Primeira usina heliotérmica
do Brasil deve entrar em operação até o fim do mês.
De acordo com Jonas Gazoli, sócio da Eudora, a empresa começou a trabalhar com essa tecnologia em 2015. A Usina Termossolar de Porto Primavera faz a conversão da energia do sol em calor, enquanto a fotovoltaica faz a conversão da luz em eletricidade. Grandes espelhos parabólicos captam os raios solares e concentram a energia esquentando um fluido térmico. Esse ‘óleo’ é usado em uma caldeira para gerar vapor, que acaba movimentando uma turbina que produz eletricidade.
Vista aérea da usina termossolar Porto Primavera
Segundo Gazoli, uma das
grandes vantagens dessa tecnologia na comparação com a solar fotovoltaica é que
permite o armazenamento de forma barata em um meio térmico. No caso de Porto
Primavera, a energia térmica ficara armazenada em um tanque de 23 metros de
altura cheio do fluido. “Esse óleo é aquecido com o calor do sol e fica
armazenado ali. A nossa energia térmica está armazenada no óleo”, explica. Esse
óleo não é considerado poluente e em caso de vazamento, ele se dá em forma de
vapor.
Esse armazenamento faz com
que a tecnologia heliotérmica tenha condição de ser despachável. O sócio da
Eudora revela que aí aparece a vantagem dessa fonte, que é uma intermitente com
capacidade de ser firme por conta do controle do despacho do armazenamento.
Outra vantagem que Gazoli relata é que a tecnologia heliotérmica pode ser
utilizada para aumentar a eficiência de parques geradores térmicos a biomassa
ou para cadeia de vapor Industrial. “Há UTEs em que a eficiência da biomassa é
menor do que a eficiência de projeto, então a gente poderia colocar uma usina
heliotérmica do lado só para gerar vapor”, salienta.
Gazoli conta que hoje a
empresa também tem um produto nacional desenvolvido por ela, que é um coletor
heliotérmico. Esse equipamento tem engenharia e fabricação próprias e está
sendo instalado em uma unidade de Furnas em Aparecida de Goiânia (GO). o
objetivo é a partir do segundo semestre, colocar o produto no mercado para
novas usinas de geração centralizada, de eletricidade e de geração de vapor
para a indústria de uma forma geral. O campo solar que compõe os espelhos
coletores, os tubos e a estrutura é a parte que demanda mais investimento na
usina.
Sem fazer parte de nenhum plano de incentivo, a fonte ainda não tem uma demanda de mercado e é mais cara que a solar tradicional, apesar da vantagem da despachabilidade. O sócio da Eudora vê o projeto na usina da Cesp como pontapé inicial e acredita que vai ser um chamariz para novas oportunidades. “Temos tecnologia madura e operacional, um produto nacional, engenharia própria. Temos condições agora de começar a fomentar o mercado”, observa. No resto do mundo a fonte heliotérmica já é bastante difundida. A Espanha possui usinas em operação, assim como Estados Unidos e países do Oriente Médio. A China deverá ser a próxima fronteira.
A pandemia foi um desafio na construção da usina. Gazoli conta que havia uma rotina de testagem semanal em todos os envolvidos na obra. A escolha de Porto Primavera foi estratégica, por lá sediar um laboratório da Cesp e estar em uma região no estado interessante para a tecnologia heliotérmica. (canalenergia)
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