terça-feira, 8 de junho de 2010

Mitsubishi vai batalhar pelo carro elétrico

No país do etanol, Mitsubishi vai batalhar pelo carro elétrico.
Montadora apresenta veículo e abre discussão sobre nicho que pode ter até 10% do mercado na próxima década.
O primeiro automóvel elétrico produzido por uma grande montadora em escala industrial já está em circulação no Japão e em países europeus e desembarcou há alguns meses no Brasil. Com o pequeno i MiEV, a Mitsubishi quer tomar a frente na defesa dos carros não-poluentes e começar uma campanha de incentivo fiscal para um nicho que, na próxima década, pode chegar a 10% do mercado internacional de automóveis, segundo previsões de consultorias do setor.
A montadora importou de sua matriz no Japão uma das primeiras unidades do i MiEV (sigla em inglês para Veículo Elétrico Inovador da Mitsubishi), feito com base em um kei-car - microcarros equipados com motor de até 660 cm³ que pagam menos imposto ao governo nipônico. Benefício fiscal é o que esse carro elétrico espera obter por aqui também.
"Trouxemos o i MiEV para ele servir de "garoto-propaganda" dos veículos elétricos", diz o diretor de Planejamento da Mitsubishi Motors do Brasil, Reinaldo Muratori. "Vamos fazer demonstrações para representantes de governos federal, estaduais e municipais e queremos levar essa discussão a outras montadoras e à Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores)."
Argumentos a favor dos carros elétricos existem: eles não poluem nem emitem ruídos, o que não elimina os congestionamentos de cidades como São Paulo, mas reduziria e muito o martírio dos motoristas. No caso brasileiro, em que mais de 70% da eletricidade é hídrica, o benefício ambiental em comparação com o uso de combustível fóssil é ainda maior que países com energia vinda de usinas nucleares ou termelétricas. Sem falar no custo por quilômetro rodado. Rodar com gasolina ou mesmo álcool não sai por menos de R$ 0,20, ante R$ 0,03 com eletricidade, segundo cálculo da marca com base em preços da capital paulista.
Contra os modelos elétricos pesa principalmente o custo de produção, ainda elevado pela falta de volume. No Japão, o i MiEV está à venda por cerca de US$ 40 mil (ou R$ 73 mil) e não chegaria ao Brasil por menos de R$ 150 mil com a atual carga tributária. A alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) desse tipo de veículo é a mais alta, 25%. Está em discussão no Senado um projeto de lei do senador Flávio Arns (PSDB-PR), apresentado no ano passado, que prevê a isenção do IPI para veículos elétricos ou híbridos (equipados com motor elétrico e por combustão combinados) por dez anos.
INDIANO
O elétrico japonês não está sozinho no uso desse tipo de energia. No ano passado, a distribuidora de eletricidade CAM Brasil trouxe duas unidades do indiano Reva-i, hoje vendido por um importador independente por cerca de R$ 70 mil. Para os padrões brasileiros, porém, o indiano fica devendo conforto e robustez esperados para um automóvel, enquanto o i MiEV vem com airbag para motorista e passageiro, vidros e travas elétricas e ar-condicionado.
Desde 2006, a Fiat trabalha numa versão elétrica da perua Palio Weekend, em parceria com a usina de Itaipu. "Nosso objetivo principal é desenvolver tecnologia, know-how nacional, e nos prepararmos para um futuro em que os automóveis tenham diversas matrizes energéticas, e não dependa apenas do petróleo", diz o engenheiro Carlos Henrique Ferreira, assessor técnico da Fiat.
Para ele, falta uma legislação clara para veículos elétricos ou híbridos, mas também é preciso desenvolver uma cadeia produtiva, como fabricantes de motores e baterias, para que o nicho se desenvolva. "Como os modelos flex, que são um sucesso porque chegaram ao mercado com preços competitivos, os elétricos também precisam ser acessíveis para conquistar mercado." (OESP)

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