O
mundo passa por uma crise climática que representa uma ameaça existencial à
civilização humana. Os últimos 10 anos foram os mais quentes do Holoceno
(últimos 12 mil anos) e os últimos 2 anos só encontram correspondência nas
temperaturas de 120 mil anos atrás. Em 2024, a anomalia da temperatura superou
1,5ºC, limite mínimo do Acordo de Paris.
Mitigar
o aquecimento global exige corte nas emissões de gases de efeito estufa e
avanço da transição energética para descarbonizar a economia. O relatório
“Panorama do Mercado Global de Energia Solar 2025-2029” apresenta um cenário
positivo do avanço da energia solar, embora o montante produzido ainda seja
insuficiente para deter o avanço do efeito estufa.
Segundo
o relatório, o ano de 2024 foi um verdadeiro marco para a energia solar. As
instalações solares globais atingiram quase 600 gigawatt (GW), sendo que 1 GW
contém 1 bilhão de watts. Este foi um impressionante aumento de 33% em relação
ao ano anterior – estabelecendo mais um recorde histórico. A energia solar foi
responsável por 81% de toda a nova capacidade de energia renovável adicionada
em todo o mundo.
Embora
continue sendo uma contribuição modesta para a geração total de eletricidade
por enquanto, a participação da energia solar aumentou para 7% em 2024 – quase
dobrando em apenas três anos.
A
energia solar apresentou o crescimento mais rápido entre todas as tecnologias
de geração de energia em termos de produção de eletricidade, três vezes mais
que a energia eólica, que ficou em segundo lugar.
Como
se não bastasse, a capacidade solar instalada global ultrapassou 2 Terawatt –
TW em 2024 (1 terawatt corresponde a um trilhão de watts). O mundo levou quase
70 anos para atingir o primeiro terawatt, mas apenas mais dois para dobrá-lo.
Esse
progresso foi impulsionado por rápidos avanços tecnológicos que reduziram
significativamente os custos, pela versatilidade incomparável da energia solar
– desde pequenos sistemas plug-in ou em telhados até instalações em larga
escala – e por preços historicamente baixos, impulsionados pelo excesso de
capacidade de produção global. Como resultado, a energia solar está cada vez
mais superando outras tecnologias de geração de energia em todos os aspectos.
O gráfico abaixo mostra que as instalações globais de energia solar
fotovoltaica atingiram 597 GW – um aumento de 33% em relação a 2023, um
montante de 148 GW. Embora a taxa de crescimento anual tenha desacelerado em
comparação com o aumento excepcional de 85% em 2023, ainda foi substancial o
suficiente para reforçar o domínio da energia solar na expansão global de
energia renovável.
Diversos
fatores contribuíram para esse impulso sustentado. As melhorias tecnológicas
que transformaram a energia solar versátil na tecnologia de geração de energia
de menor custo em muitos lugares do mundo, juntamente com os preços recordes
dos componentes solares – em grande parte devido ao significativo excesso de
capacidade de fabricação ao longo da cadeia de valor da energia solar –
tornaram os produtos solares mais acessíveis do que nunca.
Ao
mesmo tempo, a energia solar fotovoltaica está sendo cada vez mais reconhecida
como uma tecnologia fundamental nas estratégias climáticas, políticas e de
segurança energética em todo o mundo. A região da Ásia-Pacífico permaneceu como
líder regional indiscutível, respondendo por 70% das adições de capacidade
global e um crescimento anual de 37%. A China é o grande destaque, respondendo
por mais da metade das novas instalações de energia solar e foram 20 usinas de
Itaipu somente em 2024.
Pela
primeira vez, um aumento na produção de energia renovável em 2025 na China
levou a uma queda nas emissões de carbono do país, apesar do rápido aumento da
demanda por energia. O crescimento da geração de energia limpa ultrapassou o
crescimento médio atual e de longo prazo da demanda por eletricidade, reduzindo
o uso de combustíveis fósseis. O decrescimento populacional e a transição
energética estão contribuindo para o início da descarbonização na China. O
tarifaço tresloucado de Donald Trump não parece capaz de evitar a dominância
chinesa.
O sol e o vento são recursos naturais abundantes e renováveis, mas, indubitavelmente, não podem fazer milagres e nem evitar o imperativo do metabolismo entrópico, como ensina a escola da economia ecológica. A COP30, de Belém, deveria ter como uma das tarefas centrais impulsionar a transição energética.
Energia solar é a fonte energética que mais cresce no mundo
A
humanidade já ultrapassou a capacidade de carga do Planeta e o avanço da
energia solar deve vir acompanhado do planejamento do decrescimento demoeconômico,
promovendo a redução da pegada ecológica e aumentando os investimentos na
restauração ecológica. (ecodebate)
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