sábado, 8 de julho de 2023

Abdan investirá US$ 70 bilhões em atividade nuclear até 2050

Abdan quer US$ 70 bilhões em investimentos na atividade nuclear até 2050.

Para associação, demora na indicação de nomes em estatais traz insegurança para setor.

As atividades nucleares no Brasil podem atrair um total de US$ 70 bilhões em investimentos até 2050, gerando 50 mil empregos. Esses investimentos não estariam destinados apenas para o uso na energia nuclear. Setores como a mineração, o de tecnologia médica e o reator nuclear também estão inseridos no plano. De acordo com o presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Atividade Nuclear, Celso Cunha, que esteve na abertura do Nuclear Trade& Technology Exchange, realizado em 03/05/23, o montante está baseado nas premissas do PNE 2050 e em usinas adicionais do modelo SMR.

Na parte de mineração e combustível nuclear, o foco será na expansão do urânio. O Brasil possui uma das maiores reservas do mundo. Caetité é a produção atual, mas a mina de urânio associado de Santa Quitéria (Ceará) retomou seu processo de licenciamento. Segundo Cunha, as reservas dessas minas são capazes de suprir as usinas de Angra 1, 2 e 3, além de uma quarta e ainda sobra para comercialização. Isso iria demandar uma ampliação na fábrica da Indústrias Nucleares do Brasil com tecnologia brasileira, o que demandará mais investimentos e eliminaria a dependência de mercados externos. Ainda de acordo com Cunha, a região do Cristalino entre o Mato Grosso e o Pará, também poderá ser uma nova fronteira de exploração mineral para a atividade nuclear.

Sobre a usina de Angra 3, Cunha acredita na retomada definitiva da obra. O fato de ter sido um projeto lançado ainda na outra passagem do presidente Lula é um fato a favor da continuidade do empreendimento. Para ele, setembro será considerado um mês chave para a usina, com a expectativa que até lá mais anúncios e diretrizes, como o financiamento, sejam divulgados. Este ano também é vital, para o programa nuclear brasileiro, uma vez que uma grande empresa internacional deverá ser requisitada para a conclusão da usina, mas apenas uma nova usina pode assegurar a sua permanência no Brasil. “A quarta usina é fundamental para manter o interesse [estrangeiro]. Temos grandes empresas nacionais com capacidade de fazer uma boa parte das coisas, mas ainda precisa das estrangeiras, não dá para fazer tudo sozinho”.

Ainda de acordo com Cunha, a demora do Ministério de Minas e Energia em definir os nomes que irão comandar as estatais ligadas à área nuclear traz insegurança. O governo ainda não decidiu os presidentes da EnBPar, INB, Nuclep e Eletronuclear. Segundo ele, há por parte do mercado a preocupação se tratativas e negociações estão sendo feitas com as pessoas certas. “Ninguém quer risco”, avisa. por outro lado, ele admite que as nomeações devem ser criteriosas, uma vez que Angra 3, por exemplo, é uma obra bilionária e envolve altos contratos.

A mão de obra foi outro ponto que Cunha abordou durante o evento. As próximas centrais nucleares irão demandar pessoal. Muitos profissionais estão se aposentando e com a demora na conclusão de Angra 3, a transferência de conhecimento pode ser afetada. Há lacunas na gestão e no canteiro de obras. Atualmente a UFRJ forma cerca de 30 engenheiros nucleares por ano. O último concurso da Amazul para engenheiros dessa área absorveu 15 graduados. (canalenergia)

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