terça-feira, 22 de maio de 2012

Rio+20 – Quando acabar

De nada adianta o direito de igualdade se não temos uma justiça que garanta este princípio, além de que nada adiantam as leis se criamos instrumentos para burlá-las, assim como nem tudo que é legal, é moral. Neste sentido não adiante discutirmos, estabelecermos agendas, definirmos metas se não as seguimos e criamos artifícios para fazer o que queremos. O Brasil tem tudo para viver ás custas de energia renovável, por outro lado estamos construindo termelétricas, assim como explorando inconsequentemente o petróleo, mesmo que às custas de tudo e de todos.
Criticamos muito a China, mas nestes últimos meses a mesma vem invertendo este cenário, firme em direção de um uso racional energético e investindo na renovação, isto é, investindo em energia renovável. Devíamos investir mais em energia solar, reuso de água cinza e de chuva, em mobilidade responsável.
O Estado do Rio de Janeiro, perdeu totalmente sua vocação de turismo e pior, está cego pelo petróleo esquecendo (ou fingindo não compreender) o esgotamento de suas reservas, isto é, acaba, e depois de acabar as cidades devem continuar a viver, mas já terão perdido toda a sua identidade. A dependência do petróleo, a que estamos sendo impostos, é como qualquer outra, como é fisicamente insustentável e ao acabar causa a depressão.
Há de se convir que mesmo as reservas do pré-sal são uma contribuição muito pequena para esta energia do mundo. Mas, esta febre faz com que sejam feitos vários outros empreendimentos atrelados á sua exploração e industrialização. A falta de planejamento faz com que ao fim desta matéria prima todos os negócios e empreendimentos se tornarão obsoletos, abandonados… Elefantes brancos.
Para todo o conhecimento que adquirimos neste tempo todo, é fora de moda nos limitar ao petróleo para desenvolvimento. Podemos ser melhores! Existem maneiras melhores de conquistarmos a prosperidade e garantirmos a qualidade.
Hoje cresce consideravelmente o número de polos navais por todo litoral brasileiro, será que o Brasil necessita de tantos? Parece mais uma forma de pulverizar, e assim sendo dificultar o controle (este em todos os sentidos) e através destes surge um surto de indústrias provocadas por estes empreendimentos, mas quais se manterão quando o ciclo do petróleo declinar nos próximos 20 anos de acordo com o crescimento mundial de demanda?
Regiões turísticas, como Saquarema, Maricá, entre outros simplesmente se tornarão polos industriais, é este tipo de desenvolvimentos que buscávamos? Acredito que a fórmula, (não mágica) para a garantirmos a Sustentabilidade Urbana, esteja na forma como se faz política e se queremos mudar o resultado, devemos mudar a política. Jamais mudaremos os resultados se não mudarmos fatores na operação.
Na Rio+20, deve-se abordar assuntos sobre a economia verde, algo importantíssimo, mas não podemos com ela encobrir a realidade de cidades do Estado do Rio de janeiro sobre a economia negra do petróleo a qualquer custo que vivemos indisfarçada e obscenamente. Sim, devemos abordar a erradicação da pobreza, este seria o eixo principal, mas todos esquecem da sinergia entre os impactos sociais em cidades desestruturadas, e sem pessoal capacitado para este mercado que só enxerga o ouro negro. Sem focar muito no ambiente, pois este está sendo parcelado, leiloado a quem ousar em investir sem tecnologias que garantam estas extrações do pré-sal, vide a Chevron.
Ao fim o Brasil está tentando se fantasiar de coerente. A clandestinidade neste mercado é o que garante que há algo de errado nele!
Não deve ser complicado ter o tão sonhado crescimento, com inclusão social e também com a proteção á natureza, é complicado nos livrarmos do vício da política politiqueira que estamos vivendo, mas se não o fizermos continuaremos nesta lengalenga. Às vezes me sinto como se vivesse em terapia de grupo, todos falam sobre os problemas, assumem responsabilidades, confessam até suas clandestinidades, mas é tudo ainda muito no campo filosófico e não prático.
A mobilização política, não está resumida a política partidária, sendo assim deveria ter mais participação da sociedade civil, pois ela é fundamental para incorporar a sustentabilidade às políticas públicas, e por esta razão devem ser ouvidas, e seus direcionamentos praticados pela administração pública. Ao fim de toda uma discussão de um problema junto à sociedade, se esta for ignorada e forçara a engolir aquilo que não quer, mais cedo ou mais tarde vai colocar tudo para fora!
Também não existe a apresentação de outras tecnologias ou alternativas para gerar de forma positiva a economia das cidades. Somente com acesso a todas estas informações é que a sociedade deverá escolher qual o modelo de desenvolvimento seria mais adequado.
O Brasil deixou de ser o país das oportunidades para ser de oportunistas governamentais. Devíamos nos atentar que pela escassez de matérias primas principalmente, mas também de outros recursos é o que nos faz estarmos num bom momento econômico, até mesmo pela alta na demanda para atender ao mercado internacional. Inovação e tecnologias não são nem vistas ou achadas neste sentido, o que é uma pena, esta alta demanda é o resultado daquilo que conservamos de nossos recursos, coisas que demais economias (em outros países) não fizeram.
Mas nestes últimos 10 anos, nós brasileiros, parecemos copiar o tipo de desenvolvimento que destrói, causando uma exaustão, para evitar isto, para pararmos de ir ao sentido contrário da modernidade deveríamos ter um desenvolvimento equilibrado e duradouro, com qualidade de vida. Estaremos poupando para o futuro e quando acabar certamente o mundo buscará em nós estes recursos. (EcoDebate)

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