Cana é a fonte renovável que
mais crescerá na matriz energética
Plano Decenal do governo prevê alta do etanol
e da bioeletricidade, mas reconhece desafios.
A cana-de-açúcar é uma das fontes de energia
que mais crescerá no Brasil na próxima década, segundo previsto pelo governo no
Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2021. Na quarta-feira (31-10) é
encerrado o prazo para contribuições da sociedade à consulta pública sobre o
PDE. O documento, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), prevê
que os derivados da cana-de-açúcar vão crescer 8,1% ao ano na próxima década,
ficando atrás apenas do gás natural, com 9,1%.
Com esse crescimento, a cana aumentará sua
participação na matriz elétrica brasileira de 16,4% em 2011 para 21,2% em 2021.
As projeções mostram que os derivados da cultura representarão quase metade da
energia renovável total utilizada no país daqui a dez anos. As fontes
renováveis, que hoje representam 43,1% do consumo, crescerão para 45% em 2021.
O etanol e a biomassa de cana crescerão mais rápido do que a média das fontes
renováveis na próxima década: em média 8,1% ao ano, contra 5,1% anuais,
respectivamente.
Os principais derivados da cana considerados
na conta são o etanol e a eletricidade gerada a partir da queima do bagaço de
cana-de-açúcar. Mas o PDE considera que, até 2021, o Brasil já poderá ter
produções “modestas” de biocombustíveis avançados, como o diesel de cana, o
etanol celulósico e o bioquerosene de aviação.
“Um dos desafios para aumentar a
competitividade dos biocombustíveis é investir em pesquisa e desenvolvimento,
porque ainda não há uma estratégia vencedora”, disse na quarta-feira (31-10)
Daniela Corrêa, especialista em regulação da Superintendência de
Biocombustíveis e Qualidade de Produtos da Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP).
Desafios do etanol
Os números do próprio PDE mostram que o
desafio não é fácil. Apesar de apontar boas perspectivas para o etanol, devido
ao aumento da frota flex, o PDE 2021 reconhece as dificuldades do setor
sucroenergético em ampliar a produção de etanol no curto prazo. Por isso, o
documento traz projeções de produção mais baixas que o PDE 2020, definido em
2011.
No ano passado, o plano calculava que o Brasil
produziria 73,3 bilhões de litros de etanol em 2020, enquanto o PDE 2021
reduziu essa projeção para 68,3 bilhões de litros em 2021. As projeções de
exportação também foram significativamente reduzidas, de 6,8 bilhões de litros
ao fim do período do PDE 2020 para 3,3 bilhões de litros no PDE 2021.
Segundo Daniela, da ANP, quebras de safra
causadas por problemas climáticos têm afetado a produção de cana-de-açúcar,
além de outros fatores. “As projeções da EPE apontam que só em 2016 a
produtividade da cana recuperará os níveis de 2008”, afirmou a especialista,
após palestrar no 7º Congresso Internacional de Bioenergia, em São Paulo.
Desde 2008, a crise financeira e o clima têm
atrapalhado o crescimento da produção. Segundo os empresários do setor, os
custos subiram muito nos últimos anos, mas os preços do etanol não acompanharam
essa alta porque a gasolina permanece com preço congelado pelo governo.
(noticiasagricolas)
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