O que é energia solar e como
funciona o processo de geração de eletricidade?
Energia heliotérmica ou fotovoltaica? Entenda o que é, as diferenças e saiba qual o tipo de energia solar é mais vantajosa.
O que é energia solar?
A energia solar é a energia
eletromagnética cuja fonte é o sol. Ela pode ser transformada em energia
térmica ou elétrica e aplicada em diversos usos. As duas principais formas de
aproveitamento da energia solar são a geração de energia elétrica e o
aquecimento solar de água.
Para a produção de energia
elétrica são usados dois sistemas: o heliotérmico, em que a irradiação é
convertida primeiramente em energia térmica e posteriormente em elétrica; e o
fotovoltaico, em que a irradiação solar é convertida diretamente em energia
elétrica.
Energia heliotérmica ou energia
solar concentrada (CSP)
Segundo o Ministério de Minas e
Energia, o Brasil tem cerca de 70% de sua matriz elétrica baseada em energia
hidráulica, e mais recentemente outras fontes de energia, como a biomassa, a
eólica e a nuclear vêm recebendo estímulos.
Em vista de condições
hidrológicas desfavoráveis, com períodos de estiagem cada vez mais prolongados,
a energia heliotérmica se apresenta como uma alternativa. Ainda mais se
considerarmos que os períodos de seca estão associados ao aumento do potencial
solar devido à baixa interferência de nuvens e radiação solar mais intensa.
Há vários tipos de coletores e a
escolha do tipo apropriado depende da aplicação. Os mais utilizados são: o
cilindro parabólico, a torre central e o disco parabólico.
Como funciona?
Os coletores solares são
equipamentos que captam a radiação solar e a convertem em calor, transferindo
este calor para um fluido (ar, água, ou óleo, em geral). Os coletores possuem
uma superfície refletora, que direciona a radiação direta a um foco, onde está
localizado um receptor. Uma vez tendo absorvido o calor, o fluido escoa pelo
receptor.
Energia solar fotovoltaica
A
energia fotovoltaica é aquela na qual a irradiação solar é transformada
diretamente em energia elétrica, sem passar pela fase de energia térmica
(característica do sistema heliotérmico)
Como funciona?
As células fotovoltaicas (ou
células solares) são feitas a partir de materiais semicondutores (normalmente o
silício). Quando a célula é exposta à luz, parte dos elétrons do material
iluminado absorve fótons (partículas de energia presentes na luz solar).
Os elétrons livres são
transportados pelo semicondutor até serem puxados por um campo elétrico. Este
campo elétrico é formado na área de junção dos materiais, por uma diferença de
potencial elétrico existente entre esses materiais semicondutores. Os elétrons
livres são levados para fora da célula solar e ficam disponíveis para serem
usados na forma de energia elétrica.
Ao contrário do sistema
heliotérmico, o sistema fotovoltaico não requer alta irradiação solar para
funcionar. Contudo, a quantidade de energia gerada depende da densidade das
nuvens, de forma que um número baixo de nuvens pode resultar em uma maior
produção de eletricidade em comparação a dias de céu completamente aberto,
devido ao fenômeno da reflexão da luz solar.
A eficiência da conversão é
medida pela proporção de radiação solar incidente sobre a superfície da célula
que é convertida em energia elétrica. Atualmente, as células mais eficientes
proporcionam 25% de eficiência.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o governo atualmente desenvolve projetos de geração de energia fotovoltaica para suprir as demandas energéticas das comunidades rurais e isoladas. Estes projetos focam algumas áreas como: bombeamento de água para abastecimento doméstico, irrigação e piscicultura; iluminação pública; sistemas de uso coletivo (eletrificação de escolas, postos de saúde e centros comunitários); atendimento domiciliar.
O aproveitamento térmico
Outra forma de aproveitamento de
radiação solar é o aquecimento térmico. O aquecimento térmico a partir de
energia solar pode ser feito por meio de um processo de absorção da luz solar
por coletores, que são normalmente instalados nos telhados das edificações e
residências (conhecidos como painéis solares).
Como a incidência de radiação
solar sobre a superfície terrestre é baixa, é necessário instalar alguns metros
quadrados de coletores.
Segundo a Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel), para atender o suprimento de água aquecida em uma
residência de três a quatro moradores, são necessários 4 m² de coletores.
Apesar da demanda por esta tecnologia ser predominantemente residencial, também
existe o interesse de outros setores, como edifícios públicos, hospitais,
restaurantes e hotéis.
Se você tem interesse em instalar
um sistema de aquecimento solar na sua residência, a eCycle te ajuda. Confira o
Guia para a instalação de energia solar em casa.
Quais são os prós e os contras da
energia solar?
A energia solar é considerada uma
fonte de energia renovável e inesgotável. Ao contrário dos combustíveis fósseis,
o processo de geração de energia elétrica a partir da energia solar não emite
dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (NOx) e dióxido de
carbono (CO2) - todos gases poluentes com efeitos nocivos à saúde
humana e que contribuem para o aquecimento global.
A energia solar também se mostra
vantajosa em comparação a outras fontes renováveis, como a hidráulica, pois
requer áreas menos extensas do que hidrelétricas.
O incentivo à energia solar no
Brasil é justificado pelo potencial do país, que possui grandes áreas com
radiação solar incidente e está próximo à linha do Equador.
As regiões semiáridas do nordeste
brasileiro são ideias para a geração de energia heliotérmica, pois atendem às
condições de alta irradiação solar e baixa pluviosidade.
Uma desvantagem da energia
heliotérmica, no entanto, é que, apesar de não exigir áreas tão extensas quanto
às hidrelétricas, ainda requer grandes espaços. Portanto, é crucial que se faça
a análise do local mais apropriado para a implantação, uma vez que haverá a
supressão da vegetação. Além disso, como já mencionado, o sistema heliotérmico
não é indicado para todas as regiões, pois é considerado bastante intermitente.
A não dependência da alta
irradiação é uma grande vantagem do sistema fotovoltaico, o que contribui para
que seja apontado como alternativa.
No caso da energia fotovoltaica,
a desvantagem mais frequentemente apontada é o alto custo de implantação e a
baixa eficiência do processo, que varia de 15% a 25%.
No entanto, outro ponto de
extrema importância a ser considerado na cadeia produtiva do sistema
fotovoltaico é o impacto socioambiental causado pela matéria prima mais
comumente usada para compor as células fotovoltaicas, o silício.
A mineração do silício, assim
como qualquer outra atividade de mineração, tem impactos para o solo e a água
subterrânea da área de extração. Além disso, é imprescindível que sejam
proporcionadas boas condições ocupacionais aos trabalhadores, a fim de evitar
acidentes de trabalho e desenvolvimento de doenças ocupacionais. A Agência
Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc) aponta, em relatório, que a
sílica cristalina é cancerígena, podendo causar câncer de pulmão ao ser
cronicamente inalada.
O relatório do Ministério de
Ciência e Tecnologia aponta outros dois pontos importantes relacionados ao
sistema fotovoltaico: o descarte dos painéis deve receber destinação
apropriada, uma vez que este apresentam potenciais de toxicidade; e a
reciclagem de painéis fotovoltaicos também não atingiu um nível satisfatório
até o momento.
Outro ponto importante é que,
apesar do Brasil ser o segundo maior produtor de silício metálico do mundo,
perdendo apenas para a China, a tecnologia para a purificação do silício a
nível solar ainda está em fase de desenvolvimento. Um problema recentemente
identificado, principalmente em plantas heliotérmicas, é a queima não
intencional de pássaros que passam pela região.
Portanto,
mesmo sendo renovável e não emitindo gases, a energia solar ainda esbarra em
empecilhos tecnológicos e econômicos. Apesar de promissora, a energia solar se
tornará viável economicamente apenas com a cooperação entre setores públicos e
privados, e com o investimento em pesquisas para o aprimoramento das
tecnologias que englobam o processo produtivo, desde a purificação do silício
até o descarte das células fotovoltaicas. (ecycle)
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