O mercado de veículos elétricos no Brasil
ainda está mais focado em desenvolver projetos de caráter experimental do que
atrair amplamente o mercado consumidor. Um dos grandes entraves para o
desenvolvimento de um consumo em massa é o alto preço desse tipo de automóvel
no País, relacionado à falta de incentivos governamentais e à elevada carga
tributária.
O carro elétrico recolhe no Brasil 55% de
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), incluindo o aumento de 30 pontos
porcentuais em vigor para importados. Modelos populares nacionais, por exemplo,
pagam 7%.
O cenário adverso não impede, porém, que
estudos sejam feitos para identificar a viabilidade de veículos elétricos e a
infraestrutura necessária. Um consórcio entre EDP, Instituto de Eletrotécnica e
Energia, da USP, Fundação Instituto de Administração e Sinapsis quer
identificar, por exemplo, o impacto do carro elétrico no País no sistema de
distribuição de energia. "O objetivo é saber como o carro elétrico impacta
para uma empresa de energia", afirma Paulo Feldmann, coordenador do
projeto.
Em setembro, foi inaugurado um posto de carga
rápida para carros elétricos no campus da USP. Nele, o carregamento para 180
quilômetros demora até 30 minutos. No carregamento lento, o abastecimento pode
levar até oito horas. De acordo com Feldmann, existem 70 carros elétricos no
Brasil, número insignificante em relação ao de países asiáticos, europeus e nos
EUA. Na China, são 780 mil veículos e, no Japão, 400 mil.
Na cidade de São Paulo, é possível encontrar
dois veículos elétricos num ponto de táxi nas esquinas da Avenida Paulista e
Rua da Consolação. Lançado em junho, é um projeto feito em parceria entre
Prefeitura, Renault-Nissan, AES Eletropaulo e Associação das Empresas de Táxi
de Frota do Município de São Paulo. O projeto terá dez unidades do Nissan Leaf,
primeiro carro 100% elétrico produzido em larga escala no mundo.
"Queremos avaliar a questão logística
dentro do objetivo de estimular o uso de veículos com menor potencial
poluidor", afirma Maria Tereza Vellano, diretora Regional da AES
Eletropaulo - empresa que ficou responsável por importar os carregadores. A
empresa também enxerga esse mercado como um novo modelo de negócio que começa a
surgir.
Já a Cemig é parceira do projeto Veículo
Elétrico. O projeto é fruto de um acordo de cooperação firmado pela Itaipu
Binacional com a empresa suíça KWO - Krafwerke Oberhasli AG. Ao todo, 18
empresas estão na iniciativa - a Fiat é responsável pela plataforma mecânica.
A CPFL também realiza estudos para o
desenvolvimento de carros elétricos. "Desenvolvemos projetos em três
frentes: parceria com pioneiros no fornecimento de veículos 100% elétricos,
desenvolvimento de equipamentos de carregamento e desenvolvimento de baterias
nacionais", afirma o diretor de Estratégia e Inovação da CPFL Energia,
Fernando Mano.
Para orientar esse mercado, a Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) - em parceria com o Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Ministério de Ciência e
Tecnologia e o BNDES - está desenvolvendo o projeto Agenda Tecnológica Setorial
para estudar prioridades para o desenvolvimento tecnológico na área de
mobilidade elétrica.
"Estamos reunindo todo o material
produzido nos últimos três anos e aproveitando os incentivos do Inovar-Auto
para tentar elencar algumas prioridades na questão da mobilidade elétrica. O
governo não tem medidas específicas, mas estuda prioridades de apoio", diz
Bruno Jorge Soares, especialista da ABDI.
O fato de o mercado brasileiro ser ainda
pequeno não impede que as montadoras busquem ganhar espaço. O Mitsubishi iMiEV
já está em testes São Paulo e no Rio - no mundo, foram vendidas 30 mil
unidades. No ano que vem, a Toyota inicia a venda do Prius, modelo híbrido movido
a eletricidade e gasolina, por R$ 120 mil. A Ford tem o Fusion Hybrid, primeiro
híbrido comercializado no Brasil. (OESP)
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