sexta-feira, 30 de março de 2012

Japão e seu penúltimo reator nuclear ativo

Japão para seu penúltimo reator nuclear ativo, após crise de Fukushima
A empresa Tokyo Electric Power (Tepco), operadora da usina nuclear de Kashiwazaki-Kariwa, parou neste domingo para uma revisão rotineira o reator 6 da unidade, com o que o Japão conta com somente uma unidade ativa das 54 do país, após a crise em Fukushima.
Desde que o devastador tsunami de março provocou a pior crise nuclear desde Chernobyl, a Tepco, operadora também da central de Fukushima Daiichi, suspendeu totalmente seus 17 reatores atômicos pela primeira vez desde 2003, informou a agência local de notícias “Kyodo”.
Com o fechamento do reator de Kashiwazaki-Kariwa, na província de Niigata (noroeste), o único que opera atualmente no Japão é o número 3 da usina de Tomari, na ilha de Hokkaido (norte), que também suspenderá sua atividade no começo de maio.
A Tepco, principal empresa de fornecimento de energia elétrica da zona metropolitana de Tóquio, com cerca de 30 milhões de habitantes, obtinha cerca de 30% da energia de suas usinas nucleares, o que a obrigou a retomar a atividade de suas centrais térmicas e solicitar a empresas e particulares medidas de corte de energia.
O fechamento paulatino dos reatores no Japão, um país que antes da crise de Fukushima dependia em cerca de 30% da energia nuclear, aumentou as preocupações com o fornecimento de energia no país, sobretudo frente ao verão (hemisfério norte), quando se espera que a demanda alcance seu teto.
“Faremos os maiores esforços para assegurar uma provisão estável” neste verão, afirmou o presidente da Tepco, Toshio Nishizawa, embora o Governo estime que se todos seus reatores nucleares permanecerem parados durante a estiagem, o país poderia contar com 10% menos de provisão que no ano passado.
Para poder retomar sua atividade, os reatores têm que passar por testes de resistência impostas pelo Governo que evitem um desastre similar ao de Fukushima e obter o sinal verde dos Governos locais, o que não é um requisito legal. (EcoDebate)

quarta-feira, 28 de março de 2012

Rede de esgoto gera energia para ar condicionado

Rede de esgoto gera energia para ar condicionado
Empresa usa a rede pública de esgoto para alimentar o ar condicionado de edifícios, com economia de 40%.
Ar-condicionado e eficiência energética não combinam. A sensação térmica agradável gera entre 50% e 60% do consumo energético total de um prédio. Um sistema criado pela empresa alemã Huber usa a rede pública de esgoto para alimentar o ar-condicionado de edifícios. A economia é de 40%.
Confira abaixo.
1) Fluido diferente
Gerar energia para climatizar edifícios consiste em um sistema de troca de calor, com um fluido. No caso, o líquido é a rede de esgoto, ligada ao sistema.
2) Bomba de calor


O sistema usa 72% do potencial térmico da água residual do esgoto: é um processo que consiste em uma bomba (foto) e trocadores de calor. O esgoto depois retorna à rede.
3) Troca
Por usar água residuária, a máquina que faz a troca de calor deve ter uma tecnologia autolimpante periódica, que retira os resíduos da evaporação do esgoto.
4) Projeto piloto

Este é um dos cinco edifícios em Straubing, Alemanha, em que o sistema aquece com energia proveniente da rede pública de esgoto da cidade. (OESP)

Energia que vem do esgoto

A energia renovável que vem do esgoto
Uma das vantagens da utilização de energias renováveis é que elas são sustentáveis. Sustentabilidade é a utilização dos recursos de uma maneira que possamos satisfazer as demandas atuais e as demandas das gerações futuras. Mas o que é mesmo, energia renovável?
Energia renovável é o tipo de energia proveniente de recursos naturais e que é naturalmente renovada, futuramente garantida e de baixo impacto ambiental.
Vejamos abaixo alguns exemplos de energias renováveis:
Energia geotérmica, proveniente do calor do Planeta Terra;
Energia hidráulica, proveniente das correntes das águas dos rios, por exemplo;
Energia das ondas, proveniente do impacto das ondas;
Energia azul, proveniente da água salobra;
Energia solar, proveniente do sol;
Energia maremotriz, proveniente das águas dos oceanos;
Energia da biomassa, proveniente da matéria orgânica.
A energia da biomassa
De acordo com o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “biomassa” é “qualquer massa de matéria viva; matéria orgânica de origem vegetal utilizada como fonte de energia; conjunto dos organismos vivos presente num ecossistema”.
Biomassa é, portanto, a energia proveniente de materiais orgânicos de origem vegetal e animal. Dentre os tipos de energia consideradas biomassa temos os biocombustíveis como:
Biogás;
Biodiesel;
Bioálcool.
O biogás, a energia renovável proveniente do esgoto
O esgoto coletado por tubulações e por empresas desentupidoras também pode ser transformado em biogás. Foto: bioblogcuriosidades.blogspot.com
O esgoto coletado pelas galerias pelas empresas desentupidoras e, transportado até as estações de tratamento, pode ser transformado em biogás.
O biogás é um biocombustível produzido à base de uma mistura de gás metano com dióxido de carbono.
O processo de fabricação inclui a fermentação dos ingredientes citados por ação de bactérias em quatro condições controladas:
Temperatura;
Acidez;
Umidade;
Teor.
Onde o biogás pode ser utilizado?
Em cozinhas, como gás substituto do gás natural;
Aquecimento em atividades rurais, como por exemplo, em estufas;
Produção de energia elétrica.
Dessa forma, o esgoto pode contribuir com a sustentabilidade e com a preservação ambiental no mundo, na medida em que pode ser transformado em energia e, ao mesmo tempo, reduzir os níveis de poluição produzidos por outros tipos de gases mais nocivos. (desentupidora-sp)

Esgoto tratado vira fonte de energia

Esgoto tratado vira fonte de energia, combustível e fertilizante
Quando o assunto é sustentabilidade, os assuntos mais discutidos são o desperdício de água e a geração de energia, com busca de fontes alternativas que alimentem a a demanda de consumo da população.
A fim de sanar as duas questões, passou-se a utilizar água de esgoto tratado como fonte de energia renovável, tecnologia que gera desde aquecimento residencial até combustível para automóveis.
Nos países industrializados, assim como o Brasil, há uma grande produção de águas residuais (provenientes de banhos, de cozinhas, de lavagens de pavimentos domésticos ou resultantes de processos de fabricação) diariamente. Essas águas apresentam grandes quantidades de compostos orgânicos, que armazenam energia nas suas ligações químicas. A extração do metano, através de digestão anaeróbia ou a utilização de células de combustível microbianas são métodos que podem ser usados para extrair a energia.
De acordo com informações da Argal Química, do processo de tratamento surgem subprodutos como:
* Água de reúso: água que não é pura o suficiente para o consumo, mas suficientemente limpa para ser empregada na higienização de calçadas, irrigação de jardins e outras tarefas afins;
* Gás metano: Esse gás proveniente do esgoto pode ser utilizado como fonte de energia;
* Pequena Central Hidrelétrica (PCH): As PCHs são pequenas usinas hidrelétricas instaladas num espaço imediatamente antes do tratamento do esgoto.
Na segunda metade de 2010, o primeiro carro movido a gás metano proveniente do tratamento de esgoto, desenvolvido pela empresa GENeco, com apoio da Wessex Water, responsável pela construção da estação de recolhimento e tratamento do biogás.
Segundo os criadores, a descarga de apenas 70 casas na cidade de Bristol, possibilitou a captura de material suficiente para abastecer o carro por um ano - tomando como base 16 mil km rodados ao ano, segundo reportagem do portal Exame.
No Brasil, a Argal Química utiliza tecnologia para tratar o esgoto de empresas, atitude que pode gerar economia de 50% em custos ligados a sistemas geradores de vapor e resfriamento.
Outro projeto, no estado do Rio Grande do Norte, no Vale do Açu utilizará esgoto tratado como fertilizante. A medida visa vai transformar resíduos em energia tem a adesão de empresários do setor, carnaubeiros, agricultores familiares e estudantes e representará a substituição da lenha de árvores da Caatinga pelo briquete, carvão ecológico a ser produzido a partir de capim, folhas de carnaúba e restos de podas de fruteiras. O capim será irrigado com esgoto tratado, o que pode impulsionar uma política estadual de reuso de efluentes.
Apesar da validade dos experimentos com esgoto tratado na geração de energia e recursos e da necessidade da exploração de fontes alternativas de energia, 57% da população brasileira ainda não tem acesso a esgoto tratado e 19% sequer contam com abastecimento de água em suas residências, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento do Ministério das Cidades, divulgado no segundo semestre de 2010. (consumidormoderno)

Inovação: energia que vem do esgoto

A startup israelense Global Recycling Projects (Ecoarrow) desenvolveu uma solução sustentável e lucrativa que transforma o sedimento aquoso resultante do tratamento das águas residuais e esgoto – chamado de lodo residual – em eletricidade.
Segundo a empresa, utilizar energia solar para gerar a energia necessária para operar o sistema garante o diferencial de do projeto ser verdadeiramente ecológico. Com esse sistema, os processadores de resíduos podem se livrar do lodo de maneira eficiente e fácil, evitando o seu descarte em aterros – uma proposta muito cara – e ainda tornar essa atividade lucrativa, vendendo eletricidade às concessionários locais de serviço público.
Segurança
A empresa Ecoarrow também desenvolveu um robô que atravessa manchas de lodo das quais, nenhum ser humano se aproximaria. O robô tem capacidade extraordinária de bombeamento: até 200 m² por hora e é ativado por controle remoto, o que permite que seja operado a uma distância segura da área de trabalho, protegendo os operadores. (ambienteenergia)

segunda-feira, 26 de março de 2012

Biocombustível: teste com algas

A americana Solazyme, fabricante de óleos renováveis e bioprodutos, anunciou que a embarcação militar USS Ford realizou com sucesso a primeira viagem regular com uso de diesel marítimo renovável fabricado pela companhia. Este é o primeiro emprego de biocombustível derivado de microalgas e cana-de-açúcar realizado pela Marinha americana em uma situação regular de atividade militar.
A viagem entre o porto natal da embarcação em Everett, Washington, até San Diego, na Califórnia, demandou 25 mil galões de combustível. Os motores LM 2500 da embarcação receberam uma mistura 50/50 do diesel marítimo SoladieselHRD-76 e diesel de origem fóssil tipo F-76 (especificação militar). Em acordo com as exigências da Marinha nenhuma alteração foi realizada no navio ou no atracadouro de abastecimento para a realização da viagem.
Na avaliação dos engenheiros militares, o desempenho da mistura na proporção 50/50 no sistema de combustível e nos motores foi similar ao constatado com o uso de combustível fóssil tipo F-76.
Segundo o chefe de comercialização da Solazyme, o brasileiro Rogério Manso, este teste representa um importante passo para viabilizar a comercialização dos combustíveis renováveis produzidos pela empresa.
A Solazyme já produziu mais de 500 mil litros de combustível renovável in-spec para a Marinha americana, como parte do projeto Green Strike Group, do Departamento de Defesa. Este projeto tem por objetivo gerar até 2.020, metade da energia demandada pelas atividades militares a partir de fontes renováveis, como biocombustíveis avançados. (ambienteenergia)

Setor sucroalcooleiro: impactos do clima

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) integra, com três projetos, o Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, cujo objetivo é desenvolver trabalhos relacionados a avaliações de risco e estratégias de mitigação e adaptação. Projetar cenários para o setor sucroalcooleiro até 2050, visando definições de políticas públicas é o intuito de projeto coordenado pelo Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, com suporte da Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa (Cocen). No final de 2011, com um ano de trabalho, foi enviado o primeiro relatório à Fapesp. No documento foram apresentadas 37 publicações, entre teses e artigos, além dos resultados de uma série de reuniões com os grupos envolvidos. Outro resultado foi a criação de um website que divulga as ações do projeto e funciona como um banco de dados para trocas de informações entre as áreas.
Intitulado “Geração de Cenários de Produção de Álcool como Apoio para a Formulação de Políticas Públicas Aplicadas à Adaptação do Setor Sucroalcooleiro Nacional às Mudanças Climáticas” o projeto coordenado pelo Cepagri ficou conhecido pela sigla em inglês AlcScens, que também dá nome ao website. São 25 pesquisadores e 14 bolsistas envolvidos. O AlcScens tem vigência até 2014 e recursos de R$ 1 milhão, incluindo as bolsas. Os outros dois projetos da Unicamp que fazem parte do Programa estão vinculados ao Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) e Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam).
“Trata-se de um desafio fazer convergir várias unidades dentro da Unicamp e grupos de fora da Universidade” diz Cláudia Pfeiffer, pesquisadora do Laboratório de Estudos Urbanos (Labeurb). Também integram o projeto Fapesp, além do Labeurb, o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor); o Núcleo de Estudos de População (Nepo); o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (Nepa); o Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (Cbmeg); Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA); Faculdade de Ciências Médicas (FCM); Instituto de Geociências (IG); Embrapa; Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); e USP São Carlos.
De acordo com Pfeiffer, o AlcScens “de um lado atende a um projeto de política científica, de fomentar relações multiinstitucionais, e por outro materializa o que o sistema de centros e núcleos já faz há três décadas, que são as pesquisas interdisciplinares”. Segundo a pesquisadora, o projeto é idealizado no sentido de pensar a produção agrícola inserida em todas as práticas sociais.
É a primeira vez que a Unicamp desenvolve cenários para a cana levando em conta não só o clima e a agricultura, mas também outros fatores. A Universidade desenvolve metodologias de zoneamento agrícola para diversas culturas desde 1995/96. A partir de 2001, com a divulgação do primeiro relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), e o dado sobre o acréscimo de pelo menos um grau na temperatura do planeta no século 21, os cientistas começaram a ser questionados sobre o que aconteceria com o zoneamento agrícola. Foi então que os pesquisadores da Embraba/Unicamp começaram a investigar, com base em modelos de previsão já disponíveis mais detalhados e de longo prazo.
Primeiro foi a cultura do café. O cenário indicou migração e risco climático alto nas áreas produtoras, além de expressiva redução no tamanho das plantações. Incorporando sempre novos modelos climáticos, a pesquisa prosseguiu com as culturas de soja, milho, feijão e arroz. No ano passado, a Embrapa e o grupo vinculado à Unicamp divulgaram o estudo “Impactos da mudança do clima na produção agrícola”, como parte de uma pesquisa realizada a pedido da Embaixada Britânica no Brasil. A conclusão foi que, se nada for feito em termos de adaptação ou de mitigação nos próximos anos, haverá perdas na produção agrícola da ordem de R$ 7,5 bilhões em 2020, evoluindo anualmente até chegar a R$ 10,7 bilhões em 2050. As perdas econômicas para o país como um todo, nos próximos 40 anos, seriam em torno de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Destaque: das culturas presentes hoje em solo nacional, apenas a cana-de-açúcar será mais produtiva no clima aquecido.
A pesquisa atual foi proposta a partir desses resultados. Jurandir Zullo Júnior, pesquisador responsável do AlcScens, informa que o projeto é “uma continuação” mais abrangente deste anterior. As projeções agora incluem variáveis, entre as quais, os impactos na segurança alimentar e nutricional, a dinâmica demográfica e a saúde, políticas públicas, geoprocessamento e desenvolvimento científico e tecnológico. “São cenários para até 2050 porque depois disso a incerteza em relação à previsão do clima é muito grande”, complementa.
O projeto também prioriza a cultura da cana-de-açúcar em razão da ampliação do uso do álcool combustível no Brasil e no mundo. “Em relação à cana-de-açúcar, se não houver uma política bem definida, a expansão da cultura pode ser desvantajosa”, avalia Zullo.
Relatório - O primeiro relatório enviado Fapesp já apresenta um dado importante para os pesquisadores, que é a análise e comparação de 23 principais modelos climáticos indicadores de anomalias. Os modelos foram arranjados em dois grupos com dois representantes – um inglês e outro japonês. Juntamente com um terceiro modelo a ser criado, o grupo vai projetar os cenários para até 2050. Com base nos primeiros cenários projetados, constatou-se que o modelo inglês é bem mais drástico e aponta risco climático alto em São Paulo, com necessidade de irrigação até o meio do século.
O grupo está trabalhando a expansão da cana-de-açúcar para a região oeste paulista e também para áreas de cerrado, principalmente o estado de Goiás. A geração de cenários para o estado de Goiás traz um diferencial que é a utilização não usual de anomalias de chuva.
Os estudos definem o melhor mês para a expansão do plantio da cana em Goiás, que seria outubro em função das chuvas. Hoje, o Estado segue São Paulo, que geralmente inicia o cultivo em outubro, mas pode estendê-lo para outros meses chuvosos do verão, até março.
Em relação à expansão do plantio da cana, a pesquisa também gera mapas que já “descontam” áreas cultivadas, com declividade acentuada, de proteção ambiental ou urbanizadas.
Zullo comenta que as outras áreas relacionadas no projeto tiveram um primeiro ano de trabalho de revisões de dados e levantamentos. As reuniões do grupo completo ocorrem a cada duas semanas. “As equipes já vêm atuando de modo independente e cada vez mais de forma conjunta”, acrescenta Zullo.
Segundo o pesquisador responsável, o desafio do projeto este ano será a criação de um modelo de cenário que consiga abarcar informações de diferentes origens. “Precisamos cruzar dados levando em consideração a propriedade de cada”.
Portal reúne dados sobre o projeto - O website AlcScens (http://www.cpa.unicamp.br/alcscens/) traz todas as informações sobre o projeto, o perfil dos pesquisadores e bolsistas, além de artigos e publicações científicas, notícias, uma área multimídia para vídeos e áudios, e também a interface com redes sociais. Por exigência da Fapesp, a página foi construída em inglês. “Nosso objetivo, no entanto, é que ela também seja apresentada em breve em português e espanhol”, afirma Vera Regina Toledo de Camargo, pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) e integrante do projeto.
O idealizador do portal, Marcos Rogério Pereira, que também é pesquisador do AlcScens, explica que o diferencial deste website é que o conteúdo foi inserido no sistema para que o portal acabe funcionando como banco de dados. “O interessante é que você não precisa ‘sair’ da página para acessar determinados conteúdos”, comenta. Estas informações também podem servir como objeto de pesquisa no futuro. “Por exemplo, quem acessa poderá compartilhar as notícias e eventos e poderemos avaliar a divulgação científica nas redes sociais”, completa.
A interface com a divulgação científica também tem o intuito de fomentar discussões sobre as mudanças climáticas na sociedade. “Queremos dar visibilidade às tensões existentes na produção canavieira, trazer a público essas reflexões”, diz Vera Toledo. (ambienteenergia)

Na rota dos biocombustíveis para aviões

Representantes da FAPESP, Boeing e Embraer participaram nos dias 29 de fevereiro e 1º de março na sede da Fundação, em São Paulo, de uma reunião preparativa para a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis para aviação comercial envolvendo as três instituições.
O acordo entre as instituições, assinado em outubro de 2011, prevê a construção no Estado de São Paulo de um centro de pesquisa focado no desenvolvimento de biocombustível sustentável para aviação, que será baseado no modelo dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs), da FAPESP, voltados para desenvolver pesquisas na fronteira do conhecimento.
De modo a criar o centro, inicialmente será realizado um estudo, com duração prevista entre 9 e 12 meses, para o levantamento das possibilidades e dos principais desafios sociais, econômicos, científicos e tecnológicos de diferentes rotas tecnológicas para o desenvolvimento de um biocombustível para aviação no Brasil e para definir os investimentos que deverão ser realizados pelos participantes do projeto.
O estudo será orientado por uma série de oito workshops públicos a serem realizados ao longo de 2012 para coleta de dados. As informações serão fornecidas por diferentes integrantes da cadeia produtiva de biocombustíveis e por um Conselho Consultivo Estratégico.
O Conselho será composto por empresas aéreas, produtores e fornecedores de combustível, pesquisadores e representantes do governo, entre outros atores, que poderão exercer um importante papel tanto na implantação como na regulação dessa nova indústria. Em uma fase final do estudo, a FAPESP lançará uma chamada especial de propostas para o estabelecimento do Centro.
Além dos representantes da FAPESP, Boeing e Embraer, participaram do encontro organizativo representantes de empresas que irão colaborar e participar ativamente do projeto, incluindo seu financiamento.
Durante a reunião, os participantes definiram a realização do primeiro workshop, que está previsto para ocorrer nos dias 25 e 26 de abril na sede da FAPESP.
Os demais workshops deverão ocorrer em Piracicaba, Campinas, Brasília e São José dos Campos, em instituições como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
“Estamos terminando a etapa de planejamento do projeto, decidindo questões metodológicas, orçamentárias e contratuais, para darmos início aos workshops”, disse Luís Augusto Barbosa Cortez, coordenador-adjunto de Programas Especiais da FAPESP à Agência FAPESP.
O pesquisador é um dos coordenadores do projeto, juntamente com Francisco Emilio Baccaro Nigro, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT).
Na opinião de Cortez, os maiores desafios para o desenvolvimento de um biocombustível para aviação estão ligados à questão da sustentabilidade. “Os maiores problemas estão mais na produção e conversão da biomassa”, afirmou.
“Será preciso produzir esses biocombustíveis a um custo competitivo e com sustentabilidade socioambiental, utilizando os recursos agrícolas racionalmente e de forma a melhorar as condições de vida das pessoas envolvidas com essa atividade”, disse.
Já na parte tecnológica, o maior desafio dos pesquisadores será desenvolver um biocombustível com as especificações do querosene utilizado atualmente na aviação e que possa substituí-lo, sem a necessidade de realizar modificações nas turbinas das aeronaves, que seguem um padrão internacional.
Matérias-primas e tecnologias
Até agora, as experiências no Brasil para o desenvolvimento de biocombustíveis, incluindo para fins automotivo e para aviação agrícola, por exemplo, foram por meio da adaptação do motor ao combustível.
No caso do biocombustível para aviação comercial, de acordo com pesquisadores envolvidos no projeto, será preciso inverter essa ordem, adaptando o biocombustível ao motor. Entretanto, na avaliação de Cortez, esse desafio ainda é “menor” dos que os ligados à questão agrícola.
“Essa questão técnica de chegar a um ajuste fino de um biocombustível que possa substituir o querosene na aviação comercial não é tão crítico como os da produção e conversão da biomassa”, avaliou.
Segundo Cortez, diferentes matérias-primas – além da cana-de-açúcar – e diversas rotas tecnológicas serão estudadas durante o projeto para se chegar a um biocombustível que substitua o querosene na aviação comercial.
“Não seremos refém de apenas uma rota tecnológica. A ideia do projeto é ter várias possibilidades, porque cada região no mundo tem sua própria vocação agrícola, que está atrelada a diferentes processos”, disse. (ambienteenergia)

sábado, 24 de março de 2012

Eólica: Brasil lidera mercado na América Latina

O Brasil ocupa a liderança do mercado de energia eólica na América Latina, segundo apontaram os números apresentados no Comitê Latino-Americano do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC) durante encontro realizado no México. O país foi responsável por 50% das instalações efetuadas na América Latina em 2011, com 582,6 gigawatts (GW), e também se destaca quanto à capacidade total investida em energia eólica.
Na segunda posição do ranking, está o México, com 31%; seguido por Honduras, que responde por 9%; Argentina, com 7%; e Chile, com 3%. No levantamento, o Brasil também se destaca no aspecto da potência instalada acumulada por país, de 2008 a 2012, alcançando um volume de 1.509 MW.
Analisando as perspectivas de crescimento até 2020, a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) , instituição que congrega e representa o setor eólico no país, continua atuando para garantir a sustentabilidade da indústria eólica, que apresentou crescimento notável nos últimos anos. “Nossa previsão é que o Brasil atinja o potencial de 20.000 MW instalados até 2020 e esse número é muito plausível. Para sustentar essa indústria, basta vender, pelo menos, 2 GW por ano, somando-se o mercado regulado e mercado livre”, destaca Pedro Perrelli, diretor executivo da Associação de Energia Eólica (ABEEólica), que participou do encontro.
Segundo dados disponibilizados pelo GWEC, a previsão é de que América Latina e Caribe atinjam 30.000 MW de capacidade cumulativa até 2020. O Conselho também disponibilizou estatísticas quanto à participação dos fabricantes de turbinas eólicas nos três principais mercados latino-americanos. No Brasil, a Enercon tem 43%, Suzlon 24%, Impsa 22% e Vestas 10%. No México, a Acciona WP tem 63%, Gamesa 23% e Clipper 14%. Já no Chile, Vestas detém 57%, Acciona 30%, Dewind 10% e Siemens 2%. (ambienteenergia)

quinta-feira, 22 de março de 2012

Estudo revela insegurança em Angra 3

Estudo revela insegurança na usina nuclear Angra 3
Aproveitando a presença da presidenta brasileira na Alemanha, a ONG ambientalista Urgewald, realizou coletiva de imprensa, na manhã de hoje, para apresentar dois pareceres técnicos que comprovam as enormes falhas de segurança (e os riscos consequentes destas falhas) na tecnologia usada na construção de Angra 3, assim como na topografia, logística etc. da região de Angra dos Reis (RJ). A revista Der Spiegel, o mais importante órgão formador de opinião, comparável à VEJA, publicou matéria com os resultados dos estudos no domingo. (http://www.spiegel.de/wissenschaft/technik/0,1518,819132,00.html)
O estudo, elaborado por dois cientistas brasileiros – Célio Bermann e Francisco Corrêa – analisa as condições de segurança e o perigo de um acidente nuclear na usina, bem como se foram integrados mecanismos de segurança adicionais depois do acidente de Fukushima. O estudo avalia também se a usina está protegida adequadamente contra eventos externos, como terremotos, deslizamentos e enchentes, e critica a segurança dos planos de emergência para a população local.
Tecnologia de segurança ultrapassada
“Muitos fatores levaram ao desastre em Fukushima. A catástrofe foi consequência de hipóteses erradas, local inadequado, técnica obsoleta e falta de fiscalização. Estes fatores de risco existem também para Angra 3”, diz Barbara Happe, da Urgewald, que trabalha há muitos anos com o assunto. O prof. Francisco Corrêa, explica que “no licenciamento de Angra 3, a Eletronuclear não apresentou dados apropriados para o reator, como características locais, condições meteorológicas e topográficas. Portanto, o parecer da Eletronuclear não serve para avaliar os reais riscos do projeto e planejar cenários realistas de emergência.”
O estudo afirma que a localização de Angra dos Reis não atende aos critérios que a própria Eletronuclear está usando atualmente para identificar locais adequados para futuras usinas. Estes critérios desaconselham a construção em áreas propensas a deslizamentos de terra ou perto de cidades densamente povoadas. Angra 3, no entanto, está em uma área com encostas instáveis e perto de Angra dos Reis, que é densamente povoada. “Portanto, os novos critérios do governo são uma admissão involuntária de que a localização de Angra não é adequada para uma usina de energia nuclear.”, diz Corrêa.
Além disso, Angra 3 é um projeto ultrapassado, que não cumpre vários requisitos atuais de segurança desenvolvidos após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Sequer atende totalmente aos requisitos de segurança aplicáveis para seu reator de referência original alemã, construído a partir de 1974. A contenção de Angra 3 tem apenas a metade da espessura desse reator, proporcionando menos proteção em eventos, como uma explosão de hidrogênio ou um impacto de avião.
Tobias Riedl, especialista em assuntos nucleares do Greenpeace, enfatiza que “o reator nuclear de Angra 3 operará com uma tecnologia de segurança totalmente ultrapassada. Na Alemanha, todos os reatores deste tipo em breve serão desativados. Ao incentivar e apoiar a construção deste reator (que já virou sucata antes mesmo de ser concluído) com uma garantia financeira bilionária, a chanceler Angela Merkel demonstra que não tirou nenhuma lição de Fukushima.”
As duas ONGs Urgewald e Greenpeace consideram irresponsabilidade, o governo alemão decretar o fim do programa nuclear na Alemanha, mas apoiar a construção de uma usina insegura em outros países com um crédito de exportação. Para elas, “as lições de Fukushima e deste estudo são que não deve ser aprovado um crédito de exportação para Angra 3 e o governo deve parar de garantir este tipo de subvenção para a exportação de bens nucleares.”
Sobre os cientistas e a garantia Hermes
Os autores do estudo são o professor Célio Bermann, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, e Francisco Corrêa, que já fez vários estudos técnicos sobre Angra 3 para o Ibama e outras instituições.
Para apoiar a exportação de bens produzidos na Alemanha, o governo alemão concede garantias financeiras de exportação, chamadas de “garantias Hermes”. Estas garantias servem como seguro para indenizar os exportadores alemães que não receberem os créditos concedidos ao cliente no exterior, seja por motivo comercial ou político.
A finalidade política destas garantias é de abrir novos mercados em países em desenvolvimento para a indústria de exportação alemã. Em fevereiro de 2010, o governo alemão aprovou, em princípio, uma garantia Hermes de exportação no valor de 1,3 bilhão de euros. Entretanto, ainda não foi transformada em garantia definitiva. Depois do acidente em Fukushima, ONGs alemães lutam para que isso não aconteça mais. (EcoDebate)

Consequências graves em usinas nucleares

EUA: quinze episódios com consequências potencialmente graves em usinas nucleares em 2011
Quinze episódios com consequências potencialmente graves foram detectados em 2011 em alguns dos 104 reatores nucleares ativos nos Estados Unidos, revelou um relatório divulgado nesta terça-feira pela União de Cientistas Comprometidos (UCS, na sigla em inglês), organização americana independente formada por especialistas respeitados.
O documento examina em detalhes estes “problemas sérios, apenas evitados” e avalia a resposta da Comissão de Regulamentação Nuclear dos Estados Unidos (NRC, Nuclear Regulatory Comission) em cada um dos casos.
“Na medida em que as inspeções da NRC não revelam mais que uma parte dos problemas existentes, é essencial que ela responda com eficácia”, destacam os especialistas da UCS.
“O relatório mostra que um grande número destes incidentes ocorreu porque os proprietários das usinas toleraram falhas conhecidas ou não tomaram iniciativas suficientes para corrigi-las”, avaliaram.
Assim, na central de Oconee, na Carolina do Sul (sudeste), os serviços de manutenção descobriram, em 2011, que um sistema de resfriamento de emergência do núcleo dos reatores instalados em 1983 nunca teria funcionado em caso de necessidade porque os interruptores dos circuitos estavam defeituosos.
A UCS destacou que a usina de Oconee é similar à de Three Mile Island, na Pensilvânia, onde um dos reatores sofreu uma fusão parcial em 1979, provocada por uma falha no sistema de resfriamento.
O informe também citou outro exemplo de práticas perigosas em 2011 nas usinas nucleares de Braidwood e Byron, no Illinois (norte).
Nestas centrais, os funcionários de manutenção estabeleceram desde 1993 a prática de retirar a água dos circuitos vitais de resfriamento dos reatores para utilizá-la em bombas auxiliares.
Esta prática buscava não utilizar as águas não tratadas de um lago para reduzir a corrosão. Mas em caso de emergência com os reatores nucleares, o sistema de resfriamento não teria podido funcionar normalmente devido à falta d’água, destacam os especialistas do UCS. (EcoDebate)

terça-feira, 20 de março de 2012

Japão ainda sofre impacto nuclear em Fukushima

Um ano após o acidente nuclear em Fukushima, no Japão, o país ainda sofre os impactos econômicos e ambientais causados pelo desastre, e autoridades buscam respostas estratégicas para prevenir ocorrências semelhantes. Representantes do Centro de Cooperação Internacional do Fórum Atômico Industrial do Japão (Jaif-ICC) e da Associação de Pesquisa em Segurança Nuclear (Nsra) estiveram no Rio de Janeiro hoje para falar sobre as mudanças ocorridas no país após o desastre.
Uma delas foi a criação de uma lei especial de biodiversidade estabelecendo as diretrizes básicas para descontaminação em caso de emergências nucleares. Em vigor no país desde o início do ano, o documento determina os procedimentos para medição do índice de radioatividade das áreas contaminadas e as condutas de coleta, transporte e armazenamento do solo recuperado.
Apesar das atividades de descontaminação realizadas pelo governo japonês, há áreas que ainda apresentam índices elevados de radiação. “A região localizada dentro de um raio de 5 km da usina em Fukushima foi gravemente contaminada, e será difícil restabelecer as condições naturais anteriores ao acidente”, disse Yutaka Kawakami, consultor da Nsra.
Além dos impactos ambientais, o Japão sofre as consequências econômicas com a queda na produção de energia. Após a interrupção das atividades nas usinas nucleares, as concessionárias japonesas gastaram US$ 11 bilhões em 2011 na compra de combustíveis fósseis para suprir o abastecimento no país – valor 65% superior ao gasto no ano anterior. Em consequência, as tarifas ao consumidor aumentaram em média 20%. Atualmente, apenas duas das 54 usinas nucleares existentes no Japão operam normalmente.
Mesmo com o aumento da tarifa, a população japonesa continua contrária à retomada da produção de energia nuclear. Se, antes do desastre, cerca de 65% da população era favorável à energia nuclear, pesquisas recentes mostram que mais de 70% da população se tornou contrária à produção desse tipo de energia. “As discussões relacionadas à energia nuclear são significativamente afetadas pela opinião pública”, ressaltou o representante da Jaif-ICC, Akira Nagano. (EcoDebate)

Fukushima: um alerta ignorado pelo Brasil

"A cada acidente há uma revisão das normas e padrões de segurança para as usinas nucleares, o que acaba acarretando indubitavelmente mais custos, que refletem no preço final da energia para o consumidor, tornando assim, do ponto de vista econômico, a eletricidade nuclear inviável comparada com outras tecnologias", constata o professor da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE.
 
Um ano após a tragédia que fez o mundo reavaliar o uso da energia nuclear, o Japão ainda estã longe de desativar a usina de Fukushima e virar esta página de sua história. Depois de nove meses de espera para alcançar a estabilização da temperatura das unidades da usina abaixo de 100º C, as operação de limpeza dentro da zona de exclusão, criada em um raio de 20 km ao redor da central, iniciaram em dezembro do ano passado. Apesar dos esforços, a “desativação completa da usina Fukushima vai demorar aproximadamente 40 anos”, informa o professor Heitor Costa, em entrevista concedida, por e-mail, à IHU On-Line. Segundo ele, “em dois anos, o combustível nuclear usado, que está nas piscinas dos reatores 1, 2, 3 e 4, vai começar a ser retirado e depositado temporariamente nas próprias instalações da central. Já o combustível fundido dentro dos reatores 1, 2 e 3 vai ser retirado em um prazo máximo de 25 anos para, então, começarem a desmontar (descomissionar) as unidades, trabalho que deve durar 15 anos”.
Ele explica que esse processo é lento, difícil e cauteloso devido à “grande emissão de radioatividade no interior dos reatores atingidos”. Somente depois da retirada do combustível nuclear presente nas piscinas dos reatores será possível iniciar os trabalhos de descontaminação da área atingida. “Serão usados equipamentos de lavagem a jato de alta pressão, e será feita uma raspagem das superfícies das estruturas de concreto contaminadas, assim como a descontaminação da água de piscinas com zeólita (conjunto de minerais que compreendem silicatos de alumínio hidratados de metais alcalinos e alcalinos). Uma das dificuldades nessas operações de descontaminação é encontrar locais apropriados para armazenar os grandes volumes do solo que serão removidos, cerca de 4 a 5 cm da superfície do solo”, esclarece o pesquisador.
Apesar de as pesquisas apontarem para uma desistência do uso de energia nuclear em diversos países do mundo, o Brasil insiste em dar continuidade à Angra 3, e pretende ampliar o setor nos próximos anos. Na avaliação de Costa, a decisão de reativar o programa nuclear brasileiro é “antidemocrática” e foi tomada “por um ‘grupinho’ de dez pessoas que compõem o Conselho Nacional de Política Energética - CNPE”, sem levar em conta uma discussão “abrangente” com a academia, cientistas e a sociedade civil. “Mesmo depois do acidente de Fukushima, ficamos perplexos com as declarações do ‘especialista em energia’, o ministro de Minas e Energia, afirmando a prioridade do país de continuar investindo na construção de usinas nucleares. O Brasil está despreparado para evitar catástrofes semelhantes ao que aconteceu em Fukushima, que podem acontecer nas usinas nucleares construídas e em construção”, lamenta.
Heitor Scalambrini Costa é graduado em Física pelo Instituto de Física Gleb Wattaghin da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, mestre em Energia Solar pelo Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, e doutor em Energética pela Commissariat à I’Energie Atomique – CEA, Centre d’Estudes de Cadarache et Laboratorie de Photoelectricité Faculte Saint-Jerôme/Aix-Marseille III, França. Atualmente coordena os projetos da ONG Centro de Estudos e Projetos Naper Solar, o Núcleo de Apoio a Projetos de Energias Renováveis – Naper, e o projeto Soluções em Energia e Design – Sendes, da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE.
IHU On-Line – Um ano após o acidente de Fukushima, quais são as conclusões que explicam o ocorrido?
Heitor Scalambrini Costa – Em primeiro lugar, uma usina núcleo-elétrico é intrinsecamente perigosa, e os riscos de acidentes são inevitáveis, que vão de pequenos vazamentos de material radioativo até grandes catástrofes com a emissão de grandes quantidades de materiais que contaminam o ar, a terra e a água. No caso dos reatores de Fukushima, falhas humanas e organizacionais desempenharam um papel importante. Alguns dos pontos levantados para explicar o acidente foram a falta de independência dos organismos reguladores nucleares do Japão e a supervisão insuficiente que era submetida à Tokyo Electric Power Company - Tepco, operadora da usina. No local ocupado pela central de Fukushima, o fornecimento emergencial de energia, essencial para a manutenção das funções vitais de segurança, como o esfriamento dos reatores e das barras de combustível irradiadas, não foi devidamente protegido. O treinamento para reagir a acidentes graves era inadequado. Faltou capacidade de reação emergencial no local e em nível nacional. O fato de que um desastre como o de Fukushima acontecer no Japão, um dos países industrializados mais avançados no mundo, bem preparado tecnologicamente, com nível científico elevado de seus especialistas, é um alerta de que, quando se trata de segurança nuclear, nada pode ser tido como garantido. Sem dúvida o terremoto seguido do tsunami foram importantes para a tragédia nuclear que aconteceu em seguida.
IHU On-Line É possível apontar quais foram os impactos da liberação de radiação em Fukushima, um ano depois do acidente?
Heitor Scalambrini Costa – Três tipos de radiação são liberados no meio ambiente em acidentes em usinas nucleares. Existem as partículas alfa, que geralmente não conseguem ultrapassar a pele de uma pessoa e são praticamente inofensivas; as partículas beta, que são capazes de atingir cerca de um centímetro na pele e podem causar queimaduras; e os raios gama, que são os mais perigosos, pois atravessam o corpo e “deformam” as células, podendo levar a vários tipos de câncer. Este foi e é o grande temor de quem vivia perto da central de Fukushima, que liberou elementos radioativos como iodo, urânio e césio, e formou uma nuvem invisível que se deslocou conforme os ventos. Quando há uma grande exposição à irradiação, as células da medula óssea, que fabricam os glóbulos vermelhos e brancos e as plaquetas sanguíneas, podem ser destruídas e a pessoa morre. As células do tubo digestivo são também muito sensíveis à radiação e, quando sofrem grande nível de exposição, é letal. Só para se ter uma ideia, em Hiroshima, onde caiu a bomba atômica nuclear, as pessoas que foram atingidas desenvolveram cânceres como leucemia pulmonar, cólon, esôfago, mama. Acabaram carregando os efeitos da radioatividade durante décadas para novas gerações. Após sete anos, ainda houve picos de casos de leucemia, e mesmo após quase 70 anos, ainda se observa um leve excesso de câncer na população da região afetada. Com esses exemplos já dá para imaginar o quão devastador são os efeitos da radioatividade em seres humanos. Na sequência das explosões que ocorreram na central nuclear de Fukushima, os isótopos radioativos disseminaram-se pelo território do Japão e águas costeiras. Inicialmente o consumo de vegetais e carnes do Japão não apresentava perigo para a saúde pública, uma vez que continham níveis de radiação abaixo do limite de segurança. Todavia, estudos mais recentes sugerem que tais resultados sejam reavaliados através de uma avaliação mais profunda da contaminação radioativa.
IHU On-Line Como tem ocorrido a descontaminação das áreas que foram expostas à precipitação radioativa?
Heitor Scalambrini Costa – Foi iniciado em dezembro passado a operação de descontaminação dos edifícios municipais da zona de exclusão. São unidades especializadas em radiação das Forças de Autodefesa (Exército), que iniciaram os trabalhos nos centros urbanos mais próximos da central de Fukushima. É a primeira vez, depois do acidente, que ocorre uma operação de limpeza dentro da zona de exclusão criada em um raio de 20 km ao redor da central, devido aos altos índices de radioatividade. Cerca de 100 mil pessoas, que viviam na região, foram retiradas de suas casas, causando perdas milionárias nas indústrias agrícola, pesqueira e de criação de gado.
Depois serão feitos os trabalhos de descontaminação da infraestrutura, incluindo estradas e os sistemas de fornecimento de água e eletricidade. Serão usados equipamentos de lavagem a jato de alta pressão, e será feita uma raspagem das superfícies das estruturas de concreto contaminadas, assim como a descontaminação da água de piscinas com zeólita (conjunto de minerais que compreendem silicatos de alumínio hidratados de metais alcalinos e alcalinos). Uma das dificuldades nessas operações de descontaminação é encontrar locais apropriados para armazenar os grandes volumes do solo que serão removidos, cerca de 4 a 5 cm da superfície do solo.
IHU On-Line O senhor escreveu recentemente que os reatores 1, 2 e 3 e o combustível fundido em Fukushima serão retirados num prazo de 25 anos. Como ocorre esse processo e por que ele é tão lento?
Heitor Scalambrini Costa – A previsão é da própria companhia elétrica operadora, Tepco, e do governo japonês. Eles estimam que a desativação completa da usina Fukushima vai demorar aproximadamente 40 anos. Em dois anos, o combustível nuclear usado, que está nas piscinas dos reatores 1, 2, 3 e 4, vai começar a ser retirado e depositado temporariamente nas próprias instalações da central. Já o combustível fundido dentro dos reatores 1, 2 e 3 vai ser retirado em um prazo máximo de 25 anos para, então, começarem a desmontar (descomissionar) as unidades, trabalho que deve durar 15 anos. Esse processo é longo e difícil, pois a emissão de radiação gera calor. Nas condições descritas os riscos são grandes para aqueles que trabalham submetidos à radioatividade. Robôs acionados por controle remoto serão usados em algumas tarefas. O objetivo principal foi de alcançar a estabilização da temperatura dessas unidades abaixo de 100º C (o que foi conseguido somente depois de nove meses), para assim começar a empreender os trabalhos de descontaminação que já foi iniciado. A lentidão do processo está associada à grande emissão de radioatividade no interior dos reatores nucleares atingidos.
IHU On-Line Quais são as consequências da tragédia de Fukushima para os japoneses?
Heitor Scalambrini Costa – A radioatividade liberada pelos reatores atingidos afetam a saúde principalmente de duas formas. A primeira delas é devido ao fato de a radiação ser do tipo ionizante que é capaz de mudar a estrutura química das substâncias, alterando as características daquelas existentes em nosso corpo, como a água que se transforma em radicais livres, prejudicando o funcionamento do corpo. Outra possibilidade é que a radiação nuclear afeta diretamente as células, mudando a estrutura química, quebrando a cadeia do DNA, por exemplo. Ainda hoje a medicina não sabe dizer se existe uma quantidade limite de radiação a qual o corpo deva ser exposto para que tais efeitos possam desenvolver um câncer.
Há também as consequências ambientais, econômicas e sociais que são imensuráveis. Não dá para quantificar. Do turismo à energia, da interrupção na cadeia produtiva da moderna indústria japonesa à produção de alimentos. A tragédia de Fukushima causou perdas milionárias nas indústrias agrícola, pesqueira e de criação de gado. Segundo informações divulgadas, as análises em vários centros agrícolas de Fukushima revelaram níveis excessivos de césio em plantações de arroz do entorno da central. Estima-se que, para recuperar toda a região atingida, serão necessários aproximadamente 275 bilhões de dólares.
IHU On-Line Que questões ainda não foram respondidas em relação à energia nuclear?
Heitor Scalambrini Costa – A primeira delas diz respeito à questão da insegurança das usinas nucleares. Fukushima provou o contrário das afirmações e declarações dos mais apaixonados defensores desta tecnologia de geração de energia elétrica. Os riscos de acidentes nucleares existem e, quando acontecem, são devastadores. Daí para evitar esse risco o caminho é não instalar essas usinas.
A questão econômica é outro ponto e diz respeito ao preço da energia gerada, o qual ainda é uma grande incógnita, visto que tais usinas são fortemente subsidiadas com dinheiro público. Logo, os preços anunciados pela indústria nuclear não refletem a realidade. A competitividade é colocada em dúvida por não serem disponibilizados à sociedade os verdadeiros custos dessa tecnologia complexa e cara, englobando todo o ciclo nuclear, e incluindo o desmantelamento (descomissionamento) depois de atingir sua vida útil.
Outra questão ainda não resolvida é a do armazenamento do “lixo nuclear”. Até hoje, nenhum país conseguiu equacionar definitivamente o problema da destinação dos resíduos perigosos (altamente radioativos) produzidos nas reações nucleares, que em geral se acumulam nas próprias usinas (como em Angra 1 e 2; e projetada para Angra 3). Esses resíduos continuam ativos por milhares de anos, criando assim também um problema ético, pois a geração presente se beneficia dos serviços prestados pela eletricidade, e acabam legando às gerações futuras os resíduos radioativos.
IHU On-Line Como o mundo tem se posicionado em relação à energia nuclear, anos após a tragédia de Fukushima? O acidente promoveu alguma revisão global dos padrões de segurança das usinas nucleares?
Heitor Scalambrini Costa – A catástrofe nuclear no território japonês foi um grande exemplo/aviso para o mundo, contribuindo efetivamente para o aumento da desconfiança na indústria nuclear. Como consequência, aumentou a rejeição da opinião pública global ao uso da energia nuclear, e vários países entenderam este alarme e anunciaram o cancelamento dos seus programas nucleoelétricos. Pesquisas de opinião pública realizadas em países que já têm usinas nucleares, incluindo o Brasil, indicaram que 69% dos entrevistados rejeitam a construção de novas usinas. No Brasil, 79% dos entrevistados dizem se opor à construção dessas usinas.
A cada acidente há uma revisão das normas e padrões de segurança para as usinas nucleares, o que acaba acarretando indubitavelmente mais custos que refletem no preço final da energia para o consumidor, tornando assim, do ponto de vista econômico, a eletricidade nuclear inviável comparada com outras tecnologias. Querem nos fazer crer que a energia nuclear tornou-se mais segura depois da tragédia devastadora, um ano atrás, em Fukushima. Isso é uma piada de mau gosto, que pode perdurar até o próximo desastre nuclear. Daí para evitar o risco o caminho é não instalar usinas desse tipo.
IHU On-Line Um grupo de cientistas americanos propõe, para o melhor funcionamento das usinas nucleares, a substituição dos tradicionais reatores de urânio por um novo combustível chamado tório, pois ele é menos radioativo e produz menos lixo nuclear. O que mudaria nas usinas nucleares e como o senhor avalia essa proposta?
Heitor Scalambrini Costa – O tório é um elemento químico encontrado na natureza principalmente na forma do mineral bastnaesita. Certos cientistas afirmam que as maiores vantagens desse elemento ser usado como combustivel de usinas estão nas possibilidades de se reduzir a toxicidade dos resíduos das usinas e a maior simplicidade do ciclo do combustível nuclear. As fontes de informação sobre o uso do tório em reatores de água leve (LWRs) provêm da experiência acumulada no reator de água pressurizada (em ingles PWR) de Indian Point (265 MWe) e no reator de água fervente (em inglês BWR) de Elk River (22 MWe). Esses reatores utilizaram tório com urânio altamente enriquecido e depois passaram a utilizar como combustivel o urânio (como atualmente acontece na grande maioria dos reatores nucleares).
Não conheço o resultado dessas experiências, portanto não poderia emitir uma opinião mais conclusiva. O que posso dizer é que no Brasil não necessitamos da tecnologia nuclear para atender às necessidades elétricas nem do presente nem do futuro, devido à abundante disponibilidade de recursos renováveis como o sol, os ventos, a biomassa, e a possibilidade de extrair energia elétrica dos oceanos que nós temos.
IHU On-Line Por quais razões o Brasil ainda insiste em dar continuidade à Angra 3? Como vê o posicionamento do Estado quanto a essa questão?
Heitor Scalambrini Costa – A principal razão alegada é garantir a segurança energética, ou seja, ofertar energia para atender à demanda do país. É uma posição no mínimo equivocada, já que o país dispõe de recursos renováveis abundantes e diversos que podem atender a uma demanda eficientizada, sem desperdícios e com geração descentralizada, além da complementariedade entre as diversas fontes energéticas renováveis. Não há, portanto, razões para investir mais em energia nuclear no Brasil.
A posição de reativar o programa nuclear brasileiro foi tomada de maneira antidemocrática por um “grupinho” de dez pessoas que compõem o Conselho Nacional de Política Energética - CNPE (a maioria ministros de Estado, que têm a obrigação de dizer sim ao presidente da República, com exceção da ex-ministra Marina Silva, que não compareceu a esta fatídica reunião em junho de 2007). Sem nenhuma discussão mais abrangente com setores da academia, cientistas, sociedade civil, a medida foi tomada autocraticamente, utilizando para tanto todo o prestígio que o presidente, na época, desfrutava junto à população. Lamentavelmente mesmo depois do acidente de Fukushima, ficamos perplexos com as declarações do “especialista em energia”, ministro de Minas e Energia, afirmando a prioridade do país de continuar investindo na construção de usinas nucleares. O Brasil está despreparado para evitar catástrofes semelhantes ao que aconteceu em Fukushima, que podem acontecer nas usinas nucleares construídas e em construção. Portanto, a decisão do governo brasileiro com relação ao uso da eletricidade nuclear leva risco e perigo à integridade física da população brasileira.
IHU On-Line A Alemanha pretende fechar as usinas nucleares até 2022. Entretanto, o país poderá oferecer crédito à exportação de equipamentos para Angra 3. Percebe alguma contradição?
Heitor Scalambrini Costa – A decisão do governo alemão de não só encerrar seu programa nuclear, devido aos enormes riscos dessa tecnologia, mas também de incentivar a pesquisa e a implantação de energias renováveis, recebeu aplausos em todo mundo. Todavia, ao mesmo tempo, causa perplexidade e indignação o governo alemão apoiar a construção de usinas nucleares em outros países, como se fosse possível aplicar, na política internacional, um duplo critério, em que os riscos da energia nuclear são considerados inaceitáveis para os cidadãos alemães, mas não o são para cidadãos de outras nações. Uma contradição inaceitável seria a concessão da Garantia Hermes ao financiamento da construção da Usina Atômica de Angra 3, em nosso país, a ser votada ainda neste mês pelo Parlamento alemão.
IHU On-Line Deseja acrescentar algo?
Heitor Scalambrini Costa – As lições que devemos retirar do lamentável e trágico episódio de Fukushima é que, mesmo com os avanços tecnológicos no setor da segurança nos reatores nucleares, os riscos de um acidente existem. E quando acontecem, são catastróficos. Recentemente, no Fórum Social Temático de Porto Alegre, um monge budista de Hokkaido, Japão, afirmou que “existe um antagonismo básico e fundamental entre a continuidade da espécie humana e o uso da energia nuclear”. Concordo plenamente, pois a atividade nuclear gera consequências de longuíssimo prazo. E o mínimo que uma sociedade consciente teria que fazer seria exigir que todos os reatores parassem. No caso específico do Brasil, não devemos deixar de repetir que não precisamos e não queremos usinas nucleares. (EcoDebate)

Protestos mundial contra a energia nuclear

Protestos em todo o mundo contra a energia nuclear marcam um ano do acidente de Fukushima
Ativistas antinucleares fazem protesto em 17 países – Um ano depois do acidente na Usina Nuclear de Fukushima, no Japão, os manifestantes realizaram neste domingo uma corrente humana em mais de 100 cidades. No Rio, a mobilização ocorreu em Ipanema, na zona sul da capital, e reuniu cerca de 40 pessoas. Alguns ativistas tinham os rostos pintados de caveiras em alusão às mortes causadas por acidentes nucleares, como o de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, quando mais de 4 mil pessoas foram contaminadas e dezenas morreram.
Um ano depois do acidente na Usina Nuclear de Fukushima, no Japão, ativistas antinucleares de 17 países realizaram em 11/03/11 uma corrente humana em mais de 100 cidades. No Rio, a mobilização ocorreu em Ipanema, na zona sul da capital, e reuniu cerca de 40 pessoas. Alguns manifestantes tinham os rostos pintados de caveiras em alusão às mortes causadas por acidentes nucleares, como o de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, quando mais de 4 mil pessoas foram contaminadas e dezenas morreram
Na Alemanha, país que decidiu abandonar progressivamente a energia atômica, após o terremoto e o tsunami que destruíram os reatores de Fukushima, cerca de 3.000 pessoas fizeram um círculo em torno da central de Brokdorf (norte), segundo os organizadores. Protestos também foram observados perto dos reatores alemães de Gundremmingen (sul), Neckarwestheim (sul) e Grohnde (norte).
“Em vários países está havendo uma revisão da política energética. Na Alemanha, por exemplo, fecharam usinas e desistiram de construir novas. Queremos mobilizar a sociedade e pressionar o Congresso brasileiro para não aprovar as futuras usinas que o governo quer construir no Nordeste. Temos sol, vento e biomassa de sobra e não precisamos dessa energia suja que gera lixo atômico”, defendeu Pedro Torres, coordenador da campanha de clima e energia da organização não governamental Greenpeace no Brasil.
O grupo está reunindo assinaturas em todo o país para um projeto, a ser apresentado ao Congresso, pedindo o fechamento das usinas nucleares Angra 1 e 2, a suspensão das obras de Angra 3 e a desistência das usinas programadas para serem criadas no Nordeste.
Cartazes pediam à chanceler alemã, Angela Merkel, que não financie empresas de reatores nucleares em outros países. “Cobramos do governo alemão que se mantenha coerente com sua política energética nacional. Se lá a energia nuclear não serve, eles não devem incentivar essa energia no país dos outros”, disse Torres.
Em Angra do Reis (RJ), as manifestações começam na noite de ontem (10), com vigília nas usinas Angra 1 e 2.
"Este é um ato em memória do acidente, mas também para cobrar medidas concretas em relação aos problemas relativos ao plano de emergência no caso das usinas de Angra e fazer uma campanha para que o mundo deixe de utilizar energia nuclear", disse o representante da Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (Sape), Rafael Ribeiro.
Segundo ele, a Comissão Nacional dos Trabalhadores em Energia Nuclear faz uma série de críticas sobre a necessidade de atualização tecnológica dos reatores das usinas de Angra. “Além disso, a Rodovia Rio-Santos, que é nossa principal rota de fuga, tem dezenas pontos de deslizamento de terras O hospital de Praia Brava, que é referência, fica tão próximo do reator que em caso de acidente terá de ser evacuado”.
Além do Rio e de Angra, ocorreram manifestação em São Paulo (SP), Manaus (AM), Caetité (BA), Salvador (BA), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), João Pessoa (PB) e Recife (PE).
Cerca de 2% da matriz energética brasileira vêm das usinas nucleares. A principal fonte de energia, gerada por usinas hidrelétricas, responde por 66,91% da capacidade instalada do país. O restante é formado por 1,22% de eólicas, 0,18% das centrais geradoras, 26,67% de termelétricas e 3,3% de pequenas centrais hidrelétricas. (EcoDebate)

Tóquio pede fim de usinas nucleares

Passeata em Tóquio pede fim de usinas nucleares após tragédia em Fukushima
Milhares de japoneses pediram neste domingo em Tóquio o fim do uso da energia atômica no primeiro aniversário do acidente na usina nuclear de Fukushima, que despertou o fantasma da radioatividade no país e mantém mais de 80 mil pessoas longe de suas casas.
O foco dos protestos contra a energia nuclear foi o parque de Hibiya, em Tóquio, onde japoneses de todas as idades se reuniram trazendo chamativos cartazes.
A chamada “Grande Marcha de Tóquio” começou pouco depois que a multidão reunida prestou uma homenagem às vítimas com um minuto de silêncio na mesma hora em que há um ano aconteceu o terremoto de 9 graus na escala Richter, gerando um tsunami que tirou a vida de mais de 19 mil pessoas.
Em meio a uma forte presença policial que acompanhou de perto a passeata pelo distrito comercial de Ginza e a área de ministérios de Kasumigaseki, os participantes (45 mil segundo os organizadores e 6,8 mil segundo a polícia) foram divididos em grupos para não entupir as ruas em uma tarde ensolarada.
“Com Fukushima já tivemos o bastante”, disse à Agência Efe Yuta Ito, de 24 anos e um dos que levou à marcha um cartaz pelo fim das usinas nucleares.
“Deveriam fechar todas as usinas nucleares. No Japão temos tecnologia para criar novas fontes de energia, mas o governo prefere a nuclear porque é mais barata”, afirmou.
A crise nuclear levou ao decreto de uma zona de exclusão de 20 quilômetros em torno da usina de Fukushima Daiichi por conta da alta radiação, o que demandou a evacuação de todos os municípios dessa área, enquanto dezenas de milhares de pessoas abandonaram as regiões mais afastadas que também foram afetadas pela radioatividade.
Após o acidente nuclear, 52 dos 54 reatores nucleares do Japão foram fechados por segurança ou revisões rotineiras, o que disparou as importações de hidrocarbonetos e deu origem a apelos para um consumo responsável, amplificando as vozes que reivindicam fontes de energia alternativas.
Neste domingo, o primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, indicou em entrevista coletiva que após avaliar os resultados dos testes de segurança se consultará com as autoridades locais para analisar a possível reabertura das usinas, embora tenha evitado estabelecer uma data.
Após Fukushima, o governo japonês indicou que reduzirá sua dependência da energia nuclear, mas as autoridades ainda não elaboraram um plano nem estabeleceram objetivos concretos.
Os manifestantes levavam cartazes que responsabilizavam diretamente a operadora da usina afetada, Tepco, e o gabinete de Noda pela tragédia nuclear, enquanto outros denunciavam a contaminação de alimentos e pediam a proteção da população, sobretudo as crianças.
No ano passado foram detectados na região próxima à usina carregamentos de carne, chá e cereais contaminados e, apesar da fiscalização que está sendo efetuada, muitos consumidores ainda olham com desconfiança para os alimentos produzidos na área.
Para atenuar os temores, em 1º de abril entrarão em vigor limites mais rigorosos para os alimentos como carne, legumes e pescado, cuja taxa máxima de césio radioativo não poderá superar os 100 bequeréis por quilo, um limite cinco vezes menor do que o atual.
“O que mais me preocupa são os alimentos. Não acho que se possa dizer que são 100% seguros”, indicou à Efe Takeda, de 36 anos e integrante do coletivo “Jovens contra as usinas nucleares”.
Ao término da manifestação, os participantes se reuniram em torno do edifício da Dieta (Parlamento japonês) para formar uma cadeia humana e pedir ao governo que abandone a energia atômica.
Inúmeros policiais vigiavam o estreito espaço pelo qual passava a longa fila, cujos integrantes levavam velas e pedidos para o Executivo.
Em dezembro do ano passado, o governo decretou que os reatores de Fukushima estavam em “parada fria”, abaixo dos 100 graus centígrados, mas cerca de 3 mil trabalhadores ainda se esforçam todos os dias para manter a estabilidade e evitar vazamentos antes de retirar o combustível nuclear e desativar os reatores.
Estima-se que para extrair todo o combustível serão necessários aproximadamente 25 anos, aos quais será preciso somar outros 15 para fechar a usina. (EcoDebate)

Pesadelo nuclear de Fukushima não acabou

A tragédia ocorrida no Japão em 11 março de 2011 completou um ano, e colocou em evidência mais uma vez, as grandes questões que ainda não foram respondidas pela área nuclear.
A primeira delas é o alto fator de insegurança na operação de usinas nucleares e os riscos de desastres relacionados a vazamentos de material radioativo, quase que invariavelmente de consequências dramáticas, espalhando radioatividade no ar, na terra e na água. A segurança dos reatores nucleares, já foram seriamente abaladas com os desastres de Three Mile Island (nos Estados Unidos), Chernobyl (na ex-União Soviética) e agora de Fukushima (no Japão). Com outras tecnologias para produzir eletricidade também podem ocorrer acidentes (como incêndios ou ruptura de barragens em reservatórios de usinas hidroelétricas), mas os acidentes nucleares, devido à liberação de radiação, são infinitamente mais perigosos à vida humana/animal e a natureza. Este último no Japão, mostrou que mesmo em um país altamente desenvolvido e bem preparado tecnologicamente, com nível científico elevado de seus especialistas, desastres e falhas tecnológicas podem acontecer. Os riscos de acidentes nucleares existem e quando acontecem são devastadores. Daí para evitar este risco o caminho é não instalar estas usinas.
Outra questão de caráter econômico é o fato da eletricidade nuclear ser mais cara que outras formas de produzir eletricidade. A geração nucleoelétrica é uma tecnologia complexa e cara, e que fica ainda mais cara e deixa de ser competitiva em relação a outras fontes de energia devido aos gastos para melhorar o desempenho e a segurança das usinas. De modo geral, somente empresas estatais constroem reatores nucleares, ou empresas privadas com fortes subsídios governamentais. E aí esta o “nó” para esta indústria que depende enormemente de altos investimentos vindo dos cofres públicos. No Brasil um reator de 1.300 MW tem seu custo inicial avaliado em 10 bilhões de reais.
E finalmente a questão não resolvida de armazenamento do “lixo nuclear”. Nenhum país conseguiu até hoje equacionar definitivamente o problema da destinação dos resíduos perigosos (altamente radioativos) produzidos nas reações nucleares, que em geral se acumulam nas próprias usinas (como em Angra 1 e 2; e projetada para Angra 3). Estes resíduos continuam ativos por milhares de anos, criando assim também um problema ético, pois a geração presente se beneficia dos serviços prestados pela eletricidade, e acabam legando as gerações futuras os resíduos radioativos.
Diante das evidências, tristemente constatadas em Fukushima no ano passado envolvendo a emissão de material radioativo para o meio ambiente, provocando a retirada de mais de 100 mil pessoas, ainda resta muito a fazer para acabar de vez com esta tragédia. O chamado programa de descontaminação iniciado recentemente, prevê reabilitar uma área de 20.000 km2 da região mais exposta a precipitação radioativa, e assim possibilitar o retorno das pessoas que de lá foram retiradas. Serão liberados pelo governo japonês 13 bilhões de dólares para esta finalidade. Estima-se que no caso dos reatores 1,2 e 3 o combustível fundido será retirado em prazo próximo a 25 anos, e que somente depois, estas unidades serão desmanteladas (descomissionadas), o que deverá levar mais 15 anos. Ou seja, as unidades da central de Fukushima Daiichi somente se tornarão um mausoléu definitivo para a posteridade em 2052. Lembrando que todo este trabalho ao longo dos próximos 40 anos será realizado na maioria por operários que trabalharão em ambiente de alta radioatividade.
A catástrofe em território japonês foi um grande exemplo/aviso para o mundo, contribuindo efetivamente para o aumento da desconfiança na indústria nuclear. Como consequência aumentou a rejeição da opinião pública global ao uso da energia nuclear, e vários países entenderam este alarme e anunciaram o cancelamento dos seus programas nucleoelétricos. Pesquisas de opinião pública realizadas em países que já tem usinas nucleares, o Brasil incluído, indicaram que 69% dos entrevistados rejeitam a construção de novas usinas. No Brasil 79% dos entrevistados dizem se opor a construção destas usinas.
Não há, portanto, razões para investir mais em energia nuclear no Brasil. Para garantir a segurança energética o país dispõe de recursos renováveis abundantes e diversos que podem atender a uma demanda eficientizada, sem desperdícios e com geração descentralizada, além da complementariedade entre as diversas fontes energéticas. (EcoDebate)

Evacuação de Tóquio devido à contaminação

Fukushima: Governo japonês considerou hipótese de esvaziar Tóquio devido à contaminação nuclear
Às vésperas de os acidentes nucleares no Japão completarem um ano, um relatório informa que o governo japonês considerou a possibilidade de esvaziar a capital do país, Tóquio. O documento foi elaborado durante inquérito feito por um painel independente. De acordo com os peritos, integrantes do governo temiam que o desastre levasse ao colapso de uma série de usinas nucleares.
Em 11/03/12 fez um ano que houve um terremoto seguido por tsunami, o que levou a uma série de explosões e vazamentos nucleares, na região de Fukushima, no Nordeste do Japão. Em decorrência dos acidentes nucleares, o país mergulhou em uma crise interna: houve troca de autoridades no primeiro escalão, promessas de revisão do programa nuclear e mudanças na legislação.
Na ocasião dos acidentes, o então primeiro-ministro japonês Naoto Kan determinou que os trabalhadores permanecessem na Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, danificada pelo tsunami, enquanto minimizava os riscos. A investigação foi feita por um painel formado por 30 professores universitários, advogados e jornalistas. O trabalho durou seis meses e envolveu mais de 300 entrevistas.
O atual primeiro-ministro, Yoshihiko Noda, os ministros a fim de que orientem os moradores das cidades vizinhas à usina para que retornem às suas casas. Desde o terremoto seguido por tsunami, no ano passado, muitas famílias que tiveram de abandonar suas casas vivem em abrigos provisórios.
De acordo com os dados oficiais, quase um ano depois dos acidentes nucleares, cerca de 160 mil pessoas da região de Fukushima ainda vivem de forma provisória. Na tentativa de retomar a normalidade, Noda quer que os prefeitos das cidades vizinhas à usina se unam e troquem informações em busca de medidas para melhorar a situação. (EcoDebate)

domingo, 18 de março de 2012

Toyota Aqua o híbrido mais eficiente do mundo

Toyota Aqua chega ao Japão como o híbrido mais eficiente do mundo
 A Toyota não parou no Prius V, a versão monovolume de seu famoso híbrido. Ela está lançando no Japão o Aqua, um compacto híbrido que será vendido em outros mercados como Prius C (de “compacto”), que já é apontado como um dos híbridos mais eficientes do mundo.
Isso porque o ministério da Terra, Infraestrutura, Transporte e Turismo do Japão avaloiu o consumo do modelo, e segundo sua noma JC08 o Aqua cravou 35,4 km/l, e 40,0 km/l dentro do ciclo de teste MLIT 1015.
O compacto é equipado com um combinado motor elétrico de 45 kW (61 cv) e um propulsor a combustão 1.5 litro do ciclo Athikinson (mais eficiente mas nem tão potente) que gera 54 kW (73 cv), com os motores em uso combinado a potencia máxima é de 73 kw (99 cv). As baterias são de óxido de níquel.
No Japão os preços do Toyota Aqua partem dos 1,69 milhões de yens, o equivalente a 35 mil reais. A Toyota espera comercializar 12 mil unidades por mês no país de origem. (motorpasion)