Petróleo deverá atingir o
pico de consumo em 2025 e iniciar uma curva declinante nas próximas décadas
alterando a geografia lideres energéticos.
Mudanças fundamentais no
setor elétrico estão tomando forma no setor elétrico de todo o mundo e irá
afetar diretamente quase todos os países ao ponto de levar a amplas
consequências geopolíticas. Essa é a principal conclusão de um estudo realizado
pela Comissão Global de Geopolítica de Transformação da Energia, e lançado pela
Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês) sob o
título “A New World: The Geopolitics of the Energy Transformation”. A
publicação destaca que enquanto as fontes renováveis continuarão a expandir sua
presença global superando, por volta de 2050 o uso do petróleo, os combustíveis
fósseis devem chegar ao seu pico em 2025 e iniciar uma curva de declínio depois
de dois séculos de uso.
Essa perspectiva de mudança
está apoiada no fato de que os custos das renováveis caem significativamente,
mais do que qualquer outra fonte. Dentre as características que levarão à
mudança apontada está o fato de ser descentralizada, diferentemente dos
combustíveis fosseis, que atribuíam aos países detentores das reservas maior
poder sobre aqueles que dependem de comprar esses energéticos. Essa redução de
custo, inclusive, destaca o estudo, já coloca as fontes em um mesmo pé de
igualdade quando se avalia a competitividade.
Além disso, o avanço das
novas tecnologias viabiliza cada vez mais a penetração de veículos elétricos,
climatização, eficiência energética, digitalização da rede e armazenamento
abrem mais espaço para as renováveis. Essas tendências, aponta, estão criando
um momento irreversível para a transição energética. As fontes eólica, solar e
outras renováveis estão liderando uma quebra de paradigma ainda mais que
contribuem com a redução da emissão de gases de efeito estufa e a poluição
atmosférica.
Outra característica
comparativa entre as duas formas de geração é que a centralizada tende a
concentrar nas mãos de poucos os seus benefícios financeiros. No
decentralizada, por sua vez, os consumidores têm a oportunidade de ser mais
ativo e poder de escolha, bem como de dividir esses benefícios, incrementando o
fator social dessa forma de produção de energia.
Como consequência desta
atratividade, lembra o estudo, desde 2016 o setor de energia tem atraído mais
investimento que o segmento de exploração e produção de óleo e gás, que
tradicionalmente dominavam os aportes em energia em todo o mundo. Esse,
destacaram os autores, é um reflexo do que vem ocorrendo com a tendência de
eletrificação da economia global. Esse comportamento vem na esteira de
tendências que norteiam a expansão das renováveis como custos declinantes, maior
conscientização quanto a poluição e mudanças climáticas, as metas para energia
renovável adotadas em todos os continentes, a inovação tecnológica, ação das
empresas, investidores e resposta à opinião pública.
Com isso, líderes políticos e
empresariais de todo o mundo apontaram as implicações geopolíticas de longo
alcance de uma transformação do setor de energia impulsionada pelo rápido
crescimento das energias renováveis nesse relatório. A conclusão é de que as
consequências de uma nova era da energia podem ser tão profundas quanto as que
acompanharam a mudança da biomassa para os combustíveis fósseis dois séculos
atrás. Essas mudanças incluem mudanças na posição relativa dos estados, o
surgimento de novos líderes de energia, atores energéticos mais diversificados,
mudanças nas relações comerciais e o surgimento de novas alianças.
As fontes renováveis de
energia são recursos energéticos que se regeneram em curto prazo.
O relatório apresentado
analisa as implicações geopolíticas da transformação global de energia
impulsionada por renováveis. O trabalho teve duração de dez meses, envolvendo
quatro reuniões realizadas em Berlim (Alemanha), Oslo (Noruega), Reykjavik
(Islândia) e Abu Dhabi (Emirados Árabes), respectivamente, bem como consultas a
líderes empresariais, académicos e pensadores políticos. É informada por uma
série de documentos de base elaborados por especialistas nas áreas de energia,
segurança e geopolítica. A comissão conta com a participação da brasileira
Izabela Teixeira ex-ministra do Meio Ambiente no país.
Uma recomendação é a de que
os países devem se preparar para as mudanças futuras e desenvolver estratégias
para melhorar as perspectivas de uma transição suave. Ao mesmo tempo, continua,
a transformação de energia gerará novos desafios. Um dos mais claros é que os
países exportadores de combustíveis fósseis podem enfrentar instabilidade se
não se reinventarem para uma nova era da energia, lembrando que empesas
petroleiras já se movimentam em direção a essas fontes de geração.
Fontes de energia são
recursos naturais ou artificiais que possibilitam a produção de energia.
Na avaliação da comissão, uma
rápida mudança dos combustíveis fósseis poderia criar um choque financeiro com
consequências significativas para a economia global, pois, trabalhadores e
comunidades que dependem de combustíveis fósseis podem ser atingidos
adversamente. E ainda, aponta que novos riscos podem surgir em relação à
segurança cibernética e novas dependências de certos minerais. (canalenergia)
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