Acordo do clima sela o
destino dos combustíveis fósseis
Algo
para que o acordo de Paris (COP21) aponta é o fim da utilização dos
combustíveis fósseis como meta alcançável ainda neste século, assim como a
expectativa de haver um esforço global para sua viabilização no mais curto
prazo possível, em vista das evidências da progressão de altas temperaturas no
planeta, devido ao efeito estufa. Este ponto foi consensual no encontro e traz
um enorme significado para nossa civilização industrial.
Nossa
atual civilização se baseia em um modelo que busca o crescimento econômico por
meio da utilização ótima de insumos e fatores de produção (capital físico e
trabalho). Esse modelo, ao longo das últimas décadas, conseguiu elevado
crescimento da economia mundial, permitindo a milhões de pessoas um desfrute em
altos níveis de qualidade de vida. No entanto, esse crescimento foi alcançado
com o esgotamento de recursos naturais e, consequentemente, a degradação e perda
de ecossistemas.
Privilegiando
a vertente econômica em detrimento das variáveis ambientais e social, o modelo
se caracteriza pelo uso intensivo de combustíveis fósseis, pela exploração
abusiva dos ecossistemas e a não utilização de métodos eficazes na
administração de recursos naturais – como a água e o sol.
O
acordo de Paris possibilita o surgimento de um modelo de produção integral e
inclusivo que leva em consideração as variáveis ambiental e social, se pautando
por baixas emissões de carbono com a utilização predominante de energias
renováveis e uso racional e sustentável dos recursos naturais.
Ocorre
que para ser possível o gradativo abandono dos combustíveis fósseis é
necessário que as sociedades avancem no desenvolvimento de inovações verdes que
permitam a obtenção de energia de fontes alternativas a um custo mais baixo.
Neste
aspecto, o acordo do Paris abre uma ampla possibilidade de renovação industrial
que provocará mudanças significativas em processos, produtos e serviços nos
próximos anos. Muitos investimentos que priorizaram os combustíveis fósseis nos
últimos tempos deverão ser repensados e provavelmente abandonados.
Outro
aspecto a ser considerado é a necessidade de inovações, a qual permitirá o
desenvolvimento sem precedentes do empreendedorismo. Isso acontece uma vez que
a iniciativa empreendedora consiste em adaptar o avanço científico e
tecnológico à atividade produtiva, desenvolvendo novidades que desequilibrarão
a estrutura do mercado.
Este
processo foi denominado por Joseph Schumpeter como “destruição criativa”, que é
quando as tecnologias existentes são superadas por inovações radicais, adotadas
por empreendedores dinâmicos, provocando uma ruptura no mercado. Nesse
movimento, aqueles que não se adaptam são excluídos e substituídos por aqueles
que se identificam com o novo paradigma.
Países
que avançarem neste processo de inovação terão a vantagem de contribuir como
indutores de um desenvolvimento mais sustentável. Algumas medidas que podem ser
tomadas de imediato são: o aumento de investimentos em pesquisa de fontes
renováveis, incentivos fiscais para adoção de mecanismos que utilizem a energia
limpa, favorecimento da concessão de serviços públicos para empresas que
apresentarem frota de veículos que utilizem combustível verde, estimulo à
pesquisa nas universidades entre outras.
A
inovação é o verdadeiro motor da economia, e nesse sentido, as decisões tomadas
em Paris na COP-21 contribuirão para provocar o surgimento de um novo tipo de
desenvolvimento. A tendência de utilização predominante de fontes renováveis é
irreversível, as organizações que se prepararem sobreviverão, as demais serão
“criativamente” destruídas. (ecodebate)
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