domingo, 30 de outubro de 2011

Energias renováveis e tributos verdes

Com o objetivo de promover um profundo debate sobre os incentivos fiscais e econômicos que fomentem o uso da energia solar no Brasil, o Instituto Vitae Civilis – organização civil que atua para a construção de uma sociedade sustentável, harmonizando o desenvolvimento humano (econômico, cultural e social) e a preservação ambiental – realiza, no dia 26 de outubro de 2011, em São Paulo, o workshop “Energias Renováveis e Tributos Verdes”, que tem inscrição gratuita.
O Vitae Civilis está desenvolvendo um projeto cuja finalidade é analisar as potencialidades do Direito Tributário brasileiro como instrumento para a criação de incentivos tributários e econômicos para promover o uso de energias renováveis, principalmente a energia solar térmica e fotovoltaica.
O workshop irá enfocar os incentivos fiscais e econômicos que fomentem o uso da energia solar no Brasil. O público-alvo do evento reúne profissionais da área energética, empresários do segmento de painéis solares, ambientalistas, universidades que estão desenvolvendo pesquisa, representantes do governo, construtoras e administradores de condomínio, entre outros.
Entre os palestrantes estarão Fabrício Soler, presidente da Comissão de Energia da OAB; Marcelo Manhães de Almeida, presidente da Comissão de Urbanismo da OAB, e José Ronaldo Kulb, CEO da Heliotek. Com base na troca de conhecimento e experiências, o evento envolverá o debate entre palestrantes e plateia, promovendo o diálogo sobre as energias renováveis entre os diversos setores da sociedade, com foco na energia solar, destacando os possíveis instrumentos tributários e econômicos que incentivam seu uso em residências, empresas, hospitais, creches, escolas, postos de saúde, hotéis, entre outros.
A troca de informações e as conclusões do workshop “Energias Renováveis e Tributos Verdes” irão fornecer subsídios jurídicos a movimentos sociais, fóruns, redes e organizações não governamentais sobre as potencialidades do Direito Tributário na consecução de metas ambientais. (ambienteenergia)

Mais prazo para Megawatt Solar

Energia Renovável: mais prazo para Megawatt Solar
A Eletrosul prorrogou para o dia 31 deste mês o prazo para entrega das propostas do edital de concorrência internacional para instalação da primeira usina solar da empresa. O prazo inicial era o dia 10 de outubro, mas diante da complexidade da execução do projeto, a estatal decidiu dar mais tempo aos possíveis concorrentes, atendendo pedido das próprias empresas.
“Inúmeras empresas interessadas na concorrência solicitaram a postergação para buscar soluções otimizadas e de menor custo”, afirmou o coordenador do Projeto Megawatt Solar na Eletrosul, Rafael Takasaki. Segundo ele, por se tratar da primeira licitação no país para fornecimento de uma usina de 1 MW, a Eletrosul abriu essa concessão.
As propostas serão recebidas até as 11 horas do dia 31 de outubro. A abertura dos envelopes está marcada para as 15 horas do mesmo dia. O edital completo está disponível no endereço: http://www.eletrosul.gov.br . As demais condições do edital permanecem inalteradas.
O projeto - O projeto conceitual do Megawatt Solar prevê a instalação dos módulos fotovoltaicos (painéis que captam os raios solares e transformam em energia elétrica) nas coberturas do edifício-sede e dos estacionamentos da Eletrosul, em Florianópolis (SC), totalizando uma área de aproximadamente 10 mil metros quadrados. A usina será conectada à rede elétrica local e a energia produzida deverá ser vendida a consumidores livres.
As empresas que participarem da concorrência terão que apresentar informações detalhadas sobre o projeto que desenvolverão como a quantidade de módulos, sua potência, modelo dos inversores (equipamentos que convertem a energia gerada em corrente contínua para corrente alternada), os arranjos previstos, entre outros aspectos. Além da planta comercial, o edital do Megawatt Solar prevê a instalação de uma planta experimental de 8 kW de potência, contemplando quatro sistemas fotovoltaicos: dois deles, usando módulos de silício cristalino e outros dois que usarão a tecnologia de filme fino de silício amorfo ou microcristalino. (ambienteenergia)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Japão estuda ampliar área de segurança nuclear

Sete meses depois do acidente de Fukushima, Japão estuda ampliar área de segurança nuclear
A Comissão de Segurança Nuclear do Japão elaborou um plano que propõe ampliar as medidas de prevenção e os cuidados nas áreas que estejam a 30 quilômetros de usinas de energia nuclear em todo o país. Atualmente essas orientações são seguidas para o perímetro de 10 quilômetros. A proposta de mudança foi provocada pelos acidentes radioativos ocorridos há sete meses.
Em 11 de março deste ano, na região de Fukushima, no Nordeste do país, o terremoto seguido por tsunami gerou vazamentos e explosões na Usina de Fukushima Daiichi. Os acidentes levaram ao esvaziamento de cidades inteiras, que permanecem assim.
Um grupo de trabalho, com peritos japoneses e o acompanhamento de estrangeiros, elabora o novo plano de segurança nuclear. Inicialmente, os especialistas recomendam que sejam designadas zonas de ação cautelar – as áreas em torno de 5 quilômetros em volta das usinas.
Os peritos sugerem também que em um raio de cerca de 50 quilômetros os moradores devem ser orientados a se precaver, por exemplo, tomando comprimidos de iodo. As propostas dos especialistas ainda poderão sofrer mudanças a partir de conversas com os representantes municipais.
A ideia é que o plano de segurança seja definido em parceria com representantes de 130 municípios. Atualmente pouco mais de 40 municípios estão envolvidos nas propostas de segurança nuclear no Japão. Porém, os acidentes de março geraram uma série de mudanças de comportamento. Para especialistas, foi o pior acidentes desde o de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. (EcoDebate)

Japão pode fechar todas as usinas nucleares

Japão ainda considera fechar todas as usinas nucleares
O Japão não descartou a possibilidade de fechar totalmente as usinas nucleares como uma opção para a futura política energética do país depois do pior acidente nuclear do mundo em 25 anos, informou o ministro da Economia, Comércio e Indústria, Yukio Edano.
“Estou certo de que vamos reduzir a geração de energia nuclear, mas se vamos reduzi-la a zero é uma outra questão”, disse Edano à Reuters nos bastidores de uma reunião ministerial organizada pela Agência Internacional de Energia, em Paris.
Questionado se a interrupção da geração nuclear estava sendo considerada, Edano disse que “sim, ainda está sob consideração”.
Anteriormente ele afirmou em entrevista coletiva que o Japão estava trabalhando na melhoria da sua eficiência energética e promoveria o desenvolvimento de fontes renováveis de energia e de usinas de geração a gás para compensar a perda de produção nuclear.
O ex-primeiro-ministro do Japão Naoto Kan concluiu em março que a geração de energia nuclear não valia mais o risco depois do terremoto e tsunami que incapacitaram a usina de Fukushima.
Mas seu sucessor, Yoshihiko Noda, tem sinalizado que a energia nuclear ainda pode desempenhar um papel por décadas e interesses pró-nucleares estão silenciosamente em campanha pelo setor.
O governo deixou que um painel de especialistas começasse um debate sobre a política energética do Japão. A preocupação pública com a segurança disparou depois do acidente de Fukushima, que obrigou 80 mil pessoas a deixarem suas casas e provocou temores sobre o abastecimento de água e alimentos.
Cerca de 70% dos eleitores entrevistados em julho apoiaram o pedido de Kan de eliminar as usinas nucleares. Uma série de escândalos nas quais os reguladores e as empresas de energia tentaram influenciar audiências sobre reatores também prejudicou a confiança do público.
Noda reconheceu que as preocupações de segurança pública vão dificultar a construção de novos reatores nucleares, mas não chegou a dizer que a energia atômica não desempenhará nenhum papel até 2050.
Ele disse que as decisões sobre os reatores já em construção teriam de ser tomadas “caso a caso”. (EcoDebate)

Radiação vaza da Fábrica de Combustível

Radiação vaza da Fábrica de Combustível Nuclear, em Rezende/RJ
Ocorreram três vazamentos dentro da Fábrica de Combustível Nuclear, pertencente ao governo federal, em Resende (RJ). Dois deles, envolvendo substâncias químicas. Outro, urânio enriquecido altamente radioativo. A empresa admite “falhas”, mas descarta danos a funcionários e ao meio ambiente.
Produto radioativo vaza em indústria nuclear de Resende (RJ). A empresa, pertencente ao governo federal, confirma o caso, reconhece “falhas” em equipamentos, mas descarta danos aos funcionários e ao meio ambiente
Engenheiros e técnicos de segurança do trabalho detectaram três vazamentos dentro da Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), em Resende (RJ), dois deles envolvendo substâncias químicas e um de urânio enriquecido (UO2), elemento altamente radioativo. A constatação dos vazamentos foi comunicada pelos engenheiros e técnicos a seus superiores por e-mails internos. O Correio teve acesso a cópias desses e-mails.
O pó de urânio vazou de um equipamento chamado homogeneizador e caiu no piso da sala. O episódio foi registrado em 14 de julho de 2009. Em janeiro de 2010, o alarme de atenção da fábrica foi acionado em razão do vazamento de gás liquefeito usado no forno que queima os excessos de gases resultantes da produção de pastilhas de urânio. E, em julho deste ano, um engenheiro suspeitou do vazamento de amônia e comunicou o ocorrido aos gerentes.
Os três casos não representaram riscos aos trabalhadores, ao meio ambiente e ao funcionamento da fábrica, garantem a diretoria da fábrica – pertencente ao governo federal – e a presidência da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), órgão responsável pela fiscalização de atividades radioativas no Brasil. “O urânio ficou numa sala confinada, hermeticamente fechada, não foi para o meio ambiente”, diz o diretor de Produção de Combustível Nuclear da FCN, Samuel Fayad Filho. Ele reconhece “falhas” nos equipamentos e diz que “todos os procedimentos foram tomados” em relação aos problemas detectados. “Não há vazamento de material radioativo em Resende”, assegura.
O Correio consultou especialistas para saber o que significam as informações que circularam internamente na FCN. Para o engenheiro nuclear Aquilino Senra, “é evidente que houve uma falha”. “Não era para o pó de UO2 sair dessa prensa”, diz o engenheiro nuclear, vice-diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “É uma anormalidade clara o vazamento de UO2 da prensa e a presença da substância no solo.”
Em relação ao vazamento de gás liquefeito, Aquilino afirma que “gás vazado não é boa coisa”. “Detectores existem para isso, mas o ponto é por que o gás vazou.” O Correio ouviu também um técnico ligado à Presidência da República, sob a condição de anonimato: “Não me parece um problema grave, pois a Presidência não foi avisada”, diz.
Funções – A FCN é um conjunto de fábricas responsáveis pela montagem do elemento combustível, pela fabricação do pó e da pastilha de urânio e por uma pequena parte do enriquecimento de urânio. O mineral é extraído em Caetité (BA). O processo de enriquecimento é feito quase todo fora do país, mas parte dele já ocorre na FCN. Cabe à fábrica, além dessa pequena fatia do enriquecimento, produzir as pastilhas que serão utilizadas na geração de energia nuclear pelas usinas Angra 1 e Angra 2, em Angra dos Reis (RJ).
Hoje, a FCN é responsável pelo enriquecimento de 10% do urânio necessário para Angra 1 e de 5% para Angra 2, segundo Samuel Fayad. A FCN faz parte da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), subordinada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT).
O episódio do vazamento de pó de urânio foi relatado por um técnico de segurança do trabalho às coordenações superiores. A Cnen confirmou ao Correio o alerta. “O fato é irrelevante em termos de segurança. O referido pó foi identificado em área controlada, dentro de ambiente com contenção para material radioativo, não afetando trabalhadores da unidade ou o meio ambiente”, sustenta o órgão, por meio da assessoria de imprensa.
Crise – O setor de geração de energia nuclear vive um conflito e uma crise dentro do governo federal. O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Angelo Padilha, assumiu o cargo em 7 de julho, depois de o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, demitir Odair Dias Gonçalves. Odair perdeu o cargo após revelações de que a usina Angra 2 operou por 10 anos sem licença definitiva e de que o Brasil passou a importar urânio em razão de licenças travadas. Até agora, a Agência Reguladora de Energia Nuclear é apenas um projeto, em razão de conflitos dentro do setor. A agência vai retirar da Cnen – principal acionista das Indústrias Nucleares do Brasil – a função de regulação e fiscalização. (EcoDebate)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Nuclear: em busca de forma alternativa

Acidentes nucleares como os ocorridos em Chernobyl ou Fukushima geram muita resistência em relação às vantagens da geração de energia nuclear. Porém, existe uma forma de geração de energia nuclear diferente da tradicional (fissão nuclear do átomo de urânio) que não cria resíduos radioativos nem riscos de acidentes de grande porte. É a fusão nuclear, processo que vem sendo estudado no Laboratório de Física de Plasmas do Instituto de Física (IF) da USP.
“Esse é o caminho para uma fonte perene e não perigosa de energia”, afirma o professor Ricardo Magnus Osório Galvão, chefe do laboratório. Segundo ele, pela fusão nuclear, não há nenhuma chance de acontecer um acidente da proporção dos ocorridos na ex-União Soviética e no Japão. “Se algo der errado, a reação simplesmente para, sem riscos de explosão”, explica.
Além disso, também não há produção de lixo radioativo, outro grande problema da produção de energia nuclear pela fissão do átomo de urânio. Galvão afirma que a viabilidade desse processo foi comprovada na década de 1990.
Atualmente, está sendo realizado um consórcio entre diversos países da Europa Ocidental, Estados Unidos, Rússia, Japão, China, Coreia e Índia para a construção de um protótipo de reator de fusão de grande porte. Chamado de ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor), que em latim significa “o caminho”, o reator está sendo construído na França.
O processo – A fusão nuclear nada mais é do que o processo inverso ao mais conhecido quando se pensa em energia nuclear. Em um reator nuclear tradicional ocorre o choque de um nêutron com um átomo de urânio, que tem seu núcleo quebrado, liberando energia, baseando-se no princípio de equivalência entre energia e massa (E=mc²), de Albert Einstein.
Já no caso da fusão, usam-se íons de hidrogênio, que, fundidos, geram energia também pelo princípio da equivalência. Esse é o processo pelo qual ocorre geração de energia nas estrelas, como no Sol, por exemplo.
Entretanto, por serem íons de mesma carga (positiva), existe repulsão entre as partículas, o que dificulta o processo de fusão em condições normais. “A massa do Sol é tão grande, que a força gravitacional é maior que a força de repulsão, possibilitando assim a fusão. O que na Terra não acontece”, explica Galvão.
Ele cita como exemplo duas bolas, sendo lançadas em direções opostas, cada uma em uma ponta de uma mola. Para que ocorra o choque entre as bolas, é necessário que elas sejam jogadas com muita velocidade. A saída, portanto, é dar muita energia cinética para os íons do hidrogênio, de forma que eles possam se chocar, e assim ocorra a fusão.
“Aquecemos o gás a mais de 100 milhões de graus célsius, o que dá a energia necessária para a fusão”, afirma. Nessa temperatura, a energia térmica é tanta, que os elétrons se desprendem completamente dos núcleos, gerando o plasma. Segundo Galvão, “plasma é um gás que, por algum processo, tem todos os seus elétrons ficando livres, perdendo ligação com os núcleos”.
Para armazenar esse plasma, é necessário que se crie um alto campo magnético, já que pela temperatura é impossível que o armazenamento seja realizado em materiais sólidos. Tanto esse processo de criação do campo magnético, quanto o aquecimento para que se atinja a energia necessária para a fusão são realizados por um reator chamado de Tokamak.
“Ele [o reator] produz um campo magnético intenso, e gera uma descarga elétrica que aquece o gás, o transformando em plasma e o confinando, para que ocorra a fusão”, explica Galvão. “Nosso objetivo aqui é pesquisar como confinar melhor a energia desse plasma, e como aquecê-lo de forma mais eficiente”, completa.
Visto externamente, o Tokamak do laboratório do IF (TCABR) tem o formato de um cilindro de 1,22 metros de raio e 1,90 metros de altura, sendo composto por 18 bobinas, cada uma com quatro aspiras, para produção do campo magnético de armazenamento.
O laboratório – O Laboratório de Física dos Plasmas do IF foi fundado na década de 70 pelo professor Ivan Nascimento, que era físico nuclear, mas resolveu mudar para a área de plasmas, preocupado com a questão energética. Entre os anos de 1977 e 1981, foi construído o primeiro Tokamak, que hoje está exposto na entrada do laboratório. A máquina operou até o ano de 1992.
De acordo com o professor Galvão, o laboratório foi muito importante por ser o primeiro do tipo no Brasil, permitindo o treinamento de muitos pesquisadores. “A maioria das pessoas que hoje fazem pesquisa na área, no Brasil, saíram aqui do laboratório”, conta.
O TCABR foi recebido na década de 1990, oferecido pela Universidade de Lausanne, Suíça, que estava construindo um maior. “Aceitamos e o trouxemos para cá, onde ele foi reconstruído”, completa Galvão. A reconstrução foi feita com recursos da própria USP, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Desde sua entrada em operação, em 1999, cerca de 100 trabalhos científicos foram publicados por pesquisadores do laboratório, em temas diretamente relacionados com as pesquisas realizadas no TCABR. (ambienteenergia)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Tecnologias limpas para um futuro sustentável

Tecnologias limpas para um futuro sustentável
Uma usina que transforma o movimento das ondas do mar em energia elétrica, um trem que levita e um ônibus movido a hidrogênio. Para conhecer essas tecnologias inovadoras não é preciso entrar no túnel do tempo. A Coppe vai apresentá-las na exposição “Tecnologia para um futuro sustentável”, que será realizada, de 19 a 23 de outubro, das 9h às 17h, no Jardim Botânico do Rio, como parte da programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT).
O público terá a oportunidade de conferir essas tecnologias em um espaço de 120 metros quadrados que exibirá instalação multimídia e cenários interativos. Nele serão demonstradas algumas das recentes contribuições da Coppe para a construção de um futuro renovável para as próximas gerações.
A exposição será realizada na Praça do Centro de Visitantes do Jardim Botânico, com acesso pela Rua Jardim Botânico, 1.008. A programação se estenderá de 19 a 23 de outubro, das 9h às 17h. A entrada é gratuita.
Usina Ondas 1 - A primeira tecnologia exibida na exposição é a usina de ondas do Pecém, que vai gerar energia renovável, dispensa queda d’água e tem como reservatório o próprio mar. Ao entrar no espaço de exposição, o visitante vai mergulhar em uma sinfonia de imagens, sons e ventos que recriam o ambiente no qual a usina está instalada. As pessoas serão sensorialmente transportadas para o litoral do Ceará, onde a usina está sendo instalada. A sensação é de estar em meio ao oceano, projetado nas paredes, do piso ao teto, com sons de ondas e circulação de ventos que atravessam o ambiente, simulando os ventos alíseos característicos da região.
A usina de ondas do Pecém é um projeto da Coppe, financiado pela Tractebel Energia, dentro do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com apoio do governo do Estado do Ceará.
Ônibus Hidrogênio 1 - No segundo módulo da exposição o público terá a oportunidade de conhecer como funciona o ônibus a hidrogênio, que foi desenvolvido no Laboratório de Hidrogênio da Coppe, e é o primeiro do Brasil com tecnologia 100% nacional. O silencioso veículo tem eficiência energética muito maior que a dos ônibus convencionais a diesel e emissão zero de poluentes. O que sai do seu cano de descarga é apenas vapor de água, tão limpo que, se condensado, poderia ser consumido.
Maglev 1 - Outro modelo em escala reproduzirá o trem de levitação magnética desenvolvido no Laboratório de Aplicações de Supercondutores (Lasup) da Coppe. Conhecido como Maglev Cobra, o veículo dispensa trilhos, não polui, é econômico e eficiente no consumo de energia. Também possui outras vantagens como a flexibilidade, que possibilita curvas mais fechadas, e a substituição de vagões por módulos. Tal mudança fará com que os passageiros tenham livre trânsito do início ao fim do veículo, o que facilita a distribuição interna dos usuários.
O público também terá a oportunidade de conhecer a contribuição tecnológica da Coppe para viabilizar o uso do biodiesel no Brasil. Hoje, o biodiesel representa 5% da composição do combustível que abastece 2,8 milhões de veículos que circulam no país. A adoção do biocombustível reduziu, em média, 3,4 milhões de toneladas de emissão de CO2 na atmosfera, entre 2008 e 2010.
Na exposição, o público também vai poder conferir uma réplica 2D da planta de produção de biodiesel da Coppe, ver o processo da transformação de óleos vegetais em biocombustíveis que aproveitam as abundantes matérias-primas brasileiras e conhecer suas vantagens ambientais e econômicas.
Estudante levitando - A Coppe também participará da série “Conversas no Jardim”, um dos eventos promovidos pelo Jardim Botânico durante a Semana Nacional de C&T. No dia 20 de outubro, o pesquisador Moacyr Duarte, do Grupo de Análise de Risco Tecnológico e Ambiental (Garta) da Coppe, profere a palestra “Mudanças climáticas”, desastres naturais e prevenção de riscos, no auditório da Associação de Amigos do Jardim Botânico, em frente à Praça do Centro de Visitantes.
Ainda como parte de sua programação na SNCT, a Coppe apresentará uma instalação da Usina de Ondas do Pecém, no saguão do prédio da Reitoria da UFRJ, de 19 a 21 de outubro, das 9 às 17 horas. Também demonstrará experimentos referentes a tecnologias desenvolvidas na instituição, no Espaço Coppe Miguel de Simoni, no Centro de Tecnologia da UFRJ. Nesse espaço o público terá a oportunidade de ver como funciona o trem de levitação magnética da Coppe, batizado de Maglev Cobra, e poderá até mesmo levitar em cima de uma placa em movimento, como se estivessem no interior de um trem magnético. (ambienteenergia)

60% da população não acessa energia limpa

Quase 60% da população global não acessa energia limpa, diz estudo
Relatório da Agência Internacional de Energia foi divulgado em 10/10/11. Secretário-geral da ONU pede por uma rápida revolução energética.
Estudo publicado dia 10/10 pela Organização das Nações Unidas e pela Agência Internacional de Energia aponta que mais da metade da população mundial não tem acesso a formas limpas de geração de energia.
Segundo o levantamento, das 7 bilhões de pessoas que vivem hoje no mundo, mais de 1 bilhão não acessam quaisquer formas de energia e quase 3 bilhões são obrigadas a utilizar fontes energéticas "sujas" (madeira e carvão) para suas necessidades domésticas.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que estudou sob a luz de velas quando era jovem, defendeu o acesso universal à energia limpa. "Precisamos de uma revolução energética", declarou durante uma conferência em Oslo, na Noruega. "Necessitamos não somente de uma energia universal, mas que ela seja limpa e sustentável", disse.
De acordo com o secretário-geral da ONU, a distribuição de energia limpa em escala mundial é indispensável para responder a "todos os desafios globais": à pobreza, às mudanças climáticas, à escassez de água, saúde, à crise alimentar e ao acesso das mulheres a cargos de responsabilidade.
Organizada pela Noruega e pela AIE, a conferência de Oslo reúne mais de 70 países para discutir o financiamento de uma energia limpa acessível a todos. A ONU definiu para 2030 três objetivos conectados, lembrou Ki-moon: o acesso de todos aos serviços energéticos modernos, um aumento de 40% da eficácia energética e a duplicação da estrutura de energias renováveis.
Relatório da Agência Internacional de Energia foi divulgado em 10/10/11. Secretário-geral da ONU pede por uma rápida revolução energética.
Estudo publicado dia 10/10 pela Organização das Nações Unidas e pela Agência Internacional de Energia aponta que mais da metade da população mundial não tem acesso a formas limpas de geração de energia.
Segundo o levantamento, das 7 bilhões de pessoas que vivem hoje no mundo, mais de 1 bilhão não acessam quaisquer formas de energia e quase 3 bilhões são obrigadas a utilizar fontes energéticas "sujas" (madeira e carvão) para suas necessidades domésticas.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que estudou sob a luz de velas quando era jovem, defendeu o acesso universal à energia limpa. "Precisamos de uma revolução energética", declarou durante uma conferência em Oslo, na Noruega. "Necessitamos não somente de uma energia universal, mas que ela seja limpa e sustentável", disse.
De acordo com o secretário-geral da ONU, a distribuição de energia limpa em escala mundial é indispensável para responder a "todos os desafios globais": à pobreza, às mudanças climáticas, à escassez de água, saúde, à crise alimentar e ao acesso das mulheres a cargos de responsabilidade.
Organizada pela Noruega e pela AIE, a conferência de Oslo reúne mais de 70 países para discutir o financiamento de uma energia limpa acessível a todos. A ONU definiu para 2030 três objetivos conectados, lembrou Ki-moon: o acesso de todos aos serviços energéticos modernos, um aumento de 40% da eficácia energética e a duplicação da estrutura de energias renováveis.
Usinas eólicas instaladas no Rio Grande do Sul. Estudo da Agência Internacional de Energia afirma que mais da metade da população do mundo não tem acesso a formas limpas de geração de energia. (globo)

Rio+20 priorizará metas para usar energias limpas

Rio+20 deve priorizar criação de metas para uso de energias limpas
‘Brasil deve ser líder ambiental’, diz ex-ministro francês do Meio Ambiente. Governo elaborará até novembro uma posição interministerial do encontro.
Os organizadores da Rio+20, encontro que deve acontecer em 2012 no Rio de Janeiro, pretendem estabelecer metas inéditas para estimular a produção de energia renovável e reduzir pela metade o consumo de outras fontes até 2030.
Será apresentada uma lista de propostas para o desenvolvimento sustentável que devem ser adotadas pelos países participantes - no mesmo modelo das Metas do Milênio.
"É hora de criar um plano de ação. Na Eco-92, debatemos os princípios. Agora, vamos agir", disse o coordenador executivo da conferência, Brice Lalonde.
Ex-ministro do Meio Ambiente da França, Lalonde prevê acordos de cooperação técnica e financeira entre governos e investidores para difundir equipamentos de produção de energia limpa. O objetivo é dobrar a parcela representada por fontes renováveis na matriz energética e acelerar o ritmo de redução do consumo de energia no planeta.
Para ele, o incentivo a fontes de energia limpa deve ser a principal alternativa aos polêmicos debates sobre metas de redução da emissão de gases-estufa. "É mais fácil incentivar um país a produzir energia a partir de fontes renováveis que convencê-lo a reduzir emissões", avaliou.
Usinas eólicas instaladas no Rio Grande do Sul. Encontro Rio+20 deve estabelecer o uso de energias renováveis.
Líder da revolução verde
Lalonde sugere que o Brasil deixe de agir como porta-voz dos países em desenvolvimento e passe a se comportar como líder mundial, em novo patamar. Ele diz que a postura cautelosa da diplomacia brasileira evita que o País imponha sua agenda aos países desenvolvidos.
Países como o Brasil eram porta-vozes dos países pobres, mas agora são alguns dos principais gestores do planeta, afirmou. "O desenvolvimento sustentável é mais importante para o pobre que para o rico. Pode ser caro exigir que os pobres protejam a natureza, mas é mais caro não preservá-la".
Para Lalonde, o papel de anfitrião do Brasil pode ser afetado pelos debates da revisão do Código Florestal. "É importante para a imagem internacional do Brasil encontrar um jeito de sair desse problema, tendo certeza das consequências desse debate. Se essa revisão for aprovada, os compromissos internacionais do Brasil deixarão de ser atingidos?".
Em preparação
No fim de setembro, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse ao Globo Natureza que o Brasil deve concluir até 1º de novembro a elaboração de uma posição interministerial do país em relação à Rio +20.
“Estamos no processo de conclusão da posição nacional, que será transmitida às Nações Unidas. A partir do começo de 2012, vamos iniciar a negociação intergovernamental (entre os países participantes) para chegarmos ao documento final da Rio+20”, explicou.
Entretanto, o ministro comentou que ainda é cedo para saber se o encontro do Rio de Janeiro conterá metas obrigatórias para os países relacionadas ao desenvolvimento sustentável. “Ainda é cedo para falar com especificidade (...) Queremos que o encontro seja não só uma avaliação do que se fez nos últimos 20 anos, mas uma reflexão dos próximos 20 anos, incorporando as vertentes econômica, social e ambiental”, explicou. (globo)

Uso de energia limpa deve marcar Rio+20

Estímulo a uso de energia limpa deve marcar conferência
Os organizadores da Rio+20 pretendem estabelecer metas inéditas para estimular a produção de energia renovável e reduzir pela metade o consumo de outras fontes até 2030. Será apresentada uma lista de propostas para o desenvolvimento sustentável que devem ser adotadas pelos países participantes - no mesmo modelo das Metas do Milênio.
"É hora de criar um plano de ação. Na Eco-92, debatemos os princípios. Agora, vamos agir", disse ao Estado o coordenador executivo da conferência, Brice Lalonde. Ex-ministro do Meio Ambiente da França, Lalonde prevê acordos de cooperação técnica e financeira entre governos e investidores para difundir equipamentos de produção de energia limpa. O objetivo é dobrar a parcela representada por fontes renováveis na matriz energética e acelerar o ritmo de redução do consumo de energia no planeta.
Para ele, o incentivo a fontes de energia limpa deve ser a principal alternativa aos polêmicos debates sobre metas de redução da emissão de gases-estufa. "É mais fácil incentivar um país a produzir energia a partir de fontes renováveis que convencê-lo a reduzir emissões", avaliou.
Lalonde sugere que o Brasil deixe de agir como porta-voz dos países em desenvolvimento e passe a se comportar como líder mundial, em novo patamar. Ele diz que a postura cautelosa da diplomacia brasileira evita que o País imponha sua agenda aos países desenvolvidos.
"Países como o Brasil eram porta-vozes dos países pobres, mas agora são alguns dos principais gestores do planeta", afirmou. "O desenvolvimento sustentável é mais importante para o pobre que para o rico. Pode ser caro exigir que os pobres protejam a natureza, mas é mais caro não preservá-la."
Para Lalonde, o papel de anfitrião do Brasil pode ser afetado pelos debates da revisão do Código Florestal. "É importante para a imagem internacional do Brasil encontrar um jeito de sair desse problema, tendo certeza das consequências desse debate. Se essa revisão for aprovada, os compromissos internacionais do Brasil deixarão de ser atingidos?" (Itamaraty)

domingo, 16 de outubro de 2011

Fukushima, desastre nuclear esquecido

Fukushima, desastre nuclear esquecido: Autoridade japonesas confirmam focos de radiação em Tóquio
Autoridades do Japão confirmaram que foram detectados pequenos focos de radiação na capital do país, Tóquio, e em áreas próximas à cidade. Foram feitos testes para verificar como a contaminação decorrente dos acidentes radioativos de 11 de março de 2011 atingiram a região metropolitana. Em consequência do terremoto seguido por tsunami de março, houve vazamentos e explosões na Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, no Nordeste do país.
A usina está localizada a mais de 200 quilômetros de Tóquio. Os níveis de radiação em uma das áreas ficou pouco abaixo do limite a partir do qual é recomendada a retirada dos moradores da região e mais alto em áreas dentro da zona de exclusão, em torno da usina.
O medo da radiação tornou-se uma das maiores preocupações dos japoneses, após o terremoto e o tsunami de março no Nordeste do país, que danificaram a Usina de Fukushima e provocaram o vazamento de radiação.
Em decorrência dos acidentes radioativos, cidades inteiras ao redor da usina foram esvaziadas. As populações foram transferidas provisoriamente para abrigos mantidos pelo governo federal. As crianças estão sendo monitoradas para verificação do nível de radiação. Além disso, as autoridades japonesas proibiram o plantio, o consumo e a venda de produtos na região de Fukushima. (EcoDebate)

Japão removerá terra contaminada por radiação

Japão terá de retirar 29 milhões de m3 de terra contaminada por radiação na região de Fukushima
Japão faz 1a estimativa sobre limpeza ambiental em Fukushima – O Japão terá de retirar 29 milhões de metros cúbicos de terra contaminada por radiação na região de Fukushima, numa área quase equivalente à de Tóquio, disse o Ministério do Meio Ambiente na primeira estimativa oficial sobre a dimensão dessa tarefa.
Seis meses depois do terremoto e do tsunami de 11 de março que desencadearam o pior acidente nuclear do mundo nos últimos 25 anos, a contaminação atinge níveis alarmantes em até 2.400 km2, abrangendo Fukushima e outras quatro prefeituras do norte do país, segundo relatório divulgado na terça-feira pelo ministério.
A Prefeitura Metropolitana de Tóquio, para efeito de comparação, tem 2.170 km2.
Segundo a agência de notícias Kyodo, o Ministério do Meio Ambiente solicitou 450 bilhões de ienes adicionais no terceiro suplemento orçamentário a ser enviado pelo governo em outubro ao Parlamento, com validade até março.
Até agora, o governo já conseguiu 220 bilhões de ienes (2,9 bilhões de dólares) para o trabalho de descontaminação. Alguns especialistas dizem que a tarefa pode consumir trilhões de ienes.
O relatório trabalha com a hipótese de que seja removida uma camada de 5 centímetros da superfície, possivelmente contaminada com césio, e que também precisaria haver a retirada de grama e de folhas caídas das florestas, e de poeira e folhas dos bueiros. No total, esse material poderia somar 29 milhões de metros cúbicos de lixo radiativo, algo suficiente para encher 23 estádios de beisebol com capacidade para 55 mil espectadores.
O governo ainda precisa decidir onde armazenar temporariamente esses dejetos, e como se desfazer deles permanentemente.
O Japão proíbe o aceso de pessoas num raio de 20 quilômetros em torno da usina, que fica cerca de 240 quilômetros a nordeste de Tóquio. Cerca de 80 mil pessoas precisaram deixar suas casas.
O governo almeja a reduzir pela metade em dois anos o nível de radiação em lugares contaminados, o que pode acontecer pela redução natural da radiatividade e por esforços humanos.
A estimativa do ministério prevê que a limpeza deve acontecer principalmente em áreas onde as pessoas estariam expostas a uma radiação de 5 milisieverts (mSv) ou mais anualmente, excluindo a exposição por fontes naturais.
O sievert é uma unidade de medida para a radiação absorvida por tecidos humanos; o milisievert é a sua milésima parte. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) calcula que a exposição anual a fontes naturais de radiação alcança 2,4 milisieverts. (EcoDebate)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Capim-elefante na produção de Carvocapim

Capim-elefante na produção de Carvocapim: de alimentação bovina à geração de energia
Briquetes de Carvocapim: uma energia limpa que pode substituir o carvão vegetal e o carvão mineral.
Afinal, o que é sustentabilidade? Segundo Relatório de Brundland, conhecido como Nosso Futuro Comum, da Organização das Nações Unidas (ONU), sustentabilidade é “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.” Ou seja, trata-se de promover o desenvolvimento econômico contemporâneo buscando preservar o meio ambiente e a qualidade e a quantidade dos recursos naturais. Ao encontro dessa proposta, pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), com o apoio do edital Prioridade Rio, da FAPERJ, estão produzindo um biocombustível sólido (briquetes) a partir da biomassa de capim-elefante, gramínea muito utilizada na alimentação de bovinos. Segundo Hernán Maldonado, pesquisador responsável pelo projeto, o Carvocapim, como foi nomeado, está sendo pensado para competir com o carvão vegetal tradicional, principalmente, com o que é feito a partir da exploração de florestas de eucalipto remanescentes e/ou reflorestadas. “Os briquetes de Carvocapim podem ser utilizados, por exemplo, em fornos de padaria, pizzarias, caldeiras industriais e na indústria de cerâmica. Esta última, inclusive, representa uma das atividades econômicas mais expressivas da região norte fluminense.”
Maldonado destaca que o principal diferencial do Carvocapim é o grande volume de sua produção anual: enquanto o corte final do eucalipto só acontece a partir do quinto ano após plantio, o capim-elefante após o primeiro ano de plantio pode-se obter dois cortes anuais para finalidades energéticas. “Além disso, diferente do capim-elefante usado para a alimentação bovina, alguns tipos genéticos da gramínea usada no projeto chegam a atingir cerca de quatro metros de altura, com a estimativa de produzir em média 70 toneladas de matéria seca por ano. Essa biomassa, submetida ao carvoejamento a 380ºC (processo de fabricação dos briquetes), produz entre 25% e 30% de briquetes de Carvocapim por hectare, a cada ano”, acrescenta o pesquisador.
Mais do que reduzir os desmatamentos florestais, o Carvocapim também diminui a dependência do consumo de combustíveis fósseis, como o carvão mineral, que são finitos e que emitem gases intensificadores do efeito estufa. O pesquisador ressalta, ainda, que o novo biocombustível sólido é uma fonte de energia limpa, já que o CO2 produzido com sua queima é reutilizado no ciclo de crescimento das novas plantações de capim-elefante.
Presente e Futuro
Em uma face do projeto, Maldonado conta que estão sendo feitas três avaliações importantes para verificar a viabilidade da aplicação industrial e comercial do Carvocapim. A primeira é o levantamento de todos os custos envolvidos desde a preparação do solo até a produção final. A outra é a quantificação do poder calorífico dos briquetes. Por último, uma análise dos gases desprendidos pela combustão do novo biocombustível. “Para ser viável e competitivo, temos que associar baixo custo de produção, alto poder de geração de energia e, claro, desenvolvimento sustentável”, sintetiza.
Equipe posa diante do capim que chega a atingir 4m de altura em apenas 180 dias.
Até o momento, segundo Maldonado, os resultados são satisfatórios. Ele destaca ainda que, em outra parte do estudo, os pesquisadores estão trabalhando no aproveitamento das cinzas oriundas da queima do Carvocapim. “Essas cinzas estão sendo utilizados na fabricação de cerâmica vermelha e estamos observando uma melhora na plasticidade e na qualidade da argila. Isso caracteriza um fim ecologicamente correto dos resíduos”, comemora.
Para o futuro, o pesquisador adianta que o Carvocapim será produzido por outro método de carvoejamento, realizado acima de 400ºC e na presença de pouco ou nenhum oxigênio. “Esse modelo de produção, conhecido como Biochar, retém entre 30 a 50% do carbono presente na biomassa e nos permite outra utilização do Carvocapim: poderá ser utilizado como adubo a ser incorporado ao solo e os gases produzidos no processo podem ser utilizados como fonte energética”, explica Maldonado.
“Além de integrar especialistas com larga experiência no manejo do capim-elefante, o projeto conta com a participação do professor José Fernando Coelho da Silva, da área de Nutrição de Ruminantes; do professor Carlos Maurício Fontes Vieira, pesquisador do Laboratório de Materiais Avançados da Uenf, do professor Marcelo Silva Sthel, membro fundador do Núcleo de Energia Alternativa da Uenf e especialista na detecção de gases poluentes e do doutorando Lucival de Souza Júnior, do programa de Ciência Animal da Uenf”, agradece Maldonado.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a destruição da natureza causa prejuízos anuais de, no mínimo, R$ 8 trilhões. Desse montante, cerca de R$ 4 trilhões são perdidos nos desmatamentos e queimadas florestais. “Portanto, é melhor investir em propostas de desenvolvimento sustentável, como a produção e as propostas de utilização do Carvocapim”, resume Maldonado. (EcoDebate)

CPFL e a energia do bagaço de cana

CPFL aumenta aposta na energia do bagaço de cana
Braço de energia renovável da empresa, uma parceria com a Ersa, inaugurou ontem terceira usina no segmento e prepara mais duas.
A CPFL Renováveis, uma associação entre a CPFL Energia e a Ersa, anunciou a entrada em operação comercial de sua terceira térmica movida a bagaço de cana-de-açúcar, a Bio Buriti. A nova usina, localizada no município de Buritizal, em São Paulo, tem capacidade instalada de 50 MW e já teve toda sua energia disponível de 21,2 MW médios vendida no mercado livre, em contrato de longo prazo.
Até o final de 2014, a CPFL Renováveis deverá ter 400 MW gerados a partir do bagaço de cana, com a entrada em operação de outros quatro projetos em construção, de acordo com o presidente da empresa, Miguel Saad.
O executivo informou também que a CPFL Renováveis já assinou memorandos de entendimentos com mais duas usinas de cana, que teriam capacidade de geração de energia de 200 MW. Um dos projetos teria 70 MW e outro deve gerar 130 MW a partir da queima do bagaço da cana. A empresa desenvolveu um modelo de negócios pioneiro para essa fonte no Brasil, no qual se associa com usineiros para ter acesso ao bagaço da cana e vende o excedente de eletricidade gerado na produção de açúcar e álcool para as distribuidoras de energia nos leilões do governo ou para os consumidores livres.
Segundo Saad, a termelétrica a biomassa é construída ao lado da usina de açúcar e etanol, o que anula os custos logísticos de transporte de matéria-prima. "Nossa matéria-prima, o bagaço da cana, já está praticamente dentro da térmica", explica.
A empresa aposta neste modelo fechado de geração de eletricidade através de biomassa para expandir os seus negócios, em paralelo ao desenvolvimento de projetos de energia eólica, que hoje são os mais competitivos para disputar os leilões do governo.
Nos sete empreendimentos já divulgados pela CPFL Renováveis na área de biomassa, os investimentos da empresa atingirão R$ 900 milhões.
Ampliação
A Bio Buriti é a segunda de três usinas que irão entrar em operação em 2011. No mês passado, a empresa já havia anunciado a entrada em operação da usina Bio Formosa, localizada no Rio Grande do Norte, com 40 MW.
Em agosto de 2010, a usina Baldin, no interior de São Paulo, iniciou a geração de energia, com 45 MW. Outra usina de biomassa de cana, a Ipê, deve entrar em operação nas próximas semanas, com capacidade instalada de 25 MW.
No primeiro semestre de 2012, entra em operação a usina da Pedra, em Serrana (SP), com capacidade instalada de 70 MW. As unidades Alvorada, localizada em Araporã, MG, com potência de 50 MW, e a Coopcana, em São Carlos do Ivaí, PR, também com capacidade de 50 MW, iniciam as atividades em 2013.
Segundo a empresa, o portfólio da CPFL Renováveis em biomassa alcança 135 MW em operação e 195 MW em construção, além de 1,23 mil MW em preparação e desenvolvimento. "Além das duas usinas em que já estamos fechando o negócio, temos várias outras em várias fases de estudos", disse Saad.
O plano de investimentos total da companhia prevê aportes de R$ 5,4 bilhões em energia renovável no período de 2011 e 2015, incluindo neste valor também os investimentos em eólicas e em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). A CPFL Renováveis já possui 677 MW em operação e outros 740 MW deverão entrar em atividade até o final de 2014. Os projetos em construção consumirão R$ 2,6 bilhões em investimentos e já estão com a energia vendida.
Além das usinas a biomassa, os planos de expansão da CPFL Renováveis incluem pesados investimentos em energia eólica.
Geração de energia
50 MW é a capacidade da Bio Buriti
400 MW á a capacidade prevista pela CPFL Renováveis para 2014 (OESP)

Biomassa ganha espaço na matriz energética

Biomassa tende a ganhar espaço na matriz energética
Uma pesquisa sobre aproveitamento do bagaço de cana na produção de eletricidade mostra que a biomassa tende a ganhar espaço na matriz energética nacional.
O assunto vem sendo investigado pelo Centro de Tecnologia Canavieira, de Piracicaba (SP).
Num projeto em parceria com a New Holland, indústria que vem adaptando máquinas para enfardamento de bagaço, a alternativa mostra-se mais barata que as usinas hidrelétricas.
A vantagem é de R$ 102 para R$ 118 por KWz.
No caso das usinas eólicas, fonte de energia limpa, o custo chega a R$ 198/KWz.
Com as novas máquinas que estão chegando ao mercado brasileiro, a palha acumulada no campo fica sob o sol até apresentar umidade de aproximadamente 10%.
O material é disposto em leiras e enfardado, rendendo até 15 toneladas por hectare.
Metade dessa palha pode ser recolhida para produção de energia elétrica, abastecendo as próprias usinas de açúcar e etanol. O setor ainda busca reduzir custos para estimular investimentos. (noticiasagricolas)

Bionergia da biomassa

 Bioenergia da biomassa: vinhaça como solução
Juntar microalgas e vinhaça para produzir biodiesel é o desafio da empresa paulistana Algae Biotecnologia. A novidade aqui é a utilização da vinhaça, porque fazer biodiesel a partir de algas já foi obtido por algumas empresas nos Estados Unidos. O resíduo da produção de etanol é caracterizado não apenas pelo forte mau cheiro que exala, mas por ser rico em sais minerais, principalmente potássio, e possuir altos teores de matéria orgânica com elevada acidez. Também chamada de vinhoto, ela se tornou, em meados dos anos 1970, a vilã do Proálcool, o programa governamental que implementou o etanol como combustível. Lançada como efluente em rios e lagoas, matou peixes e poluiu as águas, atingindo o lençol freático de algumas localidades. A partir de 1978, normas e legislações específicas no âmbito federal e estadual, elaboradas principalmente pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) do estado de São Paulo, obrigaram os produtores a dar um destino ambiental correto e comercialmente interessante ao resíduo. A solução foi usá-lo na adubação da própria plantação de cana. Desde então, a vinhaça é aspergida por meio de tubulações de irrigação, num processo chamado de ferti-irrigação, ou levada em caminhões para aplicação direta na lavoura. É um cenário sólido na indústria sucroalcooleira, mas o volume cresce de forma descomunal. Para cada litro de etanol são produzidos, pelo menos, 10 litros de vinhaça.
Em 2010 foram produzidos 25 bilhões de litros de etanol e consequentemente mais de 250 bilhões de litros de vinhaça resultantes da destilação do vinho obtido do processo de fermentação do caldo de cana. O volume sugere alternativas outros tipos de utilidade além da adubação. Mas na contramão desses usos e visando a uma produção de etanol mais rentável em algumas grandes propriedades que têm muitos gastos para transportar a vinhaça, surgiu um novo processo para diminuir a quantidade do resíduo por meio do aumento do teor alcoólico na fase de fermentação, desenvolvido pela empresa Fermentec, de Piracicaba, no interior paulista. “Com esse aumento, é possível reduzir a produção de vinhaça pela metade”, diz o engenheiro agrônomo Henrique Amorim, sócio da Fermentec e professor aposentado da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP). (ambienteenergia)

Usar mais a biomassa na geração de eletricidade

Aumenta uso de madeira como alternativa para a geração de eletricidade
A demanda por madeira destinada à produção de energia aumenta de maneira estável, e os analistas do setor acreditam que a tendência será reforçada com a decisão de alguns países industrializados de privilegiar fontes de energia renováveis e limpas frente à nuclear.
É o que revela a revista anual do mercado de produtos florestais da Unece (Comissão Econômica da ONU para a Europa), que indica que o consumo de produtos florestais subiu 5,6% em 2010 nas regiões da América do Norte, Europa e em países do antigo bloco soviético.
O posicionamento sobre matéria energética mudou em certos países europeus após o acidente nuclear de Fukushima –como o anúncio da Alemanha de abandonar totalmente a energia atômica até 2022–, mas também o aumento do preço do petróleo e do carvão impulsionou fortemente o mercado madeireiro.
Esta matéria-prima é reconhecida como uma fonte de energia renovável e neutra do ponto de vista das emissões de dióxido de carbono.
Os crescimentos mais marcantes experimentado nos últimos anos são dos “pellets” de madeira (serragem compactada que apresenta um fator de combustão elevado), utilizados para a geração de eletricidade, segundo a publicação.
De uma capacidade de produção de 9 milhões de toneladas em nível mundial –a metade na Europa– passou para 16 milhões de toneladas no ano passado, 2 milhões menos que a capacidade total calculada.
Estima-se que este ano a produção alcançará os 20 milhões de toneladas e que o aumento anual do consumo será da ordem de 11% até 2020.
Esta tendência, no entanto, pode resultar inquietante para outros setores, por isso que envolveria em termos de abastecimento e do preço da madeira, reconheceu Douglas Clark, analista da Unece.
CONSUMO
A Europa é o primeiro consumidor de “pellets”, com Suécia como o maior comprador com 20% do total mundial.
O primeiro exportador e principal abastecedor mundial é o Canadá, embora o organismo considere que esta situação evoluirá com o desenvolvimento das capacidades de produção na Rússia.
A revista avalia como “destacável” o crescimento do setor florestal na China na última década, onde a produção duplicou nos últimos cinco anos, alcançando US$ 300 bilhões em 2010.
Entre 2009 e 2010, a produção de produtos florestais na China aumentou 29% e se transformou já no primeiro produtor mundial de tabuleiros de madeira.
Além disso, nos dez últimos anos duplicou a de papel, polpa e papelão, dos quais agora produz 25% do total mundial.
Os analistas classificam a madeira como matéria muito “versátil”. Além dos produtos mais óbvios que podem ser extraídos dela, também participa da produção de têxteis, aditivos alimentícios (com base em celulose), telas ópticas para computadores portáteis, celulares, entre outros artigos. (EcoDebate)

Mudança de petróleo para biomassa

Mudança de petróleo para biomassa impulsiona a ‘química verde’
O termo “química verde” existe desde 1991 e foi cunhado por Paul Anastas, um químico da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, para designar a terceira onda da química, a qual a humanidade e indústria começariam a vivenciar. As outras duas primeiras ondas ocorreram nos séculos 19 e 20, respectivamente, quando a indústria se movia, primeiro pelo carvão, e depois pelo petróleo. Sem dúvida, um dos principais pontos positivos da química verde – que surgiu para amenizar os impactos ambientais que a própria química causava, além de melhorar a imagem de poluidora que essa ciência apresentava na sociedade – está na busca pela substituição do petróleo e derivados nos mais distintos processos químicos, e também na intensificação do uso de combustíveis renováveis, extraídos da biomassa, que são menos prejudiciais ao meio ambiente.
O principal representante de combustível renovável, no Brasil, é o etanol obtido a partir da cana-de-açúcar, que garante um lugar de destaque do país na área de química verde. Mas há outro uso relevante das matérias-primas renováveis, na produção de polímeros, principalmente o plástico. A Braskem, empresa que tem a Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras) como detentora de 49% das ações, começou a comercializar o primeiro “plástico verde”, em 2009, a partir de uma tecnologia que a Petrobras dispõe desde o final da década de 1970, e que passou a ser utilizada mais por questões econômicas do que ambientais. Isto porque o barril de petróleo estava custando cerca de 90 dólares, quando esse novo processo começou a ser implementado. A inovação desse produto está em conseguir eteno a partir do etanol da cana. Em termos químicos, o polietileno verde e o feito com nafta são idênticos. Entretanto, seus impactos são distintos. Enquanto o segundo emite gases poluidores e causadores do efeito estufa, o primeiro retira o gás carbônico da atmosfera. Quando se usa combustíveis fósseis, um insumo é retirado para a superfície da terra, utilizado e descartado na atmosfera. No caso da queima do etanol, parte do gás carbônico é reabsorvido no crescimento da cana. Ao utilizar o petróleo, cria-se um desequilíbrio ambiental, pois só há inserção de CO2 e não há processos equivalentes para retirá-lo da atmosfera.
Jairton Dupont, professor do Departamento de Química Orgânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), um dos 100 químicos mais influentes do mundo na última década, de acordo com a agência internacional Thomson Reuters, e vendedor do Prêmio Conrado Wessel 2010 na categoria Ciência, acredita que o Brasil não leva vantagem em termos de química verde, pois falta pessoal qualificado para trabalhar com ela, não somente em pesquisas, mas nas mais diversas áreas, que vão desde a agricultura até a engenharia e a química propriamente dita. “O Brasil tem algumas linhas de excelência em alguns institutos como a Embrapa e o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), por exemplo. Porém o número é muito reduzido de pessoas trabalhando e pesquisando isso”, afirma. A opinião de Dupont não é compartilhada por Jailson Bittencourt de Andrade, professor do Departamento de Química Geral e Inorgânica do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (UFBA), para quem o Brasil apresenta vantagens sim, está na dianteira e em destaque nesse setor. O setor químico no mundo inteiro vive uma transição para a sustentabilidade, econômica e ambientalmente, e de saúde.
Embora a matriz energética mundial ainda seja muito baseada no petróleo e seus derivados, ela mostra uma tendência e um mercado crescente para bioenergia, energia obtida a partir de biomassa. De acordo com dados divulgados pelo Ministério das Minas e Energia (MME), em 2006, 87,1% da participação no consumo total de energia no mundo era oriunda dos combustíveis não renováveis, enquanto 12,9% correspondia aos combustíveis renováveis. Em 2008, no Brasil, 45,4% do consumo total de energia era renovável e 54,6% não renovável. “O etanol brasileiro feito da cana é a melhor bioenergia que existe, pois é bastante competitiva em escala mundial, custando somente 50 centavos por galão, e apresenta um rendimento energético muito bom”, explica Andrade.
Outro defensor do incentivo à química verde é Vicente Mazzarella, diretor técnico do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), mas admite que haja gargalos importantes a serem superados. “A biomassa cria empregos, fixa o homem no campo e agrega valor ao produto final”, lembra. Mazzarela é um dos responsáveis pela pesquisa sobre o potencial energético do capim elefante, uma espécie de gramínea original da África, que tem como principais pontos positivos a alta produtividade e os ciclos curtos, apresentando tantas vantagens competitivas para gerar etanol quanto a cana-de-açúcar. Para ele, “a expectativa (em termos de bioenergia) é boa porque se apoia em sustentabilidade, mas o Brasil está atrasado porque os recursos são menores, estão dispersos e não obedecem a uma política ordenada. A União Europeia e os Estados Unidos estão na dianteira, pois têm mais recursos e os recursos são mais ordenados”. As universidades e os institutos de pesquisa têm procurado melhorar o rendimento dos processos de obtenção de álcool e do plantio de cana-de-açúcar, buscando variedades mais produtivas. Em termos de energia proveniente da cana, atualmente, aproveita-se cerca de 1/3 de toda a planta. Essa parcela é processada para obter açúcar ou álcool, e o bagaço da cana está começando a ser mais aproveitado.
Os principais entraves para o potencial bioenergético brasileiro
Na opinião de Andrade, além da utilização de combustíveis e matérias-primas renováveis, é preciso que a indústria migre para um sistema intenso de reuso e reciclagem. “Precisa também de uma mudança cultural, que se propague na população. Melhorias na educação, desde o ensino básico até o superior, são primordiais para que isso aconteça”, completa. Ele acrescenta que “o Brasil precisa de incentivos, isenção fiscal e políticas públicas para tornar os insumos renováveis atrativos. E tudo isso levando em consideração que o impacto da utilização de matéria-prima renovável é global, mas há necessidade de se pensar em soluções regionais para as questões que abrangem a biomassa. A soberania do Brasil depende do desenvolvimento de tecnologias novas e de ponta”. O pesquisador avalia que a mudança de discurso político no Brasil também seja um ponto negativo para implementar a substituição de insumos. Há alguns anos, o governo defendia a importância do uso e da produção de etanol para o desenvolvimento brasileiro, cujo principal expoente está nos carros flex, movidos a álcool e a gasolina. Hoje, acredita-se que a riqueza nacional esteja justamente no melhor modo de se extrair e aproveitar o petróleo presente na camada pré-sal. “Deve-se definir qual agenda será mantida, a do pré-sal ou a da bioenergia”, confirma.
Dupont também acredita que se não houver intervenção do Estado para regulamentar a mudança do petróleo para a biomassa, ela não ocorrerá. “O Brasil tem terras e tem tecnologias para o desenvolvimento de grãos. E isso passa a ser uma vantagem brasileira. Entretanto, o que não há é a transformação dessas commodities em produtos de maior valor agregado”, critica. Ele reitera que o principal ponto crítico está na baixa quantidade de pesquisadores capacitados no país e que a maioria deles está em instituições públicas, que muitas vezes se comportam como repartições, cujos processos são incompatíveis com as necessidades científicas, tecnológicas e de inovação. De acordo com ele, é preciso que ocorra uma mudança também no modo de se fazer e entender a CT&I, nacionalmente. “Há três entraves nessa questão: em primeiro lugar, está a quantidade baixa de pessoal capacitado para fazer ciência e trabalhar com tecnologia e inovação; em segundo, o regramento jurídico incompatível com a necessidade; e em terceiro, a vontade política para fazer uma mudança que traga a possibilidade se competir internacionalmente”, explica.
Mazzarela confirma que o principal entrave para a bioenergia está na questão tecnológica e que a biomassa é uma solução economicamente viável para suprir a demanda por energia renovável e limpa. “A solução vai variar de acordo com a região, o tipo de biomassa e a escala de produção”, diz. Para o pesquisador a substituição da energia não renovável pela renovável se dará em termos políticos, econômicos e tecnológicos: “Econômico porque você tem um contingente grande de pessoas que vivem em torno disso e se cria uma corrente social muito interessante, no contexto social e econômico. Tecnológico porque o Brasil tem certa vantagem e tem que investir nisso, tanto com a cana quanto com o capim elefante. E político porque isso interessa para o Brasil, politicamente”. Na opinião dele, o Brasil tem que encontrar meios de prover melhorias genéticas, pois tem boas condições de solo e clima para aumentar sua produção de etanol.
Financiamento de pesquisas em química verde
Algumas propostas de financiamento acenam com um sinal positivo do governo federal em direção ao incentivo à economia verde. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), por exemplo, tem investido em pesquisas e inovação tecnológica voltada para a economia verde. Cerca de três bilhões de reais da carteira contratada da empresa são destinados para o tema, entre recursos reembolsáveis e não reembolsáveis, desde 2002, conforme mostra uma análise preliminar divulgada pelo órgão. As áreas de energias renováveis e biocombustíveis, mudança do uso do solo prioritariamente na agroindústria e tecnologias verdes correspondem a mais de 75% do total de financiamentos. Os projetos que têm como principal enfoque a redução de carbono representam R$1,674 bilhão e o valor total de recursos destinados a economia verde tem apresentado um crescimento anual de 20%.
O Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) também financia pesquisas voltadas para a química verde, biocombustíveis e bioenergia. O financiamento se dá a partir dos seguintes macrotemas: 36% agrícola, 19% novos produtos, 16% uso de produtos, 15% industrial de primeira geração e 14% industrial de segunda geração. Entre as iniciativas do Banco, em conjunto com a Finep, destaca-se o Plano Conjunto de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico (PAISS), que contemplam três linhas diferenciadas de pesquisa: a primeira é voltada para o bioetanol de segunda geração, a segunda tem enfoque nos novos produtos de cana-de-açúcar e a terceira aborda as tecnologias, equipamentos, processos e catalisadores de gaseificação.
Fazer química verde não é apenas substituir nafta por etanol
Essa nova onda da química não envolve apenas substituir um insumo por outro, pois é, na verdade, uma mudança de paradigma científico, em que é preciso buscar procedimentos com menor impacto ambiental durante todo o processo de produção de bens e produtos. Em outros termos, a química verde é o princípio que deve ser utilizado durante os processos, que devem ser pensados sempre em termos ambientais. Sobre a utilização de energia, Dupont exemplifica: “Um desses princípios diz que é preciso minimizar o uso de energia e água durante os processos. Para fazer um pote de iogurte, eu utilizo dez vezes mais energia do que a bebida vai gerar depois, calorias”. Para que esses processos ocorram, atualmente, existem os doze mandamentos ou princípios da química verde, que devem ser seguidos, para minimizar impactos. São eles:
1) Em vez de limpar e tratar resíduos, evite sua formação;
2) Use reações que incorporem ao máximo o material de partida ao produto final, para evitar resíduos;
3) Prefira processos que minimizem o uso e a geração de substâncias tóxicas;
4) Crie moléculas que funcionem sem ser tóxicas;
5) Evite usar solventes; se não der, prefira os menos tóxicos;
6) Economize energia; prefira processos que funcionem a pressão e temperatura ambiente;
7) Use biomassa ou outra matéria-prima renovável sempre que possível;
8) Evite a formação de derivados nas reações, que sempre podem gerar resíduos;
9) Catalisadores aceleram processos e devem ser usados sempre que possível;
10) Desenhe moléculas que, uma vez exercida sua função, se degradem em produtos inócuos;
11) Monitore as substâncias nocivas que podem surgir num processo à medida que elas são formadas, e não ao final da fabricação de um lote de produto;
12) Escolha processos que minimizem o potencial de acidentes, como vazamentos e explosões. (EcoDebate)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Do Sol para a rede elétrica

Chamam a atenção em telhados placas de sistemas de aquecimento solar de água para uso em residências, edifícios, clubes. Trata-se de um processo de tecnologia simples, já vulgarizado, que transfere a energia térmica da radiação solar para a água, que é depois armazenada em tanques termicamente isolados. Imagine-se agora a instalação nos telhados de placas solares que transformem energia solar em elétrica destinada à iluminação, ao acionamento de eletrodomésticos e a outros usos. Imagine-se a possibilidade de parte dessa energia elétrica, gerada localmente e não consumida, ser disponibilizada na rede elétrica para utilização pela concessionária local que paga pela energia recebida. Mais ainda: imagine-se que essa geração distribuída de energia, como é denominada, ocorra na maior parte das casas e edifícios públicos e privados de uma cidade. Isto é possível com os sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica que fazem a conversão da luz solar em eletricidade.
Embora esta possibilidade seja pouco conhecida no Brasil e relativamente circunscrita, sua ampliação e generalização caminham a passos firmes em países desenvolvidos. Especialistas estimam que as fontes de energia renováveis – solar, eólica, das marés entre outras – deverão compor cerca de 30% da matriz energética mundial.
Este quadro justifica linha de pesquisa desenvolvida no Laboratório de Eletrônica de Potência (Lepo), coordenado pelo professor Ernesto Ruppert Filho, do Departamento de Sistemas e Controles de Energia da Faculdade de Engenharia Elétrica (FEEC) da Unicamp. Nele, o engenheiro eletricista Jonas Rafael Gazoli realizou estudo que visa contribuir para a pesquisa e o desenvolvimento de microinversores monofásicos para sistemas fotovoltaicos de energia solar conectados à rede elétrica de baixa tensão.
Gazoli explica que os sistemas fotovoltaicos são constituídos fundamentalmente por placa solar fotovoltaica acoplada a um microinversor eletrônico. A função primordial dele é converter eletricidade de corrente contínua produzida pela placa em energia de corrente alternada a ser injetada na rede elétrica da moradia ou edifício.
Como uma placa solar produz cerca de 25 V em corrente contínua, a função do microinversor é compatibilizar essa energia com a tensão de 127 V ou 220 V da corrente alternada da rede elétrica. Essa tecnologia permite que qualquer pessoa possua uma placa solar com o inversor acoplado a ela. Para a produção de energia, basta instalar a placa no telhado da residência e o microinversor em um ponto da rede, como se fosse um eletrodoméstico. Se o consumo da residência for inferior à produção, o excesso pode ser exportado para a concessionária local. Um medidor bidirecional instalado em substituição ao usual permitirá registrar a energia fornecida e recebida ao longo do dia, de forma que o usuário pague apenas pela diferença.
Metas – Após a graduação na Unicamp, Gazoli fez estágio na Universidade de Pádua, Itália, onde iniciou sua pesquisa em energia fotovoltaica. Segundo o pesquisador, o grande interesse na tecnologia de inversores conectados é a retirada dos capacitores eletrolíticos, componentes responsáveis pelo armazenamento momentâneo de energia. Os equipamentos possuem vida útil curta, de sete anos em média, quando trabalham sob temperaturas altas (como 80 a 100 graus Celsius, por exemplo). Mas, como a vida útil esperada para um sistema fotovoltaico é da ordem de 25 anos, tempo de vida de uma placa, é desejável produzir inversores que não utilizem capacitores eletrolíticos, o que levou o pesquisador a estudos nessa direção.
O engenheiro diz que a pesquisa teve inicialmente o objetivo de diminuir a necessidade de capacitores eletrolíticos ou eventualmente até eliminá-los. Lembra que em projeto de pesquisa regular financiado pela Fapesp – que trata especificamente do tema e tem conclusão prevista dentro de dez meses – está sendo desenvolvido um microinversor com grande vida útil sem usar capacitor eletrolítico.
Outro objetivo do pesquisador foi o de estudar e desenvolver microinversores. No Brasil não existiam grupos trabalhando nessa área, em 2009, quando a pesquisa começou, o que o faz acreditar em pioneirismo do grupo coordenado pelo professor Ernesto Ruppert Filho. Embora ao final da dissertação ele alinhe conclusões técnicas, a banca que examinou o trabalho credita-lhe como consequência maior o mérito de alavancar a tecnologia de microinversores no País. “Hoje detemos no Brasil a tecnologia de microinversores ligados à rede, tanto de média como de baixa potência, embora esses equipamentos não sejam ainda fabricados aqui e precisem ser importados”, diz Gazoli.
A pesquisa foi coorientada por Marcelo Gradella Villalva, membro do grupo na Unicamp e professor da Unesp, no Campus Experimental de Sorocaba, que durante o doutorado desenvolveu, no mesmo laboratório, o primeiro conversor eletrônico de potência trifásico para conexão de painéis solares. Para ele, futuramente a venda para a concessionária, por preço atraente, da energia produzida em excesso pelo consumidor pode incentivar o uso de energias limpas e contribuir para retardar investimentos públicos em geração elétrica, seguindo uma tendência mundial.
Ele acredita que a utilização conjunta de aquecedores solares de água e sistemas fotovoltaicos pode levar a casas e edifícios altamente sustentáveis em recursos energéticos. Lembra, também, que a ampliação da utilização desse tipo de sistema alavanca paralelamente o desenvolvimento da indústria eletrônica no setor fotovoltaico e à pulverização do investimento em produção de energia em decorrência da participação do consumidor no sistema de geração de eletricidade.
Perspectivas – O Brasil, segundo Gazoli, vive um momento muito bom para a instalação da energia fotovoltaica de conexão à rede elétrica. A Associação Brasileira da Indústria Eletro Eletrônica (Abinee) mantém um grupo setorial para discussões sobre energia fotovoltaica, constituído por cerca de 50 das maiores empresas do setor no país. Elas se reúnem mensalmente para definir metas e ações. Um dos principais resultados desse trabalho foi a criação de normas para o setor e reuniões com alguns ministérios, particularmente o de Minas e Energia. Em consequência, encontra-se em andamento um plano de ação que contempla estudos técnicos sobre tarifas, mercados e leilões relacionados à utilização da energia fotovoltaica no Brasil.
Trata-se, segundo autor da dissertação, de “um movimento muito forte que se desenvolve há cerca de um ano e que já trouxe muitas contribuições no plano nacional”. O Comitê Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica, Iluminação e Telecomunicações (Cobei) patrocina o estudo de normas técnicas de baixa tensão de conexão à rede, de cujas discussões participou como convidado o grupo coordenado pelo professor Ruppert. No ano passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) fez uma consulta pública em que, além de apresentar os principais instrumentos regulatórios utilizados no Brasil e em outros países para incentivar a geração distribuída de pequeno porte, visou receber contribuições dos agentes interessados e sociedade em geral sobre as questões que o regulador deve enfrentar para reduzir as barreiras existentes para a entrada da energia fotovoltaica no país.
Para ele, “neste cenário a pesquisa que começamos há três anos se encaixa perfeitamente”. Recentemente, uma nota técnica da Aneel propõe a abertura de audiência pública para o recebimento de contribuições visando reduzir barreiras que dificultam a instalação de geração distribuída de baixa potência e introduzir a tarifa direcional. A agência prepara também uma resolução para a viabilização de normatização que orientem interessados em investir no sistema.
O professor Ruppert tem a absoluta certeza de que a geração de energia fotovoltaica será implantada no Brasil, a exemplo do que ocorreu com a energia eólica. Enfatiza que o objetivo da sua linha de pesquisa não é chegar a um produto destinado à venda, mas desenvolver quadros qualificados de forma a atender às novas e crescentes demandas tecnológicas do Brasil.
Villalva lembra que o laboratório recebeu aportes da Fapesp para seis pesquisas sobre inversores conectados à rede através de bolsas de mestrado, pós-doutorado e projetos regulares. O grupo atualmente desenvolve conjuntamente com a CPFL, o Laboratório de Hidrogênio 2 do Instituto de Física (IFGW), a Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) e as empresas Hytron e Eudora Energia, de Campinas, uma pesquisa financiada pela Aneel que visa a construção no campus de uma usina de geração solar fotovoltaica e eólica, que será ligada à rede elétrica da Unicamp em caráter demonstrativo. (ambienteenergia)

Energia solar: a nova fronteira do Brasil

“Nossa região com menos insolação, Santa Catarina, é 30% a 40% maior que a melhor região da Alemanha, um dos países líderes em produção de energia solar. A China, mesmo sem ter toda essa insolação, já descobriu o potencial dessa nova fonte de energia sendo hoje um dos maiores produtores de painéis fotovoltaicos no mundo”, escreve Emerson Kapaz, empresário, presidente da Ecosolar do Brasil S/A e sócio da Alek Consultoria Empresarial, em artigo publicado no jornal Valor, 30-09-2011.
O empresário pergunta: “Por que o Brasil ainda não aproveita essa fonte de energia limpa, sem ruídos, gases, desmatamento e resíduos que nos chega todos os dias?”.
O Brasil sempre foi reconhecido mundialmente por ser agraciado com uma enorme diversidade em recursos naturais: temos abundância em rios, florestas, minérios, petróleo, gás, e mais recentemente o vento.
Mas, estranhamente, pouco se fala sobre uma das maiores e mais limpas fontes de energia renovável: o sol.
Chegam ao planeta Terra 34 milhões de megawatts a cada segundo oriundos do sol. Isso é 10 mil vezes mais do que tudo aquilo que nós humanos consumimos hoje em energia. O Brasil é também um dos países mais privilegiados do mundo em insolação, sendo que em algumas regiões temos o mesmo número de dias de sol por ano que o deserto.
Nossa região com menos insolação, Santa Catarina, é 30% a 40% maior que a melhor região da Alemanha, um dos países líderes em produção de energia solar. A China, mesmo sem ter toda essa insolação, já descobriu o potencial dessa nova fonte de energia sendo hoje um dos maiores produtores de painéis fotovoltaicos no mundo.
Por que o Brasil ainda não aproveita essa fonte de energia limpa, sem ruídos, gases, desmatamento e resíduos que nos chega todos os dias? A resposta não é tão simples.
O primeiro fator alegado, alguns anos atrás, era o preço, com alguma dose de razão. Hoje já não podemos mais dizer isso. Além de cair consistentemente nos últimos seis anos devido às novas tecnologias que vêm sendo adotadas na produção de painéis, a expectativa é que venha a cair mais ainda nos próximos anos, enquanto a expectativa da energia convencional é de subir ainda mais o preço. Em muitos Estados do país, se verificarmos os preços pagos pelos consumidores em suas contas de luz, a energia solar fotovoltaica já é mais barata hoje.
Além disso, a energia solar conta com uma vantagem adicional em relação às outras fontes: é gerada exatamente onde é consumida, ou seja, nos telhados das casas, comércios, depósitos, ou edifícios, não necessitando uso de linhas de transmissão, o que se convencionou chamar de geração distribuída.
Outro problema era escala competitiva, praticamente já superado. Só no ano de 2010 já se chegou a mais de 13 GW instalados no mundo, podendo chegar este ano a 25 GW, quase o dobro do ano passado.
Faltaria ainda a questão da regulamentação, também prestes a ser superada. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) está neste momento com uma audiência pública em curso que, entre outras coisas, irá regulamentar até o final do ano a chamada “conexão no grid”, ou seja, permitirá a um consumidor final de energia solar fotovoltaica até 1 MW que a energia por ele gerada durante o dia, por exemplo, seja descontada do seu consumo total ao final do mês. Isso facilitará em muito a ampliação do mercado consumidor de energias renováveis, entre elas a solar fotovoltaica. O próximo passo, aguardado pelo mercado com grande expectativa, seria a realização de um primeiro leilão de energia solar fotovoltaica no Brasil, atraindo com isso toda uma cadeia produtiva de alta tecnologia para nosso país.
Esses fatores somados abririam uma oportunidade histórica para um segmento de produção de energia que, além de totalmente sustentável, ajudaria no encaminhamento de problemas que vem se acumulando no setor energético.
O crescimento da energia hidráulica em grandes usinas está perto do seu limite, enfrentando problemas ambientais e exigindo pesados investimentos e longos prazos de maturação, além de demandar investimento em novas linhas de transmissão.
A região Norte do Brasil, chamada de sistema isolado pelo fato de não ser possível levar energia por meio de linhas de transmissão, é mantida com energia a diesel e carvão, sistema pago por todos nós graças a um adicional em nossas contas de luz. Ora, uma parte considerável desse consumo poderia ser substituída por energia solar.
A água potável de poços artesianos no interior de estados do Nordeste não pode ser bombeada pelo custo que demandaria levar uma rede elétrica até eles. Alguns poucos painéis solares resolveriam essa demanda. Foram levantados, somente em um estado, mais de 80 mil poços artesianos com água potável.
As grandes redes de supermercado, em especial no Nordeste, gastam recursos enormes para resfriar suas lojas, quando poderiam implantar em todas elas uma cobertura de painéis solares, que além de resfriá-la naturalmente estaria gerando energia. São milhões de metros quadrados de coberturas desperdiçadas ao longo de todo país.
Os próprios parques eólicos, que hoje estão transformando a paisagem de algumas regiões do país, poderão ser consumidores de painéis solares nas áreas em que estão instalados. São centenas de hectares de terrenos não aproveitados que poderiam estar gerando energia durante o dia, já que o vento normalmente sopra durante a noite, dando assim mais retorno à linha de transmissão já instalada. É o que poderíamos chamar de energia renovável “flex”, sol durante o dia e vento durante a noite.
Como podemos ver, são imensas as oportunidades que se abrem neste imenso país banhado de sol por todos os lados. O governo está dando os primeiros passos, sinalizando que é o momento de arregaçarmos as mangas para transformar o Brasil em um player mundial no setor de energia solar fotovoltaica. As próximas gerações nos agradecerão por isso. (EcoDebate)