País deve investir em
biocombustíveis de aviação para reduzir emissões
A concretização do plano de longo prazo para o
desenvolvimento dos biocombustíveis no Brasil – a ser lançado pelo governo
federal sob o nome de RenovaBio 2030 – pode gerar investimentos de até R$ 5
bilhões em refinarias para produção de bioquerosene com a geração de 60 mil
postos de trabalho nos próximos anos. A estimativa foi apresentada pela União
Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) ao diretor de Biocombustíveis
do Ministério de Minas e Energia, Miguel Ivan Lacerda, em 29/11/16.
Segundo o diretor de Biocombustíveis de Aviação da
Ubrabio, Pedro Scorza, o investimento no desenvolvimento da cadeia de
bioquerosene se justifica ambiental e socioeconomicamente. Scorza, que também
representa a GOL Linhas Aéreas, explicou que o bioquerosene é uma solução
efetiva para o cumprimento das metas de redução das emissões de gases de efeito
estufa e que a companhia aérea tem interesse em comprar o biocombustível, desde
que haja paridade de preço com o fóssil.
“Tornar o setor aeronáutico mais sustentável é um
desafio que pode ser superado com o desenvolvimento de cadeias de biomassa para
produção do combustível renovável de aviação. Há quatro anos, a Ubrabio e a GOL
vêm trabalhando na estruturação de uma cadeia para o bioquerosene, em conjunto
com diversos stakeholders”, conta.
Segundo o diretor superintendente da Ubrabio,
Donizete Tokarski, a necessidade de investir na produção de bioquerosene como
parte do esforço para evitar o aumento da temperatura global foi discutida
também durante a Conferência Mundial do Clima (COP 22), no Marrocos. “No céu
não tem tomada. O bioquerosene se mostra como a alternativa mais viável para
substituir o querosene fóssil e é a opção que pode atender mais rapidamente
essa necessidade do setor de aviação”, aponta Tokarski.
No início de novembro, o Brasil participou da COP
22, que culminou com a Declaração de Marrakech, onde chefes de Estado e de
delegações de todos os países envolvidos com o Acordo de Paris confirmaram o
compromisso de redução das emissões de gases do efeito estufa como forma de
conter o aquecimento global. No Acordo, o governo brasileiro comprometeu-se
oficialmente a cortar as emissões do país em 37% até 2025, e em 43% até 2030, tendo
como base o ano de 2005.
Paralelamente, o setor de aviação internacional –
que representa cerca de 2% das emissões globais, com perspectivas de amplo
crescimento até 2050 – firmou um acordo para neutralizar as emissões a partir
de 2020. O documento, definido na 39ª Assembleia da Organização de Aviação
Civil Internacional (Oaci) estabelece que, a partir de 2021, empresas aéreas
com voos partindo ou chegando dos países signatários reduzam ou compensem as
emissões que ultrapassem os níveis de 2020.
Para o representante da Embraer Marcelo Gonçalves,
os biocombustíveis de aviação são “uma baita oportunidade para o Brasil”. “Esse
mercado vai ser necessário. Quem pratica voos internacionais vai ter que
mitigar emissões. A solução é o biocombustível aeronáutico”. Marcelo destacou
ainda os benefícios sociais e econômicos de investir nessa indústria. “A
indústria vai requisitar mão de obra qualificada e exigir modelos de formação
interdisciplinares”.
RenovaBio
Já o diretor de Biocombustíveis do MME, Miguel Ivan
Lacerda, destacou que o Brasil acerta ao apostar nos combustíveis renováveis e
que a proposta da plataforma RenovaBio 2030 é chamar os elos da sociedade e da
indústria para construção de uma agenda transparente e estratégica, para que o
setor possa crescer com “previsibilidade, tranquilidade e segurança”, conforme
as palavras do ministro Fernando Coelho Filho.
Rede de Bioquerosene
Durante o encontro também foi articulada a
estruturação de uma Rede Brasileira de Pesquisa em Bioquerosene.
A iniciativa é fruto do diálogo entre os
pesquisadores Donato Aranda (UFRJ/Ubrabio), Nataly Albuquerque dos Santos
(UFPB) e Amanda Duarte Gondim (UFRN), o MME e os representantes da iniciativa
privada presentes na reunião. (biodieselbr)
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