terça-feira, 18 de setembro de 2012

Diversificação das fontes energéticas brasileiras

Brasil precisa diversificar fontes energéticas, diz Márcio Zimmermann
Márcio Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia
O Brasil precisa explorar novas fontes de energia para enfrentar a crescente demanda de consumo dos próximos anos, que deverá atingir 4 mil quilowatts hora (KWh) per capita em 2024. A análise é do secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.
“Existem regiões que apresentam taxa de crescimento acima da média brasileira”, comentou Zimmermann, que participou do comitê estratégico de Energia da Amcham-São Paulo.
Atualmente, o consumo nacional per capita é de 2,3 mil KWh, muito abaixo do consumo médio de 6,8 mil KWh da Europa e dos 14 mil KWh dos EUA. “Se olharmos para essas características, perceberemos que o mercado se acelerará”, argumentou.
Além da hidroeletricidade
Para atender a essa demanda, que será fortemente impulsionada pelo ingresso das populações de menor renda no mercado consumidor, o secretário estima que será preciso dobrar a capacidade instalada total de energia para cerca de 225 mil megawatts (MW) até 2020. Em 2010, o parque elétrico era de 112 mil MW.
A matriz hidrelétrica continuará como fonte principal, porém sua expansão não conseguirá atender à demanda futura. “A capacidade instalada das hidrelétricas é de 80 mil MW (71,4% do parque gerador nacional) e pode, no máximo, dobrar para 160 mil MW”, disse o secretário.
Zimmermann afirmou que praticamente todos os projetos hidrelétricos com grandes reservatórios já foram explorados. “A partir de 2025, dificilmente implantaremos novas usinas hidrelétricas”, observou.
O Brasil ainda tem muito que fazer em termos de infraestrutura de energia, disse o secretário. “O caminho é longo e não podemos desperdiçar nenhuma fonte de energia.”
Fontes alternativas
As fontes renováveis de energia, como a eólica e a biomassa, contribuirão cada vez mais para o aumento da capacidade instalada de energia, apontou o secretário. A matriz eólica deve crescer em torno de 20% a 30% nos próximos anos.
“A entrada dessa matriz nos últimos leilões de energia deu condições para que o mercado de eólicas crescesse”, afirmou.
O potencial da energia produzida a partir do bagaço de cana também foi citado pelo secretário como uma das fontes complementares promissoras. “Essa fonte ainda não deu o seu grande salto, pois ainda está usando tecnologia atrasada”, afirmou ele, referindo-se à necessidade de investimentos no setor.
Até mesmo a fonte nuclear, objeto de recentes críticas no mundo desenvolvido, é uma opção atrativa na visão do secretário. “O mundo voltará a discutir esse tipo de energia em função das alternativas existentes, mas é hora de os centros de pesquisa fazerem uma avaliação dos acidentes que ocorreram nos últimos anos e de como a segurança pode evoluir”, comentou Zimmermann.
As fontes termelétricas a gás também estão nos planos do governo, em função da descoberta de jazidas na camada pré-sal do litoral brasileiro e no Nordeste, em terra firme. “Foi uma boa surpresa a descoberta de gás na bacia do Parnaíba, no Maranhão. Teremos no próximo leilão de energia uma fonte que não precisará de transporte (barateando o seu custo)”, assinalou.
Competitividade no setor elétrico
As tarifas elevadas de energia têm efeito direto no custo das empresas, que acabam perdendo competitividade. Para contornar o problema, Zimmermann disse que é preciso pensar em alternativas como agregação de valor à cadeia produtiva.
A indústria de alumínio, grande consumidora de energia, está sob pressão. “Temos preços de energia que tiram a condição competitiva e, por isso, o Brasil pode voltar a importar alumínio a partir de 2012. Seremos um país importador ou acharemos saídas para agregar valor à cadeia do alumínio?”, indagou.
O secretário disse que atrair fabricantes de equipamentos de energia pode ser uma solução compensatória. “Quando aparece uma delegação chinesa, nós a convidamos a investir no Brasil. Porém, se quiserem vir, que tragam também suas indústrias”, comentou. (amcham)

Desafios da diversificação da matriz energética

Diversificação da matriz energética traz desafio de integração das fontes
O aumento na diversificação da matriz energética brasileira e a construção de usinas hidrelétricas a fio d’água são fatores que têm trazido novos desafios para o sistema elétrico nacional. O principal deles é trabalhar a integração e a complementaridade das fontes, segundo Roberto Gomes, consultor de empresas no setor elétrico e ex-diretor de Administração dos Serviços de Transmissão do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
“Nos próximos anos, teremos grandes projetos hidrelétricos sem reservatórios de água, a exemplo de Belo Monte, aliados ao crescimento da geração sazonal de biomassa e produção intermitente de energia eólica”, afirmou Gomes, durante o comitê de Energia da Amcham-Recife, em 27/08.
Ele cita dados da ONS que mostram que de 2012 a 2016 a participação da hidroeletricidade no total da potência instalada no Brasil passará de 79% para 70%. Já a energia eólica saltará de 1% para 5,3% no mesmo período.
Investir na maior integração dessas fontes será um dos caminhos para reduzir a necessidade de usinas térmicas e nucleares como alternativa para os períodos de baixa na produção, acredita Gomes.
De acordo com o consultor, no tocante à energia eólica, os desafios serão ampliar a capacidade de prever a oferta de ventos, integrar a energia eólica com outras fontes renováveis do sistema e compatibilizar o tempo necessário para implantação e geração de energia.
Previsibilidade na energia eólica
O consultor avalia que a ampliar a capacidade técnica de previsão do volume de ventos é essencial para que a energia eólica se torne cada vez mais segura no Brasil.
“Hoje temos um sistema bastante avançado de meteorologia que já consegue, com bastante segurança, prever situações de cheia ou seca de tal forma que se possa administrar os reservatórios de águas nas hidrelétricas. Ainda não temos como fazer a mesma coisa com o vento, o que é um primeiro problema”, indica.
O ideal, segundo Gomes, seria desenvolver modelos de previsão de geração capazes de definir com até 72 horas de antecedência o fluxo de vento. As informações seriam obtidas a partir da análise de dados históricos da região onde está instalado o parque eólico, das previsões das condições climáticas e dos dados topográficos.
No desenvolvimento da matriz eólica, Gomes destaca que o Brasil precisa aprender sobretudo com a Espanha. “Lá, a expansão eólica também ocorreu de maneira bastante rápida, mas faltaram informações acerca do volume que estava sendo colocado no sistema”.
Ele aponta que, por ser uma fonte intermitente, a geração eólica tem que ser planejada com cuidado para que, nos períodos de baixo vento, o sistema elétrico não seja prejudicado. “A Espanha teve esse problema. No Brasil, já temos aprendido com esse exemplo, planejando a geração eólica para complementar as demais fontes”, finaliza. (amcham)

domingo, 16 de setembro de 2012

Japão quer acabar com usinas nucleares até 2030

Japão revela decisão de acabar com usinas nucleares até 2030
Proposta, motivada pelo desastre de Fukushima, é apoiada pela população, mas criticada por empresários.
O governo japonês anunciou ontem uma virada radical na sua política energética, com a promessa de eliminar por completo a produção de energia nuclear no país até o ano de 2030.
Antes do tsunami do ano passado, que causou um desastre na usina nuclear de Fukushima - que forçou a evacuação de mais de 160 mil pessoas e contaminou territórios ao norte de Tóquio, no pior acidente do tipo desde Chernobyl, na Ucrânia, em 1986 -, as usinas nucleares produziam um terço da energia no Japão e o governo pretendia que essa proporção chegasse à metade.
Ao revelar a decisão, o primeiro-ministro Yoshihiko Noda reconheceu que a maioria dos japoneses apoia a opção pelo fim da energia nuclear. A mudança exige investimento de cerca de US$ 500 bilhões nas próximas duas décadas para a expansão de fontes renováveis de energia, como a solar e a eólica, afirmou a rede de TV NHK.
Pesquisas de opinião pública indicaram que mais de 70% da população era a favor do fim da energia nuclear. Nos últimos meses, audiências públicas foram dominadas por declarações contrárias à retomada da produção. Manifestantes fizeram pressão em frente à casa e ao escritório do primeiro ministro. (OESP)

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Vitimas do césio-137 lutam por remédios

Técnico da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) mede índice de radioatividade em pessoas contaminadas durante vinte e cinco anos após o acidente radioativo em Goiânia, vítimas e trabalhadores envolvidos com a limpeza dos locais contaminados com césio-137 ainda brigam na Justiça para ter acesso a indenizações e medicamentos. Os remédios que combatem as doenças decorrentes da radiação não são distribuídos há quase dois anos.
Hoje, cerca de 500 vítimas do acidente recebem pensão do Estado e só 164 têm assistência médica do Centro de Assistência aos Radioacidentados (Cara). Desde novembro de 2010, porém, foi cortada a verba do centro por uma questão burocrática - os R$ 10 mil mensais para a compra dos medicamentos são um valor muito baixo para que seja feita uma licitação pública.
“Usávamos um fundo rotativo criado para compras emergenciais, mas, como era de uso contínuo, fomos proibidos”, diz André Luiz Souza, diretor-geral do Cara. Segundo ele, o centro aguarda um parecer da Casa Civil. “Esperamos resolver o problema até o fim de outubro.”
O acidente, em 13 de setembro de 1987, teve início com o roubo de um antigo aparelho de radiografia, alojado no terreno onde antes funcionara um hospital. Dias depois, a peça de chumbo foi aberta por Devair Alves Ferreira, dono de um ferro-velho. Maravilhado com o brilho do pó azul contido em uma cápsula no interior do aparelho, Devair chamou vizinhos e a contaminação se espalhou por Goiânia. O caso só chegou às autoridades duas semanas depois.
Irmão de Devair, Odesson Alves Ferreira é um dos afetados pela ausência dos medicamentos. “Tenho um problema de próstata relacionado à contaminação e tive de parar de tomar a medicação, que custava R$ 300 por mês.” Presidente da Associação de Vítimas do Césio-137 (AVCésio), Odesson afirma que as pensões não contemplam todas as vítimas. “Entre 1,5 mil e 1,6 mil pessoas foram afetadas”, afirma.
Vitimas
Em 2002, o Estado de Goiás reconheceu estudos que evidenciaram doenças em trabalhadores que haviam feito a limpeza das áreas contaminadas, determinando indenizações. O promotor Marcus Antônio Ferreira Alves, do Centro Operacional de Defesa do Cidadão, reclama da lentidão. “Esses servidores não foram contaminados por acidente. Era uma operação de guerra e exigiu procedimentos emergenciais, mas esses trabalhadores depois foram abandonados pelo Estado”, diz.
Segundo ele, entre 900 e 1.000 pessoas foram afetadas, entre policiais, bombeiros e funcionários da Consórcio Rodoviário Intermunicipal (Crisa), estatal convocada para ajudar na limpeza dos rejeitos radioativos. “Todo mundo que comprovadamente trabalhou a mando do Estado e posteriormente teve doença crônica tem direito a indenização.”
A diretoria da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), que liderou o trabalho de isolamento e limpeza da área em Goiânia, afirma que houve preocupação com os trabalhadores. “Antes de o caminhão ser transportado, havia avaliação dos técnicos. E o tempo de exposição dos servidores era calculado para que a dose ficasse abaixo dos níveis toleráveis”, afirma Ivan Salati, diretor da Cnen. “É difícil fazer uma relação entre a exposição e o aparecimento de doenças. É improvável que, depois de vários anos, uma pessoa sinta dores nas costas e haja relação com a radiação.” (yahoo)

Uso do Selo de Energia Sustentável

O Selo Energia Sustentável é um instrumento de comunicação visual com a sociedade e o mercado. O Selo identifica se o empreendimento (construído ou em construção) adere aos compromissos do Código de Ética Socioambiental, foi reconhecido pelo Instituto Acende Brasil e cujo processo de certificação foi auditado por uma terceira parte que assegura que os procedimentos estabelecidos para obtenção do Selo Energia Sustentável foram atendidos.
Quem pode utilizar
O selo poderá ser utilizado pelos empreendimentos que:
· aderiram aos compromissos do Código de Ética Socioambiental;
· receberam o relatório do processo de certificação,
· assinaram o Termo de Compromisso com o Instituto Acende Brasil; e
· efetuaram o pagamento da anuidade.
Ao ser autorizada para utilizar o Selo Energia Sustentável, é importante que a empresa informe seus parceiros, funcionários, consumidores e público em geral sobre a importância e o significado do Selo.
É importante observar os seguintes critérios:
· A autorização para o uso do selo é concedida no nível do empreendimento, e não de empresa;
· O uso do selo não poderá ser transferido de um empreendimento para outro, mesmo que façam parte de um mesmo grupo empresarial ou holding. Nestes casos, o processo de credenciamento deverá ser efetuado empreendimento a empreendimento.
Onde utilizar
O selo poderá ser utilizado nos materiais de divulgação do empreendimento: placas, luminosos, website, papelaria, notas fiscais, sacolas, adesivos, etiquetas e anúncios, entre outros.
No caso de emissoras de televisão, o uso do selo deve se restringir aos materiais institucionais do empreendimento (como papelaria, folders, anúncios e website), sendo que o uso em outras condições somente será possível mediante autorização escrita do Instituto Acende Brasil.
Como utilizar
O selo poderá ser utilizado na versão colorida ou monocromática. Não é permitida a alteração das cores e das proporções da imagem.
Todos os arquivos do selo, nas diversas versões e resoluções, serão enviados junto com o Manual de Aplicação Gráfica para que o selo seja reproduzido de maneira adequada, respeitando as cores e tamanhos indicados pelo Instituto Acende Brasil.
O empreendimento que aderiu aos compromissos do Código de Ética Socioambiental tem autorização para utilizar apenas a imagem do Selo Energia Sustentável, estando vetado o uso da marca institucional do Instituto Acende Brasil. (acendebrasil)

Selo de energia sustentável

Encerra em 30 de setembro de 2012 o prazo de adesão ao Selo Energia Sustentável, do Instituto Acende Brasil, que classifica empreendimentos de energia por responsabilidade socioambiental, traz embutido o compromisso com o investimento em fontes renováveis de energia e se caracteriza por não ser autodeclaratório; ter a certificação por empreendimento e não por empresa; e estar aberto a todos os empreendimentos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.
“É um selo de desempenho, escalonado, modelo bastante usado por bancos e agências multilaterais, que estimula a melhora contínua das empresas a cada empreendimento, a necessidade de adequação e os temas socioambientais sensíveis, com certificação realizada por meio de auditoria externa”, explica o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales.
Conquistar o nível máximo do Selo Energia Sustentável, por exemplo, implica reunir quatro outras normas técnicas, relacionadas à gestão de sustentabilidade. São elas: ISO 14000, que estabelece padrões técnicos de gestão ambiental; AA 1000, uma certificação de engajamento da empresa com as partes interessadas, a partir de normas internacionais; GRI, padrão técnico para desenvolvimento de relatórios de sustentabilidade; e GHG Protocol, que estabelece padrões técnicos para inventário de emissões de gases de efeito estufa.
Além da obrigação - Segundo o Banco Mundial, o investimento socioambiental em empreendimentos de geração de energia elétrica representa em média 14,5% de seu custo total, mas as ações de sustentabilidade a serem certificadas para a conquista do Selo Energia Sustentável por um empreendimento de energia devem ir além do determinado durante o processo de Licenciamento Ambiental.
“A ideia do selo é estimular e assegurar que o compromisso socioambiental do empreendimento supere as obrigações previstas, com incentivos permanentes e de longo prazo para as melhores práticas socioambientais”, vislumbra Claudio Sales.
O selo, ainda, servirá como indicativo para os empreendimentos de energia, observando necessidades de adequação e práticas socioambientais, que podem impactar o desempenho, inclusive econômico, de um empreendimento.
Na avaliação do Instituto Acende Brasil, a certificação do Selo Energia Sustentável pode representar linhas de crédito mais rápidas, taxas de juros menores e melhoria nas vendas de energia no mercado livre, haja vista que uma empresa que tem um inventário de gases de efeito estufa tem muito mais condição de negociar do que uma que não disponibiliza informação nenhuma.
Em outras palavras, o selo embute conceitos que agregam valor à marca e tornam o dinheiro mais barato para as empresas em caso de compra, fusão, investimento adicional, busca de crédito; é um indicativo de boa governança e, no futuro, pode abrir possibilidade de um novo relacionamento com o mercado acionário e com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), à medida que o selo pode dar ao órgão regulador outra percepção sobre trabalho das empresas.
Questão ética - O Código de Ética Socioambiental é o instrumento de avaliação do desempenho socioambiental de empreendimentos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. O documento estabelece um conjunto de normas que indicam quais os caminhos para se construir a sustentabilidade, a partir de princípios e compromissos que envolvem a redução e controle dos impactos sobre o meio ambiente, a conservação da biodiversidade e os recursos naturais; o respeito às comunidades; a educação e a saúde como elementos de transformação social, a transparência e o diálogo. (ambienteenergia)

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Tive sintomas após 8 anos

"Entrei no Consócio Rodoviário Intermunicipal (Crisa) em 1970 e tinha 36 anos quando ocorreu o acidente em Goiânia. Como funcionário do Estado, fui um dos que trabalharam por quatro meses na remoção dos rejeitos no ferro-velho e na rua onde foi desmontado o aparelho com o césio-137.
A remuneração era boa: recebíamos o equivalente a quatro ou cinco diárias por dia trabalhado, e eu dirigia um dos caminhões que levavam os contêineres para o depósito em Abadia de Goiás.
Não éramos monitorados na época.
Depois de oito anos, comecei a apresentar os primeiros sintomas - depressão, medo de sair na rua e de viajar sozinho. Aposentei-me dois anos depois, em 1997.
Em 2000, chamaram todas as vítimas para fazer monitoramento e fui diagnosticado com síndrome do pânico, depressão e pressão alta.
Vários dentes caíram com facilidade.
Quase todo mundo que trabalhou comigo lá desenvolveu doenças - alguns tiveram câncer na garganta e na cabeça.
Hoje tenho 60 anos e, como outras pessoas do Crisa, luto desde 2002 na Justiça por pensão de 1 salário mínimo e mais auxílio para pagar os R$ 200 mensais que gasto em remédios." (grandonline)

Vítimas do césio-137 ainda lutam na Justiça

Vinte e cinco anos após o acidente radioativo em Goiânia, vítimas e trabalhadores envolvidos com a limpeza dos locais contaminados com césio-137 ainda brigam na Justiça para ter acesso a indenizações e medicamentos. Os remédios que combatem as doenças decorrentes da radiação não são distribuídos há quase dois anos.
Hoje, cerca de 500 vítimas do acidente recebem pensão do Estado e só 164 têm assistência médica do Centro de Assistência aos Radioacidentados (Cara). Desde novembro de 2010, porém, foi cortada a verba do centro por uma questão burocrática - os R$ 10 mil mensais para a compra dos medicamentos são um valor muito baixo para que seja feita uma licitação pública.
"Usávamos um fundo rotativo criado para compras emergenciais, mas, como era de uso contínuo, fomos proibidos", diz André Luiz Souza, diretor-geral do Cara. Segundo ele, o centro aguarda um parecer da Casa Civil. "Esperamos resolver o problema até o fim de outubro."
O acidente, em 13 de setembro de 1987, teve início com o roubo de um antigo aparelho de radiografia, alojado no terreno onde antes funcionara um hospital. Dias depois, a peça de chumbo foi aberta por Devair Alves Ferreira, dono de um ferro-velho. Maravilhado com o brilho do pó azul contido em uma cápsula no interior do aparelho, Devair chamou vizinhos e a contaminação se espalhou por Goiânia. O caso só chegou às autoridades duas semanas depois.
Irmão de Devair, Odesson Alves Ferreira é um dos afetados pela ausência dos medicamentos. "Tenho um problema de próstata relacionado à contaminação e tive de parar de tomar a medicação, que custava R$ 300 por mês." Presidente da Associação de Vítimas do Césio-137 (AVCésio), Odesson afirma que as pensões não contemplam todas as vítimas. "Entre 1,5 mil e 1,6 mil pessoas foram afetadas", afirma.
Vítimas. Em 2002, o Estado de Goiás reconheceu estudos que evidenciaram doenças em trabalhadores que haviam feito a limpeza das áreas contaminadas, determinando indenizações.
O promotor Marcus Antônio Ferreira Alves, do Centro Operacional de Defesa do Cidadão, reclama da lentidão. "Esses servidores não foram contaminados por acidente. Era uma operação de guerra e exigiu procedimentos emergenciais, mas esses trabalhadores depois foram abandonados pelo Estado", diz.
Segundo ele, entre 900 e 1.000 pessoas foram afetadas, entre policiais, bombeiros e funcionários da Consórcio Rodoviário Intermunicipal (Crisa), estatal convocada para ajudar na limpeza dos rejeitos radioativos. "Todo mundo que comprovadamente trabalhou a mando do Estado e posteriormente teve doença crônica tem direito a indenização."
A diretoria da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), que liderou o trabalho de isolamento e limpeza da área em Goiânia, afirma que houve preocupação com os trabalhadores. "Antes de o caminhão ser transportado, havia avaliação dos técnicos. E o tempo de exposição dos servidores era calculado para que a dose ficasse abaixo dos níveis toleráveis", afirma Ivan Salati, diretor da Cnen. "É difícil fazer uma relação entre a exposição e o aparecimento de doenças. É improvável que, depois de vários anos, uma pessoa sinta dores nas costas e haja relação com a radiação." (OESP)

Homenagem às Vítimas do Césio em Berlim

O festival internacional de cinema sobre energia nuclear Urânio em Movi(e)mento, que nasceu no Rio de Janeiro em 2011, está indo para Berlim com os melhores filmes do festival de 2011 e 2012. Um dos destaques do festival em Berlim será a sessão dedicada ao acidente com o césio 137 em Goiânia, no dia 05 de outubro de 2012. Será uma homenagem às Vítimas do Césio, dos 25 anos do maior acidente radioativo, ocorrido na América Latina, em Goiânia, no ano de 1987. Pela primeira vez serão exibidas na Alemanha quatro produções brasileiras sobre o acidente de Goiânia, com legenda em alemão, e com a presença dos diretores brasileiros.
Os filmes são:
Amarelinha. Brasil, 2002, 4 min, Direção: Angelo Lima
O pesadelo é Azul. Brasil, 2008, 30 minutos, Direção Ângelo Lima
Césio 137. O brilho da morte. Brasil, 2003, 24 minutos, Direção Luiz Eduardo Jorge
Césio 137. O Pesadelo de Goiânia. Brasil, 1989, 95 min, Direção: Roberto Pires, Produção: Laura Pires
Os produtores e diretores presentes em Berlim são: Laura Pires, Angelo Lima e Luiz Eduardo Jorge.
O festival Urânio Em Movi(e)mento – internacionalmente reconhecido como Uranium Film Festival – vai acontecer de 04 a 12 de outubro em dois cinemas de Berlim. Um destes cinemas é o mais antigo da Alemanha. Durante o festival nem só os diretores brasileiros, mas também diretores da Índia, Itália, EUA e naturalmente da Alemanha já anunciaram presença. “Berlim é só o segundo passo. Depois de Portugal e Alemanha, queremos também conquistar vários outros países, o próximo da lista é a Índia.”
Declara a diretora do festival Marcia Gomes de Oliveira. Paralelo aos festivais itinerantes, o Urânio em Movi(e)mento 2013 no Rio de Janeiro já está planejado para 01 a 14 de maio, na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Marcia: “Já recebemos para 2013 mais de 10 novos filmes dedicados ao tema nuclear.” (EcoDebate)

Vítimas do Césio 137 e o tratamento

Césio 137: associação diz que não se avançou em prevenção nem em tratamento para vítimas do acidente
Nem prevenção, nem atendimento adequado às vítimas. Não houve avanço em relação a nenhum dos dois temas no que diz respeito ao maior acidente radiológico de que se tem conhecimento no país, o vazamento do material radioativo césio 137, em Goiânia. Ocorrido há 25 anos, o acidente fez com 112 mil pessoas fossem expostas aos efeitos do césio e gerou milhares de toneladas de lixo radioativo.
A avaliação é do presidente da Associação de Vítimas do Césio 137 (AVCésio), Odesson Alves Ferreira, para quem o balanço que se faz hoje do acidente é negativo. “Infelizmente, eu não acredito que houve avanço nenhum em matéria de prevenção, nem em relação às pessoas que foram vítimas daquele acidente. Elas também não têm nenhuma perspectiva de futuro”, disse ontem (12), em entrevista à Agência Brasil.
Ferreira criticou a falta de estudos sobre o caso, bem como a dificuldade de acesso a medicamentos pelas vítimas do césio.”A gente não tem que comemorar nada em 25 anos”. Segundo ele, passados 25 anos, ainda há pessoas envolvidas no acidente radioativo que sequer são reconhecidas como vítimas.
As vítimas diretas do acidente recebem uma pensão vitalícia no valor de um salário mínimo, que não pode ser transferida aos parentes em caso de morte. “Não teve indenização financeira nenhuma. Apenas essa pensão”.
Ferreira afirma que, desde novembro de 2010, as vítimas do césio 137 não recebem nenhum tipo de medicamento. Ele disse que algumas dessas pessoas, de idade mais avançada, adoecem com maior facilidade “e, às vezes, são acometidas por mais de duas doenças ao mesmo tempo. E não recebem medicamentos”.
O presidente da AVCésio defendeu que a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) faça oficinas para mostrar à população o que ocorreu em 1987, para evitar que acidentes similares ocorram no país. Segundo ele, em algumas clínicas radiológicas de Goiânia, os funcionários não lembram do ocorrido “porque a memória é curta e acabam cometendo os mesmos erros”.
De acordo com Ferreira, os profissionais desses locais, em algumas situações, não usam os paramentos de segurança necessários e trabalham além do horário normal. “E a Cnen não fez nenhum tipo de palestra nesses órgãos para mostrar a gravidade que é [a manipulação incorreta de um material radioativo]”. Para ele, “a Cnen está pecando também nesse sentido. Mais uma vez, a Cnen está sendo relapsa”.
Segundo Ferreira, atualmente, cerca de 1.500 vítimas do acidente com o césio 137 estão vivas. Dessas, pelo menos 500 estão em situação “deplorável” em relação à saúde, muitas das quais têm depressão e necessitam de atendimento psicológico, mas não procuram profissionais.
Essas pessoas apresentam sintomas de doenças comuns a toda sociedade, como gastrite, hipertensão e osteoporose. Mas, segundo Ferreira, essas doenças vêm precocemente e mais agravadas. “A hipertensão que esse grupo tem é severa”, disse, baseando-se em avaliações de cardiologistas. (EcoDebate)

Acidente radiativo com césio 137 completa 25 anos

Acidente radiativo com césio 137 completa 25 anos
O acidente radioativo mais grave do país de que se tem conhecimento, o vazamento do material radioativo césio 137, em Goiânia, completa 25 anos hoje. No dia 13 de setembro de 1987, dois catadores de materiais recicláveis encontraram em instalações do antigo Instituto Goiano de Radioterapia uma máquina que desconheciam ser um aparelho usado para esse tipo de tratamento.
Eles levaram o material para casa e, após retirar algumas partes, venderam o que restou a um ferro-velho, de propriedade de Devair Ferreira. Este, também sem saber do que se tratava, desmontou a máquina para reaproveitar o chumbo e expôs, assim, ao ambiente 19,26 gramas de cloreto de césio 137. O pó branco que emitia uma luz azulada no escuro foi exibido durante quatro dias para toda a vizinhança. Algumas pessoas, inclusive, levaram amostras do césio para casa. Como parte do equipamento acabou sendo vendida para outro ferro-velho, o material radioativo acabou se espalhando por uma área ainda maior.
Não demorou muito para que as pessoas começassem a apresentar os primeiros sinais de que carregavam no corpo altos níveis de radiação – diarreia, náuseas, tonturas e vômito. Elas procuraram os hospitais da cidade, onde foram medicadas como portadores de doença contagiosa. Somente depois de 16 dias, quando parte da máquina de radioterapia foi levada à Vigilância Sanitária, constatou-se que os sintomas eram de contaminação radioativa.
O acidente resultou em milhares de toneladas de lixo radioativo que se encontram em contêineres e tambores revestidos de aço e concreto, em um depósito, na cidade de Abadia de Goiás (GO). As primeiras vítimas da contaminação pelo césio foram a esposa do dono do ferro-velho, Maria Gabriela, que morreu no dia 23 de outubro de 1987, e sua sobrinha, a menina Leide das Neves Ferreira, de 6 anos, que ingeriu pequenas quantidades de césio depois de brincar com o pó azul. A menina foi a vítima que apresentou a maior dose de radiação. Ela morreu horas depois da tia.
Quarenta e nove pacientes vítimas da radiação do césio 137 foram levadas para o Rio de Janeiro, onde foram tratados no Hospital Naval Marcílio Dias, referência no tratamento de vítimas de acidentes radioativos. Vinte e um desses pacientes passaram por tratamento intensivo e quatro morreram. No total, mais de 112 mil pessoas foram expostas aos efeitos do césio, em Goiânia.
O diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Ivan Salati, avalia que, desde 1987, houve muitos avanços em relação à segurança da manipulação de fontes radioativas, em termos de regulação e controle. Para ele, a situação em Goiânia foi específica. O diretor da Cnen atribuiu grande parte do acidente aos responsáveis pelas instalações do antigo Instituto Goiano de Radioterapia, que “não exerceram a responsabilidade sobre os materiais ali existentes de maneira adequada”.
Em 1988, a Cnen realizou uma operação pente-fino em todo o país, para levantar, nos hospitais e institutos de pesquisa, fontes que tinham chegado antes desse período e que não estavam mais sendo utilizadas ou que precisavam ser registradas.
Foi criado também um sistema de atendimento 24 horas para denúncias e manifestações. Esse serviço aciona equipes preparadas para investigar possíveis riscos radioativos em qualquer lugar do Brasil.
Salati reiterou que, no caso de Goiânia, contribuiu para a contaminação pelo césio o tempo demorado para se detectar o acidente, embora admita que um serviço 24 horas não mudaria muito a ação diante do caso, devido ao desconhecimento das pessoas que lidaram com o material à época e que, por essa razão, “dificilmente teriam buscado informações com a Cnen”.
O alarme sobre o acidente radioativo de Goiânia foi dado pelo físico Walter Mendes, no dia 29 de setembro de 1987. A partir daí, a Cnen enviou uma equipe a Goiânia para tomar as providências necessárias. (EcoDebate)

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

25 anos do desastre radioativo de Goiânia

O fenômeno da radioatividade descoberto pelo físico francês Henri Becquerel em 1896, mostrou que o núcleo de um átomo muito energético tende a se estabilizar, emitindo o excesso de energia na forma de partículas e ondas. As radiações emitidas por esses núcleos chamadas de partículas, alfa e beta (pouco penetrantes) possuem massa, carga elétrica e velocidade. Os raios gama são os mais perigosos por serem mais penetrantes (energéticos), e de efeitos extremamente nocivos para a vida, são emitidos na forma de ondas eletromagnéticas, não possuem massa, e se propagam com a velocidade de 300.000 km/s.
Portanto, quando temos a presença indesejável de um material radioativo em local onde não deveria estar, existe assim a contaminação radioativa que gera irradiações. Para descontaminar um local, retira-se o material contaminante. Sem o contaminante o lugar não apresentará irradiação, nem ficará radioativo, irradiação não contamina, mas contaminação irradia.
Feito este preâmbulo, relembremos o ocorrido há 25 anos, naquele 13 de setembro de 1987, no município de Goiânia (GO), considerado o maior acidente radiológico do mundo. Um aparelho de radioterapia contendo o material radioativo césio-137 (produzido em reatores nucleares) encontrava-se abandonado no prédio do Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), instituto privado, no centro de Goiânia, desativado há cerca de 2 anos (isto mesmo, havia 2 anos que o equipamento estava abandonado no local). Dois homens, Roberto e Wagner, à procura de sucata, entraram no prédio do Instituto sem nenhuma dificuldade, pois o mesmo se encontrava em escombros, sem portas e nem janelas, e levaram o aparelho até Devair, dono de um ferro-velho. Durante a desmontagem do aparelho, foram expostos ao ambiente 19 g de cloreto de césio-137 (CsCl), pó semelhante ao sal de cozinha. O encontrado não era exatamente na forma de pó, mais parecia como uma pasta, de cor acinzentada, e virava pó quando friccionado. Mas o que chamava muita atenção é que no escuro, brilhava intensamente com uma coloração azulada. Encantado com o brilho do material, Devair, passou a mostrá-lo e até distribuí-lo a amigos e familiares, inclusive para os irmãos Odesson e Ivo, que levou um pouco de césio para sua filha, Leide.
Expostas ao material radioativo, às pessoas começaram a desenvolver sintomas da contaminação (tonturas, náuseas, vômitos e diarréia), algumas após horas de exposição e outras após alguns dias, levando-as a procurarem farmácias e hospitais. Foram medicadas como portadoras de uma doença contagiosa. Os sintomas só foram caracterizados como contaminação radioativa em 29 de setembro, depois que esposa do dono do ferro-velho Maria Gabriela, levou parte do aparelho desmontado até a sede da Vigilância Sanitária. No dia 23 de outubro daquele ano morria Maria Gabriela, esposa de Devair e sua sobrinha Leide. Devair, juntamente com outras 15 pessoas, foram encaminhadas para tratamento de descontaminação no Hospital Naval Marcílio Dias no Rio de Janeiro, vindo a falecer em 1994. Nestes 25 anos 6 pessoas da mesma família Alves Ferreira vieram a óbito.
Para a verdade dos fatos, é necessário deixar registrado que o governo na época não sabia ainda o que estava acontecendo. Até que no dia 29 de setembro, um dia após Maria Gabriela e Geraldo (catador de recicláveis que morava no ferro-velho) terem levado a peça que continha o césio a Vigilância Sanitária. O físico Walter Mendes, de férias na cidade, solicitou um contador Geiger do escritório da Nuclebrás de Goiânia, emprestando-o a Vigilância Sanitária. E ai sim, foi constatado a radioatividade.
A propagação do césio-137 para as casas próximas onde o aparelho foi desmontado se deu por diversas formas. Merece destaque o fato do CsCl ser higroscópico, isto é, absorver água da atmosfera. Isso faz com que ele fique úmido e, assim, passe a aderir com facilidade na pele, nas roupas e nos calçados. Levar as mãos ou alimentos contaminados à boca resulta em contaminação interna do organismo, o que aconteceu com Leide de 6 anos de idade. Oficialmente, segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), quatro pessoas morreram, e além delas, das 112.800 pessoas que foram monitoradas, em 6.500 foram encontradas contaminação discreta, mas apenas 250 apresentaram contaminação corporal interna e externa que mereceram maior atenção e acompanhamento. Destas, 49 foram internadas e 21 exigiram tratamento médico intensivo.
Os trabalhos de descontaminação dos locais afetados produziram 6.500 toneladas (somente recentemente reconhecida pela CNEN ) de lixo contaminado com apenas 19 g de césio-137. O lixo armazenado em caixas, tambores, containeres eram constituídos de roupas, utensílios domésticos, plantas, solo, animais de estimação, veículos, materiais de construção (algumas casas foram implodidas, sem que pudesse tirar nada de dentro, nem brinquedos, fotografias). Todo este lixo radioativo foi armazenado em um depósito construído na cidade de Abadia de Goiás, vizinha a Goiânia, onde deverá ficar, pelo menos 180 anos.
Quatorze anos depois, o governo de Goiás incluiu mais 600 pessoas na lista de vítimas. O Ministério Público Estadual (MPE) chegou à conclusão que, policiais e funcionários que trabalharam durante o período da tragédia foram contaminados e alguns morreram em consequência de doenças provocadas pelo césio. E estas mortes nunca entraram nas estatísticas oficiais.
Por outro lado, o Centro de Assistência aos Radioacidentados Leide das Neves Ferreira, criado pelo governo do estado para acompanhar as vítimas, não admitia relacionar ao acidente com o césio, as mortes e as doenças denunciadas pelo MPE. Foi então assinado um acordo entre o Estado e o MPE para que as novas vítimas, seus filhos e netos recebessem assistência médica e indenização.
Após vinte e cinco anos do desastre radioativo, as várias pessoas contaminadas pela radioatividade não recebem os medicamentos, que, segundo leis instituídas, deveriam ser distribuídos pelo governo. E muitas pessoas envolvidas diretamente com o ocorrido, ainda vivem nas redondezas da região do acidente, entre as Ruas 57, Avenida Paranaíba, Rua 74, Rua 80, Rua 70 e Avenida Goiás, sem oferecer nenhum risco de contaminação.
Este desastre deixou marcas profundas nas pessoas mais diretamente afetadas e que sobreviveram, e em todo município. O que caracterizou este episódio, e deixou evidente a sociedade, foi o despreparo, a inoperância, o improviso e o desinteresse demonstrado pelo poder público com a saúde das pessoas, principalmente manipulando informações.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) ficou desnudada diante do grave desastre de Goiânia. Mas não é somente a CNEN, mas todas as atividades nucleares no Brasil continuam surpreendendo negativamente, pois transcorrido 25 anos as atitudes e a postura de hoje são semelhantes a do passado. Pouca coisa mudou, em relação à transparência e a prepotência. E o descrédito a esta autarquia é cada vez mais percebido pela população, quando ela se informa e toma conhecimento das atividades desenvolvidas na área nuclear, onde sobressai a visão miliciana de soberania e defesa nacional, em que tudo é sigiloso, tudo é secreto.
O exemplo mais recente que acontece, ou podemos dizer a tragédia anunciada, é o que atinge as populações vizinhas da mina de urânio de Caetité na Bahia. Mas esta é outra estória que devemos estar atentos e evitar que nosso povo morra pela (ir)responsabilidade dos governantes. (EcoDebate)

Energia Nuclear ou Energia Hidrelétrica?

Na véspera dos 25 anos do acidente radioativo em Goiânia, a energia nuclear está mais uma vez questionada. Mas a ideia de substituir esta energia perigosa com energias alternativas como hidrelétrica é lamentável e errada. A redução do consumo de energia é a solução e não a substituição por outro monstro!
Harrisburg, Chernobyl, Goiânia, Fukushima: O mundo já sabe há muito tempo que a energia nuclear é perigosa e poderosa demais para ser controlada pelos seres humanos civilizados. A energia nuclear cria todo dia resíduos que precisam ser cuidados e retirados de nossos ecossistemas do Planeta para muito mais de cem mil anos. E ninguém vai conseguir isso. As culturas ou as civilizações e as línguas normalmente desaparecem a cada mil anos, mas o lixo radioativo vai ficar perigoso, venenoso e radioativo para muito mais tempo.
O Césio-137 importado dos EUA que causou o acidente de Goiânia foi um lixo radioativo do processo de produção das bombas atômicas e do combustível das usinas nucleares. E quem conhece a poluição e a destruição dia a dia das dezenas de minas de urânio nas Américas ou na África, Ásia ou Austrália sabe que a energia nuclear não oferece um futuro saudável para os seres humanos.
Mas a geração da energia elétrica feita com milhões de toneladas de concreto que mudou os ecossistemas dos grandes e pequenos rios – eu estou falando sobre as hidrelétricas – também não é, nunca foi e nunca será uma fonte de energia aceitável ou ecologicamente correta.
A destruição feita pelas grandes barragens ou pelos complexos das pequenas barragens é imensa no mundo e também no Brasil. Vários rios do sul ao norte do Brasil já são destruídos por causa de barragens, Itaipu, Tucuruí, Balbina, Sobradinho entre várias outras. Vamos destruir os últimos rios vivos e livres também junto com os povos e culturas que vivem em suas margens?
A questão “Angra 3”, “Angra 4”, “Angra 5” ou “Belo Monte” é simplesmente uma questão falsa. A questão real e ecologicamente correta e importante é: Viver bem com menos energia!
É fundamental que todos os países, e especialmente os países que possuem indústria de automóvel, indústria química, siderúrgicas imensas e uma agricultura altamente mecanizada como Brasil, China, Argentina, Canadá ou EUA, precisam questionar o seu consumo de energia. A questão não é substituir uma forma de energia por outra. A questão é reduzir o gasto de energia. Isto é a obrigação da nossa geração.
Por exemplo, a produção de carne (frango, porco ou boi) no sistema intensivo com estábulos imensos climatizados e com ração à base de soja e milho é um grande consumidor de energia, extremamente contra a ecologia e contra o bom senso da vida. Este sistema de produção intensivo de carne, de ovos ou de leite é um castigo para os animais e o meio ambiente e precisa de muita eletricidade e combustíveis.
E depois gastamos ainda mais energia para o transporte do norte ao sul do país ou para exportação para Europa ou Ásia: produção e manutenção de estradas, portos e caminhões, gastos de gasolina e diesel, gastos para manter uma rede de refrigeração dos frigoríficos,… E no final o consumidor ganha um produto ruim e não saudável. Há muito tempo é provado que estes produtos da agricultura industrial e da produção intensiva estragam a saúde humana e tem menos gosto.
Por exemplo: A gordura dos suínos ou ovos “modernos” contem menos ômega 3 e mais ômega 6, simplesmente porque a ração de soja e milho naturalmente quase não contém ômega 3, só muito ômega 6. Na produção tradicional e extensiva, sem gastos de energia, os produtos dos animais são mais saudáveis, porque eles comem grama e insetos que naturalmente estão ricos em ômega 3. O peixe do mar – que ainda não come ração – é hoje sinônimo de alimento saudável, porque ele contém muito ômega 3.
Você é o que você come!
O que o Brasil, e a América Latina, precisa urgentemente é um novo PAC. Um PAC de bom gosto e de bom senso! Produção local para mercado local. Produção sem agrotóxicos e com o menor uso de máquinas possíveis. Isto gera mais emprego e mais produtos saudáveis e saborosos para sempre e para todos! E não vai expulsar ninguém de seu rio! (EcoDebate)

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Grandes negócios com microgeração à vista

O Brasil está bem em qualquer ranking quando o assunto é o potencial para exploração de energia limpa. A diversidade energética, como energia eólica, pequenas usinas, biomassa e, nos próximos anos, energia solar, abre um bom caminho para a microgeração de energia.
Agentes do mercado de energia acreditam no avanço mais forte deste segmento com a aprovação da legislação que estabeleceu regras para desburocratizar a instalação de geração distribuída de pequeno porte, que incluem a microgeração, com até 100 KW de potência, e a minigeração, de 100 KW a 1 MW.
Aprovada há quatro meses, a resolução nº 482 cria um sistema de compensação de energia que permite ao consumidor instalar pequenos geradores em sua unidade consumidora e trocar energia com a distribuidora local.
A norma é válida para geradores que utilizem fontes incentivadas de energia — hídrica, solar, biomassa, eólica e cogeração. A resolução estabelece as condições gerais para o acesso dos sistemas de microgerçaão e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica.
Nas perspectivas de especialistas, esta legislação vai impulsionar o avanço da energia solar no país. Segundo estimativas de mercado, o Brasil possui, atualmente, cerca de 20 MW de capacidade de geração solar fotovoltaica, com a maior parte sendo utilizada para atender sistemas isolados e remotos.
“Hoje o entendimento é que a geração distribuída está mais próxima da viabilidade comparativamente à centralizada, já sendo inclusive viável em alguns casos. No entanto, não é objetivo da análise comparar a competitividade deste tipo de energia, ainda incipiente no país, com outras fontes que já possuem uma maturidade significativa, mas sim, caso se opte pela promoção desta tecnologia, discutir a melhor forma de incentivos capazes de facilitar sua inserção”, diz o documento Análise da inseração da geração solar na matriz energética brasileira, publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Projeta-se que os sistemas de geração distribuída acrescentarão 30 mil MW de capacidade instalada à matriz energética até 2020. Segundo a Cogen (associação que reúne as empresas do segmento), cerca de 10 mil MW desse total serão provenientes da biomassa e 7,5 mil MW de energia solar. (ambienteenergia)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Brasil exporta contradições

Etanol e biodiesel: Brasil exporta contradições
Que razões levariam o Brasil – maior produtor mundial de cana-de-açúcar, matéria prima do etanol, e segundo maior produtor da soja, utilizada na composição do biodiesel – a investir em plantações em outros países?
Para Sérgio Schlesinger, que realizou o estudo Cooperação e Investimentos Internacionais do Brasil: a internacionalização do etanol e do biodiesel, para o Núcleo Justiça Ambiental e Direitos da FASE, o estímulo do governo brasileiro à produção de etanol e biodiesel em outros países e regiões tem por objetivo “assegurar aos países importadores alternativas aos produtos brasileiros, desfazendo a hipótese de que possa vir a se formar um novo cartel de países produtores de combustíveis e, assim, viabilizando o reconhecimento do etanol e do biodiesel como commodities internacionais”.
Os dados surpreendem, por exemplo, ao mostrar que é pequeno o número de empresas brasileiras potencialmente beneficiárias na produção de etanol na África. As maiores interessadas escreve Schlesinger, seriam transnacionais que operam também no Brasil e cuja participação não se dá, necessariamente, a partir de suas filiais aqui instaladas. Conclusão: o Brasil seria correia de transmissão aos interesses destas empresas em outros países do sul.
O livro apresenta um mapeamento de ações do Governo Federal e da Petrobras Biocombustíveis que mostra interesses, intenções e estratégias brasileiras no crescente papel de cooperação e investimentos internacionais no que diz respeito à produção desses combustíveis em áreas da América Latina e da África.
A preferência pelos estados africanos está relacionada à disponibilidade de terras gratuitas ou arrendadas a preços simbólicos, assim como à baixa organização social, refletida em ausência de legislação adequada para enfrentar a ocupação das terras pela monocultura. Para o autor, os investimentos em Moçambique são emblemáticos. O Brasil exporta para aquela nação políticas públicas de combate à fome e apoio à agricultura familiar assim como o modelo de agricultura que ocupa mais de dois terços do cerrado. Assim, o estudo prevê “consequências sociais e ambientais bastante conhecidas no Brasil” referindo-se a replicação dos danos causados pelo monocultivo ao cerrado brasileiro nas savanas africanas. (EcoDebate)

Etanol está nos EUA para ficar

Obrigatório ou não, etanol está nos EUA para ficar
Nos últimos cinco anos, o governo norte-americano pagou às companhias de combustíveis bilhões de dólares em subsídios para compra de etanol produzido domesticamente, à base de milho, viabilizando parte da oferta de gasolina do país.
Agora seria preciso pagar a elas para que não comprem.
A pior seca em mais de meio século reanimou o forte debate sobre alimentos versus combustíveis. Produtores de alimentos e de animais estão pedindo que o presidente Barack Obama abandone --pelo menos temporariamente-- a obrigatoriedade imposta pelo governo, que exige converter mais de um terço da safra de milho dos EUA para o etanol. O presidente tem três meses para decidir.
Especialistas dizem que mesmo que ele renuncie ao Renewable Fuel Standard (RFS), isso não vai, necessariamente, liberar muito milho para alimentos e ração animal. Na verdade, a menos que os preços do milho subam mais US$ 2 ou os preços do petróleo caiam drasticamente, isso pode não fazer nenhuma diferença.
Mesmo sem a obrigatoriedade, um terço da oferta de gasolina do país precisa conter etanol, para atender a regras não relacionadas de ar limpo, principalmente na Califórnia e na Costa Leste. Nenhuma outra substância disponível pode oxigenar a gasolina de forma tão eficaz, ajudando na queima de forma mais limpa.
Mais importante, o etanol é US$ 1 mais barato do que os outros tipos de aditivos para aumentar octanagem, que refinarias utilizam para elevar a eficiência do combustível.
"Mesmo com uma redução na renúncia, ainda há um incentivo econômico para a indústria de combustíveis para utilizarem o etanol como um aditivo oxigenado", disse Maureen Cannon, especialista em químicos e negócios agrícolas e vice-presidente do Grupo de Valence, um banco de investimentos especializado em produtos químicos.
Diferente de cinco anos atrás, quando o etanol era um combustível marginal e relativamente caro que exigia pesados ​​subsídios do governo para sobreviver, agora é uma fonte competitiva de energia.
ALIMENTOS VS. COMBUSTÍVEIS
A constatação de que o etanol não vai ser facilmente retirado da oferta de gasolina dos EUA aparece assim que um renovado debate entre alimento ou combustível ganha força. Uma severa seca encolheu a safra de milho, levando os preços a subirem mais de 60% em apenas três meses, para uma alta recorde acima de US$ 8 por bushel.
Sob pressão de produtores de gado e de aves indignados, que viram os custos de sua ração subirem, vários governadores estaduais solicitaram à Agência de Proteção Ambiental (EPA) renúncias à obrigatoriedade de mistura do etanol. A agência, que negou um recurso semelhante em 2008, deve decidir até meados de novembro como irá proceder.
No entanto, remover a obrigação RFS não vai mudar o fato de que a Lei do Ar Limpo de 1990 exige que as empresas de combustível vendam uma mistura mais limpa, chamada de gasolina reformulada (RFG, na sigla em inglês) ou RBOB, em regiões mais populosas do país.
"Se a EPA flexibilizar o padrão para o etanol, as refinarias podem produzir a gasolina convencional, mas elas não seriam capazes de produzir gasolina RFG", disse Mark Routt, conselheiro sênior para a KBC Advanced Technologies, baseada em Houston.
Originalmente concebido como um caminho para as nove cidades mais poluídas dos Estados Unidos limparem o ar, o RFG agora é um combustível necessário em cerca de 30% dos postos do país. (reuters)

domingo, 2 de setembro de 2012

Sequelas de Fukushima

Usina de Fukushima, após o desastre nuclear
Estimativas de risco de acidentes graves em usinas como Angra 3 baseiam-se em abordagens probabilísticas, e as normas de controle e garantia da qualidade dos milhares de componentes mecânicos e elétricos das usinas nucleares limitam em centésimos de milésimos a probabilidade de um acidente grave. Depois do acidente de Fukushima, entretanto, quase todos os países nuclearizados resolveram aproveitar a lição daquela catástrofe e testar a segurança de suas centrais nucleares.
Os países europeus encaminharam os resultados desses testes à Comissão Europeia, em Bruxelas – que os submeteu à avaliação de especialistas, que recomendam ações urgentes, tais como reforços das proteções das usinas contra enchentes e fenômenos sísmicos e a introdução de bombas mais robustas para os sistemas de refrigeração, inclusive para as piscinas de armazenamento de combustíveis exauridos e sua instrumentação. Também urgente é a fixação de diretrizes para o procedimento de evacuação dos habitantes de regiões vizinhas às usinas.
Com a aplicação dessas recomendações, o custo da eletricidade gerada nas usinas nucleares aumentará muito. Na França prevê-se um aumento de 20%. Se as novas normas forem aplicadas no Brasil, estima-se que o aumento de custo inviabilizará as usinas nucleares, até em relação às termelétricas a bagaço de cana.
Por outro lado, por mais rigorosas que sejam as novas normas de segurança, sempre haverá uma probabilidade de acidente grave, porque não existe obra de engenharia 100% segura. Ocorre que acidentes nucleares se propagam pelo espaço e pelo tempo. Muitos anos depois de um acidente, dezenas de milhares de pessoas em regiões inteiras sofrerão males induzidos por exposição a radiações ionizantes, como está acontecendo em consequência do acidente de Chernobyl. Até 2005, foram registradas mais de 100.000 mortes entre os cerca de 600.000 empregados na descontaminação da usina – e estima-se que nas próximas décadas o câncer de tireoide afetará muitas dezenas de milhares de habitantes de regiões vizinhas.
Para Fukushima os números ainda não são conhecidos, porque as aberrações cromossômicas causadas pelas radiações e as consequentes lesões cancerígenas só aparecerão daqui a alguns anos e, pior, persistirão por várias décadas. Entretanto, já foram constatadas aberrações genéticas e disformias em insetos, como as borboletas que vivem naquela região.
O Brasil não precisa correr risco semelhante, porque dispõe de abundantes recursos energéticos renováveis e capacidade técnica para aproveitá-los. De fato, se aproveitarmos apenas 80% da capacidade hidráulica ainda por explorar e 50% da capacidade eólica, poderemos estruturar uma “malha inteligente” interligando um sistema capaz de gerar anualmente cerca de 1,4 bilhão de Mwh.
Isto será suficiente para que – na década de 2040, quando, segundo o IBGE, a população estará estabilizada em 215 milhões de habitantes – atenda-se a uma demanda per capita de 6.600 kWh por habitante por ano. (EcoDebate)

Crianças japonesas apresentam nódulos na tireoide

Desastre nuclear esquecido: Crianças japonesas apresentam nódulos na tireoide depois de acidente em Fukushima
Usina de Fukushima, após o desastre nuclear
Aproximadamente 38 mil crianças e adolescentes que vivem na região de Fukushima, no Norte do Japão, foram submetidas a testes para verificação do funcionamento da tiroide. Em 36% das crianças examinadas foram identificados nódulos, porém não houve confirmação de tumor maligno. Mais de 52 mil pessoas ainda estão fora de suas casas em um raio de 20 quilômetros ao redor da Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, desde os acidentes de 2011.
As autoridades decidiram pelos testes, depois de verificar que algumas crianças de províncias vizinhas à Usina de Fukushima Daiichi foram detectadas com nódulos na tiroide. Mas o governo de Fukushima desconsidera a possibilidade de adotar medidas adicionais.
Os especialistas advertem que o iodo radioativo liberado pela usina durante os acidentes nucleares poderá se acumular nas glândulas tiroides das crianças e aumentar os ricos de câncer. Em março de 2011, a região de Fukushima foi atingida por tsunami, depois de terremoto, que causou vazamentos e explosões radioativas. Desde então, o Japão está em alerta e redobrou os cuidados com a energia nuclear.
Em março de 2013, serão realizados novos testes em 4,5 mil crianças e adolescentes, em três províncias vizinhas de Fukushima. O governo espera assim aliviar a preocupação dos japoneses e detectar eventuais efeitos da radiação libertada pela central nuclear sobre as crianças. (EcoDebate)