segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Montadoras não possuem etiqueta de eficiência

Nenhum carro das 11 montadoras pesquisadas pelo Idec possuem a etiqueta de eficiência energética
OMS revela que o Brasil está na lista dos países mais poluentes do mundo e o PBEV continua sendo voluntário
Após anúncio da Organização Mundial de Saúde, de que o Brasil possui média de poluição do ar duas vezes superior ao que estabelece a entidade, o Instituo Brasileiro de Defesa do Consumidor divulga pesquisa que realizou com 11 montadoras de carros, responsáveis por algo em torno de 70% do CO2 gerado nas atividades de transporte.
A pesquisa foi realizada com as 11 montadoras que mais venderam carros no primeiro semestre de 2011, de acordo com dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA): Citroën, Fiat, Ford, Chevrolet, Honda, Hyundai, Nissan, Peugeot, Renault, Toyota e Volkswagen e constatou total falta de clareza das informações sobre eficiência energética de seus veículos ao consumidor.
Em dissonância com a postura que assumem em seus países de origem, por falta de determinação do poder público no Brasil, as empresas não informam em seus canais de atendimento (SAC, site e concessionária), o rendimento do combustível de cada modelo e a emissão de CO2 do veículo na atmosfera.
Além da pesquisa nesses canais, o Idec enviou um questionário formal às empresas, mas apenas a Honda e a Toyota responderam, reforçando a falta de transparência já constatada.
O Idec havia realizado a mesma pesquisa em 2009 e, após dois anos, nenhuma mudança significativa ocorreu. “As mudanças climáticas são uma realidade e já não podemos mais aguardar anos por medidas voluntárias que favoreçam a redução no nível de emissões. Se as empresas não estão dispostas a assumir no Brasil de forma voluntária uma postura mais transparente, condizente com a que adota em outros países, isso deveria ser obrigatório”, afirma Adriana Charoux, pesquisadora do Idec.
Há mais de 20 anos sabemos da necessidade de revermos os padrões de produção e consumo a fim de torná-los mais sustentáveis; e que a responsabilidade deve ser compartilhada por consumidores, empresas e governo. “Mas para que o consumidor faça a sua parte, é preciso que o seu direito à informação seja respeitado”, defende Charoux.
Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular
Outro problema que persistiu foi a baixa adesão das empresas ao Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) – coordenado pelo Instituto de Normalização, Metrologia e Qualidade Industrial (Inmetro) –, que avalia a eficiência no consumo de combustível.
Em agosto, o Instituto de Energia e Meio Ambiente – Iema publicou um estudo no qual verificou que apenas 31,1% do total de carros comercializados em 2010 participaram da iniciativa. Atualmente, apenas seis das 11 montadoras pesquisadas participam do PBEV. Mas apesar de participarem, elas não divulgam a etiqueta com a classificação dos seus automóveis. O consumidor que tiver interesse, só consegue a informação pesquisando no site do Inmetro.
Pelas atuais regras do Inmetro, as montadoras que aderem ao programa têm a opção de afixar ou não a etiqueta no vidro dos veículos; a única obrigação é incluir o resultado da avaliação no manual do proprietário do automóvel e também nos pontos de venda. Em resposta ao Idec, informam que a partir de 2012, quem aderir ao PBEV deverá afixar a etiqueta sem definir precisamente o local colocado.
Para o Idec, ideal é que a participação no PBEV seja compulsória, pois a adesão voluntária não tem tido muita representatividade.
Nota Verde
O mesmo ocorre no caso da chamada Nota Verde, iniciativa do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que avalia a emissão de gases de todos os veículos leves fabricados a partir de 2009. Ela existe, mas não chega aos consumidores.
PBEV - Lançado em 2008 e coordenado pelo Inmetro, o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular mede quantos quilômetros podem ser percorridos com 1 litro de combustível em trajeto urbano e rodoviário. Em modelo bicombustível, a avaliação é feita com álcool e gasolina. Os veículos são classificados — dentro de sua categoria — de A a E, sendo que a letra A indica melhor aproveitamento energético. A adesão dos fabricantes de veículos e importadores é voluntária e renovável a cada ano. Para consultar o resultado da avaliação dos modelos em 2011, acesse.
Nota Verde - Elaborada pelo Proconve, do IBAMA, esse banco de dados informa os níveis de emissão de gases poluentes, como monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e aldeídos, e de efeito estufa, como o CO2, gerados pelos veículos. Tais gases, além de contribuírem para as mudanças climáticas, são prejudiciais à saúde. A avaliação é feita em todos os veículos leves fabricados a partir de 2009, que recebem classificação que varia de uma a cinco estrelas (quanto mais estrelas, menor a emissão de gases). Para consultar o desempenho dos veículos, acesse o site do Ibama <http://goo.gl/Tjvx>.
Além da notificação às empresas, o Idec enviou o resultado da pesquisa aos órgãos públicos envolvidos, como Inmetro, IBAMA, entre outros, solicitando esclarecimentos sobre o tema.
Informação sobre emissões de gases e consumo de combustível
Marca - Modelo - Site - SAC - Concessionária - Questionário - PBEV - Etiqueta - Carro
Citroën - C3 - Não informou - Não informou- Não informou - Não respondeu – Não – Não
FIAT – Uno Vivace e Pálio Fire Economy - Não informou - Não informou - Não informou - Não respondeu – Sim – Não
Ford – Ka - Não informou - Não informou - Não informou - Não respondeu – Sim – Não
Chevrolet – Celta - Não informou – Indicou site do Inmetro - Não informou – Não respondeu – Sim - Não
Honda – Fit - Apresentou apenas a tabela do PBEV de 2009 - Indicou site do Inmetro para obtenção de informações – Não – Não
Hyundai - I30 - Não informou - Não informou - Não informou – Não respondeu – Não – Não
Nissan - Livina – Não informou - Não informou - Não informou – Não respondeu – Não – Não
Peugeot - 207 Hatch - Não informou - Não informou - Não informou - Não respondeu – Não – Não
Renault - Clio - Apresentou média de combustível, mas não mencionou o PBEV - Não informou - Não informou- Não respondeu – Sim – Não
Toyota - Corolla - Não informou - Não informou - Não informou - Indicou o site do Inmetro para obtenção de informações – Sim – Não
Volkswagen - Gol - Não informou - Citou apenas a emissão de poluentes com o veículo parado e em marcha lenta - Não informou - Não respondeu – Sim - Não
Respostas das empresas:
Honda: em relação ao duplo padrão de informações, disse que cabe a cada unidade definir o conteúdo, e que a página norte-americana “permite o comparativo de modelos por essa ser uma prática daquele mercado”.
A Honda informou ainda que não está participando do programa em 2011 “por questões internas”, mas que há intenção de voltar a participar em 2012 [ela participou em 2009 e 2010].
Toyota: não comentou a respeito da ausência de informações no SAC, no site e nas concessionárias, e também não informou quantos modelos (e quais) participaram do PBEV em 2010 e 2011; disse apenas que as informações estão disponíveis no site do Inmetro.
Em relação à ausência da etiqueta nos veículos, a Toyota não se justificou; e sobre a divulgação da avaliação do programa em seus canais de comunicação, limitou-se a dizer que a informação consta do site do Inmetro. Questionada se pretende estender o PBEV a todos os modelos e versões da marca, respondeu que “a participação do programa em 2012 ainda está em avaliação”. (EcoDebate)

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