quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Energia solar em "Minha Casa, Minha Vida"

Projeto para equipar imóveis do ‘Minha Casa, Minha Vida’ com energia solar fracassa.
A prometida expansão da energia solar vai ficar de herança para o próximo governo. Apesar de figurar entre as prioridades de políticas públicas e fazer parte do plano de eficiência energética, o projeto de aquecimento solar não vingou. O exemplo mais evidente é o programa “Minha Casa, Minha Vida”.
Em abril de 2009, quando o governo lançou o programa habitacional para a construção de 1 milhão de casas populares, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) previu que pelo menos metade das unidades erguidas seriam equipadas com um sistema de energia para aquecimento de água, o que dispensaria o uso de chuveiros elétricos.
Os benefícios da investida ambiental chegaram a ser calculados. Com 500 mil casas plugadas na energia solar até o fim deste ano, o país deixaria de emitir 830 mil toneladas de CO2. As economias com investimentos em geração, transmissão e distribuição de energia chegariam a R$ 1,6 bilhão. Reportagem de André Borges, no Valor Econômico.
A realidade é que o programa não avançou nas demandas projetadas, diz José Ronaldo Kulb, presidente do departamento de aquecimento solar da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava). “A Caixa contratou neste ano apenas um piloto de 40 mil unidades, que está em fase de implementação para análise”, disse.
No início do mês, o Minha Casa, Minha Vida atingiu a marca de 637 mil residências com contratos já assinados para construção. No entanto, de acordo com a Caixa – que financia a compra dos equipamentos para as construtoras -, só 25,4 mil casas tiveram aquecedores solares instalados.
Por meio da assessoria de comunicação, a Caixa informou que essa primeira remessa de instalação refere-se à taxa de 10% das casas destinadas a famílias com renda de até três salários mínimos, o que corresponde a 40 mil instalações. “A avaliação é de que a meta de 40 mil sistemas de aquecimento solar de água será atingida”, informou.
O desinteresse pelo projeto energético, segundo o Ministério do Meio Ambiente, ocorreu porque faltou estímulo para a adoção do sistema. “O que aconteceu é que a entrada no projeto era voluntária. Como as empresas não eram obrigadas a construir casas com aquecedor, acabaram deixando a iniciativa de lado”, diz Ana Dolabella, diretora de licenciamento e avaliação ambiental do MMA.
Outro problema enfrentado foi a falta de disponibilidade de mão de obra técnica. “As empresas e o mercado de trabalho não estavam preparados para atender a demanda e também faltou conhecimento sobre os equipamentos certificados”, comenta Ana.
Os fornecedores do setor, que a princípio viram na iniciativa uma possibilidade de os negócios finalmente decolarem, estão frustrados com o fracasso do projeto. Segundo dados da Abrava, a indústria de aquecimento solar conta com cerca de 200 empresas no país e está capacitada para atender a demanda.
“Hoje a maioria dessas empresas está com uma capacidade ociosa de mais de 30%, trabalhando em apenas um turno. Portanto a indústria não é gargalo para o crescimento do setor”, diz José Ronaldo Kulb, da Abrava.
Na prática, o uso de sistemas de aquecimento solar ainda é privilégio dos mais ricos, como apontam pesquisas do setor. Nos últimos cinco anos, a indústria de aquecimento solar cresceu a taxas anuais de 15%, mas quase metade do que hoje está instalado é usado para aquecer piscinas.
“O governo não assumiu as energias renováveis da forma como esperávamos”, comenta Ruberval Baldini, presidente da Associação Brasileira de Energias Renováveis e Meio Ambiente (Abeama). “A energia solar não faz parte do plano de energias alternativas, ao contrário do que vemos em países como Alemanha e Espanha.”
Para tentar resolver a situação e destravar de vez o setor, o governo decidiu mudar as regras do Minha Casa, Minha Vida a partir das metas estipuladas para o Programa de Aceleração do Crescimento.
Entre 2011 e 2014, está prevista a construção de mais 2 milhões de moradias no país. Todas elas, segundo o programa, serão obrigatoriamente construídas com o sistema de aquecimento por energia solar. O Ministério das Cidades, que lidera o projeto, ainda está finalizando estudo sobre o que será feito.
A ideia é se concentrar nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que são os maiores consumidores de energia elétrica para aquecimento de água. Dessa vez, no entanto, o governo decidiu trocar o sistema de aquecimento anterior por um que utiliza um chuveiro híbrido, de energia solar e elétrica.
O custo do equipamento, diz Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), é estimado em R$ 1,7 mil. Ou seja, até 2014 seriam necessários R$ 3,4 bilhões para equipar as 2 milhões casas do PAC habitacional. Parte desse investimento já está garantido.
Com o uso de R$ 442 milhões do Programa de Eficiência Energética – que coleta no mínimo 0,5% da receita operacional líquida das distribuidoras de energia – a meta é instalar o chuveiro híbrido em 260 mil residências já construídas na primeira fase do Minha Casa Minha Vida.
“Tudo vai ser feito sem ônus para o consumidor. A parcela da casa vai aumentar, mas o recurso sairá do orçamento da União”, diz Tolmasquim. “Além disso, a tendência é que o preço do chuveiro caia muito devido ao volume que será instalado.”
O PAC 2 prevê uma linha de crédito de R$ 680 milhões da Caixa para financiar a adoção do chuveiro híbrido e mais R$ 1,1 bilhão do governo federal. Com a indústria do chuveiro híbrido, a EPE estima que serão gerados 85 mil empregos diretos e indiretos no setor. Para o consumidor de baixa renda, estima-se uma economia de 40% na conta de luz, algo em torno de R$ 16 por mês.
Para Ruberval Baldini, da Abeama, o chuveiro híbrido não é suficiente. “Os países que fizeram a energia solar acontecer fizeram isso com decisão política”.
Ceará recebe primeira fábrica de placas
A cidade de Horizonte, a 40 km de Fortaleza, no Ceará, vai abrigar a primeira fábrica de produção de placas fotovoltaicas do país. Após um ano de negociações e espera pelo licenciamento ambiental, foi concedida a licença prévia pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) para início das obras da Energia Solar Brasileira (Esbra).
A empresa, cujo custo total estimado é de aproximadamente R$ 70 milhões, tem como sócios os investidores Nelson Estevan Seidl, brasileiro que vive nos Estados Unidos, e José Almeida Júnior, baseado no Ceará. A fase inicial do projeto prevê investimentos de R$ 13 milhões, segundo Aécio Gonçalves, diretor da Pentagonal Consultoria e Investimentos, empresa que assessora o projeto. Parte do investimento será feito por meio de financiamento com o Banco do Nordeste.
A contrapartida do governo e da prefeitura de Horizonte, segundo a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará para Energias Renováveis (Adece), foi a doação do terreno, além de incentivos fiscais e qualificação da mão de obra. Inicialmente, a Esbra vai apenas montar os painéis solares, importando boa parte dos componentes.
A segunda etapa consiste na fabricação de boa parte dos componentes. A ideia é que a companhia detenha a tecnologia necessária para fazer a extração do silício para a fabricação das células dos painéis. A fábrica deve funcionar em 2011.
A fabricação local de painéis fotovoltaicos pode facilitar a vida de quem tenha planos para montar usinas solares no país. A MPX Energia, empreendimento do empresário Eike Batista, buscou tecnologia importada para iniciar as operações daquela que será a primeira usina de geração comercial de energia solar do país.
Os 4,4 mil painéis fotovoltaicos comprados pela MPX são fabricados pela chinesa Yingli. Ao contrário do que acontece no setor de energia solar térmica, com cerca de 200 fabricantes no país, a indústria de equipamentos fotovoltaicos, usados para geração de energia elétrica, é incipiente. Fora do país, a MPX analisou a tecnologia de oito fornecedores. “Além da qualidade, os chineses foram imbatíveis no preço”, comenta Lucio Coelho, gerente de implantação de empreendimentos da MPX.
Nesta semana, a MPX iniciou as obras de terraplenagem na área de 12 mil metros quadrados onde será montada a MPX Tauá, também no Ceará. O projeto de R$ 10 milhões terá capacidade inicial de geração de 1 megawatt (MW), suficiente para suprir de energia 1,5 mil casas. A usina já conseguiu licença ambiental da Semace e autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para gerar 5 MW. A distribuição de energia está prevista para março de 2011.
Há uma expectativa de que o governo cearense faça uma chamada pública ainda neste ano para compra de energia solar, afirma Coelho. Sem apoio público, a conta das usinas solares ainda não fecha. Apesar de ser uma das fontes alternativas mais limpas, sua produção ainda custa caro. Enquanto o megawatt/hora de uma hidrelétrica custa cerca de R$ 100, a solar é negociada por cerca de R$ 600.
Cidadão não pode vender excedente
Um dia, no futuro, qualquer cidadão brasileiro que tiver um sistema de energia solar em sua casa poderá vender o excedente do que gerar para a distribuidora de energia de sua cidade. E será bem pago por isso. Em países como Espanha e Alemanha, essa ideia já é uma realidade. Em muitas cidades da Europa, milhares de pessoas são, simultaneamente, consumidores e geradores de energia.
No Brasil, comenta Ruberval Baldini, presidente da Associação Brasileira de Energias Renováveis e Meio Ambiente (Abeama), a legislação permite que o cidadão gere a própria energia, mas não que a venda para outros. “É mais um exemplo da falta de um marco regulatório para o setor”, diz Baldini.
Para Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), já passou da hora de o assunto ser colocado em pauta no Brasil. “Temos de acompanhar o que está acontecendo em outros países. Já passou da hora de o Brasil discutir o tema da energia solar com mais atenção”, argumentou.
O mercado de aquecimento solar no Brasil acumula hoje uma área superior a 5 milhões de metros quadrados de coletores instalados, segundo o Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol). Cada metro quadrado de coletor instalado, utilizado durante um ano, equivale a 215 quilos de lenha, 66 litros de diesel ou 55 quilos de gás.
Em média, o retorno do investimento feito em um sistema solar leva até 24 meses, mas este prazo tende a diminuir com a queda de preço dos equipamentos. A economia na conta de energia elétrica pode chegar a até 50%, segundo cálculos do setor. No Brasil, o uso da energia solar ainda é muito restrito a residências e pequenos empreendimentos turísticos. (EcoDebate)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

China vai fechar 2 mil fábricas obsoletas

Medida é passo importante para cumprir metas de eficiência energética, dizem analistas.
Em meados do primeiro semestre, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, prometeu usar uma mão de ferro para melhorar a eficiência do consumo energético de seu país, e um número de empresas cada vez maior está descobrindo que esta mão de ferro mais parece um punho fechado.
Na noite de domingo, o Ministério da Indústria e da Tecnologia da Informação publicou discretamente uma lista de 2.087 siderúrgicas, fábricas de cimento e outras indústrias de alto consumo energético cujo fechamento foi marcado para 30 de setembro.
Analistas do setor de energia descreveram a medida como um passo importante no cumprimento das metas de eficiência energética do país, mas que não é suficiente, por si mesmo, para cumpri-la.
Ao longo dos anos, funcionários dos governos provinciais e municipais procuram ocasionalmente deter as tentativas de Pequim de fechar fábricas antigas e obsoletas localizadas dentro de sua jurisdição. Em especial, estes funcionários tentaram proteger instalações siderúrgicas antigas e outras operações industriais pesadas que costumam empregar milhares de funcionários e que chegaram a oferecer aos trabalhadores edifícios residenciais, instalações esportivas e outros benefícios desde as décadas de 1950 e 1960.
Desta vez, para evitar este tipo de obstrução local, o ministério disse em pronunciamento publicado na sua página da rede que as fábricas na lista seriam impedidas de obter empréstimos bancários, crédito à exportação, licenças de funcionamento e terras. O ministério alertou até que o fornecimento de eletricidade a estas fábricas seria cortado, se necessário.
Produção
O objetivo do fechamento das fábricas é "melhorar a estrutura de produção e elevar nosso padrão de capacidade técnica e de competitividade internacional, além de promover uma transformação na indústria, que deixará de ser caracterizada por suas grandes dimensões e passará a ser conhecida pela força", disse o ministério.
O anúncio foi a mais recente de uma série de medidas anunciadas pelos chineses para aumentar a eficiência energética. A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, mais poderosa dentre as agências de planejamento econômico do governo, anunciou na última sexta-feira que obrigou 22 províncias a encerrar a prática de fornecer energia a preços promocionais para indústrias de alto consumo de eletricidade, como a produção de alumínio.
O plano quinquenal chinês atual requer um consumo de energia 20% menor para cada unidade de produção econômica em relação ao consumo registrado em 2005. Mas uma alta na produção da indústria pesada observada desde o fim do ano passado levou ao questionamento da capacidade chinesa de cumprir a meta proposta.
O sucesso ou fracasso da campanha chinesa por uma maior eficiência no consumo de energia é acompanhado atentamente não apenas pelos economistas, que citam a campanha como um dos motivos que levaram o crescimento chinês a desacelerar um pouco nos últimos meses, mas também pelos cientistas climáticos.
O consumo de energia na China aumentou tão rapidamente no começo do ano que produziu a maior alta individual de todos os tempos na emissão de gases estufa por um único país. As geradoras de eletricidade queimaram mais carvão para produzir eletricidade suficiente para atender à demanda.
Conforme a China se torna mais dependente das importações de petróleo e carvão, os principais nomes responsáveis pela segurança nacional do país são vistos cada vez mais envolvidos nas políticas de energia e nas questões de segurança energética, entre elas os esforços para aumentar a eficiência do consumo.
Consumo
A eficiência no consumo de energia apresentou melhora de 14,4% nos primeiros quatro anos do plano atual, mas piorou 3,6% no primeiro trimestre deste ano, de acordo com estatísticas oficiais. Wen respondeu com a convocação de uma reunião especial do gabinete em maio para debater a situação.
A eficiência no consumo de energia piorou apenas 0,09% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2009, de acordo com estatísticas divulgadas na semana passada. Analistas do setor energético disseram que tais números indicam uma melhoria na eficiência correspondente ao segundo trimestre, que quase compensou a deterioração verificada no primeiro trimestre, apesar de o governo não ter divulgado números específicos para o período de abril a junho.
Zhou Xizhou, sócio diretor da IHS Cambridge Energy Research Associates, em Pequim, disse que a nova lista de fábricas a serem fechadas publicada pelo ministério era uma medida forte para promover melhorias na eficiência. Mas acrescentou que a meta chinesa de obter até o fim deste ano uma melhoria da ordem de 20% em relação a 2005 "ainda é um desafio muito exigente para o prazo estipulado".
Em seu pronunciamento, o ministério disse que as fábricas ameaçadas de fechamento incluiriam 762 produtoras de cimento, 279 produtoras de papel, 175 siderúrgicas e 84 instalações de processamento de couro.
O ministério não divulgou números relativos ao porcentual de capacidade que seria fechado em cada setor industrial. Também não foi divulgada uma estimativa de quantos trabalhadores seriam afetados.
Hoje em dia, fechar fábricas é mais palatável do que antes porque uma escassez de mão de obra nas cidades tornou a oferta de emprego mais fácil para os trabalhadores, principalmente os mais jovens.
A lista de siderúrgicas que serão fechadas pareceu enfatizar as indústrias menores e mais antigas que produzem aço considerado inferior. Edward Meng, diretor-financeiro da China Gerui Advanced Materials, empresa de processamento de aço na província de Hebei, no centro da China, disse que o fechamento de tais instalações condizia com a meta mais ampla do governo de consolidar o setor siderúrgico e obrigar os produtores de aço a fabricar tipos mais sofisticados desta liga metálica.
Ultrapassagem
Em Paris, a Agência Internacional de Energia anunciou que, no ano passado, a China ultrapassou os Estados Unidos como maior consumidor mundial de energia.
A China se tornou o principal emissor de gases estufa em 2006. Este marco foi atingido antes por causa da grande dependência da China em relação ao carvão, um combustível fóssil especialmente sujo em termos de emissão de gases que contribuem para a mudança climática.
Além da meta de melhorar a eficiência do consumo energético no planejamento quinquenal atual, um plano anunciado no ano passado pelo presidente Hu Jintao pedia à China que reduzisse em 40% ou 45% suas emissões de carbono até 2020 em relação aos níveis de 2005. As emissões de carbono de cada país são um critério para medir as emissões de gases estufa produzidos pelo homem, como o dióxido de carbono.
Mesmo se a China cumprir a meta de eficiência energética neste ano e sua meta de emissões de carbono até 2020, o volume total de emissões de carbono do país ainda deve aumentar muito na próxima década, de acordo com as previsões da Agência Internacional de Energia. Isto se deve a fatores como o rápido crescimento da economia chinesa, o crescente número de proprietários de automóveis e a presença cada vez maior de eletrodomésticos nos lares chineses.
Na mira
2.087 é o total de siderúrgicas, fábricas de cimento e outras indústrias de alto consumo energético que constam da lista preparada pelo Ministério da Indústria e da Tecnologia da Informação para serem fechadas no dia 30 de setembro.
14,4% é o índice de melhora na eficiência no consumo de energia obtido nos quatro primeiros anos do plano atual do governo. (OESP)

domingo, 26 de setembro de 2010

Impactos de hidrelétricas

Usina Hidrelétrica de Barra Bonita
A matriz energética brasileira está muito desenvolvida sobre usinas hidrelétricas. Embora consideradas como energia limpa em relação às termelétricas que emitem muitos gases de efeito estufa, estudos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), relatadas pelo biólogo Alexandre Kamenes, indicam que medições de emissões de gases em usinas hidrelétricas podem ser muito elevadas, citando o exemplo de Balbina no rio Uatumã.
Imdos lagos, de forma que em temperaturas distintas, cada estrato possui diferentes concentrações de gases, entre eles o oxigênio.
No fundo do lago, todo o oxigênio tende a ser consumido pelas atividades biológicas, mas não é reposto, formando um estrato sem oxigênio. Além disso há grande quantidade de matéria orgânica deixada pelo não-desmatamento da antiga florestas existentes nas áreas dos lagos.
A soma desses fatores favorece a ação metabólica de bactérias anaeróbicas, que produzirão altas taxas de metano e dióxido de carbono. Estes são 2 dos principais gases de efeito estufa.
Mas os impactos das hidrelétricas começam muito antes. Nossas hidrelétricas tendem a ser de porte médio ou grande, porque existe toda uma estrutura de engenharia que depende do porte da hidrelétrica para garantir sustentabilidade econômica.
Os rios podem ter vales em “V” nas nascentes, e ter vales mais abertos nas fases mais maduras e senis de seus leitos de rio. A maioria das hidrelétricas brasileiras está em posição geográfica de fases maduras ou de senilidade de rios, ganhando assim maior porte.
Isto gera grandes áreas de inundação dos lagos de acumulação de água, altera significativamente a sobrevivência da fauna na região, interfere nas condições de desenvolvimento da flora, produz grande quantidade de deslocamentos de populações e famílias que precisam ser retirados das áreas de inundação dos lagos de acumulação de água antes da formação dos mesmos.
O impacto ambiental sobre o meio antrópico, ou seja sobre as populações é enorme, e muitas vezes as indenizações das áreas alagadas estão muito distantes de cobrir os transtornos gerados.
Poderia se argumentar que este é o preço do progresso, mas podemos dizer que existem outros modelos para suprir as necessidades energéticas sem este impacto ambiental.
Além disso, o modelo de grandes hidrelétricas tende a formar lagos de acumulação muito profundos onde ocorre o fenômeno de siltagem, ou acumulação das partículas de solo finas (siltes e argilas) presentes na água dos rios e que decantam quando a água fica parada. Isto faz com que se produzam grandes perdas no espaço volumétrico de acumulação de água para futura geração de energia nos lagos de acumulação.
A cada apagão e a cada novo drama existencial fica a constatação de que é preciso conceber um sistema energético mais compatibilizado com as vocações do país e que cause menores impactos ambientas. (EcoDebate)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Política energética e a mudança climática

Mudança climática, política energética e fontes renováveis.
Cada vez mais a sociedade mundial toma consciência dos impactos que vem ocorrendo com as mudanças climáticas devido ao aumento das emissões de dióxido de carbono e de outros gases, principalmente pelo uso dos combustíveis fósseis: petróleo, carvão mineral e gás natural. A concentração de CO2 já está em 389 ppm (partes por milhão), com um aumento médio de 2 ppm por ano, ou seja, já estamos quase em 400 ppm, apontado como nível temerário em artigo publicado pela Revista Science em 2008.
Existe uma corrente minoritária que ainda defende a tese de que o aquecimento global é fruto de um periódico aquecimento de nosso planeta resultante de influências externas como o ciclo solar, alterações na posição da órbita terrestre e, em conseqüência, da distância da terra em relação ao Sol e de impactos de meteoritos. Recentemente mudou de lado, a maior expressão daqueles que não aceitavam a existência da participação humana no aquecimento global, e que desprezavam as recomendações do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), o professor dinamarquês Bjorn Lomborg, autor do livro “O Ambientalista Cético”.
Vários países, em particular o maior emissor de CO2 do mundo, os Estados Unidos, tem implantado em alguns estados, regras rígidas para aumentar a fatia de energias renováveis e alternativas para a produção de eletricidade no país, além de ampliar os programas de conservação e eficientização na produção e no consumo de energia.
Na Austrália, maior exportador mundial de carvão mineral, o ministro de Mudanças Climáticas, anunciou recentemente três prioridades para a sua pasta: energias renováveis, eficiência energética e a introdução de um preço sobre as emissões de dióxido de carbono. Na Europa, cada vez mais se tem expandido a oferta de eletricidade com o estímulo e apoio a energia eólica e solar (térmica e fotovoltaica).
Em 2020, a China espera aumentar 15% a sua dependência de energia solar e eólica. Em resposta a este objetivo, no ano passado, o governo chinês lançou uma campanha para apoiar estas tecnologias. O futuro das alterações climáticas assenta, em grande medida, na capacidade da China para liderar o mundo para as energias renováveis.
Não há solução rápida ou simples para a mudança climática. Seus desafios exigem uma variedade de estratégias e ações nos níveis local, regional e mundial. A redução substantiva das emissões de gases de efeito estufa é a prioridade imediata, ou seja, a redução no consumo dos combustíveis fósseis. Felizmente, ferramentas para alcançar isto já estão disponíveis àqueles que fazem as políticas, ao setor privado e ao público. Verifica-se que vários países estão fazendo o seu papel no combate as mudanças climáticas obtendo uma melhoria da competitividade das energias renovável em relação às fósseis, e dada ênfase para a conservação e a eficiência energética.
Lamentavelmente em nosso país (ranqueado entre os 5 maiores emissores mundiais de CO2) o planejamento energético governamental até 2030 aponta na contramão do combate às mudanças climáticas, prevendo a construção de mega-hidrelétricas na região norte, a construção de novas usinas nucleares, e a expansão de termelétricas movidas com combustíveis fósseis.
O aumento da participação na matriz energética das fontes renováveis como a energia eólica, a energia solar (térmica e fotovoltaica), as termelétricas a biomassa, e a energia dos oceanos, é relegado a mero exercício de retórica. Sem falar nos programas de conservação e eficientização energética que não recebem o apoio necessário, e, portanto, apresentam resultados pífios.
A expansão da oferta de energia é dirigida principalmente para um segmento do setor industrial (que consome 40% de toda energia consumida no país), as indústrias eletro-intensivas de cimento, ferro-gusa e aço, ferro-ligas, não-ferrosos e outros da metalurgia, química, papel e celulose. Trata-se de setores produtivos que se caracterizam por consumir uma quantidade muito grande de energia elétrica por unidade de produção, e que tem sido mais beneficiado, principalmente pelo baixo preço da energia.
Os interesses em jogo estão relacionados à questão econômica, aos interesses bastardos de grupos sociais que pretendem manter seus privilégios num mundo que já está vivendo seu limite de crescimento. Sem nenhuma dúvida podemos afirmar que a falta de decisão política tem freado o desenvolvimento e a implantação significativa das fontes energéticas renováveis em nosso país, particularmente da energia solar e eólica.
Ao rechaçar a atual política energética devemos construir uma nova política que resgate o interesse público, e que acabe com a falta de transparência, democratizando as decisões sobre as escolhas das opções energéticas para o país. (EcoDebate)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Consumo de energia: projeção para cima

O crescimento da economia fez com que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) revisse suas projeções de crescimento de consumo de energia para este ano, que estava previsto em 7,2%, para 7,7%. “A economia está crescendo um pouco mais do que imaginávamos, então acabamos aumentando um pouco a projeção”, explica o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim.
Segundo ele, a perspectiva para os próximos anos é que o crescimento do consumo de energia acompanhe o crescimento da economia, que deve ficar em torno de 5% ao ano. Mas Tolmasquim garante que, mesmo que a economia cresça até 7,5% ao ano, o país tem como garantir a energia necessária.
“Se a economia crescer 5% ao ano até 2014, teríamos um excedente de cerca de 5,8 mil megawatts médios, ou seja, um excedente que dá conta de cerca de um ano e meio a mais de crescimento. Com a oferta que tem, poderíamos ter um crescimento da economia até 2014 de até 7,5% ao ano, ou seja, a energia não é um gargalo para que a economia tenha um crescimento mais elevado”, avalia.
Esta semana, a EPE divulgou em sua resenha mensal que o consumo total de energia elétrica do país cresceu 11,1% em junho, em relação ao mesmo mês de 2009. Enquanto a indústria está recuperando os índices de consumo que vinha estabelecendo antes da crise econômica, as residências e o comércio não chegaram a ver seus consumos caírem no ano passado, e apresentam uma curva crescente de consumo.
“No ano passado esses setores não caíram por causa de programas de transferência de renda e do aumento salário mínimo, que fez com que houvesse uma mudança na estrutura de renda, surgindo uma nova classe média”, diz Tolmasquim. A redução de impostos sobre eletrodomésticos também contribuiu para o aumento no consumo de energia residencial e comercial.
A Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 já estão nos planos de expansão de energia do governo, segundo Tolmasquim. “Estamos bastante tranquilos com a oferta, houve muitas contratações e tem muitas obras entrando. Não há problema nem no que diz respeito a geração nem a transmissão, porque houve investimentos maciços”. (ambienteenergia)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sustentabilidade ambiental dos biocombustíveis

Sustentabilidade ambiental dos biocombustíveis: Os caminhos do etanol.
Autor da dissertação Sustentabilidade Ambiental do Etanol no Estado de São Paulo, Antonio Juliani concedeu, por email, a entrevista a seguir à IHU On-Line onde fala de sua pesquisa e nos dá um panorama da produção de etanol na região analisada. “O que me motivou também foi a necessidade de estudos científicos sobre o tema da sustentabilidade ambiental dos biocombustíveis no Brasil. Tanto o etanol quanto o biodiesel estão carentes de pesquisas que investiguem a sustentabilidade de suas cadeias produtivas”, explica Juliani.
Antonio Juliani é analista de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). É pesquisador do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da Universidade de Brasília.
IHU On-Line – Qual foi a sua motivação para pesquisar o tema do etanol?
Antonio Juliani – Foram várias as motivações que me fizeram elaborar essa pesquisa. A primeira dela está relacionada com minha origem. Sou de Santa Rita do Passa Quatro, interior do estado de São Paulo que está localizada na região central do estado que se dedica à cultura da cana- de- açucar há muito tempo. Cresci muito próximo dos canaviais, meus amigos na escola moravam nas usinas de cana-de-açúcar e minha família trabalhou, durante certo tempo, na década de 1970, para os usineiros da região.
Outra motivação está relacionada com o fato de ser Analista de Comércio Exterior, lotado na Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e poder participar na condição de representante do MDIC, em reuniões no Ministério das Relações Exteriores (MRE). O assunto principal trabalhado dizia respeito às exigências de cunho ambiental que estão sendo feitas por mercados mais exigentes do mundo para provar a sustentabilidade da produção do etanol no Brasil para que esse biocombustível possa ser exportado para mercados como União Européia e Estados Unidos, dentre outros.
Por fim, o que me motivou também foi a necessidade de estudos científicos sobre o tema da sustentabilidade ambiental dos biocombustíveis no Brasil. Tanto o etanol quanto o biodiesel estão carentes de pesquisas que investiguem a sustentabilidade de suas cadeias produtivas.
IHU On-Line – A sua pesquisa constatou que os municípios produtores de etanol no estado de São Paulo não praticam um tipo sustentável de lavoura e nem conseguiram melhorar seu desenvolvimento socioeconômico. O senhor pode detalhar essas conclusões?
Antonio Juliani – A pesquisa foi feita levando-se em consideração os 306 municípios paulistas que estão envolvidos com a produção do etanol e que possuem plantações de cana-de-açúcar acima de cinco mil hectares. Ressalto que o número total de municípios do estado de São Paulo é de 645.
Não utilizei em meus estudos a informação relacionada com a existência nesses municípios de usinas, de destilarias. Dessa forma, pode ser que um determinado município tenha plantações de cana-de-açúcar, mas não seja necessariamente, produtor de etanol, por não possuir em seu município, uma unidade produtiva. Podemos destacar três grupos de municípios para análise.
O grupo I é formado por alguns dos principais municípios produtores de etanol no estado de São Paulo (com usinas em seus municípios) como Ribeirão Preto, Araraquara, Barretos, Guaíra, Piracicaba, Jaboticabal, Lençóis Paulista, Araçatuba, Bebedouro, São Carlos, Araras, Sertãozinho, dentre outros. Na realidade, somam 44 municípios e apresentam excelentes indicadores socioeconômicos, com alta renda, ótimos índices de escolaridade e de longevidade e baixos índices de vulnerabilidade social. Porém, os indicadores de sustentabilidade ambiental foram considerados intermediários. A sustentabilidade ambiental desses municípios não acompanha o nível de sustentabilidade socioeconômica apresentada pelos mesmos, que é muito mais elevada.
O nível de sustentabilidade ambiental encontrado, ressalta-se que está diretamente ligado aos indicadores ambientais que foram escolhidos para a consecução da pesquisa e a metodologia utilizada. Os indicadores ambientais escolhidos foram:
• indicador Ambiental I (Indicador de Vegetação Natural + Indicador de recomposição da vegetação nativa e manutenção de áreas verdes);
• indicador Ambiental II (Indicador de existência de Unidade de Conservação Ambiental Municipal + Indicador de existência de Legislação Ambiental municipal específica);
• indicador de Recursos Hídricos (qualidade da água);
• indicador de Qualidade do Ar;
• indicador da concentração municipal da cultura da cana-de-açúcar;
• indicador do nível de mecanização da colheita de cana-de-açúcar;
• indicador de adequação ao Zoneamento Agroambiental para o setor sucroalcooleiro do estado de São Paulo e;
• indicador de Uso de Adubação Verde.
O grupo II é formado por municípios que não são os produtores de etanol, mas que possuem extensas plantações de cana-de-açúcar em seus territórios, soma 44 municípios e apresentou níveis de sustentabilidade ambiental e níveis socioeconômicos, intermediários. São aqueles municípios que geralmente abastecem com cana-de-açúcar, as grandes destilarias do estado de São Paulo, que estão localizadas geralmente em municípios próximos e que são grandes produtores de etanol. Nesses municípios percebe-se que os indicadores sócios econômicos são intermediários, com renda, escolaridade e longevidade razoáveis, porém com altos índices de vulnerabilidade social, o que pode nos levar a concluir que a distribuição de renda nesses municípios é deficitária.
No grupo III estão os 218 municípios restantes, dos 306 analisados e é formado por municípios que apresentam baixos níveis de sustentabilidade ambiental associados com baixos níveis de desenvolvimento socioeconômico. Geralmente possuem pequenas plantações de cana-de-açúcar e grande vulnerabilidade social, mas que podem não estar diretamente associadas à cadeia produtiva do etanol. São inúmeros os fatores que contribuem para que esses municípios não alcancem o nível socioeconômico alcançados pelos municípios pertencentes aos outros grupos de análise.
A conclusão para essa pergunta é que os municípios produtores de etanol no estado de São Paulo possuem excelentes indicadores socioeconômicos (renda + longevidade + escolaridade + vulnerabilidade social), porém os indicadores de sustentabilidade ambiental são intermediários e não acompanham o bom nível dos indicadores socioeconômicos.
IHU On-Line – O senhor utilizou como indicadores para sua pesquisa o Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS) e o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS). Pode explicar esses índices e como se deu a coleta de dados? Chegou a realizar pesquisa de campo?
Antonio Juliani – O IPRS foi elaborado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE) por solicitação da Assembléia Legislativa do estado de São Paulo (ALESP). É sistema de indicadores socioeconômicos referentes a cada município do estado de São Paulo e que tem por objetivo subsidiar a formulação e avaliação de políticas públicas na esfera municipal.
O IPRS, assim como o IDH, reconhece a insuficiência da renda per capita como único indicador das condições de vida de uma população e considera que outras dimensões devem ser incluídas para a mensuração do desenvolvimento. Incorpora as dimensões da longevidade e da escolaridade de forma mais abrangente e não utiliza a média aritmética para obter seus resultados. Para cada uma das dimensões consideradas pelo índice foi criado indicador sintético que permite a hierarquização dos municípios paulistas de acordo com sua situação. Os três indicadores sintéticos são expressos em escala de 0 a 100, constituindo-se em combinação linear de conjunto específico de variáveis.
A abordagem metodológica do IDH não é usada na construção dos grupos de municípios do IPRS, pois se partiu do pressuposto de que a mensuração da qualidade de vida deve considerar vários aspectos insubstituíveis entre si. Dessa forma, não seriam passíveis de hierarquização. Tal opção deve-se ao fato de que o objetivo do IPRS não é apenas chamar a atenção para os vários aspectos da vida não contemplados pelo PIB, mas também proporcionar ferramenta analítica que revelasse a humano.
Constitui assim, instrumento de avaliação da situação dos municípios que aponta diretamente para as oportunidades, os limites e os desafios existentes. Em outros termos, buscou-se, com o IPRS, a construção de um instrumento de gestão pública. Para tanto, o IPRS sintetiza as três dimensões que o compõem, agrupando os municípios paulistas segundo a similaridade de suas situações. A partir da aplicação de uma análise de agrupamentos (Cluster analysis), foram identificados cinco grupos de municípios, definidos de acordo com a tabela abaixo:
Critérios Adotados para Formação dos Grupos de Municípios do IPRS.
O IPVS foi criado para complementar o IPRS pela Assembléia Legislativa do estado de São Paulo (ALESP) e pela Fundação Sistema Estadual e Análise de Dados (SEADE).
Trata-se de indicador que permite ao gestor público e à sociedade, visão detalhada das condições de vida dos municípios paulistas, com identificação e localização espacial das áreas que abrigam os segmentos populacionais mais vulneráveis à pobreza.
Baseia-se na pressuposição de que as múltiplas dimensões da pobreza precisam ser consideradas em estudo sobre vulnerabilidade social e para isso criou tipologia de situações de exposição à vulnerabilidade que expressa tais dimensões e que agrega aos indicadores de renda outros indicadores referentes à escolaridade e ao ciclo de vida familiar.
Leva em consideração o fato de que a segregação espacial é fenômeno presente nos centros urbanos paulistas e contribui para a permanência dos padrões de desigualdade social que os caracteriza. Utiliza método de identificação de áreas segundo os graus de vulnerabilidade de sua população residente e gera instrumento de definição de áreas prioritárias para o direcionamento de políticas públicas, em especial as de combate à pobreza.
O IPVS introduz a dimensão espacial na operacionalização do indicador de vulnerabilidade social a partir das características de indivíduos e famílias nela residentes. O local de residência de pessoas e famílias é resultado e influencia suas condições de vida. Considera todos os setores censitários do estado que foram classificados pelo IBGE para o Censo Demográfico 2000, como não especiais ou aglomerados subnormais. Os setores censitários correspondem à unidade de coleta do Censo Demográfico, sendo definidos como agrupamento contíguo de aproximadamente 300 domicílios.
O referido indicador consiste em tipologia derivada de combinação entre duas dimensões – socioeconômica e demográfica – que classifica o setor censitário em seis grupos de vulnerabilidade social, denominada Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS), de acordo com a tabela abaixo:
IHU On-Line – Pode-se afirmar que as populações dos municípios que produzem etanol são mais pobres do que de outros municípios? O etanol é acompanhado pela pobreza?
Antonio Juliani – Minha pesquisa também analisou os municípios paulistas que não estão envolvidos com a cadeia produtiva do etanol, ou seja, aqueles que possuem plantações com cana-de-açúcar em seus territórios ocupando no máximo cem hectares de área. Convencionou-se na Dissertação que esses municípios seriam denominados de não produtores de etanol e somam 127 municípios.
Esse grupo de não produtores foi comparado com o grupo de municípios envolvidos com a cadeia produtiva do etanol – 306 municípios. No grupo de não produtores foram identificados 52 municípios com excelente nível socioeconômico e baixa vulnerabilidade social, o que corresponde a 41,30% dos municípios. Enquanto que no Grupo dos 306 municípios envolvidos com a cadeia do etanol foram identificados 44 municípios com excelente nível socioeconômico e baixa vulnerabilidade social, que corresponde a 14,40% dos municípios.
Ainda comparando os dados, 59 municípios dos 127 não produtores apresentam baixos índices socioeconômicos, o que corresponde a 47% dos municípios. Enquanto que 218 municípios dos 306 que estão envolvidos com a cadeia produtiva do etanol apresentam baixos índices socioeconômicos, correspondendo a 71% do total. De acordo com a aplicação do IPRS e do IPVS nos municípios paulistas que não produzem etanol e naqueles que estão envolvidos com a sua produção, conclui-se que os níveis socioeconômicos dos não produtores são mais elevados do que os níveis encontrados no grupo dos municípios envolvidos com a produção do etanol.
IHU On-Line – Sob a perspectiva ambiental, quais são os principais aspectos que merecem ser destacados?
Antonio Juliani – De acordo com os indicadores utilizados na pesquisa e o resultado da análise do Índice de Sustentabilidade do Etanol (ISE) elaborado a partir desse estudo, concluo que os principais aspectos ambientais que merecem ser destacados são:
1- Necessidade de maior envolvimento local, das prefeituras dos municípios que estão envolvidos com a cadeia produtiva do etanol no estado de São Paulo. Principalmente, no que diz respeito ao desenvolvimento de ações ou programas voltados para a manutenção de áreas verdes ou recomposição de vegetação nativa (matas ciliares e manguezais, por exemplo), incentivo do uso reacional da água, proteção das nascentes ou despoluição e limpeza de córregos e rios. Além da elaboração de legislação municipal específica para controle de poluição atmosférica.
2- Necessidade de criação de Unidades de Conservação Ambiental Municipal (UCAM) com o objetivo de proteger e preservar os ecossistemas em seu estado natural e primitivo, onde os recursos naturais são passíveis de uso indireto sem consumo. Ressalta-se que a inexistência de UCAM foi constatada em 265 municípios dos 306 analisados na pesquisa, correspondendo a 86,60% do total.
3- Necessidade de diminuição de fertilizantes minerais nas plantações de cana-de-açúcar devido à degeneração dos solos, contaminação de rios e lençóis freáticos e perda da fauna local, principalmente. É necessário que se valorize a adubação verde nas plantações de cana-de-açúcar no estado de São Paulo e nos outros estados brasileiros produtores de cana-de-açúcar para que o uso de fertilizantes seja reduzido nas atividades agrícolas do país.
4- Necessidade de diminuição da concentração das plantações de cana-de-açucar nos municípios paulistas envolvidos com a cadeia produtiva do etanol. Enfatiza-se que esse indicador foi calculado utilizando-se a área ocupada comas plantações de cana-de-açúcar e a área total cultivada por cada município.
Dos 306 municípios avaliados, 113 apresentaram concentração das plantações de cana acima de 50%, enquanto que 48 municípios apresentaram concentração acima de 40%. Dessa forma, 161 municípios (52,60% do total) apresentaram concentração acima de 40%, evidenciando saturação dessa atividade nesses municípios.
Vale ressaltar que a maioria dos grandes produtores de etanol paulistas está entre os municípios que apresentam concentração muito alta de cana-de-açúcar em seus territórios sinalizando saturação em algum deles como: Morro Agudo, Guaíra, Araraquara, Jaboticabal, Ribeirão Preto e Sertãozinho, dentre outros.
Entende-se que a monocultura traz agravantes ambientais como o empobrecimento dos solos com o tempo e a redução da biodiversidade local, além do agravamento de problemas sociais relacionados com a redução do uso da mão de obra no campo e a expulsão das populações rurais para os centros urbanos prejudicando a agricultura familiar e a sustentabilidade das cidades.
Necessidade de eliminação do fogo nas lavouras de cana-de-açúcar do estado de São Paulo. A safra paulista de cana-de-açúcar vai de maio a novembro, coincidindo com período de baixas precipitações pluviométricas e piores condições de dispersão de poluentes atmosféricos. Dessa forma, aumentam as chances de as queimadas terem impactos negativos sobre a qualidade do ar e sobre a saúde das pessoas que vivem nas regiões canavieiras.
IHU On-Line – A sua pesquisa chegou a abordar a realidade dos trabalhadores do corte de cana?
Antonio Juliani – Não, infelizmente, não consegui abordar tão relevante assunto, principalmente pela pequena disponibilidade de dados e a impossibilidade de desenvolver trabalho de campo.
IHU On-Line – Qual é a interpretação, percepção das pessoas que vivem nos municípios sobre o etanol? E o poder local, os prefeitos, como avalia a economia do etanol em seus municípios?
Antonio Juliani – Conheço um pouco essa percepção pelo fato de ter vivido muito tempo em região canavieira no interior de São Paulo, mas não teria valor científico. Quanto ao poder local, por meio dos indicadores utilizados, percebe-se a necessidade de maior envolvimento, principalmente das prefeituras, em ações e programas voltados para a conservação dos recursos naturais além da criação de secretarias específicas para o meio ambiente. Não é comum você encontrar secretaria de meio ambiente na estrutura do poder municipal e essa é uma demanda necessária. (EcoDebate)

sábado, 18 de setembro de 2010

Algas marinhas multiuso

Algas marinhas podem fornecer moléculas para remédios, biocombustíveis, tintas e filtros solares.
O Brasil guarda debaixo d’água um reservatório valioso para o fornecimento de produtos como medicamentos, combustíveis e até mesmo um filtro solar natural de ótimo desempenho.
São as algas marinhas, cujo potencial muito além dos sushis foi destacado pelo professor Pio Colepicolo Neto, do Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), no Workshop sobre biodiversidade marinha: avanços recentes em bioprospecção, biogeografia e filogeografia, realizado pelo Programa Biota-FAPESP e que terminou em 10/09/2010), na sede da Fundação.
Colepicolo coordena o Projeto Temático “Estudos de bioprospecção de macroalgas marinhas, uso da biomassa algal como fonte de novos fármacos e bioativos economicamente viáveis e sua aplicação na remediação de áreas impactadas (biodiversidade marinha)”, que também integra o Biota-FAPESP.
“Por estarem expostas a ambientes e situações adversas, as algas desenvolvem, como metabólitos secundários, moléculas químicas extremamente sofisticadas e diferentes das estruturas produzidas por plantas terrestres”, disse à Agência FAPESP.
Segundo o cientista, já se sabe que as algas marinhas desempenham uma função fundamental no ambiente: elas respondem por cerca da metade do oxigênio liberado na atmosfera; delas saem o dimetil sulfeto, principal gás responsável pela formação de nuvens; são biorremediadoras de águas poluídas; e podem ser utilizadas como um biomarcador de poluição. Colepicolo também mostrou que as algas podem ser fornecedoras de compostos únicos e extremamente complexos.
“Essas moléculas encontram vasta aplicação na indústria farmacêutica ao servir de base para a fabricação de antiinflamatórios, antifúngicos, antivirais, bactericidas, antioxidantes e mais uma enorme gama de produtos que podem ser desenvolvidos de forma inovadora, estratégica e economicamente importante para o Brasil”, destacou.
As aplicações dessas substâncias vão além da medicina. Na agricultura, por exemplo, antifúngicos extraídos de macroalgas podem ser aplicados sobre frutas como mamão, morango e figo e, com isso, pode-se aumentar o tempo de vida útil da fruta na prateleira de três a quatro semanas.
“Podemos ganhar até um mês de viabilidade em produtos agrícolas que são exportados”, disse o professor da USP, ressaltando a importância econômica de aplicações como essa.
Outro grande potencial das micro e macroalgas marinhas é fornecer o princípio ativo para protetores solares naturais. Há cinco anos, em um outro projeto apoiado pela FAPESP sob a coordenação de Colepicolo, o grupo de pesquisa isolou de macroalgas da costa brasileira as micosporinas (MAA), substâncias químicas de baixo peso molecular, com alta capacidade de absorver radiação ultravioleta (UV).
Algumas micosporinas são também antioxidantes. Essas substâncias têm a finalidade de protegê-las contra os efeitos danosos de UV, função exercida pelos flavonoides nas plantas terrestres.
Por ficarem mais expostas ao sol, as algas tropicais são as que mais apresentam substâncias resistentes aos raios UV. Esses protetores solares naturais das algas são particularmente importantes para os biomas marinhos, pois também fornecem proteção solar a outros organismos como peixes, moluscos, zooplâncton e corais.
“As algas marinhas produzem essas substâncias e muitos peixes adquirem proteção solar ao se alimentar desses organismos fotossintetizantes”, explicou o pesquisador.
O fenômeno do branqueamento de corais é causado pela ausência desses protetores naturais fornecidos pelas algas. A ausência das algas que vivem em simbiose com os corais os deixam expostos à radiação. Com isso, eles acabam sofrendo a ação direta dos raios UV, perdem coloração e morrem. Ambientalmente, esse efeito é extremamente danoso, pois perdem-se componentes importantes do equilíbrio ecológico marinho.
O desempenho do protetor natural também chamou a atenção dos pesquisadores. Em testes, o absorvedor de UV das algas apresentou um espectro de absorção muito próximo ao mais eficiente produto sintético vendido no mercado.
“A indústria cosmética poderá se beneficiar de dois efeitos do produto – sua ação antioxidante e de proteção contra UV – e, com isso, oferecer produtos com ação sinérgica contra o estresse oxidativo, câncer de pele e envelhecimento precoce”, afirmou.
Colepicolo estima que, além de protetores para a pele, as micosporinas poderão ser usadas na base de tintas e vernizes para proteger materiais que ficam expostos à luz solar, como prédios e barcos.
Biocombustíveis
O pesquisador também abordou no workshop as perspectivas de produção de algas marinhas em regiões próximas à costa brasileira, um subprojeto integrante do Projeto Temático. “As fazendas de cultivo de macroalgas ajudariam a preservar as espécies, uma vez que evitam a extração e eventual predação dessas plantas em seu ambiente natural”, disse.
Em parceria com a professora Eliane Marinho-Soriano, do Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Colepicolo espera desenvolver sustentabilidade em cultivos integrados que envolvam a criação de organismos diferentes.
A primeira experiência é o cultivo de macroalgas e a criação de camarões em um único tanque do tamanho de um campo de futebol, em média, a 1,5 metro de profundidade.
A cada três meses, mesmo tempo de crescimento ideal das macroalgas, os camarões são coletados e as águas eutrofizadas dos tanques são devolvidas aos mangues da região. Com os cultivos integrados, as macroalgas colaboram para a purificação da água absorvendo o excesso de nitrogênio, fosfato e outros resíduos para seu desenvolvimento, servindo assim de biorremediadoras ambientais.
“A parceria com a professora Eliane da UFRN é muito importante. No Rio Grande do Norte há alta incidência de radiação solar, o que aumenta a produtividade das algas”, disse Colepicolo, explicando que a luz solar aumenta a velocidade de desenvolvimento e de reprodução das plantas aquáticas.
Para o professor da USP, as algas podem ainda ser uma boa fonte de biocombustíveis e suprir a demanda por biodiesel que não consegue ser atendida somente pelas fontes animais e vegetais terrestres atuais. Esse também é um dos braços de pesquisa contemplados pelo Projeto Temático.
Para esse objetivo, o pesquisador defende o melhoramento de cultivos e a aplicação de engenharia molecular, além de pesquisas em extração e refino do óleo de alga. Esses esforços poderiam tornar o combustível de alga competitivo em relação ao similar obtido do petróleo.
“A bioenergia de algas tem duas frentes diferentes de pesquisa. Primeiramente, as microalgas, ricas em lipídios, ou gorduras, são ideais para a fabricação de biodiesel”, disse Colepicolo, ressaltando que, diferentemente dos vegetais terrestres, o cultivo de algas não necessita de fertilizantes nem de pesticidas.
“Já as macroalgas possuem um alto teor de açúcar. Algumas espécies apresentam entre 50% e 60% de seu peso seco em polissacarídeos. São açúcares que, ao serem degradados por enzimas específicas, transformam-se em monômeros fermentáveis que dão origem ao etanol”, completou.
As macroalgas podem participar das pesquisas do etanol de terceira geração provenientes de carboidratos. “Trata-se de uma alternativa sustentável e ecologicamente correta, pois só usa água salgada e luz solar para crescer e não é necessária a utilização de agrotóxicos e fertilizantes”, disse. (EcoDebate)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Cantareira deve gerar energia já em 2012

Usinas podem abastecer 100 mil pessoas, mas especialistas temem impactos ambientais.
A construção de cinco pequenas centrais hidrelétricas no Sistema Cantareira está assustando o interior paulista. Com medo de impactos ambientais, prefeitos, ambientalistas e agricultores começam a se mobilizar contra o projeto da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp). O receio é que usinas na Região Metropolitana de São Paulo comprometam a vazão de rios que abastecem 3 milhões de pessoas em 62 municípios da Bacia do Piracicaba, incluindo Atibaia, Bragança Paulista e Campinas.
O plano é construir uma das usinas perto do Horto Florestal, na zona norte da capital, ao lado da Estação de Tratamento de Água (ETA) Guaraú. A outra deve ficar no vertedouro da Cascata, no Rio Juqueri Mirim, em Mairiporã, ao lado da ETA Atibainha.
O principal receio dos moradores do interior é de que a usina que será instalada na capital comprometa o nível dos rios e represas que estão do outro lado da Serra da Cantareira, a 700 metros de altitude. A água desses mananciais é bombeada para São Paulo por meio da Estação Elevatória Santa Inês, cujas tubulações foram construídas dentro das rochas da serra.
Ambientalistas dizem que o volume de recursos hídricos retirado hoje das represas do interior para a capital - 33 metros cúbicos por segundo, dos quais 31 m³/s originados dos formadores do Piracicaba (Jaguari e Atibaia) - vai aumentar com a construção da hidrelétrica na zona norte de São Paulo. Duas das cinco usinas já receberam licença da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Faltam agora as licenças de instalação e os relatórios de impacto ambiental. As outras três ainda estão em fase de planejamento pela Sabesp.
Dos reservatórios da Cantareira sai a água para o abastecimento de 8,5 milhões de moradores da capital e de dez municípios vizinhos. No interior e na Grande São Paulo, 11,5 milhões de habitantes dependem hoje da água que brota nas encostas dos cinco rios - Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Juqueri - que integram o sistema atualmente, formado por seis represas. No início dos anos de 1970, com a falta de recursos hídricos na capital, a Sabesp resolveu buscar água na região de Atibaia.
"No momento em que a empresa deveria pensar em buscar outras fontes de captação para São Paulo, ela quer produzir energia com a água que já é rara para o abastecimento humano", reclama Rodrigo Fercundini, presidente da organização não-governamental (ONG) Juqueri Vivo e morador de um condomínio ao lado da Represa Atibainha, em Nazaré Paulista. "Sabemos que mesmo as pequenas hidrelétricas podem secar cachoeiras nas montanhas da serra e causar impacto para peixes, lontras e capivaras. Tivemos um caso em Joinville, onde secou a Cachoeira do Piraí. O impacto nunca ocorre perto da usina, mas sim nos rios que estão acima dela, a mais de cem quilômetros de distância", alerta.
Desconhecimento
Responsável pela gestão conjunta do Sistema Cantareira com a Sabesp desde 2004, conforme outorga concedida pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), o Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí informou não ter sido comunicado sobre o projeto.
"Nada chegou para nós até agora. A outorga do sistema é só para o abastecimento de água, não existe uma concessão para a produção de energia. Teria de ser revisto o modelo de outorga. De qualquer forma, não conheço o projeto", afirmou o secretário executivo do Consórcio, Dalto Favero Brochi.
A Sabesp argumenta que não haverá desvio no curso dos mananciais que compõem o Cantareira. No caso da usina de Mairiporã, por exemplo, a empresa diz que será aproveitada a queda d"água do vertedouro que faz a transferência de água entre as Represas Atibainha e Paiva Castro. Mas a Prefeitura de Atibaia considera que a presença das usinas aumentará a umidade do ar na região, o que poderia comprometer a produção local de frutas.
30 anos
A previsão é de que as duas usinas entrem em operação em janeiro de 2012. Com capacidade de gerar energia elétrica para 100 mil pessoas (7,1 megawatts), as duas miniusinas poderão render R$ 8 milhões por ano para a Paulista Energia Ltda., concessionária formada pelas empresas Tecniplan e Servtec, que ganhou as concessões de produção e venda pelo período de 30 anos.
Efeito
Uma das instalações será entre as Represas Atibainha e Paiva Castro. Sabesp garante que não haverá desvio dos mananciais, mas, para ambientalistas, consequências são evitáveis.
Sistema Cantareira
Das cinco pequenas centrais hidrelétricas (PCH) previstas, duas já tem local definido, a Guaraú e a Cascata.
PCH Guaraú
Queda d’água: 14 metros
Potencial instalado: 4,2MW
Tratamento de água atual: 33 mil litros/segundo
PCH Cascata
Queda d’água: 10 metros
Potencial instalado: 2,9 MW
Tratamento de água atual: 2 mil litros/segundo
PARA ENTENDER
O Sistema Cantareira começou a ser constituído em meados de 1970 pelo governo de São Paulo para abastecer as torneiras dos moradores da Região Metropolitana. Permitia a reversão de água da Bacia do Piracicaba para a Bacia do Alto Tietê. Seis represas formam o complexo com os Rios Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Juqueri (Paiva Castro). Inaugurado em 30 de dezembro de 1973, iniciou operação no ano seguinte. O sistema ocupa área de 2.279,5 km² em 12 municípios. Quatro cidades ficam em Minas - Camanducaia, Extrema, Itapeva e Sapucaí Mirim - e oito em terras paulistas: Bragança Paulista, Franco da Rocha, Caieiras, Joanópolis, Nazaré Paulista, Mairiporã, Piracaia e Vargem. (OESP)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Governo adia estímulos ao carro elétrico

Carro elétrico: Governo adia mais uma vez anúncio de estímulos; montadoras se opõem.
Governo não chega a consenso sobre incentivos; proposta em debate inclui “novo regime de inovação automotiva”, conta jornal
O anúncio de um pacote de medidas para estimular o uso de carros elétricos no Brasil sofreu novo adiamento no dia 27 de julho de 2010, após o cancelamento de uma reunião ministerial que abordaria o assunto em Brasília. O conjunto de ações em preparação dentro do governo — sobre o qual discordam equipes dos ministérios da Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento, e do BNDES — pretenderia estimular a produção e comercialização de veículos movidos à energia elétrica e possivelmente incluirá incentivos fiscais e linhas de crédito para pesquisa e desenvolvimento da tecnologia no País. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, a proposta que seria apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião ministerial cancelada preveria a redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros elétricos de 25% para 7%.
Atualmente, os carros elétricos são tributados com a mesma alíquota de IPI que incide sobre os veículos movidos a gasolina ou os de grande potência. De acordo com a edição de 31 de julho do jornal paulistano, atualmente os flex pagam entre 7% e 18%, mas esses percentuais podem sofrer uma nova redução no futuro; para que isso ocorra, o governo estuda criar um selo de eficiência energética para os motores, similar ao empregado em eletrodomésticos da linha branca. A entrada em vigor do selo, no entanto, não ocorreria em 2010, porque depende do detalhamento de uma metodologia. A reportagem informa que essa proposta seria a base de um novo regime de “inovação automotiva”, onde haveria benefícios tributários e crédito para P&D de carros elétricos híbridos, que aliam motores à combustão aos elétricos. Neste caso, os híbridos seriam movidos a etanol ou biodiesel, diz o texto.
De acordo com Marta Salomon, a jornalista que assina o texto do Estadão, nos últimos dois meses — desde a primeira notícia de que haveria um pacote de incentivos —, os setores que defendem a tecnologia flex conseguiram incorporar ao projeto dos elétricos a ênfase nos bicombustíveis. A proposta à qual chegou o grupo interministerial não previa a diminuição imediata da carga tributária sobre os veículos flex, apesar da pressão das montadoras por compensações contra a suposta vantagem competitiva oferecida à nova tecnologia. Em maio, o presidente da República havia manifestado dúvidas — após o primeiro adiamento do anúncio das medidas — sobre a viabilidade dos veículos elétricos. Lula está entre os defensores da indústria de etanol e dos motores bicombustíveis.
Edital de subvenção econômica
Até agora, as medidas pró-carro elétrico se restringiram a um edital de subvenção econômica da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), lançado no dia 6 de agosto. Do valor total de R$ 500 milhões do edital, R$ 90 milhões serão destinados a projetos de inovação da área de energia. Segundo o documento, serão apoiadas iniciativas para “desenvolvimento de sistemas de tração elétrica, baterias e capacitores aplicados a veículos elétricos automotores, inclusive em versão híbrida”. Dentro da área temática de energia, também serão contemplados projetos para desenvolvimento de soluções para exploração de petróleo e gás em campos off-shore e para plantas-piloto destinadas à obtenção de etanol de segunda geração a partir de biomassa e de algas. Além de energia, outras quatro áreas receberão R$ 90 milhões de subvenção cada uma: tecnologias da informação e comunicação, biotecnologia, saúde e defesa. Para a área de desenvolvimento social serão repassados R$ 50 milhões.
No dia 27 de julho, em cerimônia em Brasília, o presidente Lula assinou a Medida Provisória nº 497, que concede desoneração de tributos para projetos de inovação tecnológica. Dias antes, durante a reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Natal (RN), circulou a informação de que haveria, no dia 27, a reunião ministerial para tratar dos incentivos ao carro elétrico, com anúncio de medidas. A reunião foi cancelada horas antes de acontecer, por decisão do Palácio do Planalto, segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
Prazo e valores incertos
O novo adiamento repetiu o cancelamento abrupto da cerimônia prevista para o dia 25 de maio, que evidenciou a discordância entre setores do governo a respeito de políticas públicas para transição das atuais tecnologias automotivas para outras de menor emissão de carbono. Segundo reportagem do jornal Valor Econômico de 28 de julho, a incerteza sobre a definição de um pacote com medidas voltadas especificamente para tecnologias do carro elétrico ainda existe dentro do governo. “Esse assunto é importante e está sendo discutido pelo governo. A implantação do carro elétrico pode ser neste ou nos próximos anos”, declarou o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, na cerimônia de assinatura da MP 497, em Brasília, informou o Valor. A assessoria de imprensa do MCT afirmou que, segundo Rezende, “não há como informar o valor certo a ser direcionado para o carro elétrico, porque isso dependerá da demanda a ser apresentada pelos interessados”.
Menos impostos e bônus para renovação da frota
Em artigo publicado em maio no documento “Estratégia de Implantação do Carro Elétrico no Brasil”, do Instituto Nacional de Altos Estudos (INAE), Nelson Barbosa sugere a redução do IPI dos carros elétricos para um “patamar próximo ao dos demais veículos”, mas ressalta que a medida não seria suficiente. “É necessário considerar que há um diferencial de preço que precisa ser reduzido para viabilizar a comercialização do veículo elétrico em escala industrial. O tamanho desse diferencial ainda não se pode estimar, pois não há versões elétricas sendo comercializadas no Brasil”, afirma Barbosa no artigo assinado conjuntamente com Dyogo Oliveira, secretário-adjunto de Política Econômica, e José Antônio Souza, assessor da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
Para Barbosa, seria necessária ainda a diminuição da alíquota de outros impostos incidentes sobre os carros elétricos e híbridos, como o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto de Importação (II). A exemplo da política de subvenção que vem sendo adotada por alguns países — o mais recente deles o Reino Unido —, o secretário de Política Econômica sugere a complementação de um pacote de incentivos com bônus ou subsídios para a aquisição de carros elétricos. “No caso do Brasil, a concessão de bônus poderia estar ligada à renovação da frota. Isso geraria um duplo benefício, pois retiraria do mercado carros antigos, em geral muito poluentes e com elevadas emissões, substituindo-os por carros elétricos.” (EcoDebate)

domingo, 12 de setembro de 2010

A ANA já testou na prática esta proposta?

Vicente Andreu - Fizemos um teste em relação à bacia do Paranaíba, no qual foram emitidas cinco DRDHs simultaneamente. Propusemos que fosse uma rotina do setor elétrico, mas infelizmente, isso não tem se verificado. Temos trabalho um pouco nesta direção para que possamos olhar a bacia de forma total e não de forma fragmentada, como é e tem sido a natureza do setor elétrico. Isso é muito importante para a região Amazônica, porque aí você pode dialogar com a sociedade, com os setores ambientalistas, com as comunidades atingidas de forma muito mais integrada, percebendo quais são as consequências totais da construção das usinas e não uma situação fragmentada.
Agência Ambiente Energia – Então, este é o caminho para aproveitar melhor o potencial de cada bacia?
Vicente Andreu - Outra sugestão que temos feito é para que se tenha o máximo de aproveitamento de determinada bacia, com a possibilidade de que se estude algumas moratórias de rios no Brasil, porque o setor elétrico tem transformado os rios num paliteiro, com a instalação dos empreendimentos. De forma geral, seria muito importante que na questão da Amazônia nós pudéssemos também trablhar melhor esta ideia de fazer o aproveitamento máximo numa bacia, enquanto na outra se fizesse uma moratória para a preservação maior desse leito para um aproveitamento futuro, que a sociedade, então, definirá. O objetivo é evitar que em dois rios se tenha um empreendimento em cada um deles. Ou seja, se teria os dois projetos numa mesma bacia, deixando o outro rio livre para que a sociedade possa decidir no futuro.
Agência Ambiente Energia – O que mudar no sistema de compensação pelo uso dos recursos hídricos?
Vicente Andreu - Temos apresentado, inclusive, outras sugestões relativas à utilização mais adequada pela compensação de pagamento de uso dos recursos hídricos, cujo valor é de 6,75%, dois quais 0,75% vão para o Ministério do Meio Ambiente (MMA), inclusive, para a implementação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Os outros 6% são divididos 45% para os estados, 45% para os municípios e os outros 10% para o governo federal (ministérios de Ciência e Tecnologia e Energia, entre outros). A compensação tem como objetivo, exatamente, compensar os municípios e os estados pelas áreas inundadas e pela perda do potencial de aproveitamento dessas terras em função da inundação. Tecnicamente, na Amazônia temos uma quantidade muito grande de unidade de conservação de proteção integral e de áreas indígenas. Essas áreas não são territórios nem dos municípios e nem dos estados. São territórios da União. Fazer o pagamento de uma área inundada numa terra indígena para o município nesta compensação, nos parece que seja ainda uma distorção nos direitos de cada um.
Então, nós temos trabalhado no nível de ideias, com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), para que a compensação por inundação em áreas indígenas ou de unidade de conservação integral convirja nesta proporção diretamente para a área indígena ou para a unidade de conservação. Hoje, essas áreas só obtêm alguma compensação no momento do licenciamento, quando são identificadas as medidas compensatórias ou mitigatórias. Se criar um fluxo permanente de recursos, como é a compensação, poderíamos ter uma situação de diálogo muito melhor, na nossa visão, com comunidades indígenas e com as unidades de conservação permanentes. Achamos que esta seria também uma maneira de abordagem em relação ao bioma Amazônico, em particular, que seria um diferencial a esta abordagem tradicional do sistema, que é verificar o menor custo, a usina que entra com menor custo, a mais próxima do centro da carga, independente de considerar as questões de natureza ambiental. Então, vamos pensar numa nova metodologia na qual os interesses do setor elétrico sejam preservados, mas que os outros interesses, em particular, de natureza vinculada às questões sociais e ambientais sejam tomadas com relevância neste processo. (ambienteenergia)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

UFRJ desenvolve ônibus movido a hidrogênio

A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) desenvolve ônibus movido a hidrogênio que será usado no Rio durante a Copa de 2014.
UFRJ desenvolve ônibus movido a hidrogênio. Mais barato que similares europeus, o veículo será usado no Rio durante a Copa de 2014.
O Brasil entra definitivamente na corrida por transportes coletivos sustentáveis e não poluentes com o desenvolvimento de um ônibus movido a hidrogênio a partir de tecnologia totalmente nacional. Até então, o país já havia desenvolvido um veículo similar, porém com tecnologia mista, brasileira e alemã. O ônibus, criado pelo Instituto Alberto Luís Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa em Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), será uma das opções de transporte na capital fluminense durante a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. O projeto conta com parceria da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor).
O que diferencia o veículo de outros similares que já circulam em lugares como a Europa, por exemplo, é que suas pilhas a combustível podem ser abastecidas tanto com hidrogênio (1) como por meio da rede elétrica comum. Além disso, o ônibus é equipado com um sistema capaz de transformar a energia liberada durante as freadas em eletricidade (veja arte).
O sistema de recuperação de energia cinética é o mesmo utilizado nos carros da Fórmula1. A diferença é que, nessa modalidade do automobilismo, ele serve para aumentar a velocidade, enquanto, no ônibus, é utilizado para ampliar a eficiência energética e economizar combustível. “A energia elétrica convertida por esse sistema é lançada no motor, que acaba economizando o hidrogênio a bordo”, explica Paulo Emílio Valadão de Miranda, coordenador do Laboratório de Hidrogênio da Coppe. Por conta desse mecanismo de abastecimento, o coletivo não precisa ter uma pilha a combustível enorme nem consumir tanto hidrogênio para se deslocar.
Como resultado, o ônibus híbrido tem uma eficiência energética muito maior que a dos convencionais a diesel. Além disso, ele não emite poluentes. Segundo Miranda, o único resíduo lançado no ar pelo veículo é o vapor d’água, oriundo da reação eletroquímica da pilha a combustível, alimentada de hidrogênio e oxigênio proveniente do ambiente. “Parte desse vapor d’água é condensado e aproveitado no sistema de umidificação das pilhas a combustível”, esclarece o coordenador do laboratório. Outro destaque é a ausência de ruído. Por ter tração elétrica, o ônibus a hidrogênio não faz barulho nem dá solavancos no momento da partida, como os coletivos a diesel.
O hidrogênio que abastece o ônibus fica armazenado em dois cilindros com um tubo interno de alumínio, revestido por um polímero de alta densidade e amarrado com fibras de carbono. “Com isso, tem-se cilindros leves, mas que permitem o armazenamento de hidrogênio até 350bar, uma pressão mais elevada do que a usada normalmente”, explica o professor da Coppe. O ônibus carrega 15kg de hidrogênio nos dois cilindros, o que lhe dá uma autonomia de 300km.
Por enquanto, a Coppe produziu um protótipo do veículo para rodar pela Cidade Universitária, transportando alunos, professores e funcionários. Segundo Guilherme Wilson, gerente de operações da mobilidade da Fetranspor, a maior qualidade do projeto é sua natureza nacional de desenvolvimento. “É um projeto feito essencialmente por engenheiros brasileiros, dentro da universidade, com resultados já bastante impressionantes”, comenta. Wilson diz que a expectativa do setor é testar sua robustez em operações diárias e reais de transporte coletivo de passageiros. “Isso está previsto para 2011”, acrescenta.
CustosEm termos de custo, segundo Miranda, para se fabricar um veículo como o da UFRJ, gasta-se menos da metade do que na produção de um similar europeu. “Isso se dá por conta da tecnologia do sistema híbrido de tração elétrica e produção de energia”, destaca. Porém, comparado ao ônibus a diesel comum, o movido a hidrogênio é mais caro. No entanto, a estimativa de Paulo Emílio é que essa diferença desapareça a partir da produção em escala. “Por enquanto, é só um protótipo e não dá como comparar com a produção. No entanto, se formos projetar a produção desse veículo em larga escala, como o ônibus a diesel, a diferença de preço diminui consideravelmente. Além disso, ele tem a vantagem sobre sua operação e manutenção, que são mais baratas do que os ônibus movidos com combustível fóssil”, afirma.
Neste momento, os pesquisadores fazem diversos testes, recolhendo dados de operação para, a partir daí, projetarem o que eles chamam de um cabeça de série. Ou seja, o veículo pronto para a comercialização ou para a industrialização em larga escala. “São mais detalhes de refinamento de controles e reposicionamento de equipamentos. O sistema como um todo funciona muito bem, mas temos a mania de refinar as coisas”, diz o coordenador do projeto. A perspectiva é que, nos próximos anos, possam ser produzidas pequenas frotas do ônibus a hidrogênio.
1 – Fácil obtençãoO hidrogênio não é um combustível primário como é o petróleo, por exemplo. A vantagem é que ele pode ser produzido a partir de muitas matérias-primas e por meio de processos distintos. Por exemplo, a partir da eletrólise da água e de qualquer biomassa, como resíduos da agropecuária, de esgotos e resíduos industriais, ou ainda de metano oriundo de biogases, como aqueles produzidos em aterros sanitários. (EcoDebate)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Bahia entra no mapa da energia eólica

Com um política de incentivo forte para atrair os investidores e a força dos ventos locais, a Bahia entrou de vez no mapa brasileiro de energia eólica. Nos leilões de fontes alternativas e de reserva que o governo fez no final de agosto, o estado ganhou mais uma posição do ranking, com os 587,4 MW de potência instalada, ficando atrás apenas do Rio Grande do Norte, com 1.064,6 MW. O Ceará, pioneiro neste tipo de alternativa no país, registrou 150 MW.
Investidores como Brennand Energia, Chesf, Iberdrola, Renova Energia, Consórcio Pedra do Reino e SoWiTec do Brasil estão na lista dos vencedores, com projetos de parques eólicos para os municípios de Casa Nova, Juazeiro, Sobradinho, Morro do Chapéu, Igaporã, Guanambi e Pindaí. A previsão é que os projetos entrem em operação a partir de 2013. “Isso é o começo de uma revolução na nossa matriz energética”, avalia Rafael Valverde, professor de Fontes Renováveis de Energia da Unifacs e assessor especial da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração (Sicm).
“Nota-se um interesse cada vez maior dos empreendedores pela exploração da energia eólica. E, desta vez, a Bahia conquistou um resultado incontestável no cenário nacional, confirmando a tendência já percebida no último leilão para o setor, realizado em 2009, quando o nosso Estado causou surpresa ficando na terceira posição em capacidade instalada em energia eólica”, destaca Valverde.
Segundo ele, o estado já tem protocolos assinados com 11 empresas ligadas ao setor eólico para a instalação de um segmento eólico competitivo. Uma delas é a Alstom, fábrica de aerogeradores que está investindo R$ 50 milhões na unidade industrial de Camaçari e projeta faturamento anual de até R$ 1 bilhão, considerando a capacidade máxima. Das outras 10, três delas já iniciaram a implantação de parques eólicos.
A lista, de acordo com a Sicm, conta com a Renova Energia, que está investindo mais de R$ 2,3 bilhões na implantação de 27 usinas; Desenvix, que investe R$ 400 milhões na instalação de três usinas em Brotas de Macaúbas, e a Eólica Energia, que investe R$ 150 milhões em uma usina no norte do estado, região de Sobradinho.
De acordo com Valverde, as empresas estão apostando em energia eólica em função de uma série de fatores, entre eles pesa bastante a forte pressão mundial pela geração de energia limpa, proveniente de fontes renováveis.
“Está caindo por terra o conceito de que esse tipo de indústria é cara. Para se ter uma ideia, historicamente, o preço mais alto em leilões de energia era relativo à energia eólica. Há poucos anos, a oferta girava em torno de R$ 240 por megawattshora (MWh), passando para um preço médio de R$ 122,69 MWh, na modalidade energia de reserva nesse último leilão”, ressalta.
“O preço alcançado especialmente pela fonte eólica nos dois certames deverá promover uma revolução no setor. Ela foi vendida mais barata que as usinas de biomassa e pequenas centrais hidrelétricas”, explica Valverde. (ambienteenergia)

Brasil desperdiça potencial eólico e solar

Energia: Brasil desperdiça potencial eólico e solar.
Usinas nucleares e termelétricas ainda geram 10% da energia usada no País; até 2019 perfil energético do Brasil não deve mudar. O maior problema que o Brasil enfrenta para limpar sua matriz elétrica é que ela já é, essencialmente, limpa – criando uma situação confortável que reduz a pressão por investimento em novas tecnologias. Quase 90% da eletricidade produzida no País em 2009 veio de fontes renováveis – principalmente hidráulica (83,7%), biomassa (5,9%), e uma pequena participação de eólica (0,3%), segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia. Estudos mostram que há um enorme potencial ainda não aproveitado em energia eólica e solar no País, que poderia substituir os 10% que ainda são gerados em usinas nucleares e termelétricas poluentes, movidas a combustíveis fósseis. Transformar esse potencial natural em capacidade instalada e produção de fato, porém, exige superar uma série de gargalos econômicos, tecnológicos, logístico e regulatórios. Até 2019, pelo menos, a previsão da EPE é que o perfil da matriz energética brasileira como um todo não mudará substancialmente. “O carro chefe continuará a ser a energia hidrelétrica. As outras renováveis vão crescer pouco a pouco”, prevê o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner. A energia eólica, apesar da participação pequena em comparação a outras fontes, já aparece como uma indústria bem consolidada, economicamente competitiva e capaz de andar com as próprias pernas, segundo ele – sem depender de incentivos do governo. Ainda assim, nunca deixará de ser uma fonte “complementar”, afirma Hubner. Não é viável imaginar que em 2030, ou até 2050, o Brasil será um país só de energias renováveis. A transição não é tão rápida assim”, diz o especialista em planejamento energético Roberto Schaeffer, da Coppe-UFRJ. No caso específico da eólica, segundo ele, mesmo que o potencial seja grande, “vários estudos mostram que a energia eólica não pode representar mais do que 20% ou 30% da matriz energética de um país”, na melhor das hipóteses. Um dos problemas é que a produção de energia flutua literalmente ao sabor dos ventos, tornando o fornecimento menos confiável do que o de uma fonte térmica ou hidráulica. Na Alemanha, diz Schaeffer, para cada 100 MW contratados de energia eólica, o sistema enxerga como se fossem apenas 5 MW. “É preciso haver uma redundância, caso pare de ventar. E essa redundância custa caro.” Economicamente, o vento brasileiro já concorre de igual para igual com a biomassa e outras fontes térmicas. Tanto que no último leilão de energias renováveis, realizado na semana passada, a energia eólica foi a grande vencedora, com 899 MW médios contratados, versus 190 MW de biomassa e 70 MW de pequenas centrais hidrelétricas. Mas não concorre ainda com a potência da água de grandes usinas. Para gerar a mesma quantidade de energia que será produzida pela hidrelétrica de Belo Monte, por exemplo, seria necessário instalar 700 km de torres aerogeradoras (moinhos) enfileiradas, e o custo da energia produzida seria bem maior, segundo Hubner. Até o fim do ano passado, havia 36 parques eólicos em funcionamento no País, gerando 602 MW, segundo um documento da Aneel. O Plano Nacional de Energia previa a adição de 6.300 MW desse tipo de energia até 2030, comparado ao que existia em 2005. Para o pesquisador Sergio Colle, coordenador dos Laboratórios de Engenharia de Processos de Conversão e Tecnologia de Energia (Lepten), da Universidade Federal de Santa Catarina, o Brasil poderia ser muito mais ambicioso no aproveitamento de seu potencial eólico. Não só do ponto de vista da sustentabilidade energética, mas também do desenvolvimento tecnológico e industrial. “Enquanto a gente fala em 3 GW, a China projeta 30 GW”, compara. “O Brasil não pode se dar ao luxo de ficar de braços cruzados e desperdiçar as oportunidades, só porque nasceu no ‘berço esplêndido’ das hidrelétricas e da biomassa. Não pode se omitir de investir em outras tecnologias renováveis.”
DESPERDÍCIO SOLAR
A situação é ainda pior no caso da energia solar. “Há uma completa omissão do governo sobre essa tecnologia”, afirma Colle. O aproveitamento é irrisório, tanto para aquecimento de água quanto para geração elétrica, e a produção nacional é baseada em tecnologias ultrapassadas. “A indústria nacional produz cerca de 800 mil m² de coletores solares planos baseados em concepções primitivas, copiadas dos primeiros coletores solares da década de 20”, diz Colle. “Estamos na idade da pedra polida em desenvolvimento tecnológico de energia solar.”
O potencial, por outro lado, é enorme. País de maior extensão territorial nos trópicos, o Brasil é “abençoado” não apenas com muita água, mas também com muito sol. Para se ter uma ideia, o pesquisador Enio Bueno Pereira, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), faz a seguinte comparação: se a área do reservatório da usina hidrelétrica de Balbina (2.360 km2), no Amazonas, fosse coberta de painéis fotovoltaicos, a energia gerada (cerca de 500 TWh/ano) seria suficiente para atender todo o consumo nacional de energia elétrica (cerca de 455 TWh/ano). “Não proponho que isso seja feito, mas é uma boa ilustração do potencial dessa tecnologia”, explica ele.
Um problema é o preço. A eletricidade solar ainda é uma energia relativamente cara, tornando um empreendimento deste porte proibitivo economicamente. O que não significa que ela não possa ter um papel estratégico no desenvolvimento sustentável da matriz energética nacional. A estratégia mais simples, propõe Pereira, seria disseminar o uso de painéis solares em telhados para uso doméstico, como forma de reduzir a demanda sobre o sistema e, assim, liberar mais energia para uso industrial, especialmente nos horários de pico.
Eventualmente, assim como fazem as usinas de açúcar e álcool com a cogeração de bioeletricidade do bagaço de cana, os produtores domésticos de energia solar poderiam vender o excedente de sua geração para o sistema integrado, afirma Pereira. Ele e outros pesquisadores da área defendem firmemente a criação de uma política de regulamentação que incentive o uso da energia solar, tanto na indústria quanto nos domicílios. “Se o governo não der incentivo, essa tecnologia não vai decolar nunca”, afirma Pereira. “O custo inicial não é competitivo. Só fica competitivo quando aumenta o número de usuários e há demanda garantida, como aconteceu com a eólica.”
“Se houver um compromisso de compra, a indústria virá para cá, com certeza”, reforça o pesquisador Ricardo Ruther, da Universidade Federal de Santa Catarina e diretor técnico do Instituto para o Desenvolvimento das Energias Alternativas na América Latina (Ideal). Em algumas regiões, diz ele, a energia solar poderia se tornar competitiva já nos próximos anos. “Os custos estão caindo e vai chegar um momento, ainda nesta década, em que instalar um telhado solar e gerar sua própria eletricidade será mais barato do que comprar energia das concessionárias”, diz. “Quando esse momento chegar, o cidadão tem de ter o direito de optar pela alternativa mais barata. Só que, hoje, o consumidor não pode se conectar diretamente à rede. O governo tem de criar a regulamentação necessária para que isso aconteça.” (OESP)

Usinas eólicas no Brasil devem quintuplicar

Usinas eólicas no Brasil devem quintuplicar a capacidade instalada até 2013.
As usinas eólicas deverão quintuplicar sua capacidade instalada para geração de energia elétrica até 2013. A previsão é do presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Ricardo de Maya Simões. O setor venceu a maioria dos lances dos dois leilões (de energia de reserva e de fontes renováveis) feitos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) esta semana, na capital paulista.
O setor, que hoje tem 744 megawatts (MW) de capacidade instalada, e ainda 1.806 MW em processo de instalação, terá mais 2.047 MW até 2013, resultado dos contratos fechados nos leilões, totalizando 4597 MW.
“Hoje está próximo a mil megawatts de capacidade instalada. Ano que vem, será 1.300 MW, 2012 teremos 3,1 mil MW, e em 2013 mais cinco 5 mil MW de capacidade instalada”, disse Simões.
Nos dois dias de pregão, iniciado em 25/08/2010, a energia produzida pelas usinas de bagaço de cana (biomassa) foram comercializadas, em média a R$ 144,20 o megawatt-hora (MWh), a energia eólica – a mais barata – a R$ 130,86, e a das pequenas centrais hidrelétricas (PHC) a R$ 141,93 o MWh.
De toda a energia negociada, as usinas eólicas ficaram com 70% (25% com as de biomassa e 5% com as PCH). Para Simões, o avanço do setor pode ser explicado pelo desempenho da economia brasileira diante de um cenário desaquecido da econômica mundial no pós crise.
“Você tem claramente a economia mundial desaquecida, e o Brasil crescendo a taxas bem interessantes, que faz com que os grandes fabricantes mundiais de máquinas estejam olhando o país como oportunidade da expansão das suas operações. Também vemos que empresariado está entendendo que a descarbonização. (EcoDebate)

Potencial da energia eólica no Brasil

Energia alternativa – Para não correr o risco de racionamento de energia em períodos de seca, quando baixa muito o nível dos reservatórios das hidrelétricas, prevalecia até há pouco tempo a tendência de favorecer a construção de usinas termoelétricas, movidas a óleo combustível ou a gás natural. Há anos em vigor, o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) atuava mais no âmbito da Eletrobrás, mas o cenário começou a mudar em dezembro do ano passado, com a realização do primeiro leilão de fontes renováveis.
No segundo leilão desse tipo, em 26 de agosto, quando foram negociados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) 2.892,2 megawatts (MW) de capacidade, os resultados foram surpreendentes até mesmo para os técnicos e empresários. Foram contratados na ocasião 50 parques eólicos, que ficaram com 70% do total ofertado, a um preço médio de R$ 130,86 por megawatt/hora (MWh), abaixo do preço das termoelétricas a gás natural (R$ 140 por MWh). Como disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, foi quebrada uma série de paradigmas, uma vez que a energia eólica mostrou ser competitiva mesmo em relação à produzida por biomassa (R$ 144,20 o MWh) e por pequenas centrais hidrelétricas (R$ 141,93 o MWh).
A capacidade de produção de energia eólica, que era incipiente até a realização dos dois leilões, não passando de 600 MW em 2009, deve alcançar 4.454 MW em três anos e sua participação na matriz energética brasileira deve ficar em torno de 2,5%. É uma fatia pequena, mas tem muito espaço para expansão, estando o maior potencial no Nordeste e no Rio Grande do Sul.
Há inconvenientes, é verdade. A instalação de parques eólicos em determinadas áreas deve ser cuidadosa e até evitada, se for prejudicial ao ecossistema ou causar um impacto visual negativo. O barulho causado pela operação dos aerogeradores impõe limites mínimos de distância de áreas habitadas. Além disso, os ventos mudam e não sopram sempre com a mesma intensidade durante todo o ano. O Brasil, porém, apresenta algumas vantagens naturais, segundo Ricardo Simões, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). Ele cita o fator capacidade de geração, que está na casa de 40% no País, em comparação com 22% na Europa, ou seja, as unidades brasileiras podem geram mais energia por MW instalado.
A ABEEólica vem mapeando locais adequados em vários Estados, incluindo propriedades privadas, nas quais a instalação de aerogeradores pode complementar a renda de produtores rurais, que receberão aluguel pelas áreas cedidas para esse fim. A tecnologia nesse setor tem evoluído rapidamente e hoje existem aerogeradores que amenizam os problemas de ruído. Além disso, como notam os especialistas, a energia eólica, dadas as condições climáticas, tende a ser associada, no futuro, à energia solar.
Um grande problema para a expansão da energia eólica no Brasil era o elevado custo. Contudo, a queda da demanda por energia nos países europeus, como consequência da desaceleração de suas economias, barateou os preços internacionais de geradores e outros equipamentos. Há algum tempo, estimava-se que o custo de um parque eólico estava em torno de R$ 5 milhões por MW instalado. Hoje, esse custo é calculado entre R$ 4 milhões e R$ 4,2 milhões por MW. Com a concessão de isenção fiscal e financiamentos em mais longo prazo do BNDES, fábricas de equipamentos específicos já se instalaram ou estão em processo de instalação no Brasil.
Estima a ABEEólica que os parques de geração de energia eólica no Brasil poderão vir a ter uma participação de 20% na matriz energética brasileira nas próximas duas décadas. Trata-se de uma meta ambiciosa, mas, de qualquer forma, a energia eólica tende a crescer no País e sua contribuição para o meio ambiente será notável, uma vez que se trata de uma das formas mais limpas de geração de energia, que, não necessitando de combustível algum, não gera gases de efeito estufa. (EcoDebate)

Energia alternativa

Para não correr o risco de racionamento de energia em períodos de seca, quando baixa muito o nível dos reservatórios das hidrelétricas, prevalecia até há pouco tempo a tendência de favorecer a construção de usinas termoelétricas, movidas a óleo combustível ou a gás natural. Há anos em vigor, o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) atuava mais no âmbito da Eletrobrás, mas o cenário começou a mudar em dezembro do ano passado, com a realização do primeiro leilão de fontes renováveis.
No segundo leilão desse tipo, em 26 de agosto de 2010, quando foram negociados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) 2.892,2 megawatts (MW) de capacidade, os resultados foram surpreendentes até mesmo para os técnicos e empresários. Foram contratados na ocasião 50 parques eólicos, que ficaram com 70% do total ofertado, a um preço médio de R$ 130,86 por megawatt/hora (MWh), abaixo do preço das termoelétricas a gás natural (R$ 140 por MWh). Como disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, foi quebrada uma série de paradigmas, uma vez que a energia eólica mostrou ser competitiva mesmo em relação à produzida por biomassa (R$ 144,20 o MWh) e por pequenas centrais hidrelétricas (R$ 141,93 o MWh).
A capacidade de produção de energia eólica, que era incipiente até a realização dos dois leilões, não passando de 600 MW em 2009, deve alcançar 4.454 MW em três anos e sua participação na matriz energética brasileira deve ficar em torno de 2,5%. É uma fatia pequena, mas tem muito espaço para expansão, estando o maior potencial no Nordeste e no Rio Grande do Sul.
Há inconvenientes, é verdade. A instalação de parques eólicos em determinadas áreas deve ser cuidadosa e até evitada, se for prejudicial ao ecossistema ou causar um impacto visual negativo. O barulho causado pela operação dos aerogeradores impõe limites mínimos de distância de áreas habitadas. Além disso, os ventos mudam e não sopram sempre com a mesma intensidade durante todo o ano. O Brasil, porém, apresenta algumas vantagens naturais, segundo Ricardo Simões, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). Ele cita o fator capacidade de geração, que está na casa de 40% no País, em comparação com 22% na Europa, ou seja, as unidades brasileiras podem geram mais energia por MW instalado.
A ABEEólica vem mapeando locais adequados em vários Estados, incluindo propriedades privadas, nas quais a instalação de aerogeradores pode complementar a renda de produtores rurais, que receberão aluguel pelas áreas cedidas para esse fim. A tecnologia nesse setor tem evoluído rapidamente e hoje existem aerogeradores que amenizam os problemas de ruído. Além disso, como notam os especialistas, a energia eólica, dadas as condições climáticas, tende a ser associada, no futuro, à energia solar.
Um grande problema para a expansão da energia eólica no Brasil era o elevado custo. Contudo, a queda da demanda por energia nos países europeus, como consequência da desaceleração de suas economias, barateou os preços internacionais de geradores e outros equipamentos. Há algum tempo, estimava-se que o custo de um parque eólico estava em torno de R$ 5 milhões por MW instalado. Hoje, esse custo é calculado entre R$ 4 milhões e R$ 4,2 milhões por MW. Com a concessão de isenção fiscal e financiamentos a mais longo prazo do BNDES, fábricas de equipamentos específicos já se instalaram ou estão em processo de instalação no Brasil.
Estima a ABEEólica que os parques de geração de energia eólica no Brasil poderão vir a ter uma participação de 20% na matriz energética brasileira nas próximas duas décadas. Trata-se de uma meta ambiciosa, mas, de qualquer forma, a energia eólica tende a crescer no País e sua contribuição para o meio ambiente será notável, uma vez que se trata de uma das formas mais limpas de geração de energia, que, não necessitando de combustível algum, não gera gases de efeito estufa. (OESP)