Em 10 anos carvão, grande gerador de gases de efeito estufa,
superará petróleo e será primeira fonte de energia
O carvão, grande
gerador de gases de efeito estufa, se aproximará em cinco anos do petróleo como
primeira fonte de energia mundial e pode superá-lo em dez anos, devido ao
desenvolvimento acelerado dos países emergentes, considera a Agência Internacional
de Energia (AIE) em um relatório publicado em 18/12/12.
“Graças a sua
abundância e a uma insaciável demanda de eletricidade nos mercados emergentes,
o carvão já representou cerca da metade do aumento da demanda mundial de
energia na primeira década do século XXI”, ressalta a Agência Internacional de
Energia (AIE), com sede em Paris.
O consumo de carvão
em 2017 será de 4,32 bilhões de toneladas equivalentes ao petróleo, contra 4,4
bilhões de toneladas de petróleo. E em 10 anos superará o petróleo devido ao
crescimento de mercados emergentes gigantescos, como China e Índia, segundo a
AIE.
“A cota de carvão nas
fontes de energia mundial segue progredindo a cada ano”, afirma a diretora da
organização, Maria van der Hoeven.
Como resume a AIE, “o
carvão é a China” e “a China é o carvão”. A China, que não para de inaugurar
centrais elétricas de carvão, representou no ano passado 46,2% do consumo
mundial deste combustível. A barreira dos 50% será alcançada a partir de 2014,
o que significa que a China consumirá a partir deste ano mais carvão que todos
os demais países do mundo juntos.
A importação de
carvão crescerá de forma importante na América Latina, em particular no Brasil,
onde as compras de carvão de coque aumentarão 45%, chegando a 20 Mtce
(toneladas métricas equivalentes de carvão) em 2017, indica o relatório.
Além dos Estados
Unidos, as importações do Brasil provêm de Moçambique e Colômbia, onde várias
empresas brasileiras – Vale, entre elas – desenvolvem importantes projetos
mineradores.
A AIE, uma
organização vinculada à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico), “espera que a demanda de carvão aumente em todas as regiões do
mundo”, com a exceção notável dos Estados Unidos, onde o desenvolvimento do gás
de xisto provocou uma forte queda do preço do gás, que torna o carvão muito
menos competitivo.
Mas o carvão é uma
energia muito poluente. “Apenas uma concorrência feroz de um gás a baixo preço
permite reduzir a demanda de carvão”, adverte a AIE. “Europa, China e outros
países devem tomar nota disso”, acrescenta.
No entanto, o declive
do carvão nos Estados Unidos gerou um “boom” das exportações americanas,
especialmente em direção à Europa. Consequência: a tonelada de carvão na Europa
passou de 130 dólares a tonelada em março de 2011 a 85 dólares em maio de 2012.
Por isso, embora o
velho continente permaneça com objetivos ambientais ambiciosos, muitos países
estão retomando o carvão como fonte de energia. No primeiro semestre de 2011,
Espanha, Alemanha e Reino Unido produziram menos eletricidade a partir do gás –
energia mais limpa – e mais a partir do carvão, destaca a AIE.
Hoje, o carvão já
representa cerca de 28% de toda a energia consumida no mundo e é a primeira
fonte de eletricidade, segundo a AIE.
A emergência desta
energia também ocorre num momento em que os objetivos contra o aquecimento
climático parecem ter passado para um segundo plano. “O resultado é que, sem
restrição no consumo de carvão mediante políticas climáticas, a demanda e o CO2
seguirão aumentando”, adverte a organização. (EcoDebate)
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