sábado, 4 de setembro de 2010

Carro elétrico - mais do que um meio de transporte

O carro elétrico parado e ligado à tomada vai incorporar uma nova funcionalidade muito útil, tanto para seu dono quanto para a rede elétrica.
Carros para uso individual ficam estacionados cerca de 90% do tempo, sem qualquer utilidade para os seus proprietários que se servem dos mesmos para (segundo o Aurélio) “transportar pessoas ou cargas”.
O carro elétrico parado e ligado à tomada vai incorporar uma nova funcionalidade muito útil, tanto para seu dono quanto para a rede elétrica. Com efeito, ao contrário dos eletrodomésticos tradicionais, como a geladeira, lâmpadas ou motor, o carro para atingir o seu objetivo de transporte não usa a energia que recebe da rede de forma imediata. Ela é estocada em baterias para uso futuro.
Não é difícil equipar o carro para que ele deixe de ser apenas um consumidor e se torne também um supridor temporário de energia elétrica, transformando o carro parado em um “no-break” da casa que vai garantir a continuidade de seu suprimento caso haja uma queda da rede elétrica. Os sofisticados sistemas de controle do carro vão permitir que ele melhore a qualidade da energia elétrica, por exemplo, regulando a tensão.
A nova funcionalidade fica condicionada à quantidade de energia estocada nas baterias. Se, porém, o veículo elétrico tiver um gerador a bordo (“híbridos plug-in”) a capacidade de apoio aumenta substancialmente. Em termos econômicos não faz sentido gerar energia elétrica o tempo todo, mas, certamente, o custo para operar como uma reserva é muito inferior ao custo que o setor elétrico tem para reforçar seu suprimento convencional.
Estendendo a ideia, um grupo de carros pode ser ligado ou desligado pela empresa de distribuição elétrica para atender necessidades em uma região de distribuição elétrica. Para ter uma ideia do que pode significar, suponhamos que 20% dos carros de passeio fossem “híbridos plug-in”. Nesse caso se instalaria, de forma pulverizada, uma potência da mesma ordem de grandeza instalada no setor elétrico hoje!
Para integrar estes e outros microgeradores ao sistema elétrico será preciso modificar a estrutura do serviço elétrico que foi planejado e construído considerando que a energia flui apenas dos geradores para os consumidores. Esta necessidade de mudança já vem sendo percebida há tempos. No mundo inteiro se estudam formas para implantar redes (de distribuição elétrica) “inteligentes” que vão complementar o trabalho de um “big brother” (sistema interligado) que hoje coordena a movimentação dos grandes blocos de energia no país. Esse tema vai ser discutido em agosto próximo no Forum SmartGrid 2010.
Nesse contexto já se estuda, de forma mais detalhada, a relação entre carros elétricos e a rede. Os norte americanos, que adoram uma sigla, já deram a esta relação o sugestivo nome “V2G – Vehicle To Grid” (do veículo para a rede elétrica).
Recentemente o “Auto Show Design Challenge” lançou um concurso para projetistas de carros com o desafio “Como serão os meios de transporte, em especial os carros, em 2030? ”O troféu ficou para o conceito Nissan V2G (Vehicle to Grid). (ambienteenergia)

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