O governo do
primeiro-ministro Shinzo Abe quer demonstrar capacidade de ação. Tóquio passou
a atuar diretamente conter os estragos na usina de Fukushima, depois que
notícias divulgaram que os níveis de radiação na área da central nuclear
avariada após o terremoto de 2011 seriam muito mais elevados do que se considerava
até então.
Ônus milionário para
contribuintes
O governo japonês
pretende disponibilizar o equivalente a 360 milhões de euros (R$ 1,1 bilhão)
para a segurança das instalações. A verba será aplicada na contenção de
vazamentos para evitar que água contaminada com radiação siga escoando. Um dos
planos prevê a construção de um muro protetor de terra congelada em torno dos
reatores, com quase 1,5 quilômetro de extensão.
Mensagem do chefe de
governo
“O mundo está nos
observando para ver se conseguimos realizar a desativação da usina nuclear de
Fukushima”, declarou o premiê japonês Shinzo Abe em 3 de setembro de 2013. O
governo anunciou sua intervenção na crise de Fukushima com grande efeito
midiático, poucos dias antes da decisão sobre o local dos Jogos Olímpicos de
2020. No sábado, 07/09, Tóquio foi escolhida, pela assembleia do COI (Comitê
Olímpico Internacional), para sediar os Jogos Olímpicos de 2020.
Números dramáticos
A radiação medida num
dos tanques de água, no terreno da ruína atômica, chegou a 2.200 milisievert
por hora. Em 03.09, falava-se em 1.800 Sv/hora no mesmo local – uma dose a que
um ser humano só consegue sobreviver por quatro horas.
Tepco continua alvo
de críticas
A companhia de
energia Tepco foi duramente criticada após a catástrofe nuclear de 2011 por sua
gestão ineficaz da tragédia. Agora, a operadora de Fukushima é acusada de
seguir tentando ocultar a extensão do desastre, só divulgando gradativamente ao
público os dados relevantes.
Volumes
incontroláveis de água
Após o terremoto e o
tsunami no litoral japonês, ocorreu a fusão do núcleo de alguns reatores de
Fukushima. Desde então bombeia-se água ininterruptamente para esfriá-los. O
líquido contaminado é armazenado em tanques, aguardando tratamento que
permitirá sua reutilização no resfriamento. O problema é que, diariamente, água
dos lençóis freáticos entra nos recipientes, misturando-se com a radioativa.
Recipientes
permeáveis
Os tanques em que a
água radioativa é coletada têm apresentado problemas recorrentes. A maior parte
deles é construída com placas de aço aparafusadas. Os vazamentos são
constantes. Deduz-se que água contaminada com radioatividade tenha vazado dos
tanques e chegado ao mar pelo sistema de esgotos.
Nível de alerta
elevado
Somente no dia 19 de agosto
de 2013 foi divulgado que cerca de 300 mil litros de água radioativa haviam
vazado e, em grande parte, escoado para o meio ambiente. Devido a esse
distúrbio, o mais grave desde a fusão do reator, a agência japonesa de
segurança nuclear NRA elevou, pela primeira vez, o nível de alerta de 3 para 7
na Escala Internacional de Acidentes Nucleares (Ines).
Destino final: o
Pacífico?
Para controlar as
massas de água dentro da usina, a agência japonesa de vigilância nuclear NRA
não exclui bombear líquido para o Oceano Pacífico de forma controlada –
contanto que a contaminação radioativa esteja abaixo do “valor limite”. Segundo
Shunichi Tanaka, presidente da NRA, tal passo é “inevitável”, pois não há
capacidade de armazenamento para o gigantesco volume de água contaminada.
À sombra da ruína
nuclear
A catástrofe atômica
de Fukushima seguirá preocupando a população da região durante muito tempo. De
acordo com a Tepco, a completa normalização na usina avariada poderá demorar
até 40 anos. (EcoDebate)
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