Diversificação da matriz energética traz desafio de
integração das fontes
O aumento na diversificação da matriz energética brasileira
e a construção de usinas hidrelétricas a fio d’água são fatores que têm trazido
novos desafios para o sistema elétrico nacional. O principal deles é trabalhar
a integração e a complementaridade das
fontes, segundo Roberto Gomes, consultor de empresas no setor elétrico e
ex-diretor de Administração dos Serviços de Transmissão do Operador Nacional do
Sistema Elétrico (ONS).
“Nos próximos anos, teremos grandes projetos hidrelétricos
sem reservatórios de água, a exemplo de Belo Monte, aliados ao crescimento da
geração sazonal de biomassa e produção intermitente de energia eólica”, afirmou
Gomes, durante o comitê de Energia da Amcham-Recife, em 27/08.
Ele cita dados da ONS que mostram que de 2012 a 2016 a
participação da hidroeletricidade no total da potência instalada no Brasil
passará de 79% para 70%. Já a energia eólica saltará de 1% para 5,3% no mesmo
período.
Investir na maior integração dessas fontes será um dos
caminhos para reduzir a necessidade de usinas térmicas e nucleares como alternativa para os períodos de baixa
na produção, acredita Gomes.
De acordo com o
consultor, no tocante à energia eólica, os desafios serão ampliar a capacidade
de prever a oferta de ventos, integrar a energia eólica com outras fontes renováveis do sistema e compatibilizar o tempo necessário para
implantação e geração de energia.
Previsibilidade na energia eólica
O consultor avalia que a ampliar a capacidade técnica de
previsão do volume de ventos é essencial para que a energia eólica se torne
cada vez mais segura no Brasil.
“Hoje temos um sistema bastante avançado de meteorologia que
já consegue, com bastante segurança,
prever situações de cheia ou seca de tal forma que se possa administrar os
reservatórios de águas nas hidrelétricas. Ainda não temos como fazer a mesma coisa com o vento, o que é um primeiro problema”,
indica.
O ideal, segundo Gomes, seria desenvolver modelos de
previsão de geração capazes de definir com
até 72 horas de antecedência o fluxo de vento. As informações seriam obtidas a
partir da análise de dados históricos da região onde está instalado o parque
eólico, das previsões das condições climáticas e dos dados topográficos.
No desenvolvimento da matriz eólica, Gomes destaca que o
Brasil precisa aprender sobretudo com
a Espanha. “Lá, a expansão eólica também ocorreu de maneira bastante rápida,
mas faltaram informações acerca do volume que estava sendo colocado no
sistema”.
Ele aponta que, por ser uma fonte intermitente, a geração
eólica tem que ser planejada com
cuidado para que, nos períodos de baixo vento, o sistema elétrico não seja
prejudicado. “A Espanha teve esse problema. No Brasil, já temos aprendido com esse exemplo, planejando a geração
eólica para complementar as demais
fontes”, finaliza. (amcham)
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