segunda-feira, 24 de julho de 2023

Eletronuclear desenvolve projeto para obtenção de hidrogênio

Processo ocorre através da geração de hipoclorito de sódio. Estudos devem ser concluídos até o fim do semestre.

A Eletronuclear está desenvolvendo um projeto para produção de hidrogênio na central nuclear de Angra. O projeto visa reduzir os custos operacionais da estatal e transformar uma vila em um modelo de cidade net zero, onde as casas serão abastecidas com o hidrogênio produzido e a energia gerada por ele. De acordo com a empresa, a iniciativa também quer impulsionar a economia do hidrogênio nuclear no país, aproveitando a expertise da companhia como único operador nuclear do país. A expectativa é que os estudos sejam concluídos até o final de junho.

O processo de obtenção de hidrogênio nas usinas ocorre por meio da geração de hipoclorito de sódio. Há 25 anos, a Eletronuclear deixou de utilizar cloro gasoso como biocida na água do mar, que é utilizada para resfriar a usina pelo circuito terciário. Em seu lugar, foi implementado um sistema para produzir hipoclorito de forma interna, diretamente ligado ao sistema. A cada molécula de hipoclorito produzida, uma molécula de hidrogênio também é gerada. O hipoclorito é misturado com a água do circuito terciário e, em seguida, é separado em um tanque de separação. A água com o hipoclorito misturado é direcionada de volta ao circuito terciário, enquanto o hidrogênio é liberado para a atmosfera por meio de um ventilador presente no tanque. Assim, o hidrogênio é produzido de forma diluída.

De acordo com a Eletronuclear, o projeto possui vários diferenciais. Um deles é a localização estratégica das usinas nucleares, próximas aos centros de consumo. O custo do transporte do hidrogênio proveniente de fontes renováveis pode representar cerca de dois terços do seu custo total. Em escala maior, o transporte via gasoduto se torna ainda mais complicado, o que evidencia a vantagem competitiva do projeto do H2 nuclear. Outro diferencial apontado é o uso da eletrólise salina, que não causa impacto ambiental e não geram resíduos, uma vez que a água do mar é submetida a um processo e em seguida, devolvida ao mar. Segundo a Eletronuclear, o biocida presente nessa água é mínimo e é todo consumido pelos microrganismos assim que é liberado, resultando na sua transformação em água do mar novamente.

A iniciativa já teria atraído o interesse de vários players, tanto na área de H2 quanto no setor de energia. Uma das interessadas seriam Furnas, que quer discutir as possibilidades de participação, incluindo o teste e validação de tecnologias já desenvolvidas utilizando o hidrogênio produzido pela central.

A Eletronuclear considera que o processo possui características que tornam seu desenvolvimento exclusivo. Um menor número de etapas de produção e purificação resultam em um custo bastante competitivo para o hidrogênio. Embora ainda não exista um valor, a expectativa é que o custo seja altamente competitivo em comparação com outros projetos reais e os atores do mercado. A rapidez na implementação, com um tempo inferior a seis meses também é destacada como vantagem.

A eletrólise salina já é usada há muitos anos por empresas que geram hipoclorito de sódio, mas até então não havia registro do uso para produção de H2. A combinação de energia nuclear limpa e produção de hidrogênio por meio da eletrólise salina é considerada inovadora e segundo a estatal já foi citada no PNE 2050 e em um manual da Agência Internacional de Energia Atômica sobre o business case de projetos de hidrogênio nuclear. Caso a diretoria executiva decida implementar o projeto, será elaborado um projeto básico e parceria serão estabelecidas.

Em abril, o projeto foi visitado por uma comitiva do Reino Unido de 20 pessoas, que tinha entre os integrantes cônsul-geral do Reino Unido no Rio de Janeiro, Anjoum Noorani, e o presidente da Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil, Nick Burridge. Durante a visita, foram apresentadas as vantagens do energético produzido a partir da fonte nuclear, como a eletrólise da água do mar em vez de usar água doce. Segundo a coordenadora de P&D e Inovação da Eletronuclear, Karla Lepetitgaland, o H2 é produzido organicamente pelas usinas, de forma totalmente sustentável, o que faz a geradora, buscar formas de viabilizar o seu uso. (canalenergia)

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