Change Bira, no Humor Político
Esperança é a chave
para começar o Ano Novo e para a própria felicidade, sem ela não vamos a lugar
algum. No caso de 2013, ela tem de ser contextualizada, para não parecermos
ingênuos, porque todos os prognósticos são no mínimo cautelosos: recessão europeia,
China “pisando no freio” no seu crescimento, o Brasil sendo desafiado a
continuar se mantendo fora da crise e da recessão.
Esperança não parece
ter a ver com as frias realidades da economia, ou do “mercado”, como queiram.
Mas tem. Questão interessante é o lado psicológico da economia, hoje admitido
abertamente pelos especialistas, pois o próprio temor de gastar já induziria à
recessão a ser evitada. Para manter o mercado interno aquecido não basta fazer
o ‘tema de casa’ econômico, é necessário ainda dar atenção à “psicologia de
massas” da opinião pública e suas expectativas, para evitar as ondas de
pessimismo. Nesse sentido foi eficaz a empatia com o povo do então presidente,
em 2008 e 2009, usando expressões como a de que a crise aqui seria só uma “marolinha”,
o que os intelectuais ironizaram na época.
Não sei quais os
seus dilemas pessoais, então vamos falar dos nossos problemas conjuntos, que
acabam influindo na sua vida pessoal também. Aliás, fala sério, você não achou
mesmo que o mundo ia acabar em 2012, mesmo gostando de fatos “espetaculares”
para sacudir o marasmo. Pois a entrada de 2013 traz as mesmas expectativas dos
anos anteriores, não há mágicas nem tragédias anunciadas à vista, mas pode ser
um ano muito duro, ou um ano que proporcione mudanças promissoras. Algumas das
melhores análises do que nos espera em 2013 seguem sendo as de bons intérpretes
dos fatos dos últimos anos, sobre a situação global e a local.
Ninguém vai bater à
sua porta com “manuais para explicar o mundo”, mas quem tenta entender isso nos
traz algumas pistas. Bibiana Medialdea Garcia e colegas espanhóis nos brindaram
em fins de 2011 com “Quiénes son lós mercados y cómo nos gobiernam”, explicando
aos leigos como funciona hoje o mercado financeiro – o que realmente comanda
hoje a economia global. Na versão brasileira, um cientista político acessível
aos leigos é André Singer. Em seu livro sobre o lulismo, ele descreve “a
fissura entre o capital financeiro e o capital industrial” no seio da crise, na
qual vê o governo em uma coalizão produtivista em confronto com uma “coalização
rentista”, quer dizer, capital produtivo versus especulativo.
O paradoxo do fim de
2012 é interessante, porque o crescimento do PIB foi mínimo, mas o da renda
familiar foi melhor. Para o economista Marcelo Neri, do Ipea, “o Brasil não vai
tão bem como o povo”, enquanto em outras nações costuma ocorrer o contrário.
Nos falta infraestrutura, competitividade, falta educação e um desenvolvimento
sustentável que coíba a devastação das riquezas naturais. A esperança está
viva, já esteve pior – quando o país ia bem e o povo ia mal – e ela diz “Te
cuida, 2013!”. (EcoDebate)
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