Brasil precisa diversificar
fontes energéticas, diz Márcio Zimmermann
Márcio Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de
Minas e Energia
O Brasil precisa explorar novas fontes de energia para
enfrentar a crescente demanda de consumo dos próximos anos, que deverá atingir
4 mil quilowatts hora (KWh) per capita em 2024. A análise
é do secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.
“Existem regiões que apresentam taxa de crescimento acima da
média brasileira”, comentou Zimmermann, que participou do comitê estratégico de
Energia da Amcham-São Paulo.
Atualmente, o consumo nacional per capita
é de 2,3 mil KWh, muito abaixo do consumo médio de 6,8 mil KWh da Europa e dos
14 mil KWh dos EUA. “Se olharmos para essas características, perceberemos que o
mercado se acelerará”, argumentou.
Além da hidroeletricidade
Para atender a essa demanda, que será fortemente
impulsionada pelo ingresso das populações de menor renda no mercado consumidor,
o secretário estima que será preciso dobrar a capacidade instalada total de
energia para cerca de 225 mil megawatts (MW) até 2020. Em 2010, o parque elétrico
era de 112 mil MW.
A matriz hidrelétrica continuará como fonte principal, porém
sua expansão não conseguirá atender à demanda futura. “A capacidade instalada
das hidrelétricas é de 80 mil MW (71,4% do parque gerador nacional) e pode, no
máximo, dobrar para 160 mil MW”, disse o secretário.
Zimmermann afirmou que praticamente todos os projetos
hidrelétricos com grandes reservatórios já foram explorados. “A partir de 2025,
dificilmente implantaremos novas usinas hidrelétricas”, observou.
O Brasil ainda tem muito que fazer em termos de
infraestrutura de energia, disse o secretário. “O caminho é longo e não podemos
desperdiçar nenhuma fonte de energia.”
Fontes alternativas
As fontes renováveis de energia, como a eólica e a biomassa,
contribuirão cada vez mais para o aumento da capacidade instalada de energia,
apontou o secretário. A matriz eólica deve crescer em torno de 20% a 30% nos
próximos anos.
“A entrada dessa matriz nos últimos leilões de energia deu
condições para que o mercado de eólicas crescesse”, afirmou.
O potencial da energia produzida a partir do bagaço de cana
também foi citado pelo secretário como uma das fontes complementares
promissoras. “Essa fonte ainda não deu o seu grande salto, pois ainda está
usando tecnologia atrasada”, afirmou ele, referindo-se à necessidade de
investimentos no setor.
Até mesmo a fonte nuclear, objeto de recentes críticas no
mundo desenvolvido, é uma opção atrativa na visão do secretário. “O mundo
voltará a discutir esse tipo de energia em função das alternativas existentes,
mas é hora de os centros de pesquisa fazerem uma avaliação dos acidentes que
ocorreram nos últimos anos e de como a segurança pode evoluir”, comentou
Zimmermann.
As fontes termelétricas a gás também estão nos planos do
governo, em função da descoberta de jazidas na camada pré-sal do litoral
brasileiro e no Nordeste, em terra firme. “Foi uma boa surpresa a descoberta de
gás na bacia do Parnaíba, no Maranhão. Teremos no próximo leilão de energia uma
fonte que não precisará de transporte (barateando o seu custo)”, assinalou.
Competitividade no setor elétrico
As tarifas elevadas de energia têm efeito direto no custo
das empresas, que acabam perdendo competitividade. Para contornar o problema,
Zimmermann disse que é preciso pensar em alternativas como agregação de valor à
cadeia produtiva.
A indústria de alumínio, grande consumidora de energia, está
sob pressão. “Temos preços de energia que tiram a condição competitiva e, por
isso, o Brasil pode voltar a importar alumínio a partir de 2012. Seremos um país
importador ou acharemos saídas para agregar valor à cadeia do alumínio?”,
indagou.
O secretário disse que atrair fabricantes de equipamentos de
energia pode ser uma solução compensatória. “Quando aparece uma delegação
chinesa, nós a convidamos a investir no Brasil. Porém, se quiserem vir, que
tragam também suas indústrias”, comentou. (amcham)