sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sucroenergético: os impactos da expansão

Motivadas pelo aumento da demanda por combustíveis alternativos ao petróleo, novas empresas sucroenergéticas vem sendo criadas no Brasil, principalmente na região Centro-Oeste, expandindo a área cultivada de cana-de-açúcar e criando oportunidades para o desenvolvimento local.
Analisando os impactos sócio-econômicos dessa expansão nos municípios de Rio Brilhante e Nova Alvorada do Sul (MS), Micheli Mitie Assato, egressa do curso de Ciências Econômicas da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), ganhou o Prêmio Corecon-SP de Excelência em Economia de 2011.
Micheli Assato optou por analisar os municípios de Rio Brilhante e Nova Alvorada do Sul, que foram escolhidos devido às áreas serem de forte expansão da cana-de-açúcar e não possuírem outras indústrias de porte significativo, de modo a evidenciar o impacto da instalação das unidades produtoras sucroenergéticas.
A pesquisa, orientada pela professora Márcia Azanha, do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES), verificou que, com a instalação das empresas, houve o aumento da receita, dos empregos formais, da população, da capacitação profissional, da renda agregada e da dinâmica do comércio em ambas as cidades. Quanto à educação, houve melhoria na escolaridade média devido às parcerias entre as escolas com as empresas. De acordo com o estudo, no município de Nova Alvorada do Sul, as usinas mais novas vêm cumprindo obrigações trabalhistas, ambientais e de impostos de forma mais adequada do que as empresas antigas, oriundas da época do Proálcool.
Os impactos diretamente relacionados com a implantação das usinas foram o aumento dos empregos formais contratados pelo setor sucroenergéticos, a diminuição dos conflitos entre empresas e a agricultura familiar, além do crescimento da renda regional, do comércio, do setor imobiliário e dos empregos indiretos e induzidos.
No que tange aos aspectos negativos da chegada das usinas, pode ser citada a piora da condição de algumas estradas e a sobrecarga da demanda dos serviços prestados pelo sistema público de saúde, mesmo que os funcionários sejam cobertos pelos planos de saúde fornecidos pelas empresas. Ainda no plano negativo, a pesquisa verificou que, com o crescimento da população, houve aumento dos gastos e ocorre uma defasagem nas receitas recebidas do Governo Federal, além da desaceleração no processo de reforma agrária – com o cultivo de cana e a instalação das usinas, as terras deixaram de ser improdutivas. De outro lado, conforme relato de representante dos assentados, a chegada das empresas cria oportunidades de trabalho para os filhos dos assentados.
De acordo com a pesquisadora, os impactos positivos parecem suplantar os negativos. “Além verificarmos o aumento da renda, do número de empregos e maior dinamização do comércio, houve melhoria de indicadores como saúde e qualificação de mão de obra, que indicam melhoria da qualidade de vida da população”, afirma. A pesquisadora ainda conclui que “a expansão do setor sucroenergético para o interior dos Estados é positiva e que a instalação das usinas colaborou para o desenvolvimento de Nova Alvorada do Sul e Rio Brilhante”.
Outros Prêmios - A instituição premia, desde 1996, os autores dos três melhores trabalhos de graduação em economia. Não é a primeira vez que um aluno da ESALQ ganha o concurso. No ano passado, Caio Marcos Mortatti teve sua monografia “Determinantes do comércio Brasil-China de commodities e produtos industriais: uma aplicação do modelo VAR” premiada. Em 2002, foi a vez de Daniela Bacchi Bartolomeu, com o trabalho “Potencial da Negociação de Crédito de Carbono a partir da avaliação de trajetos alternativos para uma mesma rota rodoviária: Um estudo de caso no Estado de São Paulo”. No ano seguinte, em 2003, Renata Marconato levou o prêmio pela monografia “Análise da ocupação econômica do Estado de Rondônia nos anos 90 à luz do Modelo de Krugman” e, em 2009, Nathalia Sbarai, com o trabalho “Aplicação de medidas antidumping: proteção necessária ou criação de barreiras?”. (ambienteenergia)

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