sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Energia Solar: o desafio do silício

A Eletrobrasl Eletrosul quer colocar o Brasil entre os poucos países que têm pleno domínio da cadeia de produção de módulos fotovoltaicos – painéis que captam a radiação solar e convertem em energia elétrica. A estatal lançou um chamamento público, buscando parcerias do meio acadêmico e científico para o desenvolvimento de pesquisas de purificação do silício e fabricação de células solares. Atualmente, essa tecnologia é restrita à Alemanha, Noruega, China, Japão e Estados Unidos.
Universidades, centros de pesquisa e outras instituições do meio científico terão 45 dias, a partir da data de publicação do edital, 28 de junho, para apresentar suas propostas de desenvolvimento da pesquisa. Passado esse prazo, a Eletrosul terá outros 45 dias para avaliar e selecionar uma das proposições. O projeto escolhido é, então, encaminhado para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que terá 60 dias para avaliá-lo.
A expectativa do gerente do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética da Eletrosul, Jorge Luis Alves, é que a pesquisa comece a ser desenvolvida, efetivamente, no início de 2012. A escolha do parceiro, segundo ele, levará em conta custo, competências, estrutura de laboratórios, por exemplo, e o prazo para realização da pesquisa.
“O que se quer com essa linha de pesquisa é fazer a purificação do silício em grau solar, o que significa atingir uma pureza de 99,9999%. Tendo o silício com essa pureza, a proposta é fazer a laminação do mineral para obtermos as células solares”, pontuou Alves, reforçando que essa é uma tecnologia que a indústria brasileira ainda não domina. “Depois de obter as lâminas de silício mono ou multicristalino, será possível fazer a montagem dos módulos, trabalhando a orientação dos cristais para maior ganho em eficiência no aproveitamento da radiação solar, técnica que já dominamos”, acrescentou.
O Brasil tem uma das maiores reservas de silício do mundo. O minério é exportado na forma metalúrgica (com pré-processamento simples) e volta ao país purificado, com valor agregado, para uso, principalmente, na indústria eletrônica e microeletrônica para produção de chips, circuitos eletrônicos, transistores, entre outros componentes.
Custo x expansão – Um dos principais entraves para o desenvolvimento da energia solar fotovoltaica no Brasil é o alto custo de implantação das usinas, justamente, pela dependência de equipamentos importados. “Com o fomento às pesquisas para domínio da tecnologia, a Eletrosul quer ajudar a romper essa barreira, reduzindo custos e estimulando a expansão do uso da radiação solar como fonte de energia”, afirmou o diretor de Engenharia e Operação da estatal, Ronaldo dos Santos Custódio.
As empresas do Sistema Eletrobras estabeleceram alguns projetos estruturantes para o setor elétrico e cada uma é responsável por um segmento. A Eletrosul, por seu histórico de iniciativas em geração fotovoltaica, ficou com a coordenação dos projetos nessa área, inclusive, quando a demanda partir de outras subsidiárias Eletrobras.
Custódio afirma que a intenção da Eletrosul em incentivar a expansão da energia solar no Brasil está em sintonia com as diretrizes do Ministério de Minas e Energia (MME). O órgão tem trabalhado no sentido de acelerar a regulamentação de sistemas isolados de geração de energia. A legislação permitirá que unidades residenciais, que se utilizarem de painéis fotovoltaicos, possam se conectar à rede distribuição de energia. “O governo federal quer que isso – casas com geração fotovoltaica conectadas à rede – seja uma realidade, já a partir de 2020. Por isso, nossa pesquisa está mais do que no tempo de acontecer para que o Brasil tenha a competência tecnológica na fabricação dos módulos solares. Potencial de geração nós temos de sobra.”
Experiência – A Eletrosul vem acompanhando a geração fotovoltaica desde 2004, quando participou de pesquisa desenvolvida pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) para produção de painéis fotovoltaicos com tecnologia nacional. Foram produzidos 200 módulos. Em parte deles, buscou-se a eficiência máxima no aproveitamento da radiação solar, a partir da melhor orientação dos cristais de silício. Nos demais, buscou-se a maior eficiência com menor custo.
Segundo o gerente do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética da Eletrosul, Jorge Luis Alves, a pesquisa foi bem sucedida. Chegou-se a índices entre 13,5% e 16% de eficiência, comparáveis aos padrões mundiais. Esse resultado foi certificado pelo laboratório holandês Kema, principal autoridade global em testes e certificação de processos e produtos do setor elétrico.
“Temos, na ponta, essa tecnologia de montagem de painéis, de ganho em eficiência. Já provocamos a discussão da geração fotovoltaica e trouxemos o tema para conhecimento da sociedade. Como desdobramento disso tudo, o que queremos, agora, é ganhar competência, desenvolvimento tecnológico em cima da produção das células”, ponderou Alves. (ambienteenergia)

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