terça-feira, 10 de agosto de 2010

Desperdício de gás aumenta 53%

Perda nas plataformas equivale ao consumo do Estado do Rio.
A queima ou perda de gás nas plataformas de petróleo da Petrobrás aumentou 53,5% no primeiro trimestre de 2009, atingindo o recorde de 10,1 milhões de m³ por dia em março. O volume equivale ao consumo do Estado do Rio. O problema é fruto do crescimento da produção de petróleo na Bacia de Campos, sem mercado equivalente para o gás que sai dos poços associado ao óleo. Além do prejuízo financeiro, a queima de gás provoca emissão de gases do efeito estufa.
Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), as plataformas de petróleo brasileiras queimaram ou perderam 730,9 milhões de m³ nos três primeiros meses de 2009, o que representa um crescimento de 53,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O volume é equivalente a uma média de 8,1 milhões de m³ por dia. Em março, houve grande aumento da média, que atingiu 10,1 milhões de m³ por dia.
A Petrobrás diz que o aumento da queima é pontual, pois reflete a entrada em operação de três novas plataformas de petróleo (P-51, P-53 e Cidade de Niterói), que ainda não estavam conectadas a sistemas de escoamento do gás. Segundo a empresa, o volume diminuiu em abril/2010, com a conexão da P-53 a um gasoduto. As outras duas unidades devem começar a escoar gás a partir de julho.
A queima de gás causa prejuízos para a empresa, que tem de pagar royalties sobre o combustível desperdiçado. Além disso, é motivo de preocupação ambiental, o Banco Mundial tem um grupo que estuda maneiras de atenuar a emissão de gás carbônico pelos queimadores de gás natural das plataformas. O Brasil figura no segundo escalão entre os países mais poluidores nesse sentido, lista encabeçada por grandes produtores, como a Rússia.
Com base em dados de 2007, quando as queimas no Brasil situavam-se em torno dos 5,5 milhões de m³ por dia, a entidade estima que as plataformas brasileiras contribuam com emissão de volumes entre 4 e 7 milhões de toneladas de gás carbônico por dia - o dado varia de acordo com o ritmo de queima de gás. A Petrobrás diz que "continua buscando novas soluções para aproveitar ainda mais o gás produzido".
No primeiro trimestre, menos da metade dos 5,02 bilhões de m³ de gás produzidos pela empresa chegaram ao mercado consumidor. Além das queimas, parte do gás é consumido nas unidades da companhia e outra parte, reinjetado nos reservatórios. O volume de produção, porém, caiu 2% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A diretora de Gás e Energia da Petrobrás, Graça Foster, disse que há hoje uma oferta excedente de 20 milhões de m³ por dia. Na tentativa de encontrar consumidores, a companhia realiza leilões para entrega de gás em contratos de curto prazo, mas a procura é pequena. Um alívio, porém, foi provocado pela seca no Sul do País, que levou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a religar as térmicas a gás das Regiões Sul e Sudeste.

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