Como o Brasil entrou mais tarde no mercado eólico mundial, País possui tecnologias mais modernas, que coíbem acidentes como colisão de pássaros.
O Brasil ocupa a 21.ª posição no ranking mundial de energia eólica, mas já toma cuidados para evitar um dos mais sensíveis impactos ambientais produzidos pelas hélices gigantes dos aerogeradores: a morte de pássaros.
Brasil ocupa a 21.ª posição no ranking mundial de energia eólica.
Cuidado. Acidentes entre aves e geradores são raros.
A instalação desses equipamentos exige estudo de avifauna e, mesmo com o vento favorável, as hélices não são colocadas em rotas migratórias de aves. Os Estados Unidos, o segundo no ranking - atrás da China -, não tomaram o mesmo cuidado e agora veem as pás como ameaça a um de seus principais símbolos, a águia-americana.
Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Energia Renovável (Abeer), engenheiro José Tadeu Matheus, como a entrada do Brasil no mercado mundial eólico é relativamente recente, o País incorporou as tecnologias mais modernas para evitar impactos ambientais. "As pás das nossas centrais têm grandes dimensões, mas o giro é lento e elas são percebidas pelos animais voadores." Além disso, as empresas brasileiras adotam torres de sustentação compactas de aço ou concreto, sem pontos de apoio para a construção de ninhos.
As usinas eólicas se concentram no litoral do Nordeste e, em quantidade menor, nos três Estados da região Sul. "Para instalar a central eólica, é preciso obter as licenças dos órgãos ambientais do Estado ou da União, conforme o local. Uma das exigências é o estudo da avifauna com o monitoramento das correntes migratórias", disse Matheus. "Visitei a maioria das centrais brasileiras e não constatei um caso sequer de acidente com aves", completa.
Ele disse que o tema suscitou discussões no governo brasileiro. Na preparação de um dos leilões de energia eólica, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, lembrou a necessidade de cuidados para evitar a morte de pássaros. "Na ocasião, eu apresentei ao ministro um estudo publicado pelo professor João Tavares Pinho, da Universidade Federal do Pará, mostrando que esse impacto é baixíssimo."
A publicação se baseia em estudo feito em 2002 pelo americano Wallace Erickson com 10 mil aves mortas por acidentes - 55% deles causados por choque contra edifícios e janelas, 10% pelo ataque de gatos, 8% por linhas de alta tensão, 7% por veículos e 2,5% por choque em torres de comunicação (2,5%). Menos de 0,1% das mortes foi atribuído à colisão com hélices eólicas.
Matheus apresentou o estudo em simpósio da Associação Brasileira do Ministério Público do Meio Ambiente, em outubro do ano passado. "Como o Brasil tem grande potencial eólico, a preocupação com os impactos ambientais tende a crescer."
Ainda pequeno
1,08 gigawatts – menos de 10% da geração de usina de Itaipu – é a potência total do parque eólico brasileiro, composto de 56 centrais e cerca de 500 torres. (OESP)
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