Biogás tem potencial equivalente a 25% da energia
do país, aponta Abiogás.
Maior contribuição para a produção do combustível é
originada do setor sucroenergético com 56 milhões de m3 de gás
diários.
O Brasil
possui um potencial de produzir cerca de 78 milhões de m3 diários de biogás e biometano de segunda geração. Esse dado leva em
consideração números de 2017 e consta de um levantamento apresentado pela
Associação de Biogás e Biometano (Abiogás). Desse volume, a maior parte, ou 56
milhões de m³ são originados do setor sucroenergético, 15 milhões de m³ da
produção de alimentos e outros 7 milhões de m³ derivam do saneamento básico.
De acordo
com o presidente emérito da associação, Cícero Bley, que deixou
oficialmente entidade em 19/04/17, esse volume equivale a cerca de 25% da
disponibilidade de energia no país ou a 73% do gás natural do país. “O biogás
pode ser um combustível que ajudaria o país a não depender dos investimentos em
linhas de transmissão para utilizar os aproveitamentos hidráulicos localizados
afastados dos centros de carga ou de regimes hidrológicos”, apontou ele durante
o Seminário Técnico sobre Geração Distribuída, evento promovido pela entidade.
Ele
destacou que programas do governo federal como o Renovabio é uma política de
estado importante que encaixa o biogás dentro da matriz energética nacional.
Com isso, vê a perspectiva de encaixar a fonte como uma opção para a geração de
energia na base, pois se assemelha à UHE por existir a possibilidade de
estocagem, um fator que em suas palavras, facilita enormemente o despacho
seletivo. Outro benefício que Bley apontou para o combustível é a perspectiva
de produção descentralizada da fonte que tem como característica principal
gerar energia e desenvolvimento econômico no local onde é produzido.
Segundo
dados do CIBiogás, há casos em locais de produção de proteína animal, como às
margens da usina de Itaipu, no oeste do Paraná, onde abatedouros de frango tem
no biometano fonte para atender a toda sua demanda por energia em substituição
a outras fontes, entre elas a madeira para o aquecimento dos animais. Outro
ponto é o retorno do investimento realizado que dependendo do caso chega a ser
de apenas quatro anos ao se avaliar o aporte com base na resolução 687 da
Aneel, a atualização da 482/2012.
Segundo o
diretor presidente da instituição, Rodrigo Regis, esse benefício vem em
decorrência de 75% da energia produzida ser excedente ou seja pode ser colocada
na rede e gerar nova remuneração.
Mas ainda
há problemas acerca da caracterização jurídica que dependendo de detalhes
técnicos podem ser impeditivos. Na avaliação de Raphael Gomes, do escritório
Demarest, a questão contratual é bastante importante e cita que não há
configuração específica para a GD, mas, que no caso do biogás é mais simples,
pois se consegue atrelar um valor variável ao combustível como forma de
remuneração e não à energia elétrica, pois segundo a lei 10.848/2004 não
se pode caracterizar como compra e venda de energia elétrica. “Se colocar no
contrato que a remuneração é em Reais por kWh, pode ter problemas”, definiu.
Independente
do combustível, a perspectiva da Agência Nacional de Energia Elétrica é de que
o crescimento da GD seja exponencial no país nos próximos sete anos. A atual
estimativa da agência reguladora é de que o país alcance algo próximo a 4,6 GW
em capacidade instalada ao final desse período ante os pouco mais de 100 MW que
estão registrados pelo órgão.
“Estamos
com base na projeção da [resolução] 687, percebemos que há um
incentivo grande para a sua expansão. Há financiabilidade com várias linhas
disponíveis no mercado e existe a questão da demanda, que consequentemente
levará à redução do custo unitário dos equipamentos”, comentou o diretor Reive
Barros. “Por isso, a previsão é de crescimento nessa ordem de grandeza e esses
números podem nos surpreender para cima e não para baixo”, apontou.
Um fator que pode auxiliar
no crescimento da GD é a questão do armazenamento que está na “ordem do dia” na
Aneel. Barros lembrou que uma vez definidos os principais tipos de
armazenamento pode-se ter tarifas diferenciadas para estimular o consumo. Essa,
comentou ele, é uma discussão para levar as distribuidoras para o seu negócio
que é o da prestação de serviços. Entre as possibilidades está, por exemplo, a
geração em determinado período e modular o seu consumo no horário de ponta.
Carlos
Evangelista, da Associação Brasileira de Geração Distribuída, concorda e
ressalta que o advento das baterias fica mais interessante a geração fora do
horário de ponta e injetar na rede no horário de ponta que é mais elevada a
tarifa. Entre os dados apresentados por ele, o retorno médio dos investimentos
em sistemas de micro e mini geração está em cerca de sete anos. Contudo, lembra
que esse cálculo depende da tarifa de energia e do ICMS sobre a energia
injetada e sobre os equipamentos. (canalenergia)
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