Licitação
em SP vai exigir redução de emissões dos ônibus sem limitar tecnologias.
O
edital de licitação do sistema de transporte de passageiros de ônibus da
capital paulista vai privilegiar a redução dos poluentes, mas sem distinguir
entre as diversas opções tecnológicas à disposição. A informação foi confirmada
na reunião da Comissão Extraordinária Permanente de Meio Ambiente – realizada
em 20/06/17 pelo superintende de Engenharia e Mobilidade Veicular da SPtrans,
Simão Saura Neto.
Ele
disse que o principal objetivo dessa decisão é não cercear a evolução
tecnológica, já que esse novo contrato vai durar 10 anos. “Isso vai permitir
que as tecnologias que estão em vigor hoje e as que venham a surgir possam ser
utilizadas ao longo do contrato”, disse ele.
Saura
Neto explicou como deverá ser feita a fiscalização dessa redução de poluentes,
que acontecerá anualmente, com metas a serem cumpridas. “Nós vamos definir por
meio de uma equação matemática, utilizando dados do inventário do Ministério do
Meio Ambiente. E através dessa equação, ano a ano, nós vamos avaliando o
impacto da redução da poluição e verificando se ela atinge as metas definidas
em contrato”, informou.
O
secretário Municipal do Verde e do Meio Ambiente, Gilberto Natalini, disse que
a secretaria participa ativamente nos aspectos ambientais da elaboração do
edital de licitação.
“Nós
discutimos tecnicamente, economicamente, para que seja feita uma mudança no
tipo de motor, no tipo de combustível que vai ser usado. E que isso possa, no
decorrer dos anos, ir diminuindo a emissão desses venenos: tanto dos
particulados de enxofre, que atingem a saúde humana, como dos gases de efeito
estufa que atingem a saúde do planeta como um todo”.
O
Greenpeace apresentou um estudo de impacto da frota de ônibus na saúde dos
municípios, caso se mantenha o diesel nos ônibus. Davi Martins, integrante da
campanha do Clima e Energia do Greenpeace, explicou que esse estudo fez uma
projeção para o período entre 2017 a 2050. Foi constatado que o impacto da
continuidade do uso do diesel na frota municipal de ônibus geraria milhares de
mortes.
“De 2017 até 2050 nós teremos quase 180 mil mortes, relacionadas
exclusivamente à poluição do diesel emitido pelos ônibus municipais de São
Paulo. E nós estamos propondo dois cenários de transição nesse estudo. Ambos
mostram que com uma transição feita de forma rápida, com combustíveis limpos,
100% renováveis, nós podemos salvar até 13 mil vidas até 2050”, defendeu.
O
estudo do Greenpeace calcula que haverá uma economia de R$ 4 bilhões no período
se houver essa troca da matriz energética dos ônibus, do diesel para os
biocombustíveis, elétrico ou híbrido.
O presidente da Comissão Extraordinária do Meio Ambiente, Reginaldo Trípoli (PV),
lembrou que a cidade de São Paulo não conseguirá cumprir a Lei 14.933/2009, que
prevê que para 2018 todos os ônibus do sistema de transporte público sejam
movidos a motores de combustível renovável não fóssil. Agora ele entende que
isso não deve se repetir, inclusive com adoção de punições para o não
cumprimento do que for estabelecido.
“Estamos
tomando muito cuidado e trazendo esse debate aqui para dentro da Casa. É
preciso que existam punições para a não transformação dessa frota, que
contribui com a poluição e com a morte de milhares de pessoas na cidade de São
Paulo.”
Atualmente,
a cidade de São Paulo conta com cerca de 15 mil ônibus, praticamente todos
movidos a diesel. A Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes deve
divulgar o edital de licitação do sistema de transporte de passageiros de
ônibus da capital paulista nos próximos dias, mantendo a ideia de divulgá-lo
ainda no 1º semestre. (biodieselbr)
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