De acordo com a quarta edição
anual da Global Electricity Review, publicada em 15/05/23, a energia eólica e a
solar reduziram a participação da energia a carvão nos países do G20 desde o
Acordo de Paris. O relatório foi produzido pelo think tank Ember. Apesar do
aumento na participação, a transformação ainda não está ocorrendo com rapidez
suficiente para a meta do Acordo de Paris de manter o aquecimento global bem
abaixo de 1,5°C. O Brasil tem a maior parcela de eletricidade limpa do G20. Em
2022, o país gerou 89% de sua eletricidade a partir de fontes limpas, o que
inclui 63% de energia hidrelétrica, 12% de energia eólica e 3% de energia
solar. Os combustíveis fósseis foram responsáveis por 11% da geração do Brasil
em 2022, sendo a maior parte deles gás (7%).
Os dados revelam que, nos
países do G20, as energias eólica e solar atingiram uma participação combinada
de 13% da eletricidade em 2022, em comparação com 5% em 2015, quando o Acordo
foi firmado. Nesse período, a participação da energia eólica dobrou e a
participação da energia solar quadruplicou. Como resultado, a energia a carvão
caiu de 43% da eletricidade do G20, em 2015, para 39%, em 2022. As
participações de outras fontes de eletricidade permaneceram praticamente
estáveis, com flutuações de apenas 1 a 2 pontos percentuais.
De acordo com Malgorzata Wiatros-Motyka, analista sênior da Ember, trocar a energia a carvão por eólica e solar é a coisa mais próxima que temos de uma bala de prata para o clima. Para ele, a energia solar e a eólica não apenas reduzem as emissões rapidamente, mas também diminuem os custos da eletricidade e reduzem a poluição prejudicial à saúde. No G20, o progresso em direção à energia eólica e solar é misto. Os líderes são a Alemanha (32%), o Reino Unido (29%) e a Austrália (25%). A Turquia, o Brasil, os EUA e a China têm se mantido consistentemente acima da média global.
Na parte inferior da lista estão a Rússia, a Indonésia e a Arábia Saudita, com quase zero de energia eólica e solar em seu mix. Treze países do G20 ainda terão mais da metade de sua eletricidade proveniente de combustíveis fósseis em 2022. A Arábia Saudita se destaca com quase 100% de sua eletricidade proveniente de petróleo e gás. A África do Sul (86%), a Indonésia (82%) e a Índia (77%) são os próximos países mais dependentes da geração fóssil — predominantemente carvão.
Entre as economias avançadas no G20, que deveriam ter como meta a eliminação progressiva do carvão até 2030, houve uma redução na geração de carvão de 42% em termos absolutos, de 2.624 TWh em 2015 para 1.855 TWh em 2022. Um declínio mais rápido na energia a carvão no G20 foi alcançado pelo Reino Unido, que reduziu sua geração de carvão em 93% desde a assinatura do acordo, caindo de 23% em 2015 para apenas 2% em 2022. A Itália reduziu pela metade sua energia a carvão no mesmo período, enquanto os EUA e Alemanha reduziram a energia a carvão em um terço. Até mesmo a Austrália, dependente do carvão, reduziu sua parcela de energia a carvão de 64% em 2015 para 47% em 2022. O Japão se destaca por ainda não ter reduzido sua parcela de energia a carvão, que continua sendo cerca de um terço de sua eletricidade.
O crescimento da geração eólica e solar tem sido um fator fundamental para o sucesso desses países da OCDE na redução da energia a carvão. O Reino Unido e a Alemanha têm as maiores participações de energia eólica, com 25% e 22% em 2022, enquanto a Austrália e o Japão estão no topo do G20 em termos de participação de energia solar, com 13% e 10% em 2022.
Embora a participação do G20
na geração de energia a carvão tenha diminuído desde o Acordo de Paris, a
geração absoluta de energia a carvão aumentou à medida que os países recorrem
ao carvão para atender à crescente demanda. Em 2015, os países do G20 geraram
8.565 TWh de eletricidade a carvão, aumentando em 11% para 9.475 TWh em 2022.
Esse aumento está concentrado
em apenas cinco países: China (+34%, +1374 TWh), Índia (+35%, +357 TWh),
Indonésia (+52%, +65 TWh), Rússia (+31%, +47 TWh) e Turquia (+50%, +37 TWh).
Entre esses países, China e Índia conseguiram reduzir a participação percentual
do carvão nesse período, pois se concentraram em aumentar a energia eólica e
solar para atender à crescente demanda.
A China gerou 70% de sua eletricidade a partir do carvão em 2015, reduzindo-a para 61% em 2022. A Índia obteve um declínio menor, de 76% da eletricidade gerada por carvão em 2015 para 74% em 2022. No entanto, a Indonésia, a Rússia e a Turquia viram sua parcela de energia a carvão aumentar. Há sinais de que esses países estão se aproximando do “pico” de emissões de carvão, pois a energia limpa está perto de crescer com rapidez suficiente para atender a todo o crescimento da demanda.
Na China, as energias eólica e solar atenderam a 69% do crescimento da demanda de eletricidade em 2022, enquanto todas as fontes limpas atenderam a 77%. Mais da metade do aumento da demanda de eletricidade na Ásia (52%) foi atendida com eletricidade limpa entre 2015 e 2022 — o dobro dos 26% alcançados nos sete anos anteriores. O pico das emissões é o primeiro passo; a rapidez com que a redução gradual dos combustíveis fósseis ocorrerá dependerá das ações tomadas pelos governos para acelerar a implantação de energia eólica e solar. (canalenergia)
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