aos outros requisitos. Por outro lado, as eólicas - com seus benefícios fiscais, de financiamento e isenções (TUST) tornaram-se competitivas, não garantem a segurança energética. No Brasil, com a perda do seu potencial hídrico nos próximos 15 anos, necessitaremos de todas as formas de energia, cada uma delas com suas especificidades. Não podemos discriminar nenhuma fonte e essa discussão deve ser posta a nós brasileiros. (canalenergia)

60 mil manifestantes nas ruas de Tóquio

Cerca de 60 mil manifestantes tomaram as principais ruas de Tóquio pelo fim do uso da energia nuclear no Japão.
Cerca de 60 mil manifestantes tomaram as principais ruas de Tóquio pelo fim do uso da energia nuclear no Japão.
As principais ruas de Tóquio, no Japão, foram tomadas em 19/09 por cerca de 60 mil manifestantes. O protesto foi organizado para pressionar as autoridades japonesas a redobrar as atenções e os cuidados para evitar acidentes radioativos, como os registrados recentemente na Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, no Nordeste do Japão. Os acidentes ocorreram há seis meses, em consequência do terremoto seguido por tsunami.
Os manifestantes gritaram várias palavras de ordem como “Fukushima nunca mais” e “O fim das usinas nucleares”. O protesto foi organizado por associações que defendem o fim do uso de energia nuclear.
O protesto contou com a presença do escritor Kenzaburo Oe, de 76 anos, Prêmio Nobel de Literatura de 1994. “Alguns dizem que é impossível viver sem a energia nuclear, mas é uma mentira”, disse Kenzaburo Oe. “A energia nuclear é sempre acompanhada de destruição e sacrifícios”, acrescentou o escritor.
O primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, prometeu anunciar em breve um plano que será executado no setor de energia nuclear a partir de 2012. Pela proposta, o governo se compromete a reduzir e substituir a energia nuclear por alternativas renováveis.
Os acidentes nucleares, ocorridos nos arredores de Fukushima, acenderam a luz de alerta não só no Japão como no mundo. A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) se reúne na próxima semana para definir medidas que visam aumentar a segurança de trabalhadores e moradores de regiões próximas a usinas. (EcoDebate)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Usinas eólicas e as aves

Usinas eólicas brasileiras têm cuidado especial com aves
A construção de usinas eólicas demanda um estudo prévio da região para identificar os hábitos de toda a avifauna local.
Segundo setor, hélices não são instaladas em meio às rotas migratórias das aves.
Um dos motivos de alerta na produção de energia eólica é o risco de acidentes envolvendo pássaros. No Brasil, já existe a preocupação em minimizar este problema. Por isso, são usados aerogeradores diferenciados e as hélices não são instaladas em meio às rotas migratórias das aves.
A construção de usinas eólicas demanda um estudo prévio da região para identificar, principalmente os hábitos de toda a avifauna local. Segundo José Tadeu Matheus, vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Energia Renovável (ABEER), o modelo tecnológico adotado no Brasil minimiza os riscos de acidentes. “As pás das nossas centrais têm grandes dimensões, mas o giro é lento e elas são percebidas pelos animais voadores. Os pássaros batem naquilo que não conseguem ver”.
Nos Estados Unidos, o país que ocupa a segunda colocação mundial no ranking de produção eólica, as hélices têm causado problemas às aves a ameaçam até mesmo a águia dourada, símbolo da nação norte-americana.
Em todo o território brasileiro existem 500 torres, com 108 metros de altura e hélices que cobrem o diâmetro de 82 metros em seus giros. Mesmo assim, Matheus explica que ainda não identificou um caso sequer de acidente com aves nas usinas brasileiras e que o tema está em discussão desde que o governo realizou os leilões de energia eólica.
Atualmente o Brasil está em 21º lugar no ranking mundial de energia eólica, com a maior parte de suas usinas localizadas no litoral do nordeste e dos três estados que formam a região sul. Mesmo assim, as hidrelétricas continuam sendo as principais fontes energéticas nacionais. (exame)

Usinas eólicas evitam rotas de aves migratórias

Como o Brasil entrou mais tarde no mercado eólico mundial, País possui tecnologias mais modernas, que coíbem acidentes como colisão de pássaros.
O Brasil ocupa a 21.ª posição no ranking mundial de energia eólica, mas já toma cuidados para evitar um dos mais sensíveis impactos ambientais produzidos pelas hélices gigantes dos aerogeradores: a morte de pássaros.
Brasil ocupa a 21.ª posição no ranking mundial de energia eólica.
Cuidado. Acidentes entre aves e geradores são raros.
A instalação desses equipamentos exige estudo de avifauna e, mesmo com o vento favorável, as hélices não são colocadas em rotas migratórias de aves. Os Estados Unidos, o segundo no ranking - atrás da China -, não tomaram o mesmo cuidado e agora veem as pás como ameaça a um de seus principais símbolos, a águia-americana.
Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Energia Renovável (Abeer), engenheiro José Tadeu Matheus, como a entrada do Brasil no mercado mundial eólico é relativamente recente, o País incorporou as tecnologias mais modernas para evitar impactos ambientais. "As pás das nossas centrais têm grandes dimensões, mas o giro é lento e elas são percebidas pelos animais voadores." Além disso, as empresas brasileiras adotam torres de sustentação compactas de aço ou concreto, sem pontos de apoio para a construção de ninhos.
As usinas eólicas se concentram no litoral do Nordeste e, em quantidade menor, nos três Estados da região Sul. "Para instalar a central eólica, é preciso obter as licenças dos órgãos ambientais do Estado ou da União, conforme o local. Uma das exigências é o estudo da avifauna com o monitoramento das correntes migratórias", disse Matheus. "Visitei a maioria das centrais brasileiras e não constatei um caso sequer de acidente com aves", completa.
Ele disse que o tema suscitou discussões no governo brasileiro. Na preparação de um dos leilões de energia eólica, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, lembrou a necessidade de cuidados para evitar a morte de pássaros. "Na ocasião, eu apresentei ao ministro um estudo publicado pelo professor João Tavares Pinho, da Universidade Federal do Pará, mostrando que esse impacto é baixíssimo."
A publicação se baseia em estudo feito em 2002 pelo americano Wallace Erickson com 10 mil aves mortas por acidentes - 55% deles causados por choque contra edifícios e janelas, 10% pelo ataque de gatos, 8% por linhas de alta tensão, 7% por veículos e 2,5% por choque em torres de comunicação (2,5%). Menos de 0,1% das mortes foi atribuído à colisão com hélices eólicas.
Matheus apresentou o estudo em simpósio da Associação Brasileira do Ministério Público do Meio Ambiente, em outubro do ano passado. "Como o Brasil tem grande potencial eólico, a preocupação com os impactos ambientais tende a crescer."
Ainda pequeno
1,08 gigawatts – menos de 10% da geração de usina de Itaipu – é a potência total do parque eólico brasileiro, composto de 56 centrais e cerca de 500 torres. (OESP)

Só infraestrutura avança na indústria

Ao contrário de outros setores, fabricantes de aerogeradores, navios e trens têm a carteira cheia de pedidos e faturam como nunca.
Nos próximos três anos, a indústria eólica vai fabricar cerca de 4 mil aerogeradores e 4 mil torres; nos estaleiros, 278 embarcações já estão em construção e outras 65 ainda serão contratadas; no setor ferroviário, até o fim da década, a produção deverá atingir 40 mil vagões e 2.100 locomotivas. Ao contrário da indústria tradicional, esses fabricantes não têm do que reclamar: estão com a carteira cheia de pedidos e faturando como nunca.
Investimento. Parque eólico do Ceará opera com máquinas da indiana Suzlon; empresa também constrói uma fábrica de pás eólicas em território nacional.
Alguns são estrangeiros e estão estreando no mercado brasileiro. Outros decidiram reativar antigas estruturas abandonadas por causa da falta de demanda. Há ainda aqueles que já atuavam no País e tiveram de ampliar a produção por causa dos novos pedidos. Sem grandes negócios no mercado internacional, impactado pela crise mundial, as empresas decidiram se concentrar nos mercados emergentes.
No Brasil, elas estão aproveitando para faturar em cima da baixa oferta da infraestrutura brasileira, que representa inúmeras possibilidades de investimentos. O setor ferroviário é um deles. Nos últimos cinco anos, a cadeia produtiva dessa indústria ganhou 78 novas empresas, afirma o diretor do Negócios nos Trilhos, Gerson Toller, destacando que o segmento agora tem 428 fornecedores com produção nacional. Uma das primeiras a enxergar o potencial do setor foi a GE, que retomou a produção de locomotivas no País, em 2008. O presidente da divisão de transportes para América Latina da multinacional americana, Guilherme Melo, lembra que a década de 90 foi muito difícil. Naquela época, só havia demanda para repotencializar máquinas antigas. "Com a privatização, o mercado voltou. Hoje temos 120 pedidos de locomotivas, o dobro do ano passado."
Para o executivo, as oportunidades de negócios são enormes. Ele lembra que os 28 mil km de ferrovia do Brasil - pouco para a dimensão do País - transportam apenas 26% da carga nacional, a maioria de grãos e minério. Esses números já entraram no radar de outros fabricantes, como a japonesa Hitachi e a americana Caterpillar. As duas anunciaram em julho a construção de fábricas em Sete Lagoas (MG) e Araraquara (SP).
O interesse dos investidores, no entanto, vai além das cargas, destaca o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate. Segundo ele, a carência do transporte de passageiros nas grandes cidades têm motivado uma série de ampliações e construção de novas fábricas no País.
Além da canadense Bombardier, que produzirá monotrilhos em Hortolândia (SP), a brasileira MPE vai inaugurar em quatro meses uma unidade no Rio de Janeiro. O presidente da companhia, Renato Abreu, afirma que há planos para fábricas em Manaus (AM) e em Cruzeiro (SP). O grupo venceu, em consórcio com a estreante Scomi, da Malásia, a licitação para construção do monotrilho que ligará a estação São Judas do metrô ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Os asiáticos também estão de olho no potencial eólico do Brasil. Desde a crise de 2008, que praticamente reduziu a zero os pedidos dos Estados Unidos e Europa, fabricantes de todos os continentes desembarcaram no País com apetite voraz. Em três anos, eles conseguiram transformar a energia eólica do Brasil numa fonte tão competitiva quanto a hídrica. Foram contratados cerca de 6 mil MW, que representam investimentos da ordem de R$ 26 bilhões, diz o presidente da Abeeólica, Ricardo Simões.
Eles destaca que, quando chegou na associação, havia 54 associados. Hoje esse número já soma 91. Como são equipamentos grandes e sensíveis ao transporte, os fabricantes buscam se instalar próximo dos parques eólicos. Além disso, para conseguir financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as usinas precisam contratar equipamentos nacionais (60% do valor tem de ser fabricado no País).
De acordo com dados da Abeeólica, hoje o Brasil tem fábrica quatro fábricas de aerogeradores em operação e quatro em construção. Mas há planos para novas unidades. A argentina Impsa, por exemplo, construiu uma fábrica em Pernambuco, com capacidade para produzir entre 8 e 10 geradores por semana, e já procura local para levantar uma nova planta no Sul ou Sudeste do País. Também vai investir numa fábrica de componentes eletrônicos para usinas eólicas, afirma o presidente da Impsa, José Luis Menghini.
Até 2014, o País poderá ter 7 mil MW de energia eólica no sistema. Isso significa sair dos atuais 0,8% para 3% de participação na matriz elétrica. "Entre os 30 países que usam energia eólica, o Brasil se tornou a nação com a menor tarifa de eólica do mundo", diz o presidente da fabricante indiana Suzlon, Arthur Lavieri. A empresa está construindo, em parceria com a brasileira Aeris, uma fábrica de pás eólicas. A planta nem começou a operar e a companhia já pensa em duplicação. "Se tudo caminhar como estamos planejando, teremos de ampliar a produção no ano que vem."
No setor naval, só as ampliações já não resolvem mais. O jeito tem sido abrir novos estaleiros. São sete empreendimentos em construção no Rio Grande do Sul, Pernambuco e Rio de Janeiro. De inexpressiva no início dos anos 2000, a indústria naval brasileira já representa 4% do volume total de navios em construção no mundo. Essa indústria emprega 56 mil trabalhadores. Até 2014, a expectativa é que sejam criados 15 mil novos empregos diretos no setor.
Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), em maio, o Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante aprovou prioridade no financiamento de 217 obras embarcações e seis estaleiros num total de R$ 9,8 bilhões. A maioria desses projetos ainda não estão na carteira de encomendas dos estaleiros. (OESP)

Produção de energia eólica vai aumentar

EPE informa que a produção de energia eólica vai aumentar sete vezes até 2014
A energia eólica entrou definitivamente na matriz energética brasileira e deve crescer sete vezes em volume nos próximos três anos, saindo dos atuais 1.114 megawatts (MW) para 7.098 MW em 2014. A informação foi divulgada ontem (31) pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, durante a abertura do encontro Brazil Windpower, que prosseguiu até 02/09, reunindo técnicos, agentes públicos e empresários do setor.
“O mundo todo está olhando para a questão da energia eólica no Brasil. Nós já temos um gigawatt (GW) instalado e vamos multiplicar por sete, que já estão contratados [em leilões] até 2014. É um crescimento bastante expressivo”, disse Tolmasquim.
O presidente da EPE apresentou números que mostram a força do setor no Brasil, principalmente a partir de 2005, ano que marca a escalada do crescimento da produção eólica e a diminuição no preço do MW, que caiu de R$ 300 na época para R$ 99,50 no último leilão este ano.
A expansão vem atraindo grandes empresas estrangeiras. Atualmente, quatro grupos dividem o mercado, mas a previsão é que mais seis indústrias se instalem e comecem a produzir aqui os equipamentos até 2014. Ainda assim, segundo Tolmasquim, o Brasil ocupa apenas o 21º lugar no ranking dos países produtores de energia eólica, que tem a China em primeiro, seguida pelos Estados Unidos, a Alemanha e Espanha.
Para o secretário de Planejamento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura, o sucesso da energia dos ventos explica-se por vários fatores. “A tecnologia evoluiu. As torres hoje são muito mais elevadas, saindo de 50 metros de altura no passado para até 120 metros de altura atualmente. A capacidade unitária dos geradores também aumentou e provocou uma redução de custos. A economia de escala, pelo fato de haver demanda para a energia eólica, também favoreceu essa competitividade. O Brasil tem hoje vários fabricantes operando no território nacional, além de outros que vão se instalar aqui para atender não só o nosso mercado, mas também os clientes do exterior”, disse.
O presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Ricardo Simões, previu que o desenvolvimento do setor vai gerar um grande volume de investimentos nos próximos anos. Atualmente o país conta com 57 parques eólicos em produção e tem 30 em construção.
“Isto significa um investimento de R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões, e o setor eólico deve chegar em 2014 faturando mais de R$ 3 bilhões por ano. Estamos em um processo de consolidação dessa indústria, com aumento de escala e ganho de competitividade. É um ciclo virtuoso, de uma energia limpa, renovável e sem emissão de gás do efeito estufa”, disse Simões.
Segundo ele, há condições para o Brasil chegar nos próximos dez anos a 20 GW de produção de energia eólica. O volume equivale a uma vez e meia a capacidade total de produção da maior hidrelétrica do país, a Usina de Itaipu. (EcoDebate)

domingo, 18 de setembro de 2011

Radiação no mar de Fukushima é o triplo

Radiação no mar de Fukushima é o triplo da estimada por operadora
Terremoto e tsunami desativaram sistemas de resfriamento dos reatores.
Quantidades enormes de água contaminada foram acumuladas.
Fotos mostram aeroporto de Sendai no dia do terremoto e tsunami, 11 de março, depois em 3 de junho, e já operando, em 6 de setembro.
O material radioativo despejado no mar pela crise nuclear de Fukushima, após um forte terremoto que atingiu o Japão em março, é mais de três vezes a quantidade estimada pela operadora da usina, Tokyo Electric Power Co. (Tepco), disseram pesquisadores japoneses.
A maior empresa de energia do Japão estimou que cerca de 4.720 trilhões de bequeréis de césio-137 e iodo-131 foram liberados no oceano Pacífico entre 21 de março e 30 de abril, mas pesquisadores da Agência de Energia Atômica do Japão estimaram uma quantidade de 15.000 trilhões de bequeréis, ou terabequeréis.
Regulamentações do governo proíbem o comércio de alimentos contendo mais de 500 bequeréis de material radioativo por quilo.
Takuya Kobayashi, pesquisador na agência, disse em 09/09 que a diferença nos dados provavelmente ocorreu porque sua equipe mediu o material radioativo transportado pelo ar que caiu no oceano, além do material na água contaminada que vazou da usina.
Ele acredita que a Tepco excluiu a radiação emitida originalmente pelo material transportado pelo ar. O relatório não inclui dados para o césio-134 porque o grupo de pesquisa inicialmente não tinha os recursos para medir o isótopo. Isso significa que a quantidade estimada de material radioativo deve aumentar após novos cálculos.
O terremoto e tsunami de 11 de março desativaram os sistemas de resfriamento dos reatores na usina de Fukushima Daiichi, 240 quilômetros ao norte de Tóquio, provocando o derretimento das barras de combustível e o vazamento de radiação.
Quantidades enormes de água contaminada foram acumuladas durante os esforços para resfriar os reatores, e grande parte vazou para o mar. Índices de radiação já foram detectadas em peixes, algas e outros frutos do mar.
A Tepco se aproximou nesta semana de seu objetivo de trazer os reatores ao estado de desligamento a frio até janeiro, e a temperatura na segunda das três unidades danificadas já foi reduzida para abaixo do ponto de ebulição. (g1.globo)

Brasil deixa em aberto plano de mais 4 plantas

A continuidade do programa nuclear no Brasil não é uma unanimidade dentro do governo federal. Na quinta-feira, enquanto o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, defendia no Rio a continuidade dos projetos de construção de novas usinas no Brasil, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, afirmava em São Paulo que há sim uma reavaliação do programa.
No Brasil, há duas usinas em operação, uma em construção - a usina nuclear de Angra 3, que deverá ficar pronta em 2015 - e outras quatro em planejamento.
Após o acidente de Fukushima, o governo deixou claro que prosseguiria com as obras de Angra 3, mas colocou em dúvida a construção de quatro novas usinas.
'Hoje o Brasil tem uma situação energética muito boa. Temos tempo para decidir sobre investimentos no setor', disse Tolmasqui. (OESP)

Novas usinas nucleares após Fukushima

Construção de usinas nucleares não deve desacelerar após Fukushima
Em debates sobre energia sustentável e segurança energética após o desastre no Japão, realizados no Fórum Econômico Mundial, na China, ficou claro que a necessidade de energia em países em desenvolvimento falará mais alto que o risco de acidentes.
Desastre. Usina nuclear Daiichi, em Fukushima, palco de tragédia ambiental em março.
Contrariando as previsões surgidas após o vazamento da usina nuclear de Fukushima, há seis meses, o desastre japonês não deve levar a uma redução drástica dos planos de construção de usinas nucleares, especialmente nos países em desenvolvimento.
É o que ficou claro nos debates sobre energia sustentável e segurança energética pós-Fukushima na edição de verão do Fórum Econômico Mundial, na semana passada, em Dalian, na China.
"O abandono de usinas nucleares pode ser viável em um país rico como a Alemanha, mas não no Paquistão, onde a população precisa urgentemente de energia de qualquer fonte, de qualquer lugar", afirmou o ministro da Ciência e Tecnologia do Paquistão, Khan Jamali.
Entre os emergentes, a China é o melhor exemplo da aposta nesse tipo de energia. Com demanda crescente, tem 28 plantas em construção e planos de iniciar outras 24 - no mundo todo, são 440 usinas em operação e outras 52 em construção. Depois de Fukushima, o governo determinou a revisão das normas de segurança de todas as plantas existentes e em obras, mas não suspendeu o plano de expansão das usinas. O Brasil também não descarta construir mais delas.
Sem escolha. A rica Coreia do Sul mantém o cronograma de construir 12 novas unidades, que se juntarão a 20 já em operação. "Nós não temos como gerar eletricidade de outra maneira. Não temos escolha", ressaltou o professor Suh Nam Pyo, presidente do Instituto Coreano de Ciência e Tecnologia. Atualmente, 30% da energia consumida na Coreia vem de fontes nucleares.
Apesar de ter oferta abundante de petróleo e gás, os Emirados Árabes Unidos também constroem usinas nucleares, com o objetivo de diversificar sua matriz energética. "Nossa estratégia não vai mudar em razão de Fukushima. Não podemos condenar toda a indústria por causa do desastre no Japão", disse o ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos, lembrando que existem mais de 400 reatores em operação no mundo.
Na plateia do painel sobre segurança energética, o deputado da região alemã da Bavária, Markus Blume, disse que seu país fez uma aposta no futuro ao decidir abandonar o uso de energia nuclear até 2022. Se a escolha der errado, terá consequências negativas sobre a competitividade econômica. Se for bem-sucedida, dará aos alemães liderança no setor de energia renovável.
A transformação da matriz energética do país exigirá investimentos de 100 bilhões e será especialmente desafiadora na Bavária, onde 60% da energia tem origem nuclear, observou o parlamentar.
Representante da indústria, o russo Artem Volynets, executivo-chefe da EN+Group, não acredita que haverá significativa redução no uso de energia nuclear. "Pode haver uma desaceleração, mas não será drástica", avaliou Volynets.
Custo elevado
Estudo da ONG Greenpeace mostra que o Japão teria de investir US$ 280 bilhões até 2020 para substituir a energia nuclear pela solar e eólica.  (OESP)

Japão trocará energia nuclear por eólica e solar?

Japão deve trocar energia nuclear por eólica e solar, diz Greenpeace
Relatório de ONG pede que país garanta segurança na geração de energia.
Afastar-se da energia nuclear e substituí-la por energia solar ou eólica custaria ao Japão cerca de US$ 280 bilhões em novos investimentos até 2020, disse o Greenpeace em 12/09, pedindo a Tóquio que garanta a segurança para a futura geração de energia.
O estudo foi apresentado enquanto o Japão debate o futuro da energia nuclear depois que o terremoto e o tsunami de março provocaram a pior crise nuclear do mundo em 25 anos, na usina de Fukushima Daiichi.
Cerca de 70% da população japonesa se opõe à energia nuclear e acham necessário buscar fontes alternativas de energia apesar do custo potencial.
Atualmente, apenas 11 dos 54 reatores estão operando no Japão após verificações de manutenção devido à preocupação da população. Isso significa que apenas 20% da capacidade nuclear total do país está sendo utilizado. A energia solar e a eólica são responsáveis por cerca de 1% da eletricidade do país.
Em um cenário de energia verde, que inclui um aumento pequeno da energia gerada por gás, o lobby ambiental propôs aumentar a capacidade geradora de turbinas eólicas dos atuais 2,1 gigawatts (GW) para 56 GW e a dos painéis solares de 3,6 GW para 57 GW.
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Visão geral da usina de Fukushima Daiichi, em vídeo divulgada pela Tepco, após passagem de Tsunami
Em conta
O Greenpeace também diz que o custo da eletricidade proveniente da energia solar, que agora é mais alto do que os dos combustíveis fósseis, deveria cair para níveis competitivos conforme a tecnologia avança.
"O preço (da energia solar) caiu mais de 50% no último ano na Europa e vai cair outros 20% nos próximos 12 meses", disse Sven Teske, especialista sênior em energia do Greenpeace International.
O Greenpeace quer que o Japão reduza sua capacidade por energia de carvão em 60%, para 19,3 GW dentro de 10 anos. O Japão também deveria reduzir a capacidade de usinas de energia abastecidas por petróleo em 16%, enquanto aumenta a capacidade de energia gerada por gás natural, acrescentou. (g1.globo)

Brasil manterá expansão do programa nuclear?

País vai manter expansão do programa nuclear, diz o ministro de Minas e Energia
Segundo o ministro de Minas e Energia, apesar do acidente ocorrido em março com a Usina de Fukushima, no Japão, que chamou a atenção para a segurança dos reatores, o Brasil vai ampliar a exploração dessa fonte energética
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, defendeu em 15/09 a expansão do programa nuclear brasileiro. Segundo ele, apesar do acidente ocorrido em março com a Usina de Fukushina, no Japão, que chamou a atenção da sociedade mundial para a segurança dos reatores, o Brasil vai ampliar a exploração dessa fonte energética.
”A despeito dos recentes episódios no Japão, o Brasil mantém a sua política de expansão do programa nuclear. Temos duas usinas funcionando, estamos construindo a terceira e temos projetos de construir mais quatro. Temos ainda a possibilidade de construir outras em território nacional”, afirmou, ao participar nesta manhã, no Rio de Janeiro, de evento sobre energia.
O ministro disse, no entanto, que o governo ainda não definiu os locais onde essas novas usinas serão construídas. Lobão também destacou que o sistema de segurança das usinas nucleares brasileiras é diferente do de Fukushima e disse que um estudo encomendado pelo ministério à Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e à Eletronuclear confirmou sua confiabilidade e eficiência.
Ele citou o exemplo da China, que está construindo 28 reatores nucleares e tem projeto para construir mais 100 nos próximos 40 anos.
Sobre a área de petróleo e gás, Lobão destacou, durante seu discurso, que o setor tem expectativas “animadoras” para os próximos dez anos no país. Segundo ele, a produção de petróleo vai aumentar 185% e a de gás natural, 280% neste período. (EcoDebate)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sucroenergético: os impactos da expansão

Motivadas pelo aumento da demanda por combustíveis alternativos ao petróleo, novas empresas sucroenergéticas vem sendo criadas no Brasil, principalmente na região Centro-Oeste, expandindo a área cultivada de cana-de-açúcar e criando oportunidades para o desenvolvimento local.
Analisando os impactos sócio-econômicos dessa expansão nos municípios de Rio Brilhante e Nova Alvorada do Sul (MS), Micheli Mitie Assato, egressa do curso de Ciências Econômicas da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), ganhou o Prêmio Corecon-SP de Excelência em Economia de 2011.
Micheli Assato optou por analisar os municípios de Rio Brilhante e Nova Alvorada do Sul, que foram escolhidos devido às áreas serem de forte expansão da cana-de-açúcar e não possuírem outras indústrias de porte significativo, de modo a evidenciar o impacto da instalação das unidades produtoras sucroenergéticas.
A pesquisa, orientada pela professora Márcia Azanha, do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES), verificou que, com a instalação das empresas, houve o aumento da receita, dos empregos formais, da população, da capacitação profissional, da renda agregada e da dinâmica do comércio em ambas as cidades. Quanto à educação, houve melhoria na escolaridade média devido às parcerias entre as escolas com as empresas. De acordo com o estudo, no município de Nova Alvorada do Sul, as usinas mais novas vêm cumprindo obrigações trabalhistas, ambientais e de impostos de forma mais adequada do que as empresas antigas, oriundas da época do Proálcool.
Os impactos diretamente relacionados com a implantação das usinas foram o aumento dos empregos formais contratados pelo setor sucroenergéticos, a diminuição dos conflitos entre empresas e a agricultura familiar, além do crescimento da renda regional, do comércio, do setor imobiliário e dos empregos indiretos e induzidos.
No que tange aos aspectos negativos da chegada das usinas, pode ser citada a piora da condição de algumas estradas e a sobrecarga da demanda dos serviços prestados pelo sistema público de saúde, mesmo que os funcionários sejam cobertos pelos planos de saúde fornecidos pelas empresas. Ainda no plano negativo, a pesquisa verificou que, com o crescimento da população, houve aumento dos gastos e ocorre uma defasagem nas receitas recebidas do Governo Federal, além da desaceleração no processo de reforma agrária – com o cultivo de cana e a instalação das usinas, as terras deixaram de ser improdutivas. De outro lado, conforme relato de representante dos assentados, a chegada das empresas cria oportunidades de trabalho para os filhos dos assentados.
De acordo com a pesquisadora, os impactos positivos parecem suplantar os negativos. “Além verificarmos o aumento da renda, do número de empregos e maior dinamização do comércio, houve melhoria de indicadores como saúde e qualificação de mão de obra, que indicam melhoria da qualidade de vida da população”, afirma. A pesquisadora ainda conclui que “a expansão do setor sucroenergético para o interior dos Estados é positiva e que a instalação das usinas colaborou para o desenvolvimento de Nova Alvorada do Sul e Rio Brilhante”.
Outros Prêmios - A instituição premia, desde 1996, os autores dos três melhores trabalhos de graduação em economia. Não é a primeira vez que um aluno da ESALQ ganha o concurso. No ano passado, Caio Marcos Mortatti teve sua monografia “Determinantes do comércio Brasil-China de commodities e produtos industriais: uma aplicação do modelo VAR” premiada. Em 2002, foi a vez de Daniela Bacchi Bartolomeu, com o trabalho “Potencial da Negociação de Crédito de Carbono a partir da avaliação de trajetos alternativos para uma mesma rota rodoviária: Um estudo de caso no Estado de São Paulo”. No ano seguinte, em 2003, Renata Marconato levou o prêmio pela monografia “Análise da ocupação econômica do Estado de Rondônia nos anos 90 à luz do Modelo de Krugman” e, em 2009, Nathalia Sbarai, com o trabalho “Aplicação de medidas antidumping: proteção necessária ou criação de barreiras?”. (ambienteenergia)

Sucroenergético: o peso da tributação

De importância histórica para a economia brasileira, a cana-de-açúcar tem destaque ainda maior desde o início dos anos 2000, devido ao crescimento da demanda mundial por combustíveis renováveis. Em paralelo, verifica-se uma escalada da carga tributária no País durante os últimos 30 anos. “A despeito de sua competitividade, os dois principais subprodutos do setor sucroenergético brasileiro, o álcool combustível (etanol) e o açúcar, ainda enfrentam dificuldades para conquistar determinados mercados”, afirma o economista Leonardo Coviello Regazzini, autor de um estudo sobre a tributação do setor sucroenergético no estado de São Paulo.
Desenvolvido no programa de pós-graduação em Economia Aplicada, na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), a pesquisa identificou a dimensão da carga tributária que incide sobre os dois principais subprodutos do setor sucroenergético no estado de São Paulo, considerando, para tanto, todos os tributos que incidem ao longo de todos os elos do processo produtivo do álcool hidratado e do açúcar no estado. Com orientação do professor Carlos José Caetano Bacha, do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES), a pesquisa levantou as características desejáveis a um sistema tributário, e avalia a presença destas características nos tributos incidentes sobre o setor.
Depois, estimou a carga tributária potencial incidente sobre o álcool hidratado e sobre o açúcar cristal em todos os elos de suas cadeias no estado de São Paulo nos anos de 2000 e 2008. “Uma das ferramentas das quais o governo dispõe para aumentar a competitividade de um setor da economia é a desoneração tributária. O cálculo da carga tributária que incide sobre os produtos do setor é fundamental para a identificação da eficácia potencial de políticas de desoneração tributária”, observa o autor da pesquisa.
A pesquisa estima a carga tributária total incidente sobre o álcool hidratado combustível vendido pelo posto de combustíveis em 23,04% do preço final deste produto. Ou seja, no processo produtivo de um litro de álcool hidratado, vendido pelo posto ao consumidor final por R$ 1,79, cerca de R$ 0,41, em média, correspondem a tributos. Para o açúcar cristal vendido pelo supermercado ao consumidor final, esta carga alcança 27,39% do preço final do produto. Um saco de 5 kg, vendido ao consumidor por R$ 5,00, deve ter recolhido cerca de R$ 1,37 em tributos ao longo de seu processo produtivo.
Apesar da isenção de uma série de tributos para álcool e açúcar exportados, ambos os produtos, quando vendidos ao exterior, ainda carregam uma carga de 6,08% e 5,77%, respectivamente. Esse valor corresponde, fundamentalmente, a tributos incidentes no processo produtivo da cana-de-açúcar, além de tributos incidentes sobre salários e lucros nas usinas.
Metodologia eficaz - Com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o estudo leva em conta todos os tributos incidentes em todos os elos do processo produtivo, inclusive tributos sobre lucro e sobre folha salarial, que não são considerados pela maioria dos trabalhos nessa linha. O orientador do trabalho lembra que, a partir dos resultados obtidos, consumidores, produtores e o próprio poder público conhecerão melhor o custo econômico dos tributos que incidem sobre o setor.
“Além disso, o trabalho estabeleceu uma metodologia eficaz para a estimação da carga tributária total incidente sobre bens finais do agronegócio. Esta metodologia pode ser aplicada a outras cadeias produtivas da nossa economia determinando a carga tributária sobre os produtos que elabora. Calcular o nível de tributação à qual um setor está exposto é fundamental para identificar sua competitividade potencial e, consequentemente, a potencialidade de políticas de incentivo ao mesmo”, conclui Carlos Bacha.
O desenvolvimento da pesquisa contou ainda com a colaboração dos professores Luis Henrique Andia e Miriam Rumenos Bacchi, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Leonardo Regazzini, agora doutorando no mesmo programa de pós-graduação, pretende continuar acompanhando a evolução desta carga tributária nos próximos anos e, possivelmente, estender este estudo para outros produtos do agronegócio brasileiro. (ambienteenergia)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Explosão reabre debate sobre energia nuclear

Explosão em usina reabre debate sobre energia nuclear na França
Oposição francesa quer que o país comece a procurar fontes alternativas de energia
A explosão de um forno na central nuclear de Marcoule, na França, nesta segunda-feira, relança o debate sobre o uso da energia nuclear no país. Uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas no acidente.
Com 58 reatores em atividade em 19 centrais, a França possui o segundo maior parque nuclear do mundo, responsável pela produção de mais de 80% da energia elétrica do país.
A explosão desta segunda-feira, cuja causa ainda não é conhecida, ocorreu em um forno utilizado para derreter resíduos radioativos metálicos com baixo nível de atividade, segundo a Agência de Segurança Nuclear da França.
O forno é operado pela empresa Socodei, filial da estatal de energia elétrica EDF.
A secretária-nacional do Partido Verde pediu ao governo “transparência sobre a situação e as consequências ambientais e sanitárias” do acidente ocorrido em Marcoule.
O Comissariado de Energia Atômica do país afirmou nesta tarde que não houve contaminação radioativa fora do prédio nem dos trabalhadores e declarou que o incidente “já terminou”.
Lixo radioativo
A central, que possui diversas instalações, funciona sobretudo como um centro de tratamento e estocagem de lixo radioativo e desmantelamento de centrais nucleares.
Em março passado, um outro acidente, classificado como de nível 2 (numa escala até 7) já havia ocorrido em Marcoule.
“Este novo incidente ressalta os problemas de controle do risco nuclear na França”, afirma a federação de ONGs ambientais França Natureza Meio Ambiente, que reúne 3 mil associações.
“Isso demonstra mais uma vez que a França não aprendeu as lições de Fukushima”, afirma Yannick Rosselet, da ONG Greenpeace, referindo-se à catástrofe ocorrida em março no Japão.
Acidentes
Boa parte do parque nuclear francês foi construída no final dos anos 1970 e nos anos 1980 e é considerada antiga, o que suscita polêmicas sobre os sistemas de segurança dessas instalações.
Em abril, militantes ecologistas chegaram a fazer greve de fome para pedir o fechamento da central nuclear de Fesseinhein, no leste, a mais antiga do país, em funcionamento desde 1978.
A usina de Marcoule teve papel importante no desenvolvimento do programa nuclear francês
Segundo um estudo da Agência de Segurança Nuclear (ASN), o número de pequenos incidentes e anomalias nas centrais francesas dobrou nos últimos dez anos.
A ASN informou que em 2010 ocorreram mais de mil incidentes, a grande maioria sem importância. Apenas três foram classificados como de nível 2, que não representa riscos à população.
Após a catástrofe de Fukushima, no Japão, em março passado, o primeiro-ministro francês, François Fillon, pediu a realização de uma auditoria das 19 centrais nucleares do país.
Uma pesquisa divulgada em junho passado revelou que 62% dos franceses são favoráveis ao abandono progressivo da energia nuclear no país.
O assunto deverá ser um dos temas da eleição presidencial do próximo ano.
Em um artigo no jornal Libération desta segunda-feira, Martine Aubry, secretária-geral do Partido Socialista e candidata às primárias do partido para a eleição presidencial, propõe “uma saída progressiva, mas efetiva, da França” de seu programa nuclear. (EcoDebate)

Alemanha e o fechamento das usinas nucleares

Alemanha anuncia fechamento de todas as usinas nucleares até 2022
A coalizão do governo alemão anunciou ontem (12) um acordo para o fechamento de todas as usinas nucleares do país até 2022. O anúncio, após uma reunião que terminou na madrugada, foi feito pelo ministro do Meio Ambiente, Norbert Rottgen.
A chanceler Angela Merkel havia estabelecido uma comissão de ética para analisar a questão da energia nuclear após o desastre ocorrido na Usina de Fukushima, no Japão. Após o grande terremoto e o tsunami que danificaram a usina japonesa e provocaram um dos maiores desastres nucleares da história, a Alemanha foi palco de grandes protestos contra a energia nuclear.
O ministro do Meio Ambiente alemão disse que os sete reatores mais antigos do país, que já estavam parados por uma moratória determinada pelo governo, além da Usina Nuclear Kruemmel, não serão reativados. Outros seis reatores devem ser desligados até 2021 e os três mais novos devem ser desativados em 2022.
“É definitivo. O fim das três últimas usinas nucleares será em 2022. Não haverá cláusula para revisão”, ressaltou Rottgen.
Antes da reunião que decidiu pelo fechamento das usinas nucleares, Angela Merkel advertiu que muitas questões ainda têm que ser consideradas. “Se você quer deixar algo, também tem que provar como a mudança vai funcionar e como podemos garantir o fornecimento duradouro de energia sustentável”, disse ela.
Antes da moratória nas usinas nucleares, decretada em março após o acidente em Fukushima, a Alemanha dependia da energia nuclear para 23% de seu suprimento.
A onda de protestos contra a energia nuclear na Alemanha fortaleceu o Partido Verde, que no fim de março venceu as eleições locais em Baden-Wuerttemberg, antes controlada pelo Partido Democrata Cristão, de Merkel. (EcoDebate)

Vestígios de Fukushima

Pesquisadores detectam enxofre radiativo no ar do litoral da Califórnia. O elemento teria se formado no encontro da água do mar com os reatores nucleares da usina japonesa e cruzado o oceano Pacífico na carona de ventos fortes.
O cloro da água do mar, em contato com os reatores nucleares, levou à formação de enxofre radiativo, que evaporou e chegou à atmosfera. (imagem: DigitalGlobe/ Flickr – CC BY-NC-ND 2.0)
Em março deste ano, operadores da usina nuclear de Fukushima, no Japão, usaram centenas de toneladas de água do mar para resfriar os reatores atingidos por um terremoto e um tsunami. A decisão não foi das melhores.
Em contato com o cloro marinho, os nêutrons do interior dos reatores produziram enxofre radiativo (S-35), que, como mostra um estudo publicado em 15/08 na revista PNAS, evaporou e foi empurrado por fortes ventos até La Jolla, Califórnia, a cerca de quatro mil quilômetros de distância da cidade japonesa.
Os pesquisadores do Instituto Scripps de Oceanografia, da Universidade de São Diego, detectaram o enxofre radioativo no ar do litoral californiano em filtros de papel especiais, usados para capturar partículas presentes no ar e estudar o clima.
O enxofre radioativo encontrado naturalmente no ar é formado a partir da incidência de radiação cósmica sobre o Argônio (Ar-40). Mas os níveis encontrados pelos pesquisadores entre março e abril deste ano foram muito elevados.
No dia de pico, 28 de março – duas semanas após a água do mar começar a ser usada nos reatores –, a concentração de enxofre radioativo registrada foi cerca de 120 vezes maior do que a normal.
Ainda assim, os pesquisadores avisam que a radiação encontrada é pequena e não apresenta perigo para humanos nem outros seres vivos. “O nível é muito baixo mesmo, só conseguimos perceber porque usamos um equipamento extremamente sensível”, afirma o líder da pesquisa, o meteorologista Mark Thiemens.
Ventos esperados
O pesquisador conta que não se surpreendeu com a descoberta, pois o sudeste da Califórnia recebe frequentemente correntes de ar vindas da Ásia, que se intensificam no verão. Ele estima que 0,7% dos íons radioativos que vazaram do reator da usina de Fukushima tenha sido carregado por ventos até a Califórnia.
O mapa mostra o caminho dos ventos que saem da Ásia e chegam ao sudeste da Califórnia. Os pesquisadores acreditam que o enxofre radioativo seguiu esse mesmo trajeto. (imagem: Priyadarshi/ PNAS)
Segundo Thiemens, o restante do enxofre pode ter ficado no próprio Japão ou ido parar em outros estados que fazem parte da rota de ventos vindos do Oriente.
É provável até que o enxofre radioativo vazado da usina não exista mais. “A água do mar foi usada para resfriar os reatores japoneses por oito dias; depois disso foi substituída por água doce e o enxofre parou de ser produzido”, conta o pesquisador. “Como o tempo de vida média do enxofre radioativo é de 87 dias, agora, o enxofre já deve ter sumido.” (cienciahoje)