domingo, 30 de outubro de 2022

Total investe US$ 550 milhões em parceria com Casa dos Ventos

Gigante de petróleo Total investe US$ 550 milhões em parceria com Casa dos Ventos.

Empresa francesa terá 34% em joint venture de companhia brasileira, que é dona de vários parques eólicos no país.
Parque eólico da Casa dos Ventos, no Piauí.

A gigante francesa de petróleo TotalEnergies e a Casa dos Ventos vão criar uma joint venture para desenvolver, construir e operar o portfólio de energia renovável da empresa brasileira. A Total vai pagar inicialmente US$ 550 milhões por 34% dessa nova companhia. A Casa dos Ventos ficará com os 66% restantes.

Num segundo momento, a Total pagará mais US$ 30 milhões para concluir o negócio, desde que cumpridas certas metas de desempenho. Após cinco anos, a companhia poderá adquirir mais 15% da joint venture.

Na prática, a Casa dos Ventos vai dividir sua operação. Ela mantém sob o chapéu de seus atuais acionistas o braço de desenvolvimento de projetos em energia renovável. Em paralelo, concentrará a atividade de geração na nova joint venture.

Um ponto importante é que essa nova empresa sendo criada agora em parceria com a TotalEnergies terá direito de prioridade na aquisição de novos projetos desenvolvidos pela Casa dos Ventos. Entrarão também na mira da joint venture oportunidades em hidrogênio e amônia verdes.

Neste início, a nova empresa — que receberá posteriormente um novo nome — conta com um portfólio de ativos em energias solar e eólica de 6,2 GW em capacidade de geração. Estão nessa carteira os 700 megawatts de capacidade eólica já em operação, 1GW que virá de projetos em construção e outros 4,5 GW de outros ainda em desenvolvimento.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, frisa que é um movimento convergente sendo observado no mercado de óleo e gás nos últimos anos em direção à transição energética de fontes fósseis para renováveis, impulsionado por um forte movimento de descarbonização feito por grandes petrolíferas.

Numa transação como a anunciada com a Casa dos Ventos, a TotalEnergies, continua ele, estaria reforçando seu compromisso nesse sentido.

— Não há dúvida que a questão da agenda verde pesa na atuação das companhias. E não podemos esquecer da rentabilidade. Ao buscar a Casa dos Ventos, que tem know-know nesse negócio, a Total em tenta alinhar o melhor de dois mundos: dá um passo em prol da descarbonização e se junta a um player que pode dar a eficiência necessária para que ela extraia desse projeto taxas de retorno bacanas — avalia o analista.

A Casa dos Ventos soma quatro complexos eólicos. Folha Larga Sul, na Bahia está em operação desde 2020, com 151,2 megawatts de capacidade; Rio do Vento, no Rio Grande do Norte, entrou em atividade em 2021, com 504 megawatts, e já tem alguns geradores da segunda fase, prevista para 2023 e com mais 534 megawatts, operando.

Está em construção os complexos de Babilônia Sul, Bahia, com 360 MW e previsto para o ano que vem, além do Umari, para 2024, com 202,5 MW.

Em 25/10/2022 o BNDES informou que havia aprovado R$ 690 milhões em financiamento a quatro parques eólicos da Casa dos Ventos — Ventos de São Januário 16, 17, 18 e 19 —, dentre os cinco que compõem Babilônia Sul, somando 288 megawatts em capacidade de geração. Os recursos incluem ainda investimento em sistemas de transmissão associados a esses empreendimentos.

Triplicar capacidade

Dos 4,5 GW de projetos em desenvolvimento já dentro da nova empresa, 2,8 GW virão de eólicos e 1,6 GW de energia solar, com estimativa de entrega em cinco anos.

Em paralelo, a Casa dos Ventos contam com um banco de 20GW em projetos a serem desenvolvidos e que não integram o acordo.

Ao darem as mãos, as duas empresas aceleram negócios e metas. A TotalEnergies tem o objetivo de saltar de 16 GW para 100 GW em capacidade de geração de fontes renováveis até 2030. Já a Casa poderá acelerar seus projetos em desenvolvimento, construção e melhorar sua capacidade de tomar crédito.

Lucas Araripe, diretor de Novos Negócios da Casa dos Ventos, afirma que a empresa vai triplicar a capacidade instalada até 2024, com a meta de bater 6GW em 2026.

“A parceria com a TotalEnergies nos traz diversos benefícios, tornando nossa energia mais competitiva e possibilitando uma expansão mais rápida do nosso braço de geração. Além do aporte de capital, a parceria garante maior capacidade de crédito e relacionamento com fornecedores, além de potencializar nossa carteira de clientes, colocando-nos em uma posição estratégica para liderar a transição energética no Brasil", diz ele em comunicado. (oglobo)

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