sábado, 24 de abril de 2010

Até 2020, etanol pode crescer 150%

O setor sucroalcooleiro espera avanço contínuo na produção e consumo de etanol no Brasil. Dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) apontam até 2020 um avanço de 150% no processamento do combustível. Para a safra 2010/2011, de acordo com estimativa da alemã F.O Licht, o País deve registrar aumento de 14,17% na produção e 12% no consumo se comparado ao ano anterior. O Plano Nacional de Energia, do Ministério de Minas e Energia prevê para 2030 uma participação de 6% do etanol na demanda final de energia. Em 2004 o etanol respondia por 4%.
Segundo Christoph Berg, diretor-geral da F.O Licht, a oferta do produto para a próxima safra deve chegar a 27,4 bilhões de litros, ante os 24 bilhões da safra 2009/2010. Já a demanda pode passar de 22,5 bilhões de litros para 25,2 na safra 2010/2011.
Marcos Sawaya Jank, presidente e Chief Executive Officer (CEO) da Unica, explicou que uma das principais causas das perdas na safra 2009/2010 se deu em função do excesso de chuva. "A cana no centro-sul está pior que a do nordeste", diz.
O presidente disse ainda que foram perdidos quatro bilhões de litros de etanol, três milhões de toneladas de açúcar e 43 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.
Jank considerou ainda que o aumento do consumo de etanol no País será puxado pela expansão da frota de carros flex.
De acordo com o presidente da Unica, no início da safra, os preços do etanol estavam extremamente baixos, o que resultou em aumento no consumo - primeiro semestre de do ano passado em relação ao mesmo período em 2008 -, em janeiro e fevereiro, com a crise climática, que resultou em queda de produção, o consumo despencou.
Para Jank, o ajuste feito pelo consumidor ao optar pela gasolina quando os preços do etanol não estavam atrativos mostrou que o sistema funciona. "É para isso que ele o sistema existe. Para que não sejam necessárias grandes intervenções governamentais. O flex é o regulador do mercado", afirma.
Atualmente o bicombustível representa 40% da frota nacional de veículos, de acordo com dados da Unica.
A F.O Licht considera também, além do regulador flex, que as consolidações, responsáveis pelo aumento de capital, devem aumentar a capacidade das indústrias de manterem seus estoques para evitar queda de preços, como ocorreu na safra anterior.
Jank destacou a joint venture entre a Cosan e a Shell como fator positivo para proporcionar mais visibilidade para o Brasil no mercado internacional, principalmente nos Estados Unidos e Europa. "A Europa é mais hesitante que os Estados Unidos, sem contar a grande frota de veículos a diesel que possuem", afirmou
Nos últimos três anos ocorreram, no País, 60 acordos abrangendo 100 usinas no setor sucroalcooleiro nacional.
A F.O Licht projetou para 2010/2011 embarques estáveis do produto brasileiro, em 3,1 bilhões de litros, ante os 3,15 bilhões exportados na safra anterior. O que representa queda de 34% se comparada a temporada 2008/2009, quando o Brasil comercializou internacionalmente 4,7 bilhões de litros. De acordo com a consultoria, este ano, as importações americanas devem se manter estáveis, na casa de 1 bilhão de litros, metade do volume adquirido pelo país em 2008.
A movimentação inalterada dos Estados Unidos em 2010, segundo a F.O Licht, ocorre ao mesmo tempo em que avança em quatro bilhões de litros a produção interna, passando para 45 bilhões de litros.
A F.O Licht que considera lento o crescimento de produção das indústrias, espera uma produção mundial de etanol de 83,4 bilhões de litros para este ano, avanço de 14,25% se comparado aos números de 2009. Para a consultoria o processo moroso deve manter equilibrado o mercado.
Estoques
A produção maior do álcool combustível estimada para a safra 2010/2011 aponta um estoque final, para o mês de março do próximo ano, de 1,82 bilhões de litros. Em 2009/2010, quando os preços ao consumidor final dispararam, devido ao período de entressafra, foi registrado um volume de 1,57 bilhões de litros, de acordo com números da F.O Licht.

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