O
potencial eólico onshore do Rio Grande do Norte dobrou em relação ao estimado
20 anos atrás, chegando ao pelo menos 93 GW a 200 metros de altura – o
equivalente a 15 vezes o que está em operação atualmente em seu território. O
dado foi revelado com a última versão do Atlas Eólico e Solar do estado,
lançado essa semana e que avalia pela primeira vez os projetos no ambiente
offshore e na fonte fotovoltaica, esta última exibe potencial de 82 GWp para
projetos centralizados.
Por
sua vez, o potencial para futura geração de aerogeradores no mar alcança 54,5
GW e seria suficiente para suprir cerca de ⅓ de toda energia elétrica
brasileira em 2020, de aproximadamente 651 TWh. As áreas mais promissoras estão
no Litoral Norte, com o estado também se destacando pela abundância em energia
solar. Vale lembrar que o estado é o maior produtor brasileiro de energia
eólica.
Os dados e análises constam do documento de 200 páginas divididas em oito capítulos. Disponível online, o Atlas é fruto de um Termo de Colaboração firmado entre o governo, através da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), e a Federação das Indústrias (FIERN), com execução do SENAI-RN, por meio do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER). Também conta com participação da Camargo Schubert Wind Engineering.
Melhores áreas para desenvolvimento offshore estão no litoral norte, com alguns projetos já catalogados no IBAMA (G20).
O
levantamento aponta as melhores áreas para desenvolvimento de novos projetos
renováveis, trazendo textos, mapas e outras imagens com informações sobre as
regiões mais promissoras para diferentes investimentos em terra, mar. No caso
da energia solar também está em lagos, açudes e barragens monitorados pela
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
Sobre
a eólica onshore, o documento aponta potencial de 56 GW com ventos acima de 7
metros por segundo (m/s) e considerando uma altura de 100 metros – compatível
com a média dos aerogeradores existentes nos atuais parques. O parâmetro é o
mesmo utilizado no primeiro Atlas Eólico potiguar, publicado duas décadas
atrás, em 2003. Mas não foi o único utilizado.
Rodrigo
Mello, diretor do SENAI/RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias
Renováveis, destaca que as análises apresentadas consideram alturas de até 200
metros e medições realizadas em conjunto com estações instaladas em campo,
entre elas, uma torre de 170 metros, a maior existente no Brasil, seis estações
solarimétricas, e uma torre no mar, no Porto-Ilha de Areia Branca.
Produção
e expansão
Em
áreas com velocidades de ventos maiores que 8 m/s, a 200 metros, mais de 26% da
área territorial do estado é apontada com condições ótimas para geração eólica.
Medições acima de 140 metros, com essa mesma velocidade, indicam uma capacidade
instalável de 24,4 GW, o dobro da capacidade instalada e contratada atual do
RN, de 12,2 GW.
A
produção anual nessas condições é estimada em 104 TWh/ano, o que representa
mais de 70% de toda a energia elétrica gerada no Nordeste em 2021 (147 TWh) e
mais de 4 vezes a energia eólica gerada atualmente no estado (24 TWh). Se
elevada a altura para 200 metros esse valor sobe para 286 TWh/ano.
Na análise da pesquisa, esse potencial “deve fomentar a implantação de novas linhas de transmissão e incentivar a instalação de projetos voltados ao mercado livre que possam gerar energia a um custo competitivo, capaz de incentivar a instalação de novas indústrias no estado e fomentar a geração de novos empregos”.
O estudo mostra as regiões imediatas para expansão de projetos nas fontes – conforme definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – de Açu e Mossoró, Currais Novos, João Câmara e Natal, apresentada como a mais promissora. A área, segundo o Atlas, “apresenta um grande potencial de desenvolvimento eólico para a altura de 200 metros, sendo que mais da metade dessas áreas podem ser viáveis para instalação de parques eólicos no futuro”.
Na
chamada área intermediária da capital potiguar, que compreende 75 municípios,
totalizando mais de 24% do território do estado, a capacidade instalável para
projetos eólicos vai de 35 GW a 51 GW. Destaca-se também nesse quesito o
município de João Câmara.
Offshore
Já
as localidades com maior potencial eólico em mar estão localizadas no Litoral
Norte, onde a capacidade instalável é estimada em 32,8 GW, o que representa o
dobro da estimativa oficial do governo brasileiro no Plano Nacional de Energia,
documento que traz projeções até o ano 2050. É justamente nessa região que
estão concentrados os primeiros complexos offshore cadastrados no IBAMA para
licenciamento no estado.
A
avaliação também frisa que o estado se destaca pela localização privilegiada,
aliada a uma plataforma continental extensa, com profundidades adequadas para a
instalação de turbinas eólicas. Considerando diferentes níveis de batimetria
(profundidade), avaliaram um total de 24 milhas náuticas em uma faixa de
distância da linha de costa de 2 Km até 45 Km. Os resultados também foram
separados considerando a parte do mar ao norte do estado (litoral setentrional)
e a porção do mar oriental.
Segundo
o ISI-ER, o ponto de vista offshore é abordado de forma muito mais aprofundada,
com alturas e parâmetros não contemplados em outros dos Atlas no Brasil, como
aspectos infraestruturais e ambientais, além de questões oceanográficas que vão
fazer a diferença para os projetos.
Solar
Potencial
de 82 GWp para geração solar centralizada, incluindo projetos acima de 5 MW, o
valor estimado é 2,5 vezes maior do que o consumo de energia elétrica de todo o
Nordeste brasileiro em 2019. Número sobe para 57 GWp de capacidade instalável
quando considerados apenas terrenos planos, o que corresponderia a
aproximadamente 25 vezes o consumo total de energia do estado em 2019.
Em geral, o documento mostra que todas as áreas do estado são promissoras para usinas de grande porte. A intermediária de Mossoró aparece, entretanto, como destaque, com mais de 50% da capacidade instalável total. E ainda, que as condições favoráveis no estado podem viabilizar projetos híbridos eólico-solar em municípios que já possuem muitos parques eólicos em operação, a exemplo de regiões como João Câmara, além da já citada Mossoró.
Executivos, pesquisadores e pesquisadoras no lançamento do Atlas Eólico e Solar em Natal (SENAI-RN).
Pesquisadores
e pesquisadoras também avaliaram a integração sobre açudes e lagoas
monitorados. Os estudos consideraram 10% da área útil em um conjunto de
reservatórios e identificaram uma capacidade instalável de 5,4 GWp, o que
equivale a 80% do consumo residencial, comercial, rural e industrial em 2019.
Para
geração distribuída o potencial potiguar também é apresentado como “abundante”,
com mais de 718 MWp, o dobro do que em 2022. Neste cenário, o Atlas estima ser
possível gerar entre 1 TWh e 1,3 TWh de energia, o que representa quase 20% da
energia consumida no estado em 2019. Também constam projeções sobre o uso de
energia solar em imóveis públicos.
O Atlas, aponta a entidade que realizou o estudo, é parte de um projeto mais amplo, que também incluiu o lançamento de uma plataforma com abastecimento contínuo de informações coletadas por torres e estações meteorológicas instaladas em campo, além de outras disponibilizadas por bases de dados oficiais, públicas. O investimento total do governo no projeto foi de R$ 2,6 milhões.
O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) desenvolveu e lançou para o mercado uma plataforma online do novo Atlas Eólico e Solar do Rio Grande do Norte. A ferramenta concentra informações sobre os ventos que sopram no estado onshore (em terra) e offshore (no mar), além do potencial de geração de energia solar. (canalenergia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário