Representantes do governo federal e do setor privado se
reuniram, este mês, em São Paulo (SP), para debater a viabilidade técnica e
econômica da implantação, no Brasil, de uma usina de geração de energia
elétrica a partir da incineração de resíduos sólidos urbanos – tecnologia
conhecida como mass burning. As discussões foram baseadas em dados iniciais de
um estudo contratado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
(ABDI) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC),
que mostra como esse tipo de tecnologia é usado em outros países, o possível
modelo de negócio nacional e o arcabouço legal necessário.
Um dos pontos cruciais do debate é o custo de instalação e
manutenção do empreendimento. “Uma usina como essa tem capacidade para, através
da incineração, converter os resíduos em vapor, por onde é gerada a energia
elétrica. Além disso, ela opera com filtros destinados ao tratamento dos gases
efluentes da combustão, antes que eles sejam dispersos na atmosfera. Segundo o
estudo, realizado pela Proema Engenharia e Serviços Ltda, toda a estrutura
envolve um investimento estimado em 140 milhões de euros, além do custo de
manutenção, que pode ficar em 29 milhões por ano”, conta Junia Motta,
coordenadora da Área de Química da ABDI.
Por outro lado, frente aos altos custos desse tipo de
recuperação energética estão os impactos ambientais dos aterros sanitários,
principal forma de tratamento utilizada no Brasil e que envolve alto risco de
contaminação do solo no longo prazo. “O grande destaque do projeto que estamos
desenvolvendo aqui é a definição de um modelo técnico-econômico que torne
viável a instalação de uma usina de mass burning no Brasil. Por meio do estudo
e da colaboração de diversas instâncias envolvidas, estamos adequando esse
objetivo à realidade do país e, com isso, tornando-o possível”, afirma o
gerente de projetos da ABDI, Miguel Nery.
A versão final do documento deve ser apresentada em julho,
mas empresas como Braskem, Foz do Brasil/Odebrecht, Foxx e Proema já estão
inseridas no debate e participaram do encontro. Também estiveram presentes
representantes do Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos (Plastivida), da
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(Abrelpe) e da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública
(ABLP).
Entre os dados mostrados no evento está o crescente uso do
mass burning em países como Estados Unidos, Portugal, Inglaterra, França e,
principalmente, Alemanha. “Vemos que essas nações promovem cada vez mais a
incineração, ainda que também realizem outros tipos de tratamento de resíduos,
como reciclagem, compostagem e aterros sanitários. A Alemanha se destaca por
promover os mass burning desde 1965 – em 2009, o país já tinha cerca de 70
usinas – e por já não possuir aterros, seguindo a diretriz da Comissão Europeia
de eliminar todos os aterros sanitários até 2020”, descreve Maria Helena Orth,
diretora da Proema. (ambienteenergia)
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