sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Gás abre nova fronteira energética

País poderá alcançar a autossuficiência no mercado em cinco anos, com produção de 170 milhões de m3
A Petrobrás constrói gasodutos para escoar o gás natural produzido no pré-sal, a quilômetros da costa. A HRT descobriu o que pode vir a ser o maior poço produtor de gás em terra, em plena Floresta Amazônica. A OGX começa a produzir gás no interior do Maranhão no início de 2013. E, além de os investimentos em gás natural ganharem força, o Brasil começa a perfurar suas reservas de gás não convencional, pelas mãos da Petra, em Minas Gerais.
Esse é o potencial de um Brasil cheio de gás, capaz de levar desenvolvimento ao interior do País, atraindo indústrias e gerando empregos. O Ministério de Minas e Energia acredita que esses investimentos podem levar o País à autossuficiência em cinco anos, com produção em torno de 170 milhões de m3 p or dia. Hoje, segundo a Petrobrás, principal produtora do País, a oferta é de 71 milhões de m3 por dia.
"O gás não convencional e o gás natural do pré-sal são hoje as novas fronteiras do setor. Mas há muitos desafios, como o desenvolvimento de novas tecnologias de exploração em águas ultraprofundas e o fraturamento das rochas, para o gás não convencional", diz Sylvie D'Apote, sócia e diretora da consultoria Gas Energy.
Só com o pré-sal, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) estima que a produção nacional crescerá entre 100 milhões e 120 milhões de m3 por dia em dez anos, com 21 novas plataformas em operação.
Para o gás não convencional, não é possível fazer uma estimativa, pois as poucas empresas do setor, como Petra e Orteng, ambas em Minas Gerais, na Bacia de São Francisco, estão em fase exploratória. Segundo a ANP, o gás não convencional no Brasil tem indicação de potencial de reservas de até 5,7 trilhões de m³ em apenas três bacias, como Parecis (no Centro-Oeste), Parnaíba (Nordeste) e Recôncavo (Bahia). Mas há indícios em outros locais, como São Francisco e Paraná (Sul).
Reservas. Ao todo, seriam 17 trilhões de m3, diz a Gas Energy. Acredita-se que a reserva de gás não convencional do Brasil seja a quarta ou quinta maior do mundo. Para efeito de comparação, a reserva de gás natural do Brasil é estimada em 450 bilhões de m3.
"É a era de ouro do gás. Pode haver um desenvolvimento no interior do País. O gás não convencional pode colocar o Brasil no mesmo patamar dos EUA, que vivem uma revolução energética, com aumento da produção e queda no preço, mas é preciso preparar a indústria de apoio para isso, pois são necessários equipamentos especiais", afirma Roberto Fernandes, professor da UERJ.
Mas a Petrobrás não prevê excesso de gás no País até 2020. O Brasil ainda importa 30 milhões de metros cúbicos por dia da Bolívia. A estatal diz que o desenvolvimento de tecnologias para explorar o gás não convencional requer investimentos pesados e tempo. Mas admite que participará desse desenvolvimento.
Enquanto isso, a Petrobrás destinará US$ 13,5 bilhões para o setor de gás e energia nos próximos cinco anos. A empresa pretende usar esse gás na produção de fertilizantes e na expansão da capacidade da geração de energia elétrica, por meio de termelétricas. E ainda vai construir uma usina de liquefação de gás.
Investimento. Gerar energia elétrica do gás também é a aposta da OGX, controlada pela EBX, do empresário Eike Batista. A empresa, que investiu US$ 225 milhões na Bacia do Parnaíba, no Nordeste, já perfurou 31 poços. Neste trimestre, a OGX fará testes em sua unidade de tratamento de gás, com capacidade de processamento de até 6 milhões de metros cúbicos por dia.
"Esse gás vai para uma termelétrica da MPX por um gasoduto, na qual será transformado em energia elétrica. É o primeiro projeto integrado do País. Todos esses recursos significam desenvolver o Estado, com a atração de indústrias para o interior do Maranhão", afirma George Fernandes, gerente-geral do projeto da OGX.
Em toda a Bacia do Parnaíba, a OGX tem potencial de reserva de 311 bilhões de metros cúbicos. Desse total, 45% são de gás não convencional. "Vamos começar com o gás convencional. O não convencional é uma oportunidade a médio e longo prazos", diz Fernandes.
Já a Petra, dona de blocos na Bacia de São Francisco, aposta no gás não convencional. A companhia deve começar a fraturar esses poços até junho de 2013. O gás está em rochas pouco permeáveis (ou fechadas). É preciso fraturar essa rocha com um fluido a base de água para liberar o gás. Segundo a empresa, esse gás pode ser usado em termelétricas e usinas de fertilizantes. (OESP)

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Brasília testa protótipo de ônibus elétrico

O governador do Distrito Federal (DF), Agnelo Queiroz, na semana passada, o passeio inaugural no protótipo do ônibus elétrico que entrará em circulação experimentalmente na capital federal nos próximos meses. O veículo faz parte da política do governo local de introduzir novas tecnologias como forma de reduzir a emissão de poluentes e o impacto do transporte coletivo no meio ambiente.
Fabricado na China, o modelo em teste na cidade apresenta um conceito ambiental, usa energia limpa e pode contribuir para reduzir a poluição sonora. O veículo é totalmente elétrico, funciona com um conjunto de baterias que proporcionam autonomia média de 150 quilômetros (com o ar-condicionado ligado) e tem vida útil de pelo menos cinco anos.
O interesse do governo do Distrito Federal é testar o modelo, com o intuito de posteriormente montar uma fábrica e produzir os veículos ecológicos na capital. Para o presidente da Sociedade de Transporte Coletivo (TCB), Carlos Koch, este é o momento ideal para execução do projeto. “Estamos muito próximos de fazer uma grande renovação da frota”, diz Koch.
Estima-se produzir os primeiros ônibus elétricos até a Copa do Mundo de 2014, mas isso ainda está em processo de negociação. A introdução do ônibus híbrido, porém, está prevista para o segundo semestre do ano que vem. Os híbridos já propiciam redução significativa na emissão de poluentes em relação aos ônibus convencionais. Os elétricos são totalmente ecológicos.
A implementação destes modelos no transporte público também faz parte de um acordo feito com a Federação Internacional de Futebol (Fifa) para a Copa. O projeto prevê que os novos veículos sejam usados no transporte dos torcedores do aeroporto ao Setor Hoteleiro e ao Estádio Nacional Mané Garrincha.
A partir de hoje, o ônibus elétrico circulará pela capital para testes, e será gratuito para a população. Ainda não foram divulgadas informações sobre os horários e as rotas do veículo. Com a experiência, será possível estudar e avaliar os aspectos de engenharia, de adaptação às rodovias da região e, então, promover as alterações necessárias. (ambienteenergia)

Carro elétrico vale a pena?

Quem quer um carro elétrico quer um carro verde, um carro ecologicamente correto, que não polui nem contribui para o aquecimento do Planeta.
Mas estamos longe disso. Para ser ecologicamente correto, não basta que um automóvel não ejete gás carbônico (CO2) pelo escapamento. É preciso perguntar primeiro como é obtida a energia elétrica que o move. Hoje, nada menos que 81% da energia global provém da queima de derivados de petróleo e carvão. Não adianta grande coisa substituir o escapamento pela chaminé. A atenuante é a de que, nas centrais térmicas, o gás carbônico produzido pode ter controle mais eficiente do que o emitido pelos escapamentos.
No entanto, à medida que os motores à explosão na frota global de veículos fossem substituídos pelos elétricos, seria necessário ver de que modo seria gerada tanta energia elétrica. Ou seja, enquanto não se obtiver uma fonte não poluidora e renovável de energia, o carro elétrico enfrentará graves limitações.
Essas são objeções sérias ao "carro do futuro" - como o designa o brasileiro Carlos Ghosn, presidente do grupo Renault-Nissan. Mas há outras.
Há mais de dez anos, engenheiros e cientistas tentam desenvolver uma bateria eficiente, mas não foram muito longe. As mais avançadas pesam cerca de 500 quilos - trambolho que compromete o desempenho e a autonomia do veículo. Os entusiastas observam que essas coisas começam assim. Por exemplo, o primeiro computador ocupava o andar inteiro de um edifício; e os primeiros celulares eram um tijolão.
Em todo o caso, mesmo depois de progresso tecnológico, as baterias de computadores, celulares e câmeras fotográficas não conseguem armazenar energia mais do que para algumas horas de uso. E é preciso, também, resolver o problema do recarregamento.
Os que apostam no carro elétrico lembram que a recarga pode ser feita à noite. Ainda assim, cada garagem teria de ter instalações elétricas especiais que, provavelmente, implicariam aumento da capacidade de todo o sistema. Mas como resolver o problema de tantos edifícios e de tantas casas, no Brasil e no mundo, que não dispõem de garagem? E quem tem de deixar o carro na rua fará o quê?
A Renault desenvolveu projeto que prevê troca da bateria nos postos de combustível. Trata-se de operação que não leva mais do que alguns minutos. O problema aí é que a bateria corresponde a cerca de metade do preço do carro elétrico. Quem se sujeitaria a trocar um equipamento tão caro cujo estado de conservação não conhece? E qual seria a seguradora que daria cobertura a um veículo que, na primeira parada, poderia ser vítima de troca de gato por lebre?
Há ainda a questão da autonomia. Os carros elétricos não aguentam mais do que 140 km ou 150 km sem recarga. É claro, o avanço da tecnologia sempre poderá baixar esses números. Cabe perguntar, também, quem, afinal, precisaria de uma autonomia superior a 150 km por dia na cidade? Talvez os taxistas ou os entregadores. Ora, mesmo quem, na média, não roda mais do que 30 km por dia tem de estar preparado para viagens de 200 km ou 300 km. E não se pode desprezar os problemas causados pelo descarte das baterias. Hoje, a reciclagem das baterias dos celulares e dos computadores continua sem solução.
Finalmente, há o obstáculo do preço. Até agora não foram fabricados (e vendidos) carros elétricos por menos de R$ 120 mil por unidade - caros demais em comparação com os convencionais. Os poucos modelos vendidos na Europa e no Japão contam com subsídios de até US$ 6 mil cada um. Até quando os governos e instituições públicas podem pagar esse pedaço da conta para tornar o produto atraente?
Aí é preciso, sim, levar em conta cálculos de escala. A partir do dia em que uma montadora puder fazer ao menos metade de seus carros movidos à eletricidade, os preços ficarão mais baixos. Mas quanto mais baixos? Alguns lembram que a produção em massa de carros elétricos mudaria toda a indústria. Milhares de fábricas de autopeças desapareceriam. E uma rede de proporções não desprezíveis de empresas de manutenção (serviços de mecânica) teriam de se reciclar ou fechar as portas. Mas, convenhamos, é do jogo. Como tantas vezes é lembrado, a indústria de lâmpadas também levou à falência milhares de fabricantes de velas.
Enfim, o carro elétrico continua sendo uma aposta complicada. É por isso que algumas montadoras, como a Ford e a Toyota, fizeram outra opção: desenvolver carros híbridos, em que o motor elétrico é alimentado por energia gerada por queima de um combustível num motor à explosão.
Diante dessas e de outras eventuais considerações, por que não seguir apostando no carro a álcool, ao menos no Brasil? (OESP)

Veículo elétrico ainda longe do consumidor

O mercado de veículos elétricos no Brasil ainda está mais focado em desenvolver projetos de caráter experimental do que atrair amplamente o mercado consumidor. Um dos grandes entraves para o desenvolvimento de um consumo em massa é o alto preço desse tipo de automóvel no País, relacionado à falta de incentivos governamentais e à elevada carga tributária.
O carro elétrico recolhe no Brasil 55% de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), incluindo o aumento de 30 pontos porcentuais em vigor para importados. Modelos populares nacionais, por exemplo, pagam 7%.
O cenário adverso não impede, porém, que estudos sejam feitos para identificar a viabilidade de veículos elétricos e a infraestrutura necessária. Um consórcio entre EDP, Instituto de Eletrotécnica e Energia, da USP, Fundação Instituto de Administração e Sinapsis quer identificar, por exemplo, o impacto do carro elétrico no País no sistema de distribuição de energia. "O objetivo é saber como o carro elétrico impacta para uma empresa de energia", afirma Paulo Feldmann, coordenador do projeto.
Em setembro, foi inaugurado um posto de carga rápida para carros elétricos no campus da USP. Nele, o carregamento para 180 quilômetros demora até 30 minutos. No carregamento lento, o abastecimento pode levar até oito horas. De acordo com Feldmann, existem 70 carros elétricos no Brasil, número insignificante em relação ao de países asiáticos, europeus e nos EUA. Na China, são 780 mil veículos e, no Japão, 400 mil.
Na cidade de São Paulo, é possível encontrar dois veículos elétricos num ponto de táxi nas esquinas da Avenida Paulista e Rua da Consolação. Lançado em junho, é um projeto feito em parceria entre Prefeitura, Renault-Nissan, AES Eletropaulo e Associação das Empresas de Táxi de Frota do Município de São Paulo. O projeto terá dez unidades do Nissan Leaf, primeiro carro 100% elétrico produzido em larga escala no mundo.
"Queremos avaliar a questão logística dentro do objetivo de estimular o uso de veículos com menor potencial poluidor", afirma Maria Tereza Vellano, diretora Regional da AES Eletropaulo - empresa que ficou responsável por importar os carregadores. A empresa também enxerga esse mercado como um novo modelo de negócio que começa a surgir.
Já a Cemig é parceira do projeto Veículo Elétrico. O projeto é fruto de um acordo de cooperação firmado pela Itaipu Binacional com a empresa suíça KWO - Krafwerke Oberhasli AG. Ao todo, 18 empresas estão na iniciativa - a Fiat é responsável pela plataforma mecânica.
A CPFL também realiza estudos para o desenvolvimento de carros elétricos. "Desenvolvemos projetos em três frentes: parceria com pioneiros no fornecimento de veículos 100% elétricos, desenvolvimento de equipamentos de carregamento e desenvolvimento de baterias nacionais", afirma o diretor de Estratégia e Inovação da CPFL Energia, Fernando Mano.
Para orientar esse mercado, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) - em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Ministério de Ciência e Tecnologia e o BNDES - está desenvolvendo o projeto Agenda Tecnológica Setorial para estudar prioridades para o desenvolvimento tecnológico na área de mobilidade elétrica.
"Estamos reunindo todo o material produzido nos últimos três anos e aproveitando os incentivos do Inovar-Auto para tentar elencar algumas prioridades na questão da mobilidade elétrica. O governo não tem medidas específicas, mas estuda prioridades de apoio", diz Bruno Jorge Soares, especialista da ABDI.
O fato de o mercado brasileiro ser ainda pequeno não impede que as montadoras busquem ganhar espaço. O Mitsubishi iMiEV já está em testes São Paulo e no Rio - no mundo, foram vendidas 30 mil unidades. No ano que vem, a Toyota inicia a venda do Prius, modelo híbrido movido a eletricidade e gasolina, por R$ 120 mil. A Ford tem o Fusion Hybrid, primeiro híbrido comercializado no Brasil. (OESP)

Carros terão de consumir 13,6% menos

Até 2017, carros terão de consumir 13,6% menos
Em menos de dez anos, a frota circulante do Brasil cresceu 60% e hoje está próxima de 35 milhões de veículos. Embora boa parte seja movida a etanol, combustível menos agressivo ao meio ambiente, ainda é muito poluente em relação aos padrões de países desenvolvidos. Reduzir essa diferença, tornando os carros brasileiros mais econômicos e mais limpos é uma das metas do novo regime automotivo, chamado de Inovar-Auto.
Lançado pelo governo brasileiro em outubro, após mais de um ano de negociações, o Inovar-Auto estabelece que até 2017 os carros novos terão de consumir 13,6% menos combustível em relação ao índice atual. Significa que terão de percorrer, em média, 15,9 km por litro de gasolina e 11 km por litro de álcool.
Empresas que conseguirem desenvolver produtos ainda mais econômicos, com capacidade de rodar 17,2 km/l com gasolina e 11,9 km/l com álcool terão benefício extra de redução de 2 pontos porcentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Se investir em novas tecnologias, por exemplo na área de segurança, terá direito a mais 2 pontos de corte.
Um carro popular nacional (com motor 1.0) de uma fabricante habilitada pelo regime automotivo recolherá 7% de IPI a partir de janeiro, mas essa alíquota poderá cair a 3% se todas as etapas do programa forem cumpridas. Essa redução resultará em importante fator de competitividade do produto.
Em paralelo à redução de consumo, os carros terão de diminuir as emissões de poluentes em igual proporção. A exigência do regime é que, até 2017, cada automóvel emita, em média, 135 gramas de CO² por km rodado, meta que aproxima os veículos brasileiros aos de países desenvolvidos. A Europa estabelece 130 gramas de CO² por km rodado até 2015 e 95 gramas até 2020. Já os EUA, onde veículos de grande porte como picapes e utilitários esportivos são maioria na frota, pretendem chegar a 154 gramas em 2016.
"Nosso objetivo é garantir carros equiparáveis aos lá de fora e também exportáveis", diz Bruno Jorge Soares, especialista da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Ele lembra que, por ter grande participação de veículos compactos e movidos a etanol, a frota brasileira já tem bons níveis de eficiência, "mas só isso não é suficiente para competir no mundo".
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Antonio Megale, é preciso levar em conta que a Europa tem mix maior de carros a diesel, a eletricidade e híbridos. Além disso, a gasolina local, assim como a usada nos EUA, é pura, sem a mistura de etanol, o que muda a forma de medir consumo e emissões.
Megale vê o novo regime como "ambicioso" e ressalta que "todas as montadoras terão de aprimorar seus motores com novas tecnologias como injeção direta de combustível e sistema de queima mais eficiente". Os carros terão de ser mais leves, com melhor aerodinâmica, usar pneus de baixo atrito e sistemas como o Start/Stop, que desliga o motor quando o condutor está parado no trânsito.
Carros mais eficientes são uma demanda cada vez mais urgente no Brasil. As montadoras calculam que, até 2020, os brasileiros deverão consumir entre 5 milhões e 6 milhões de veículos anualmente. Neste ano as vendas já devem atingir volume recorde de 3,8 milhões de unidades, 5% maior que o de 2011.
Com o rejuvenescimento da frota nos últimos anos, o veículos também são menos agressivos ao meio ambiente por incorporarem novas tecnologias.
Evolução
Apesar do atraso em relação aos padrões mundiais, os automóveis brasileiros já evoluíram muito nos últimos anos. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), seriam necessários 28 veículos atuais para gerar o mesmo nível de emissões de um veículo produzido em meados dos anos 80.
Com tecnologia desenvolvida no Brasil, os carros flex deram importante contribuição a esse processo. Lançado em 2003, o sistema que permite ao consumidor abastecer o tanque com etanol ou gasolina equipa mais de 80% dos veículos vendidos no País. Antes disso, em meados dos anos 70, o País também foi pioneiro na produção de veículos com motor 100% álcool.
O fato de o Brasil ter adotado a política do carro flex, porém, acaba sendo um complicador para atingir metas globais de consumo, pois são necessárias mudanças na calibração do motor, por exemplo. "Só por ser flex, nosso carro já tem consumo maior em relação ao europeu", exemplifica Alessandro Rubio, do Centro de Experimentação e Segurança Viária.
Outro combustível alternativo que reforça a matriz energética veicular brasileira é o biodiesel. Desde 2010, o diesel distribuído nos postos de todo o território tem 5% de biodiesel, obtido de óleos vegetais extraídos da soja, algodão, girassol e canola, entre outros. Assim como o etanol da cana-de-açúcar, é um produto renovável.
A indústria automobilística brasileira projeta investimentos de quase R$ 14 bilhões só para desenvolver tecnologias para atender às novas normas do regime automotivo. Com isso, o programa total de aportes previsto pelo setor para o período 2011 a 2015, que inclui novas fábricas, pode chegar a R$ 60 bilhões.
Reinaldo Muratori, da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE), admite que, mesmo atendendo aos novos requisitos, o carro brasileiro continuará atrasado em relação aos europeus, mas ressalta que "se o País continuar nessa toada, vamos estar com eles em alguns anos". (OESP)

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Necessidade de reduzir consumo de energia

Reduzir o consumo de energia. Mais do que utopia, uma necessidade e possibilidade
Há uma “cultura” em que é mais fácil e vantajoso construir uma nova hidrelétrica do que aprimorar a eficiência daquelas já existentes. Reduzir o consumo de energia é uma palavra de ordem que causa pânico nas distribuidoras de energia. Para o mercado, falar em economia de energia é um tabu em que não se pode tocar.
“Nem o governo, nem as autoridades do setor energético, nem os responsáveis pela administração do setor elétrico brasileiro, nem os distribuidores falam uma só palavra sobre economia de energia, racionalização do gasto de energia, eficiência, manutenção, modernização. Só a obra nova parece interessar e ser capaz de gerar energia no Brasil”, critica Heitor Scalambrini Costa http://www.ecodebate.com.br/?s=Heitor+Scalambrini+Costa , professor da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), em entrevista especial por e-mail, à IHU On-Line.
Entretanto, o tempo presente, de crise ecológica, de que a crise energética é um componente entre outros, requer de nós a capacidade de colocar sobre a mesa temas não muito populares. Embora tenhamos muito claro onde queremos chegar, no caso o “decrescimento”, proposta de sociedade que não deixa de ser revolucionária, como constata o economista francês Serge Latouche, o programa para chegar a ela é necessariamente reformista.
Nesta perspectiva, “alternativas como a repotenciação (modernização) das hidrelétricas já existentes, melhorar a eficiência e conservação de energia, utilizar o aquecimento de água com energia solar para substituição dos chuveiros elétricos, dentre outras medidas, seriam suficientes para ofertar a energia elétrica necessária ao País, sem a necessidade de realizar estas grandes obras”, acredita Heitor Scalambrini Costa. Estas grandes obras “desnecessárias” a que Costa se refere são as usinas hidrelétricas no Rio Madeira e no Xingu, obras contempladas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
“Com a eficiência energética, o crescimento da oferta se dá em um ritmo mais lento. Se é possível reduzir a quantidade de energia que alimenta o desperdício e o parque gerador continua o mesmo, obviamente o restante pode ser disponibilizado para uma nova demanda”, de acordo com Ricardo David, da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco), o processo de eficiência deve reduzir a necessidade de novas fontes e não substituí-las.
Um caminho possível, portanto, diz respeito à busca de formas de aumentar a eficiência e a conservação de energia, e de encontrar, na diversidade das fontes renováveis, as múltiplas saídas para os problemas energéticos do país.
Nesta direção, ganha força a implantação de redes elétricas inteligentes, que já são uma realidade de sucesso em vários países. O que são as redes elétricas inteligentes? Segundo Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Energias Renováveis do Greenpeace, “Redes inteligentes enviam a eletricidade dos pontos de geração até os consumidores, utilizando um sistema de monitoramento completo do fluxo de energia, a partir de tecnologia digital, que permite o rastreamento tanto da energia que entra no sistema, gerada em diferentes pontos, quanto da energia consumida por residências, edifícios e indústrias”.
“As redes inteligentes permitirão – prossegue Baitelo – o controle não apenas da geração descentralizada, realizada em milhares de pontos, como também o controle do consumo de aparelhos e eletrodomésticos em residências e edifícios. A proposta de pulverizar o sistema elétrico em uma rede de microgeradores e a revolução provocada por isto guardam semelhanças com a grande pulverização de informação provocada pela Internet”.
“Com redes inteligentes, nós basicamente combinamos internet com eletricidade”, comenta, por sua vez, o especialista em energia do escritório internacional do Greenpeace, Sven Teske. “Reforçar as redes inteligentes é uma grande oportunidade de negócios, especialmente para companhias de tecnologia. Na Europa, o investimento anual necessário ficaria em torno de € 5 bilhões, ou seja, menos de € 5 por ano por casa. Para destravar o investimento necessário em uma estrutura que seja amigável com o clima, precisamos urgentemente de políticas que apoiem a transição para uma oferta de eletricidade 100% renovável”, afirma Teske.
Outro setor em que é possível avançar em termos de eficiência energética é o dos edifícios verdes ou edifícios inteligentes, que já são uma realidade em países como a Alemanha.
É fácil constatar como em muitas casas, escritórios, salas, salões no Brasil há uma enorme quantidade de energia desperdiçada pelo fato de não aproveitarem corretamente a luz natural, o que representa um enorme desafio para a arquitetura.
A eficiência energética passa também pela questão dos transportes. Um automóvel, que carrega uma só pessoa, representa um enorme desperdício de energia quando se leva em conta que um carro pequeno pesa cerca de uma tonelada… e transporta cerca de 75 kg.
Seguindo na linha da sobriedade no consumo de energia, é hoje possível diminuir de 40% a 50% o nosso consumo sem comprometer o nosso conforto. Como? Monitorando os desperdícios e as necessidades supérfluas. Estão na mira: “Os outdoors que consomem em média 7.000 kWh por ano, ou seja, o equivalente ao que consomem seis franceses em um ano”, exaspera-se Thierry Salomon, engenheiro e presidente da Associação Négawatt. Ou ainda, a má gestão da iluminação pública. O fato é que “hoje, a sociedade está em estado de embriaguez energética”, como constata Thierry Salomon. É mais difícil sair deste estado de embriaguez do que aplicar ações e políticas de contenção dos desperdícios em energia.
Mais fácil é acreditar que as leis do mercado dão conta de resolver a escassez energética da melhor forma possível e desejável. “Muitos acreditam e manifestam a crença de que o mercado pode ser o responsável pela implantação da filosofia do desenvolvimento sustentável. Acreditam que com o decorrer do tempo, e com o surgimento de novas tecnologias, os problemas ambientais podem ser sanados e superados, resultando uma melhoria no bem-estar social ou mesmo a diminuição das desigualdades sociais”, denuncia Heitor Scalambrini Costa.
Mas, como o fácil ou o difícil não é critério de decisão, “um modelo sustentável só será possível a partir da mudança dos modos de produção e de consumo da sociedade. É a razão capitalista com base no consumismo, no militarismo, e na da lógica de acumulação do capital que está levando o nosso planeta – e os seres vivos que o habitam – a uma situação catastrófica do ponto de vista do meio ambiente, das condições de sobrevivência da vida humana e da vida em geral”, insiste Costa.
E conclui: “O paradigma do crescimento econômico deve e precisa ser profundamente alterado. (…) Para estar à altura dos acontecimentos, uma boa ideia é começar a deixar de lado um conceito de crescimento econômico que nos foi imposto pelo próprio capitalismo”.
Fundamental é ganhar em eficiência na produção da energia; fundamental é ganhar racionalidade no consumo da energia necessária. Mas fundamental mesmo é precisar usar menos energia. Quem nos prepara para isso? (EcoDebate)

Que energia queremos para os próximos diz anos?

O governo acaba de anunciar o Plano de Expansão Decenal de Energia 2021. O Plano é atualizado anualmente e prevê os rumos energéticos do Brasil para os próximos dez anos. O Plano Decenal anuncia forte continuidade em investimentos na área de energia fóssil – petróleo e gás – e em hidrelétricas. As novidades ficam por conta da revisão, na esteira do desastre de Fukushima, na área da energia nuclear – por ora segue apenas a conclusão de Angra 3 – e num incremento maior na energia eólica. Da energia solar nada se fala.
Os maiores investimentos estão previstos para petróleo – incluído o pré-sal – e gás natural: R$749 bilhões para os próximos dez anos. As hidrelétricas, por sua vez, seguem em expansão e estimam-se investimentos na ordem de R$ 190 bilhões – o plano fala na construção de mais 24 usinas hidrelétricas, além das que estão sendo construídas para o próximo decênio, a grande maioria delas na Amazônia.
Para as energias renováveis – eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas – os investimentos aumentam um pouco em relação ao plano anterior, de R$ 62,1 para R$ 82,1 bilhões. No entanto, o Plano é lacônico sobre a energia solar: do total de 386 páginas, apenas três parágrafos são dedicados a essa energia. A conclusão do Plano é de que “apesar do grande potencial, os custos atuais desta tecnologia são muito elevados e não permitem sua utilização em volume significativo”.
Avanços no Plano Decenal de Energia
A análise crítica do Plano Decenal de Energia, na visão dos ambientalistas, apresenta três “novidades”. Uma delas é o incremento em energia eólica; a revisão nos investimentos em energia nuclear e a redução em investimentos de usinas térmicas a óleo combustível e diesel.
Tardiamente, o país vai incorporando a matriz eólica. “Agora é o momento da eólica. Amanhã vai ser o da solar. O preço vai cair e ela vai entrar, não tenho dúvida, mas vamos fazer no momento certo”, afirma Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O presidente da EPE rebate os críticos que classificam a política energética de conservadora afirmando que a eólica se desenvolveu graças a medidas do governo. “Tudo foi feito a seu tempo. O Brasil está em 20.º no mundo em capacidade instalada e vai atingir a 10.ª posição no ano que vem”, diz ele. O objetivo é ampliar a capacidade de geração eólica no País de 1% para 9% da matriz nos próximos dez anos.
Apesar do discurso governamental, a expansão da energia eólica ainda é tímida e avança muito mais por conta de investimentos privados do que por ação e investimento do governo. O litoral do Rio Grande do Sul e, sobretudo o litoral nordeste – Rio Grande do Norte e Ceará –, assistem a crescentes investimentos privados. A participação do governo fica por conta dos leilões de instalação dos parques eólicos e a compra da energia.
Sobre os parques eólicos em crescente expansão cabe uma problematização. Apesar de ser considerada uma energia renovável e limpa, a instalação dos parques impactam os territórios locais. O professor Ângelo Magalhães Silva da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERS/RN) destaca que “é comum relatos de moradores afirmando o fim de algumas vegetações nativas, mudança no comportamento de aves, privatização de antigas áreas comunais de plantio, pesca e criação de animais”. Comenta ele: “Não sabemos se os fortes ventos mudam positivamente e com força o futuro de alguns municípios, e o sentido de uso que passa a atribuir os habitantes às suas terras”.
Outra novidade no Plano Decenal encontra-se no quesito energia nuclear. Com o acidente na usina de Fukushima, no Japão, em março do ano passado, o programa nuclear brasileiro passou a ser repensado. O Brasil não prevê novas usinas até 2021 afirma o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia Márcio Zimmermann. A previsão, portanto, de construir mais quatro usinas nucleares no País até 2030 está suspensa. Angra 3, entretanto, será mantida com a previsão de entrar em operação em 2016.
Retrocessos Plano Decenal de Energia
Como maior e mais evidente retrocesso no Plano Decenal destaca-se a ausência de qualquer menção à energia solar – a segunda fonte que mais cresce no mundo, depois da eólica. No Plano Decenal de Expansão de Energia 2021, como já destacado, apenas três parágrafos (em 386 páginas) são dedicados à solar. A conclusão é de que apesar do grande potencial, os custos atuais desta tecnologia são muito elevados e não permitem sua utilização em volume significativo.
Para o engenheiro florestal Tasso Azevedo, a discussão atual sobre energia solar no País é muito parecida com a que ocorreu em relação à eólica no passado recente. “O governo resistiu muito. A presidente, enquanto ministra de Minas e Energia e depois da Casa Civil (no governo Lula), não acreditava em energia eólica e ponto final (…) com o tempo, ela tende a ser convencida pelos fatos, como ocorreu com a eólica, que está explodindo no País. O problema é que, com isso, a gente fica para trás”. Para Azevedo, falta ousadia no planejamento: “Há uma confusão com a ideia de que ser conservador tem a ver com segurança”.
Na opinião de Bazileu Margarido, do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), “o governo diz que vai usar a tecnologia quando se chegar ao preço que for conveniente, mas deveria ser o contrário: o que podemos fazer para acelerar”. Ele lembra que a energia eólica nem aparecia no plano setorial finalizado há 3 anos. Segundo o pesquisador, “o argumento era o mesmo usado hoje para descartar a solar”.
O pesquisador Instituto de Energia e Eletrotécnica da USP Joaquim Francisco de Carvalho, aponta como decisão da energia solar não ter espaço no planejamento da política energética, a “falta de vontade política”. Segundo ele, “às vezes as pessoas não estão preparadas para assumir determinados cargos relacionados ao setor. Basta ver que a Dilma, quando foi ministra de Minas e Energia, fez muita coisa errada, e tampouco pensou em investir em energia eólica ou solar. Ela só pensava em energia hidrelétrica, por causa do grande impulso da Eletrobrás, ou no gás natural, no óleo combustível e no carvão”.
Outras más notícias do Plano Decenal, na opinião dos ambientalistas, ficam por conta dos altos investimentos em hidrelétricas. Os dados do Plano Decenal de Energia preveem para o período 2012-2021 34 usinas, 15 já tiveram sua construção iniciada e 19 ainda não foram licitadas. A grande maioria está na Amazônia. No conjunto, uma área de 6.456 quilômetros quadrados deverá ficar debaixo d’água – equivalente ao território somado de dez capitais brasileiras – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Recife e Maceió.
Para o diretor da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, Roberto Smeraldi, a maior falha do planejamento no setor elétrico é insistir em não atacar as altas perdas técnicas – estimadas em cerca de 20% – das linhas de transmissão, antes de expandir o parque gerador. Ele se diz preocupado com o fato de que o impacto indireto das últimas hidrelétricas de grande porte, como o desmatamento e a ocupação urbana desordenada, tem sido de oito a dez vezes o tamanho dos reservatórios: “Cada caso é um caso, obviamente depende do nível de antropização (ocupação humana) que já existe e da infraestrutura disponível, mas precisamos entender que o impacto vai muito além da área alagada”, afirma. Smeraldi diz que, caso o governo atacasse o problema das perdas técnicas no sistema de transmissão, ganharia tempo suficiente para preparar a chegada de novas hidrelétricas, com um trabalho de regularização fundiária e planejamento para evitar o caos social.
A assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) Alessandra Cardoso, chama a atenção para novos empreendimentos, além dos previstos nos grandes rios (Madeira, Xingu, Tapajós, Teles Pires) que, até o ano passado, não estavam na lista de prioridades do governo. É o caso de duas megausinas previstas para o rio Juruena, no Mato Grosso. Juntas, as hidrelétricas de São Simão e Salto Augusto têm potência de 4.970 MW. “Pequenas usinas foram retiradas do planejamento, mas outros projetos bem maiores foram desenhados para a Amazônia”, disse ela.
A construção, por outro lado, de novas usinas na Amazônia vai exigir um novo retalhamento no mapa atual das unidades de conservação do país. Para levar adiante seus principais projetos de geração hidrelétrica, o governo terá de reduzir parte do território de florestas protegidas. Pela lei atual, é proibida a construção de usinas quando elas afetam diretamente as unidades de conservação. Para se livrar dessa restrição, no entanto, o governo decidiu redefinir o território das unidades de conservação.
Há ainda outros problemas, grande parte dos lagos formado pelas barragens atingem territórios indígenas. Pela lei atual, não é permitido construir usinas em casos onde a barragem tenha impacto direto numa terra indígena demarcada. Atualmente, existem 505 terras indígenas no país, cobrindo uma extensão de 106,7 milhões de hectares, o que equivale a 12,5% do território nacional. Segundo a organização Acende Brasil, 897 mil índios – 58% da população indígena – vivem na Amazônia Legal, área onde estão concentrados os principais projetos hidrelétricos do governo. A solução proposta pelo governo é compensar as comunidades indígenas pagando “royalty”.
Entre avanços e retrocessos. Balanço final
Na leitura crítica do movimento ambientalista, o Plano Decenal de Energia apresenta pequenos avanços e grandes retrocessos. De acordo com o diretor de Políticas Públicas do Greenpeace Sérgio Leitão criticando a contínua aposta em mega-obras hidrelétricas, “os grandes reservatórios inundam as terras onde vivem milhares de pessoas, destruindo suas vidas, seus projetos de futuro. O Brasil vive um paradoxo. É na democracia que se destrói a lei, porque não se tem a capacidade para fazê-la ser cumprida. Assim foi com o Código Florestal, e assim será com o licenciamento de grandes empreendimentos”, afirma.
Outra crítica ao Plano Decenal é a de que projeções e investimentos não incluem a energia solar como já destacado. A fonte conta com um potencial energético dezenas de vezes maior do que qualquer opção, destaca o movimento ambientalista, mas a EPE usa o argumento dos altos custos para sequer considerá-la no horizonte de tempo de médio prazo.
A crítica maior, entretanto, ao Plano deve-se aos fortes investimentos na energia fóssil, a maior poluidora. Os já elevados investimentos previstos para petróleo e gás natural aumentaram e a previsão é de que totalizem R$ 749 bilhões nos próximos dez anos (superior aos 686 bilhões do PDE anterior). Segundo Sérgio Leitão, “as prioridades do Plano Energético vão para onde se investe o dinheiro. E o dinheiro vai para o petróleo. Mas que política é essa que o governo não consegue dizer se é viável, se vai dar retorno? Vamos gastar 730 bilhões no pré-sal. Estamos destinando todo o recurso do país para investir num combustível do passado, enquanto o país tem alternativas possíveis. Mas novos paradigmas não são considerados”, diz ele.
O diagnóstico geral para o Plano de Expansão Decenal de Energia 2012-2021 por parte dos ambientalistas é de que apesar de alguns avanços em relação à versão anterior, boa parte de suas premissas e previsões, criticadas há anos pela academia e sociedade civil, continuarão a exercer altos impactos ao meio ambiente e à sociedade nos anos por vir.
Qual é o destino de toda essa energia?
Uma pergunta importante emerge da análise anterior: A quem se destina tanta energia? Na opinião do professor Celio Bermann “estamos produzindo energia para gerar produtos que não ficam no Brasil”. Segundo ele, “a tendência de incremento dos combustíveis fósseis na matriz energética, certamente, está indo na contramão da história”.
O professor da Usp comenta que o incremento em energia e as opções que se fazem são definidas pelo mercado: “A necessidade é ditada pelo mercado e não pela população brasileira, nem pelo órgão planejador do governo. E o fato de ela precisar atender uma demanda que é do mercado, a necessidade de energia a curto prazo, faz com que esta última previsão coloque com muita ênfase a termeletricidade a partir de combustíveis fósseis”.
Celio Bermann diz que “se pegarmos a matriz de consumo setorial de energia elétrica no Brasil, praticamente 30% da energia é consumida pelos seis setores chamados de intensivos em energia. São eles: o cimento, a produção de aço, a produção de ferro-ligas (ligas a base de ferro), a produção dos metais não-ferrosos (principalmente, o alumínio primário), a produção de química e, finalmente, o setor de papel e celulose. Esses seis setores consomem 30% da energia produzida no Brasil”.
Destes seis setores, continua Bermann, “quatro – produção de aço, não-ferrosos, ferro-ligas, papel e celulose – são fundamentalmente destinados à exportação”. Logo, diz ele, “praticamente 17,5% da energia elétrica no Brasil é destinada à exportação. Isto é, é uma energia elétrica que foi consumida pelas plantas indústrias eletrointensivas, e que são exportadas, incorpora a produção de energia a esses bens primários”.
Na opinião do pesquisador, estamos diante da submissão ao mercado, “em detrimento de uma questão importante, do meu ponto de vista, que é a demanda social, em que um contingente considerável de brasileiros ainda vive sem acesso à energia elétrica. Claro que o governo, ao implantar, em grande medida, o seu programa ‘Luz para todos’, procura atender esta necessidade. Mas, enquanto ela for restrita à extensão de rede, enquanto o acesso de energia elétrica não permitir que fontes locais de energia renovável atendam às necessidades das populações que são distantes à rede de distribuição, enquanto isso tudo não for feito, ficaremos sujeitos à Lei do Mercado. E na Lei do Mercado essas populações não têm espaço”, afirma. (EcoDebate)

sábado, 24 de novembro de 2012

Instabilidade do sistema energético brasileiro

Instabilidade do sistema cresce com construção de usinas
Fontes renováveis de energia reduzem a emissão de carbono, mas também comprometem a segurança pela sua complexidade, o que pode resultar em mais ‘apaguinhos’
Hidrelétrica de Belo Monte: sem represa para água. Discussão é a volta de grandes reservatórios
A manutenção do título de melhor matriz energética do mundo não sairá de graça para o Brasil. Se por um lado a forte participação das fontes renováveis significará redução das emissões de carbono, por outro tornará o sistema nacional mais instável e sua operação, bem mais complexa. Sem um bom planejamento, o país ficará mais exposto aos “apaguinhos”, que se tornaram frequentes nas últimas semanas.
A explicação para isso é a construção de grandes usinas, sem reservatório, distantes milhares de quilômetros dos centros urbanos, e uma série de pequenas centrais elétricas, como as eólicas e as usinas de biomassa. A expectativa é que até 2021 o Brasil mantenha os atuais 84% da matriz elétrica com fontes renováveis. Mas o mix de usinas será diferente. A participação das hidrelétricas vai cair de 72% para 64%.
As pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e as usinas de biomassa continuarão com 4% e 7%, respectivamente. A diferença virá das eólicas, que passarão de 1% para 9% até 2021, prevê o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim:
— Com esse novo desenho, a operação do sistema muda. Era mais simples. Ficará mais complexa.
Um dos principais motivos para a mudança está nas restrições para construir hidrelétricas com reservatório, as chamadas usinas a fio d’água. Por questões ambientais, a maioria não tem represa, como as hidrelétricas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio. Isso significa que o Brasil está perdendo capacidade de poupança para suportar períodos com poucas chuvas.
Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que, em 2001, a capacidade dos reservatórios era suficiente para atender a seis meses de carga de energia de todo o sistema interligado nacional. Em 2009, o volume já tinha caído para cinco meses. E, em 2019, será suficiente para apenas três meses.
— Ninguém quer construir um reservatório de qualquer jeito. Mas não podemos simplesmente eliminar a possibilidade de construir uma hidrelétrica com reservatório. Ao menos precisamos calcular qual o custo ambiental. Hoje nem isso é permitido fazer — afirma o presidente da consultoria PSR, Mario Veiga, um dos maiores especialistas no setor, reconhecendo, porém, que o mix de energia renovável, com hidrelétricas, eólicas e biomassa, é muito bom.
Fontes renováveis dependem do clima
É no período mais seco que as eólicas e as usinas de biomassa têm o maior potencial de produção, explica Tolmasquim. A safra de cana-de-açúcar ocorre entre maio e novembro, e os ventos são mais fortes também nessa época.
— Enquanto essas unidades produzem mais energia, estocamos água nos reservatórios. Elas têm um papel sustentável incrível — diz.
Por outro lado, as três fontes de energia são muito dependentes das condições climáticas.
— Seria muito arriscado depender apenas das condições climáticas. Precisamos ter backup — argumenta o presidente da EPE.
Com menos reservatórios, o país terá de acionar mais térmicas para complementar a produção de energia elétrica. É o que está ocorrendo neste momento. O ONS decidiu, no fim de outubro, pôr todas as térmicas disponíveis no Brasil para funcionar por causa do período seco.
Sem chuvas suficientes, os reservatórios de algumas regiões, como Sudeste e Centro-Oeste, estão no menor nível desde 2000, antes do racionamento. Para evitar que o problema piore, o ONS não teve escolha e acionou até mesmo as térmicas movidas a óleo combustível, diesel e carvão, bem mais caras e poluentes.
Hoje, cerca de 11 mil megawatts (MW) de energia térmica estão em operação no sistema. O preço do megawatt-hora (MWh) gerado pelas térmicas a óleo varia entre R$ 310,41 e R$ 1.047,38, segundo relatório do ONS. As térmicas a gás, que já estão em operação, têm custo entre R$ 6,27 e R$ 401,67; e as movidas a carvão, entre R$ 56,34 e R$ 341,89.
— Não temos alternativa. Sem reserva suficiente, temos de usar as térmicas. O problema é que elas são caras — avalia Erico Evaristo, membro do Conselho da Bolt Energias.
Ele observa que uma saída seria incrementar a matriz elétrica com termelétricas movidas a gás natural. Mas, no momento, a Petrobras, principal produtora, não tem oferta suficiente para atender à demanda. Parte das usinas movidas a gás em operação funciona com gás natural liquefeito (GNL) importado, bem mais caro.
Sol é a fonte de energia do futuro
Para o presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria, a matriz energética brasileira é invejável:
— Por isso, não podemos usá-la pela metade. Os reservatórios são um mal necessário. Não tem outra forma de regularizar o sistema, deixá-lo mais estável.
A nova promessa é a energia solar. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acaba de aprovar novas regras que preveem, por exemplo, que o consumidor que instalar placas solares em sua residência e não consumir toda a energia produzida, terá o restante repassado à distribuidora e o crédito será abatido no consumo dos meses subsequentes. (globo)


Hidrelétricas e a matriz energética brasileira

Ministra do Meio Ambiente defende preferência para hidrelétricas na ampliação da matriz energética do país
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, voltou a defender em 08/11 as usinas hidrelétricas como forma mais segura e barata de ampliação da matriz energética no país. Segundo ela, a outra opção possível, a obtenção de energia a partir de usinas nucleares, além de mais cara, é menos limpa ambientalmente.
“Nenhum país que tem potencial hidrelétrico renuncia [a esse potencial], porque é uma energia mais barata e segura. Outra opção é a nucelar, mas eu prefiro dez hidrelétricas a uma nucelar. Não estou nem falando do custo ambiental, mas é uma energia mais cara e os estudos estão aí [para comprovar]”, disse.
Como exemplo, a ministra garantiu que a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, não inviabiliza outros aproveitamentos dos recursos hídricos na região.
“Ao contrário, um estudo divulgado há pouco comprova que o Rio Madeira [em Rondônia, onde estão sendo construídas as usinas Santo Antônio e Jirau] tem a maior diversificação de peixes no Brasil, e o barramento não impede isso”, disse.
Izabella Teixeira participou de debate sobre os rumos da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, realizada em junho passado, no segundo dia de trabalhos da 15ª Conferência Internacional Anticorrupção, que ocorre em Brasília.
Ao fim do debate, ao responder a críticas de um participante sobre a política energética do país, ela lembrou que as contribuições da sociedade civil e de movimentos ambientais são consideradas pelo governo. “Ninguém é dono da verdade, só o povo, com sua democracia”, disse. (EcoDebate)

Caminhos para energia solar na matriz energética

O caminho para a entrada da geração fotovoltaica passa pela construção de políticas que permitam ao mercado, comparando preço e eficiência, escolher a tecnologia adequada para o momento produtivo. A sinalização vem do relatório “A inserção da energia solar no Brasil”, resultado das atividades do Grupo de Trabalho Cogen Solar, da Associação da Indústria de Cogeração de Energia, que reuniu profissionais de uma série de empresas e contou com apoio técnico da PSR.
Segundo as recomendações, o trabalho buscou mostrar que a inclusão do setor fotovoltaica dentro de uma agenda estratégica de política industrial se torna fundamental, uma vez que o setor vive momento de forte expansão no mercado mundial.
Quem precisa ficar antenado com o mundo da geração solar fotovoltaica tem uma boa oportunidade no curso “Energia solar fotovoltaica – Desenho e Aplicações no Brasil”, que o Ambiente Energia promoverá nos dias 27 e 28 de novembro, em São Paulo, em parceria com a Effitech.
Além de fazer uma introdução sobre energia solar fotovoltaica, o programa vai focar em temas como cálculo e dimensionamento de instalações solares fotovoltaicas, atualiadade normativa no Brasil e potencial de implantação no país.
Farão parte do programa itens como o desenvolvimento da tecnologia no mundo, principais componentes e tecnologias no mercado, sistemas fotovoltaicos, estimativa de produção energética, avaliação de rentabilidade econômica, avaliação de rentabilidade econômica, aplicação dos sistemas em rede (on-grid) e fora da rede (off-grid).
O curso será ministrado por Ruben Agullo, engenheiro mecânico formado pela Universidade de Málaga e mestre em Energias Renováveis pela Universidade de Zaragoza, na Espanha. Agullo tem experiência de sete anos em projetos, desenho, implantação e gerenciamento de instalações solares térmicas e fotovoltaicas. Já participou da instalação de mais de 50 projetos fotovoltaicos com uma potência total instalada ade 10 MW. (ambienteenergia)

Cana e a matriz energética

Cana é a fonte renovável que mais crescerá na matriz energética
Plano Decenal do governo prevê alta do etanol e da bioeletricidade, mas reconhece desafios.
A cana-de-açúcar é uma das fontes de energia que mais crescerá no Brasil na próxima década, segundo previsto pelo governo no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2021. Na quarta-feira (31-10) é encerrado o prazo para contribuições da sociedade à consulta pública sobre o PDE. O documento, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), prevê que os derivados da cana-de-açúcar vão crescer 8,1% ao ano na próxima década, ficando atrás apenas do gás natural, com 9,1%.
Com esse crescimento, a cana aumentará sua participação na matriz elétrica brasileira de 16,4% em 2011 para 21,2% em 2021. As projeções mostram que os derivados da cultura representarão quase metade da energia renovável total utilizada no país daqui a dez anos. As fontes renováveis, que hoje representam 43,1% do consumo, crescerão para 45% em 2021. O etanol e a biomassa de cana crescerão mais rápido do que a média das fontes renováveis na próxima década: em média 8,1% ao ano, contra 5,1% anuais, respectivamente.
Os principais derivados da cana considerados na conta são o etanol e a eletricidade gerada a partir da queima do bagaço de cana-de-açúcar. Mas o PDE considera que, até 2021, o Brasil já poderá ter produções “modestas” de biocombustíveis avançados, como o diesel de cana, o etanol celulósico e o bioquerosene de aviação.
“Um dos desafios para aumentar a competitividade dos biocombustíveis é investir em pesquisa e desenvolvimento, porque ainda não há uma estratégia vencedora”, disse na quarta-feira (31-10) Daniela Corrêa, especialista em regulação da Superintendência de Biocombustíveis e Qualidade de Produtos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Desafios do etanol
Os números do próprio PDE mostram que o desafio não é fácil. Apesar de apontar boas perspectivas para o etanol, devido ao aumento da frota flex, o PDE 2021 reconhece as dificuldades do setor sucroenergético em ampliar a produção de etanol no curto prazo. Por isso, o documento traz projeções de produção mais baixas que o PDE 2020, definido em 2011.
No ano passado, o plano calculava que o Brasil produziria 73,3 bilhões de litros de etanol em 2020, enquanto o PDE 2021 reduziu essa projeção para 68,3 bilhões de litros em 2021. As projeções de exportação também foram significativamente reduzidas, de 6,8 bilhões de litros ao fim do período do PDE 2020 para 3,3 bilhões de litros no PDE 2021.
Segundo Daniela, da ANP, quebras de safra causadas por problemas climáticos têm afetado a produção de cana-de-açúcar, além de outros fatores. “As projeções da EPE apontam que só em 2016 a produtividade da cana recuperará os níveis de 2008”, afirmou a especialista, após palestrar no 7º Congresso Internacional de Bioenergia, em São Paulo.
Desde 2008, a crise financeira e o clima têm atrapalhado o crescimento da produção. Segundo os empresários do setor, os custos subiram muito nos últimos anos, mas os preços do etanol não acompanharam essa alta porque a gasolina permanece com preço congelado pelo governo. (noticiasagricolas)

Base da matriz energética brasileira

Brasil tem a base da sua matriz energética proveniente de fontes renováveis
Matriz elétrica em 2011 (em mil megawatts – MW)
Hidráulica – 83,4
Gás – 13,4
Biomassa – 9,8
Importação – 8,17
Derivados de petróleo – 7,3
Nuclear – 2,07
Carvão e derivados – 1,9
Eólica – 1,7
Total de usinas
1.019 hidrelétricas ou PCHS
145 térmicas a gás
983 térmicas a óleo
445 de biomassa
2 nuclear
10 térmicas a carvão
81 eólicas
Participação das fontas renováveis na matriz elétrica
Total de energia limpa gerada em comparação com outros mercados
Brasil (2011) – 88,8%
Mundo (2009) – 19,5%
OECD (2009) – 18,3% (OESP)

Matriz energética

O Brasil possui a matriz energética mais renovável do mundo industrializado com 45,3% de sua produção proveniente de fontes como recursos hídricos, biomassa e etanol, além das energias eólica e solar. As usinas hidrelétricas são responsáveis pela geração de mais de 75% da eletricidade do País. Vale lembrar que a matriz energética mundial é composta por 13% de fontes renováveis no caso de Países industrializados, caindo para 6% entre as nações em desenvolvimento.
Plano Nacional de Energia - 2030
O modelo energético brasileiro apresenta um forte potencial de expansão, o que resulta em uma série de oportunidades de investimento de longo prazo. A estimativa do Ministério de Minas e Energia para o período 2008-2017 indica aportes públicos e privados da ordem de R$ 352 bilhões para a ampliação do parque energético nacional.


Os recursos públicos virão principalmente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), iniciativa federal lançada em 2007 para promover a aceleração da expansão econômica no País.
Para a área hidrelétrica estão previstos cerca de R$ 83 bilhões. Hoje, apenas um terço do potencial hidráulico nacional é utilizado. Usinas de grande porte a serem instaladas na região amazônica constituem a nova fronteira hidrelétrica nacional e irão interferir não apenas na dimensão do sistema de geração, mas também no perfil de distribuição de energia em todo o País, abrindo novas possibilidades de desenvolvimento regional e nacional.
Outros R$ 23 bilhões devem ser aplicados na expansão da produção e oferta de biocombustíveis como etanol e biodiesel. O cenário internacional aponta o interesse de vários Países em conhecer e adotar o uso dos biocombustíveis em suas frotas – e, para atendê-los, o Brasil é capaz de fornecedor o produto, os serviços e o conhecimento.
A força do etanol brasileiro
O volume total de etanol produzido em 2008 alcançou a marca dos 27 bilhões de litros, com um aumento de 17,9% se comparado ao período anterior. As estimativas oficiais são de que este número irá crescer para 37 bilhões de litros em 2015.
Conheça algumas iniciativas brasileiras no setor energético:
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa)
Criado em 2002 pelo Ministério de Minas e Energia, o Programa tem o objetivo de desenvolver fontes alternativas e renováveis de energia para a produção de eletricidade, levando em conta características e potencialidades regionais e locais e investindo na redução de emissões de gases de efeito estufa.
Em uma primeira fase, foi estabelecida a meta de implantação de 3.300 MW de capacidade instalada de centrais eólicas, de biomassa e de pequenas centrais hidrelétricas, divididos em partes iguais para as três fontes.
Atualmente, o Brasil conta com 36 usinas eólicas espalhadas por todo o País, de Norte a Sul. Juntas, elas somam uma potência total de 602.284 kW de energia limpa. O que ainda se caracteriza por ser mínimo perante o potencial de 300 Giga Watts que poderão ser explorados nas próximas décadas.
Até o final de 2010, o Proinfa deverá ser concluído com a oferta de 1,5 GW de energia eólica em todo País, devido a investimentos de R$ 4,6 bilhões para a expansão dessa fonte.
No total o Programa prevê a implantação de 144 usinas, totalizando 3.299,40 MW de capacidade instalada, sendo 1.191,24 MW provenientes de 63 PCHs, 1.422,92 MW de 54 usinas eólicas, e 685,24 MW de 27 usinas a base de biomassa. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, essa energia tem garantia de contratação por 20 anos pela Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras).
Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel)
Com o slogan “Energia é dinheiro, não desperdice”, o Procel foi criado em 1985 e tem como principais objetivos diminuir o desperdício de energia elétrica no País e buscar a eficiência energética no setor elétrico, para atingir as seguintes metas essenciais: desenvolvimento tecnológico; segurança energética; eficiência econômica, novos parâmetros incorporados à cidadania e a redução de impactos ambientais.
De acordo com estudos realizados recentemente, a quantidade de carbono evitada pelos Programas do Procel será expressiva ao longo dos anos. A eficiência energética terá, até o ano 2010, contribuído para evitar a emissão de cerca de 230 milhões de toneladas de carbono na atmosfera - correspondentes a quase 29% das emissões totais de gases estufa do setor elétrico brasileiro.
Vale destacar que desde a criação do Programa até 2005, foram economizados 2.158 GWh de energia, provavelmente devido às iniciativas para como promoção de iluminação mais eficiente (com a substituição de lâmpadas na iluminação pública e nos setores comercial e residencial); o aumento da eficiência de eletrodomésticos (refrigeradores, freezers e condicionadores de ar) e de motores (por meio de etiquetagem e concessão do Selo Procel).
Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural
O objetivo do Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural é incentivar o uso eficiente destas fontes de energia não-renováveis no transporte, nas residências, no comércio, na indústria e na agropecuária.
Criada em 1991, a iniciativa estabelece convênios de cooperação técnica e parcerias com órgãos governamentais, não governamentais, representantes de entidades ligadas ao tema e também organiza e promove projetos. A racionalização do uso da energia é fundamental para diminuir impactos ambientais, reduzir custos, aumentar a produtividade e assegurar o desenvolvimento sustentável do País.
A meta do governo é obter um ganho de eficiência energética de 25% no uso de derivados de petróleo e do gás natural nos próximos 20 anos, sem afetar o nível das atividades dos diversos setores da economia nacional. Os recursos técnicos, administrativos e financeiros do Programa são fornecidos pela Petrobras.
Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel
Desde 2004 o Brasil conta com o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, que regulamenta a produção e a distribuição do biodiesel brasileiro, produzido com oleaginosas. O País é o terceiro maior produtor dessa fonte energética do mundo, atrás apenas da Alemanha, Estados Unidos e França.
Em cinco anos de Programa foram dados importantes passos rumo à consolidação do biodiesel no Brasil. Inicialmente foi previsto o aumento gradual da adição do biocombustível ao diesel tradicional até 2013, quando a mistura deveria chegar a 5%. No entanto, o governo brasileiro decidiu fortalecer suas iniciativas nessa área e acaba de antecipar em três anos essa obrigatoriedade. Assim, o B5, como é chamada mistura dos diesel tradicional e do biodiesel, passou a ser obrigatório a partir de janeiro de 2010, em todo o território nacional. Essa medida deve elevar a produção de biodiesel de cerca de 176 milhões anuais para 2,4 bilhões de litros em 2010, reforçando a posição do Brasil na liderança mundial em energias renováveis em escala comercial.
Sob o aspecto social, a ampliação do uso do biodiesel vai aumentar a geração de emprego e renda, impacto no processo de inclusão social atualmente em curso no Brasil ao promover de forma crescente a agricultura familiar. Dos 2,4 bilhões de litros que serão demandados com o B5, 80% será fornecido por unidades produtoras detentoras do Selo Combustível Social. No viés econômico, haverá uma maior agregação de valor às matérias-primas oleaginosas de origem nacional.
O Brasil possui 43 usinas com a seguinte distribuição regional de capacidade:
Norte = 5%, Nordeste=19%, Centro-Oeste =33%, Sudeste =18% e Sul =25%. Isso representa capacidade instalada suficiente de 3,6 bilhões de litros/ano
Programa Luz Para Todos
O Governo Federal lançou em novembro de 2003 o desafio de acabar com a exclusão elétrica no País. É o Programa Luz para Todos que, originalmente, teve a meta de levar energia elétrica para mais de 10 milhões de pessoas do meio rural até o ano de 2008.
Resultado plenamente alcançado devido a investimentos da ordem de R$ 9,7 bilhões, dos quais R$ 6,5 bilhões pelo governo federal e o restante pelos governos estaduais e empresas distribuidoras.
Na prática, o Programa promoveu uma verdadeira revolução nas localidades mais distantes dos centros urbanos do País, oferecendo oportunidades de desenvolvimento humano antes impossíveis como o acesso à informação, melhora da qualidade de vida nas residências, novos negócios, entre outros.
Em razão do seu sucesso e do aumento da demanda surgida nos últimos anos, o Programa Luz para Todos foi ampliado para até 2010, com o objetivo de propiciar cerca de um milhão de novas instalações.
O Brasil possui uma matriz de energia elétrica que conta com a participação de 77,1% da hidroeletricidade. Energia proveniente de 140 usinas em operação, com perspectiva de aumento do uso dessa fonte. Ao longo dos últimos 30 anos, o País evitou a emissão de cerca de 800 milhões de toneladas de CO2 equivalente por meio do uso de etanol como substituto ou aditivo da gasolina.
A previsão do Plano Decenal de Energia é que o País terá 71 novas usinas até 2017, com potencial de geração de 29.000 MW, sendo 15 na bacia do Amazonas, 13 na bacia do Tocantins-Araguaia, 18 no rio Paraná e 8 no rio Uruguai. As 28 usinas hidrelétricas planejadas na região amazônica têm no seu conjunto, a capacidade instalada de 22.900 MW.
O Brasil usa energia hidrelétrica desde o final do século 19, mas as décadas de 1960 e 1970 marcaram a fase de maior investimento na construção de grandes usinas. Devido a essas opções feitas no passado, o País abriga hoje a maior hidrelétrica do mundo em geração de energia. Inaugurada em 1984 depois de um acordo binacional com o Paraguai, a Usina de Itaipu tem hoje potência instalada de 14 mil MW, com 20 unidades geradoras. Essa capacidade é suficiente para suprir cerca de 80% de toda a energia elétrica consumida no Paraguai e de 20% da demanda do sistema interligado brasileiro.
Já as usinas de Jirau e Santo Antônio – ainda em fase de construção, no Rio Madeira –, por exemplo, utilizam a tecnologia de turbinas bulbo, diminuindo o alagamento necessário e, consequentemente, efeitos negativos como o deslocamento de populações locais, a desapropriação de terras e o impacto ambiental. Para monitorar os impactos, o Brasil investe também no aperfeiçoamento das avaliações realizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) antes da instalação de qualquer usina.
Energia eólica
De acordo com o Atlas Eólico Nacional, divulgado em 2001, o Brasil é o País da América Latina e Caribe com maior capacidade de produção de energia eólica, com potencial estimado de 143.000 Mega Watts (MW), mas a boa notícia promete ser muito melhor.
Segundo estimativas que devem ser concluídas em 2011, no segundo Atlas Eólico, o potencial brasileiro pode chegar a 300GW, superando o que pode ser alcançado pelas usinas hidrelétricas planejadas e já existentes. Isso se deve ao fato de que o novo Atlas está levando em consideração a captação de ventos com torres de 100 metros de altura e atualmente as torres possuem 50 metros.
É interessante observar que o Brasil tem um futuro promissor nessa área e está enxergando as oportunidades de investir em eólica e ampliar consideravelmente o uso dessa fonte energética. Atualmente, no Brasil, existem em operação parques eólicos que somam 359 MW instalados, porém com investimentos de R$ 4,6 bilhões até 2010, por meio do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), o País terá oferta de 1,427 GW de energia eólica.
As iniciativas na área já estão atraindo investimentos de grupos nacionais e estrangeiros, o que deve aumentar. A expectativa é que cerca de 10.660 empregos diretos e indiretos sejam gerados nas próximas décadas. (brasil)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Novas fontes de energia para o crescimento

O Brasil pode se orgulhar do título de país com a melhor matriz energética do mundo, com mais de 80% da energia proveniente de fontes renováveis. Mas o sistema vem se mostrando instável, sujeito a frequentes desligamentos que deixam boa parte da população no escuro. A instabilidade tende a se agravar com a construção de grandes usinas em regiões distantes e sem reservatórios - por restrições ambientais. Pequenas centrais hidrelétricas, usinas eólicas e unidades movidas a biomassa vão contribuir para manter a elevada participação das fontes de energia limpa, mas tornam mais complexa a operação, com riscos crescentes dos chamados "apaguinhos".
Para ampliar a oferta e melhorar a segurança energética, o País busca novas formas de geração ambientalmente corretas. Até 2021, 9% da energia consumida pelos brasileiros deve ser gerada pelos ventos. Hoje, essa participação é de apenas 1%. Para incentivar a energia solar, acabam de ser criadas novas regras para reduzir as barreiras à instalação de placas de captação solar. Pelo modelo, o consumidor ou empresa que produza mais energia do que consome poderá injetar a sobra no sistema e receber os créditos correspondentes na conta de luz.
Outra boa notícia vem do setor petrolífero, onde o cenário sofreu grande transformação desde a descoberta do pré-sal, em 2007. Com os novos recursos, o Brasil pode mais do que triplicar suas reservas de petróleo e entrar no seleto clube dos maiores produtores mundiais - hoje o Brasil está na 14.ª colocação no ranking das maiores reservas.
Para avançar no setor, o desafio é superar dificuldades tecnológicas para explorar petróleo a uma profundidade de cinco mil a sete mil metros abaixo do nível do mar. Este terceiro caderno da série Desafios Brasileiros, uma parceria inédita entre os jornais Estado e O Globo, trata destes e de outros dilemas do setor de energia no Brasil e do seu impacto no meio ambiente. A publicação atinge 2,5 milhões de leitores. A próxima edição, no dia 12 de novembro, mostrará os desafios da área de infraestrutura e logística. (OESP)