Medida é passo importante para cumprir metas de eficiência energética, dizem analistas.
Em meados do primeiro semestre, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, prometeu usar uma mão de ferro para melhorar a eficiência do consumo energético de seu país, e um número de empresas cada vez maior está descobrindo que esta mão de ferro mais parece um punho fechado.
Na noite de domingo, o Ministério da Indústria e da Tecnologia da Informação publicou discretamente uma lista de 2.087 siderúrgicas, fábricas de cimento e outras indústrias de alto consumo energético cujo fechamento foi marcado para 30 de setembro.
Analistas do setor de energia descreveram a medida como um passo importante no cumprimento das metas de eficiência energética do país, mas que não é suficiente, por si mesmo, para cumpri-la.
Ao longo dos anos, funcionários dos governos provinciais e municipais procuram ocasionalmente deter as tentativas de Pequim de fechar fábricas antigas e obsoletas localizadas dentro de sua jurisdição. Em especial, estes funcionários tentaram proteger instalações siderúrgicas antigas e outras operações industriais pesadas que costumam empregar milhares de funcionários e que chegaram a oferecer aos trabalhadores edifícios residenciais, instalações esportivas e outros benefícios desde as décadas de 1950 e 1960.
Desta vez, para evitar este tipo de obstrução local, o ministério disse em pronunciamento publicado na sua página da rede que as fábricas na lista seriam impedidas de obter empréstimos bancários, crédito à exportação, licenças de funcionamento e terras. O ministério alertou até que o fornecimento de eletricidade a estas fábricas seria cortado, se necessário.
Produção
O objetivo do fechamento das fábricas é "melhorar a estrutura de produção e elevar nosso padrão de capacidade técnica e de competitividade internacional, além de promover uma transformação na indústria, que deixará de ser caracterizada por suas grandes dimensões e passará a ser conhecida pela força", disse o ministério.
O anúncio foi a mais recente de uma série de medidas anunciadas pelos chineses para aumentar a eficiência energética. A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, mais poderosa dentre as agências de planejamento econômico do governo, anunciou na última sexta-feira que obrigou 22 províncias a encerrar a prática de fornecer energia a preços promocionais para indústrias de alto consumo de eletricidade, como a produção de alumínio.
O plano quinquenal chinês atual requer um consumo de energia 20% menor para cada unidade de produção econômica em relação ao consumo registrado em 2005. Mas uma alta na produção da indústria pesada observada desde o fim do ano passado levou ao questionamento da capacidade chinesa de cumprir a meta proposta.
O sucesso ou fracasso da campanha chinesa por uma maior eficiência no consumo de energia é acompanhado atentamente não apenas pelos economistas, que citam a campanha como um dos motivos que levaram o crescimento chinês a desacelerar um pouco nos últimos meses, mas também pelos cientistas climáticos.
O consumo de energia na China aumentou tão rapidamente no começo do ano que produziu a maior alta individual de todos os tempos na emissão de gases estufa por um único país. As geradoras de eletricidade queimaram mais carvão para produzir eletricidade suficiente para atender à demanda.
Conforme a China se torna mais dependente das importações de petróleo e carvão, os principais nomes responsáveis pela segurança nacional do país são vistos cada vez mais envolvidos nas políticas de energia e nas questões de segurança energética, entre elas os esforços para aumentar a eficiência do consumo.
Consumo
A eficiência no consumo de energia apresentou melhora de 14,4% nos primeiros quatro anos do plano atual, mas piorou 3,6% no primeiro trimestre deste ano, de acordo com estatísticas oficiais. Wen respondeu com a convocação de uma reunião especial do gabinete em maio para debater a situação.
A eficiência no consumo de energia piorou apenas 0,09% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2009, de acordo com estatísticas divulgadas na semana passada. Analistas do setor energético disseram que tais números indicam uma melhoria na eficiência correspondente ao segundo trimestre, que quase compensou a deterioração verificada no primeiro trimestre, apesar de o governo não ter divulgado números específicos para o período de abril a junho.
Zhou Xizhou, sócio diretor da IHS Cambridge Energy Research Associates, em Pequim, disse que a nova lista de fábricas a serem fechadas publicada pelo ministério era uma medida forte para promover melhorias na eficiência. Mas acrescentou que a meta chinesa de obter até o fim deste ano uma melhoria da ordem de 20% em relação a 2005 "ainda é um desafio muito exigente para o prazo estipulado".
Em seu pronunciamento, o ministério disse que as fábricas ameaçadas de fechamento incluiriam 762 produtoras de cimento, 279 produtoras de papel, 175 siderúrgicas e 84 instalações de processamento de couro.
O ministério não divulgou números relativos ao porcentual de capacidade que seria fechado em cada setor industrial. Também não foi divulgada uma estimativa de quantos trabalhadores seriam afetados.
Hoje em dia, fechar fábricas é mais palatável do que antes porque uma escassez de mão de obra nas cidades tornou a oferta de emprego mais fácil para os trabalhadores, principalmente os mais jovens.
A lista de siderúrgicas que serão fechadas pareceu enfatizar as indústrias menores e mais antigas que produzem aço considerado inferior. Edward Meng, diretor-financeiro da China Gerui Advanced Materials, empresa de processamento de aço na província de Hebei, no centro da China, disse que o fechamento de tais instalações condizia com a meta mais ampla do governo de consolidar o setor siderúrgico e obrigar os produtores de aço a fabricar tipos mais sofisticados desta liga metálica.
Ultrapassagem
Em Paris, a Agência Internacional de Energia anunciou que, no ano passado, a China ultrapassou os Estados Unidos como maior consumidor mundial de energia.
A China se tornou o principal emissor de gases estufa em 2006. Este marco foi atingido antes por causa da grande dependência da China em relação ao carvão, um combustível fóssil especialmente sujo em termos de emissão de gases que contribuem para a mudança climática.
Além da meta de melhorar a eficiência do consumo energético no planejamento quinquenal atual, um plano anunciado no ano passado pelo presidente Hu Jintao pedia à China que reduzisse em 40% ou 45% suas emissões de carbono até 2020 em relação aos níveis de 2005. As emissões de carbono de cada país são um critério para medir as emissões de gases estufa produzidos pelo homem, como o dióxido de carbono.
Mesmo se a China cumprir a meta de eficiência energética neste ano e sua meta de emissões de carbono até 2020, o volume total de emissões de carbono do país ainda deve aumentar muito na próxima década, de acordo com as previsões da Agência Internacional de Energia. Isto se deve a fatores como o rápido crescimento da economia chinesa, o crescente número de proprietários de automóveis e a presença cada vez maior de eletrodomésticos nos lares chineses.
Na mira
2.087 é o total de siderúrgicas, fábricas de cimento e outras indústrias de alto consumo energético que constam da lista preparada pelo Ministério da Indústria e da Tecnologia da Informação para serem fechadas no dia 30 de setembro.
14,4% é o índice de melhora na eficiência no consumo de energia obtido nos quatro primeiros anos do plano atual do governo. (OESP)
Em meados do primeiro semestre, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, prometeu usar uma mão de ferro para melhorar a eficiência do consumo energético de seu país, e um número de empresas cada vez maior está descobrindo que esta mão de ferro mais parece um punho fechado.
Na noite de domingo, o Ministério da Indústria e da Tecnologia da Informação publicou discretamente uma lista de 2.087 siderúrgicas, fábricas de cimento e outras indústrias de alto consumo energético cujo fechamento foi marcado para 30 de setembro.
Analistas do setor de energia descreveram a medida como um passo importante no cumprimento das metas de eficiência energética do país, mas que não é suficiente, por si mesmo, para cumpri-la.
Ao longo dos anos, funcionários dos governos provinciais e municipais procuram ocasionalmente deter as tentativas de Pequim de fechar fábricas antigas e obsoletas localizadas dentro de sua jurisdição. Em especial, estes funcionários tentaram proteger instalações siderúrgicas antigas e outras operações industriais pesadas que costumam empregar milhares de funcionários e que chegaram a oferecer aos trabalhadores edifícios residenciais, instalações esportivas e outros benefícios desde as décadas de 1950 e 1960.
Desta vez, para evitar este tipo de obstrução local, o ministério disse em pronunciamento publicado na sua página da rede que as fábricas na lista seriam impedidas de obter empréstimos bancários, crédito à exportação, licenças de funcionamento e terras. O ministério alertou até que o fornecimento de eletricidade a estas fábricas seria cortado, se necessário.
Produção
O objetivo do fechamento das fábricas é "melhorar a estrutura de produção e elevar nosso padrão de capacidade técnica e de competitividade internacional, além de promover uma transformação na indústria, que deixará de ser caracterizada por suas grandes dimensões e passará a ser conhecida pela força", disse o ministério.
O anúncio foi a mais recente de uma série de medidas anunciadas pelos chineses para aumentar a eficiência energética. A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, mais poderosa dentre as agências de planejamento econômico do governo, anunciou na última sexta-feira que obrigou 22 províncias a encerrar a prática de fornecer energia a preços promocionais para indústrias de alto consumo de eletricidade, como a produção de alumínio.
O plano quinquenal chinês atual requer um consumo de energia 20% menor para cada unidade de produção econômica em relação ao consumo registrado em 2005. Mas uma alta na produção da indústria pesada observada desde o fim do ano passado levou ao questionamento da capacidade chinesa de cumprir a meta proposta.
O sucesso ou fracasso da campanha chinesa por uma maior eficiência no consumo de energia é acompanhado atentamente não apenas pelos economistas, que citam a campanha como um dos motivos que levaram o crescimento chinês a desacelerar um pouco nos últimos meses, mas também pelos cientistas climáticos.
O consumo de energia na China aumentou tão rapidamente no começo do ano que produziu a maior alta individual de todos os tempos na emissão de gases estufa por um único país. As geradoras de eletricidade queimaram mais carvão para produzir eletricidade suficiente para atender à demanda.
Conforme a China se torna mais dependente das importações de petróleo e carvão, os principais nomes responsáveis pela segurança nacional do país são vistos cada vez mais envolvidos nas políticas de energia e nas questões de segurança energética, entre elas os esforços para aumentar a eficiência do consumo.
Consumo
A eficiência no consumo de energia apresentou melhora de 14,4% nos primeiros quatro anos do plano atual, mas piorou 3,6% no primeiro trimestre deste ano, de acordo com estatísticas oficiais. Wen respondeu com a convocação de uma reunião especial do gabinete em maio para debater a situação.
A eficiência no consumo de energia piorou apenas 0,09% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2009, de acordo com estatísticas divulgadas na semana passada. Analistas do setor energético disseram que tais números indicam uma melhoria na eficiência correspondente ao segundo trimestre, que quase compensou a deterioração verificada no primeiro trimestre, apesar de o governo não ter divulgado números específicos para o período de abril a junho.
Zhou Xizhou, sócio diretor da IHS Cambridge Energy Research Associates, em Pequim, disse que a nova lista de fábricas a serem fechadas publicada pelo ministério era uma medida forte para promover melhorias na eficiência. Mas acrescentou que a meta chinesa de obter até o fim deste ano uma melhoria da ordem de 20% em relação a 2005 "ainda é um desafio muito exigente para o prazo estipulado".
Em seu pronunciamento, o ministério disse que as fábricas ameaçadas de fechamento incluiriam 762 produtoras de cimento, 279 produtoras de papel, 175 siderúrgicas e 84 instalações de processamento de couro.
O ministério não divulgou números relativos ao porcentual de capacidade que seria fechado em cada setor industrial. Também não foi divulgada uma estimativa de quantos trabalhadores seriam afetados.
Hoje em dia, fechar fábricas é mais palatável do que antes porque uma escassez de mão de obra nas cidades tornou a oferta de emprego mais fácil para os trabalhadores, principalmente os mais jovens.
A lista de siderúrgicas que serão fechadas pareceu enfatizar as indústrias menores e mais antigas que produzem aço considerado inferior. Edward Meng, diretor-financeiro da China Gerui Advanced Materials, empresa de processamento de aço na província de Hebei, no centro da China, disse que o fechamento de tais instalações condizia com a meta mais ampla do governo de consolidar o setor siderúrgico e obrigar os produtores de aço a fabricar tipos mais sofisticados desta liga metálica.
Ultrapassagem
Em Paris, a Agência Internacional de Energia anunciou que, no ano passado, a China ultrapassou os Estados Unidos como maior consumidor mundial de energia.
A China se tornou o principal emissor de gases estufa em 2006. Este marco foi atingido antes por causa da grande dependência da China em relação ao carvão, um combustível fóssil especialmente sujo em termos de emissão de gases que contribuem para a mudança climática.
Além da meta de melhorar a eficiência do consumo energético no planejamento quinquenal atual, um plano anunciado no ano passado pelo presidente Hu Jintao pedia à China que reduzisse em 40% ou 45% suas emissões de carbono até 2020 em relação aos níveis de 2005. As emissões de carbono de cada país são um critério para medir as emissões de gases estufa produzidos pelo homem, como o dióxido de carbono.
Mesmo se a China cumprir a meta de eficiência energética neste ano e sua meta de emissões de carbono até 2020, o volume total de emissões de carbono do país ainda deve aumentar muito na próxima década, de acordo com as previsões da Agência Internacional de Energia. Isto se deve a fatores como o rápido crescimento da economia chinesa, o crescente número de proprietários de automóveis e a presença cada vez maior de eletrodomésticos nos lares chineses.
Na mira
2.087 é o total de siderúrgicas, fábricas de cimento e outras indústrias de alto consumo energético que constam da lista preparada pelo Ministério da Indústria e da Tecnologia da Informação para serem fechadas no dia 30 de setembro.
14,4% é o índice de melhora na eficiência no consumo de energia obtido nos quatro primeiros anos do plano atual do governo. (OESP)
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