Artigo de Fernanda Brandão
A questão climática e os
impactos do aquecimento global se impõem cada vez mais como uma agenda urgente
a ser tratada pelos países no âmbito doméstico e internacional. A recorrência e
o aumento da gravidade de episódios de desastres naturais em todo o globo
terrestre revelam que a mudança da matriz energética, como o investimento em
infraestrutura para lidar com os impactos da mudança climática são cada vez
mais urgentes.
Ainda hoje, a maior parte da
energia consumida no mundo vem de fontes não renováveis e poluentes. O carvão e
o petróleo continuam sendo as principais fontes de produção de energia elétrica
e transporte, respectivamente.
O processo de transformação
da matriz energética dos países é complexo e envolve dimensões mais profundas
do que apenas a mudança na tecnologia empregada para geração de energia.
Mudar a matriz energética envolve uma completa alteração dos processos de transmissão e armazenamento de energia, o que gera impactos sobre a estrutura de prédios e das cidades, implica em modificações na infraestrutura do transporte público e particular, além de exigir o desenvolvimento de planos de contingência, especialmente, no caso de tecnologias de energia intermitentes como solar e eólica. Todos esses elementos são fundamentais para que a transição da matriz energética aconteça de forma efetiva.
Além da complexidade que uma transição energética carrega, o processo de desenvolvimento de novas tecnologias de energia e de infraestrutura é lento, custoso e apresenta poucos retornos financeiros no curto prazo, tornando-o menos interessante para a iniciativa privada.
Outro agravante é o valor,
pois a troca é cara e o desenvolvimento de economias de escala que possam ser
aplicadas de forma ampla com custos reduzidos pode levar tempo. Além disso,
todo o processo de transição energética precisa acontecer sem grandes perdas na
atividade econômica dos estados. Mais ou menos como trocar o pneu com o carro
andando.
Apesar das dificuldades, a
questão da transição energética se apresenta como uma agenda cada vez mais
urgente. Unido ao aquecimento global, os temas são de relevância para o Brasil
no G20. O tema já tem sido tratado em reuniões de ministros e deve ser um dos
temas de destaque da ministerial de novembro. O desafio é grande e a cooperação
internacional é fundamental para o êxito de uma transição energética a nível
global.
Assim, o desafio para o G20, que reúne as vinte maiores economias do mundo e, consequentemente, alguns dos maiores consumidores de energia do mundo, é promover uma instância de colaboração e coordenação entre os países para que as ações em prol da mudança do padrão de consumo energético dos países se acelerem.
A questão ambiental sempre foi uma pauta onde o Brasil exerceu protagonismo no cenário internacional e o atual governo busca retomar esse papel do país. Ano que vem, a COP 30 será em Belém do Pará, o que gera uma nova oportunidade de buscar liderar os esforços de cooperação internacional em torno da questão ambiental, especialmente, da transição energética.
Para além de resgatar o
protagonismo internacional do país nos foros multilaterais, o tema em questão
deve ser pensado com maior cuidado no âmbito doméstico.
Apesar de o país ter uma
matriz energética majoritariamente limpa, a maior parte do consumo energético
relacionado aos transportes ainda é de hidrocarbonetos.
À medida que as tragédias ambientais de natureza climática se abatem sobre o país, o desafio para o Brasil é ir além do protagonismo na arena internacional e buscar mudanças efetivas que contribuam para a mudança da matriz energética nacional buscando um desenvolvimento econômico mais sustentável.
Além disso, investimentos em infraestrutura para lidar com os efeitos da mudança climática se apresentam como urgentes. (ecodebate)
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