terça-feira, 28 de outubro de 2025

Crise do Lixo Nuclear

A crise do lixo nuclear refere-se aos perigos ambientais e de saúde causados pelos resíduos radioativos da indústria e das armas nucleares, que contaminam solo, água e ar, e podem causar graves doenças em seres humanos e ecossistemas. O descarte inadequado, como o lançamento de barris no oceano entre as décadas de 1950 e 1980, agravou essa situação, que exige o isolamento de áreas contaminadas e a criação de locais seguros para armazenamento de longo prazo dos rejeitos.

O que é o lixo nuclear?

É um resíduo altamente perigoso, resultado da fissão nuclear no processo de geração de energia e na fabricação de armas.

Os isótopos de Urânio, ao se desintegrarem, emitem radiação gama, que pode invadir as células do organismo, causando doenças como câncer, anemia, catarata e leucemia.

Impactos ambientais e na saúde:

Contaminação de ecossistemas: A radiação tóxica contamina a fauna e a flora de um ambiente, causando danos permanentes e afetando o solo e os recursos hídricos.

Doenças graves: A exposição ao lixo nuclear pode desencadear o desenvolvimento de diversas doenças.

Contaminação de água e alimentos: Resíduos radioativos podem ameaçar a disponibilidade de água potável e alimentos saudáveis, afetando o abastecimento global, como alertam especialistas.

Desafios e soluções:

Descarte e armazenamento: Há uma dificuldade global em encontrar soluções seguras para o armazenamento permanente e o descarte de resíduos radioativos.

Armazenamento em locais subterrâneos: A recomendação é que os botijões de lixo nuclear sejam guardados em locais subterrâneos para minimizar o impacto ambiental.

Responsabilidade: Países como a Finlândia estão avançando no desenvolvimento de instalações de armazenamento final, defendendo que quem lucra com a energia nuclear também deve assumir a responsabilidade pelo lixo.

Exemplos históricos: Césio-137 em Goiânia:

O maior acidente radiológico do mundo, que causou mortes e a criação de uma nova cidade para alocar os rejeitos.

Lixo nuclear no oceano: Países europeus despejaram milhares de barris de lixo radioativo no fundo do oceano entre as décadas de 1950 e 1980, uma prática proibida em 1993.
Buscar alternativas ao despejo de água radioativa de Fukushima no oceano

Não há uma crise global de lixo nuclear em 2025, mas sim uma preocupação constante com o descarte do material radioativo, que é um desafio global. Um exemplo no Brasil é o leilão de lixo atômico em Itu, prorrogado por falta de compradores para as 3,5 mil toneladas de "Torta 2". No entanto, alguns países, como a Finlândia, estão avançando em soluções permanentes, com a construção de uma tumba geológica para o descarte seguro de resíduos.

O que é a "Crise do Lixo Nuclear"

A "crise" a que o artigo do MSN se refere é a dificuldade em gerenciar o lixo nuclear, que permanece radioativo por milhares de anos, exigindo soluções de armazenamento e descarte de longo prazo.

Exemplos e Notícias de 2025

Lixo Nuclear em Itu (SP): A cidade de Itu tem 3,5 mil toneladas de um resíduo radioativo conhecido como "Torta 2", proveniente do tratamento de minério da monazita. Um leilão para vender esse material foi prorrogado devido à falta de compradores.

Avanços na Finlândia: A Finlândia está construindo uma "tumba geológica" subterrânea para armazenar resíduos nucleares. O material será embalado em recipientes de cobre e depositado a mais de 400 metros de profundidade.

Monitoramento no Oceano Atlântico: Pesquisadores brasileiros, usando o navio L'Atalante, monitoram o lixo nuclear despejado no fundo do Atlântico. A tecnologia atual torna a recuperação desses resíduos extremamente difícil.

Desafios do Lixo Nuclear

Longa Vida Radioativa: O lixo nuclear leva milhares de anos para perder sua radioatividade, exigindo soluções de armazenamento seguras por longos períodos.

Dificuldade de Descarte: A busca por locais para um repositório final de lixo nuclear tem sido lenta e enfrentado protestos e desafios políticos em diversos países.

Impacto Ambiental: O descarte inadequado de lixo nuclear representa riscos de contaminação do meio ambiente.

Custos Elevados: A produção e o descarte de lixo nuclear, além do desmantelamento de usinas, geram custos elevados para os operadores das usinas e para a sociedade.

O navio de pesquisa L'Atalante monitora o lixo radioativo no oceano.

A busca pelo lixo nuclear despejado no fundo do Oceano Atlântico

O que os olhos não veem, o coração não sente. Este era o lema que regia o despejo de lixo radioativo no oceano. Até o momento, pesquisadores já descobriram mais de 1.800 barris do resíduo no nordeste do Atlântico.

Os barris radioativos foram despejados no oceano entre as décadas de 1950 e 1980 por vários países europeus, incluindo Reino Unido, Bélgica, Holanda, Suíça e Alemanha. Era a solução mais barata e simples para o descarte da indústria nuclear e de laboratórios de pesquisa.

A prática só foi proibida em 1993. Até então, porém, pelo menos 200.000 barris já haviam sido jogados apenas no nordeste do Atlântico, a profundidades de 3.000 a 5.000 metros.

Pesquisadores europeus a bordo do navio de pesquisa L'Atalante navegaram até a região onde provavelmente se encontra metade de todo o lixo nuclear: a Bacia Atlântica da Europa Ocidental, a mais de 1.000 quilômetros a oeste de La Rochelle, na França. O projeto se chama Monitoramento de Pesquisas de Locais de Despejo Nuclear no Oceano (Nodssum, na sigla em inglês).

Poucos dados sobre lixo nuclear no Atlântico

A equipe internacional de 21 pesquisadores quer criar um mapa de todos os locais onde barris foram encontrados. Até o momento, pouco se sabe sobre o lixo nuclear no oceano e sua localização exata.

"Em muitos casos, faltam informações sobre a condição ou a localização exata dos tambores, e os dados sobre o tipo e a origem dos resíduos radioativos são frequentemente incompletos ou de difícil acesso", disse Pedro Nogueira à DW. O bioquímico do Instituto Thünen de Ecologia Pesqueira, na cidade alemã de Bremerhaven, está a bordo do L'Atalante. Ele trabalha no monitoramento de substâncias radioativas no ambiente marinho há 10 anos.

De materiais de laboratório e roupas de proteção contaminados, resíduos da medicina, pesquisa e indústria, a resíduos de reatores nucleares, tudo está lá, diz o cientista. Embora os resíduos despejados sejam em grande parte lixo radioativo de baixo e médio nível, algumas dessas substâncias também são perigosas.

O estrôncio-90, por exemplo, que pode causar tumores ósseos e leucemia, especialmente se entrar no corpo humano. Outra dessas substâncias é o césio-137 — responsável pelo maior acidente radiológico já ocorrido no Brasil, em Goiânia nos anos 1980 — que também foi liberado durante o desastre do reator nuclear de Chernobyl. Até hoje, cogumelos selvagens e carne de caça em algumas regiões da Europa, incluindo a Baviera, na Alemanha, ainda estão fortemente contaminados com essa substância.

O plutônio, ou mais precisamente, o plutônio-239, também foi despejado em barris no Atlântico. É o isótopo de plutônio mais comumente produzido. Isótopos são tipos de átomos de um elemento que diferem do elemento original no número de nêutrons em seu núcleo.

O plutônio-239 tem uma meia-vida de mais de 24.000 anos, o que significa que sua radiação cai apenas pela metade.
Eliminação do oceano dos resíduos radioativos. Tambor de resíduos radioativos tóxicos no chão do oceano com os peixes na água contaminada, poluição do central nuclear, desastre ecológico da radiação, efluências tóxicas sujas, poluição ambiental, isolada.

Quanta radioatividade vaza para o oceano?

O líder do projeto Nodssum, Patrick Chardon, físico nuclear do laboratório de Clermont Auvergne, na França, suspeita que a radioatividade esteja escapando dos contêineres já há algum tempo. Embora os tambores sejam projetados para suportar a pressão das profundezas, eles não são projetados para reter a radioatividade.

"Sabemos que alguns tambores sofreram corrosão e que pequenas quantidades de radioatividade foram detectadas em sedimentos e organismos de águas profundas próximos a antigos depósitos", diz Pedro Nogueira. "No entanto, os dados disponíveis mostram que isso representa apenas um risco muito baixo para as regiões costeiras ou para a saúde humana." O monitoramento contínuo também mostrou que a radioatividade em peixes e frutos do mar está bem abaixo dos limites para consumo alimentar seguro.

Chardon estima que a radioatividade na grande maioria dos resíduos nucleares no Atlântico Norte desaparecerá após cerca de 300 a 400 anos. Segundo diz, apenas cerca de 2% dos resíduos têm uma duração de radiação significativamente maior.
Resíduos permanecerão no fundo do Atlântico

Os barris afundados no fundo do oceano provavelmente permanecerão onde estão. Recuperá-los seria extremamente difícil com a tecnologia atual e poderia representar grandes riscos ambientais, explica Nogueira.

O monitoramento contínuo dos resíduos nucleares no oceano é, portanto, essencial para detectar mudanças futuras na contaminação radioativa em tempo hábil e então tomar as medidas adequadas.

O cientista diz que a equipe do L'Atalante planeja permanecer no local por um total de quatro semanas. Não apenas para registrar a localização e as condições dos barris, mas também para coletar amostras de água, solo e animais. Essas amostras devem servir para demonstrar o impacto dos resíduos nucleares despejados no ecossistema. No total, os pesquisadores planejam examinar aproximadamente 200 km2 de área marinha. (uol)

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