Infinium inicia produção comercial de e-diesel (sem petróleo) no Texas.
A primeira planta de e-combustível em escala comercial do mundo começou a operar em Corpus Christi, no Texas (EUA), no final de março, produzindo e-diesel a partir de hidrogênio verde e CO2 capturado.
Com um pouco de atraso – a previsão era que o e-combustível estivesse
disponível no final de 2023 – a entrada em operação do projeto Pathfinder, da
Infinium, marca o início dos testes de viabilidade prática dessa alternativa
para a descarbonização do transporte pesado e de longa distância.
O e-diesel irá abastecer os caminhões que fazem a logística de
distribuição da Amazon nos EUA. A estratégia faz parte do compromisso da
multinacional em zerar as emissões de carbono até 2040.
Os e-combustíveis da Infinium são com dióxido de carbono (CO2) capturado e hidrogênio obtido a partir da eletrólise com energia renovável. O processo patenteado produz combustível sustentável de aviação (e-SAF), e-diesel e e-nafta, com “emissões ultrabaixas”, afirma a empresa.
Embora despontem como um potencial substituto dos derivados de petróleo para caminhões, aviões e navios – onde a eletrificação ainda é bastante desafiadora – os eletrocombustíveis têm suas próprias barreiras a superar.
Primeiro porque dependem de hidrogênio verde, cuja oferta global ainda é
menor que 2% de todo o H2 produzido.
Segundo, o custo de produção é alto e para ser atrativo para os
consumidores – as grandes empresas logísticas – depende de políticas e fundos
de incentivos, além de prêmios verdes.
Estudo do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático (PIK, em
alemão) aponta que os e-combustíveis serão escassos por muito tempo.
Até meados de 2023, o PIK identificou que cerca de 1% dos quase 60 novos
projetos anunciados até 2035 tinham decisão final de investimento.
Para se ter uma ideia de quão no início esse negócio está: a única outra instalação de e-combustível operacional no mundo é o projeto piloto Haru Oni da HIF Global, no Chile, que há um ano enviou pouco mais de 24 mil litros de e-gasolina para testes nos carros de corrida da Porsche no Reino Unido.
Conta ainda não fecha
A demanda por soluções para descarbonizar a logística ainda é baixa.
Segundo estimativas da McKinsey, a pressão de grandes empresas para reduzir as
emissões da cadeia de suprimentos (Escopo 3) deve levar a demanda por frete
verde a representar aproximadamente US$ 350 bilhões em 2030, cerca de 15% do
gasto total em logística. Em 2025, a estimativa é de 2% (US$ 50 bilhões).
As soluções vão muito além dos eletrocombustíveis, incluem
biocombustíveis, eletrificação, gás natural e biometano, renovação de frota,
créditos de carbono, eficiência energética, entre outras.
“As empresas de logística estão ansiosas para atender à demanda dos
clientes, cumprir as metas regulatórias e capturar esse crescimento esperado.
No entanto, descarbonizar o setor envolverá despesas significativas”, observa a
consultoria.
Os analistas da McKinsey apontam que reduzir as emissões de maneira economicamente viável exigirá estratégias de comercialização eficazes. Mas, por enquanto, as empresas de logística ainda estão focadas em recuperar os gastos.
A pesquisa identificou que os clientes querem produtos de logística verde, mas não estão dispostos a pagar por eles: mais de 80% dos clientes não estão dispostos a pagar nem mesmo um prêmio de 10% por um produto verde. Enquanto apenas cerca de 10% estariam dispostos a pagar um prêmio de 20%. (biodieselbr)
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