Meta de redução de emissões em 45% deve ser obtida com reforma da sede de Nova York
A Organização das Nações Unidas (ONU) vem há alguns anos tentando reduzir seu uso de energia e suas emissões de gases causadores do efeito estufa.
Duas iniciativas se destacam nessa cruzada: a primeira, a Cool UN, busca resultados de curto prazo; a segunda, a Capital Master Plan, tem como meta principal renovar a sede da ONU em Nova York dentro de três anos e meio. A ideia é deixar os prédios do complexo mais verdes e sustentáveis e, consequentemente, reduzir pela metade os gastos com energia.
Michael Alderstein, diretor executivo do Capital Master Plan da ONU, falou ao Estado sobre o assunto:
Vocês aumentaram a temperatura dos termostatos de 22°C para 25°C na sede em Nova York, além de desligar o ar-condicionado, o aquecimento e a ventilação nos fins de semana. Isso vai continuar sendo feito?
Sim, é parte da Cool UN, uma iniciativa operacional para economizar energia imediatamente. Ela parte da premissa de que qualquer um pode economizar energia em qualquer lugar, ajustando os termostatos. No verão, elevamos a temperatura, mantendo-a em níveis confortáveis, permitindo que as pessoas se vistam de acordo com o clima e possam tirar suas gravatas. No inverno, incentivamos que elas usem suéteres e se preparem para um clima um pouco mais frio do que seria de se esperar em um prédio comercial.
E quanto ao Capital Master Plan?
É um programa de renovação de todo o complexo da ONU em Nova York, o que vai baixar o consumo de energia a médio e longo prazos. Estamos adotando padrões muito altos de sustentabilidade. A ONU não se permite ser certificada por qualquer organização de seus Estados-membros, mas temos consultores particulares que vão garantir que alcancemos os padrões internacionais.
Vocês sabem como gastam energia e quanta economia poderá ser feita?
Planejamos reduzir nosso consumo de energia pela metade e as emissões dos escritórios de NY em até 45%. Mas, no momento, nossa infraestrutura remonta à década de 50 - as partes mais relevantes do Capital Master Plan não estão completas ainda. Então, não conseguimos quantificar as economias. Teremos essa capacidade dentro de três anos, quando tivermos medidores mais modernos. Hoje, é difícil dizer quanta (energia) está indo para aquecimento, refrigeração ou para alimentar computadores.
O Cool UN está sendo conduzido apenas no complexo de Nova York ou em outras sedes do mundo?
Nós temos muitos escritórios, e a ideia é encorajá-los a adotarem os padrões do Cool UN. Por enquanto, está mais ativo em NY.
As pessoas reclamam de ter de trabalhar em um ambiente mais quente ou frio, de ter de usar roupas leves ou pesadas?
Em um escritório da ONU há gente de todo lugar, todas as culturas do mundo. Temos pessoas que são tolerantes e flexíveis e outras menos. Então, sim, algumas pessoas reclamam, outras aprovam... Como tudo na ONU, o projeto gerou reações diferentes.
Vocês tentaram estabelecer um código de vestimentas, um padrão a ser seguido?
Não, não há um "dress code". O que existe é uma compreensão de que, quanto mais tempo de ONU você tem, mais formalmente se vestirá, porque vai galgando cargos e acaba tendo de se relacionar com autoridades, representantes de Estado e tudo mais.
Quantas pessoas você calcula que estejam envolvidas no Cool UN?
Só o complexo de NY tem cerca de 10 mil funcionários, é o maior de todos em termos de número de empregados. Não sei sobre os outros.
Na época do lançamento do Cool UN foi dito que a iniciativa poderia poupar à ONU US$ 1 milhão por ano e a organização deixaria de emitir 2,8 mil toneladas de dióxido de carbono. Esses números conferem?
Sim, aproximadamente é isso mesmo.
Vocês economizam mais energia no inverno ou no verão em Nova York?
Embora o verão dure menos que o inverno, os verões são muito úmidos e quentes. O ar-condicionado é nossa maior fonte de consumo de energia, pois o clima no verão é bastante desconfortável para quem está em um escritório.
QUEM É MICHAEL ALDERSTEIN
Dirige o Capital Master Plan da ONU
Arquiteto formado pelo Rensselaer Polytechnic Institute (NY), é especialista em preservação e restauração de monumentos históricos. Atuou como diretor de projetos durante a restauração da Ilha Ellis e da Estátua da Liberdade. Foi vice-presidente e arquiteto-chefe do Jardim Botânico de Nova York. (OESP)