Usinas Hidrelétricas: do
movimento das águas à eletricidade
É incrível pensar que a primeira hidrelétrica só
foi construída pouco antes do início do século XX, já que o funcionamento
básico dela é semelhante ao de um moinho movido à água, em diferentes
proporções. O Brasil ganhou sua primeira usina hidrelétrica nesta época, na cidade
mineira de Diamantina, utilizando a correnteza das águas do rio Ribeirão do
Inferno, afluente do rio Jequitinhonha. Com o racionamento de carvão no
pós-Segunda Guerra, as hidrelétricas já não eram responsáveis apenas pela
iluminação pública, mas também serviam como fonte dos bondes elétricos de
cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.
Esquema de funcionamento de uma hidrelétrica
Assim como um moinho tem a sua roda para moer grãos
e chegar no produto final, as usinas hidrelétricas possuem as turbinas. Conectadas
a um gerador, elas ajudam a produzir a energia que mais tarde é levada ao
transformador. A partir dali, a eletricidade pode ser encaminhada para os
distribuidores e chegar pronta na casa dos consumidores. Atualmente no mundo,
cerca de um quinto da energia elétrica vem de usinas hidrelétricas, o que
corresponde ao que poderia ser produzido através da queima de cinco bilhões de
barris de petróleo. A potência hidrelétrica do Brasil responde pela iluminação
de 92,4% do país.
Mesmo utilizando um recurso natural e limpo para a
produção da energia, a construção de uma hidrelétrica pode gerar um
desequilíbrio ambiental muito grande. Tudo porque para que uma usina funcione
adequadamente, a quantidade de água do rio deve ser padronizada, o que
naturalmente é impossível, já que há estações de secas e cheias. Para nivelar a
vazão do rio, barreiras são construídas, alagando grandes regiões e alocando
pessoas e animais. A flora local é a parte mais prejudicada, porque muitas
vezes são apenas alagadas, sem a possibilidade de serem replantadas. Os animais
também sofrem com o deslocamento e muitas vezes não se adaptam ao novo habitat.
O Brasil, juntamente ao Paraguai, possui a maior usina hidrelétrica do
mundo, construída no rio Paraná. A 14 quilômetros acima da ponte da Amizade,
que divide os dois países, a usina de Itaipu tem a capacidade de produzir 12,6
gigawatts (equivalente a 12,6 bilhões de watts) por hora, de um total de 17,7
gigawatts distribuídos por todas as usinas hidrelétricas brasileiras. Só a
produção por hora de Itaipu fornece energia a mais de 48 mil residências. O
primeiro, dos 20 geradores do projeto, entrou em funcionamento em 1984 e entre
as 19 restantes, apenas uma não foi construída em um espaço de tempo de sete
anos. Para os próximos anos, o governo espera concluir a construção do Complexo
do rio Madeira, em Rondônia.
É importante ressaltar que as barreiras não acabam
com o fluxo dos rios na saída das usinas. O que acontece é que após as usinas
utilizarem a água corrente, uma parte dela pode ser armazenada como medida de
segurança e o restante volta ao rio, limpa e natural como a que entrou e
iniciou todo o processo das turbinas. Diante de um mundo preocupado com a
quantidade de monóxido de carbono emitida e com a extinção de combustíveis, as
hidrelétricas podem ser uma das fontes de energia utilizada por muitas outras
gerações de pessoas, já que usa fontes naturais renováveis. Só precisam estudar
a melhor maneira de construí-las para que o impacto ambiental seja cada vez
menor.
Além disso, as usinas hidrelétricas só podem
funcionar perto de rios com quantidade razoável de água, o que geralmente faz
com que elas sejam construídas longe de grandes centros urbanos. Por isso, a
conta da energia elétrica se soma à eletricidade gasta, mas o serviço mais caro
fica por conta da rede de distribuição que muitas vezes possui uma manutenção
cara e contínua.
Alagamento causado pela construção de hidrelétrica
Portanto, mesmo dependendo de forças da natureza como a chuva, as
hidrelétricas ainda são a fonte mais utilizada no nosso país. É importante
saber que em lugares onde a água é farta, este tipo de energia acaba sendo a
fonte mais procurada, mas que em países com déficit hidráulico ou que possuem
conflitos entre fronteiras por causa da água, é necessário buscar outras fontes
mais seguras de produção de eletricidade.
No parque da Ciência, localizado no Museu da Vida/
Fiocruz, há um experimento que simula o funcionamento de uma usina elétrica. A
Pilha Humana funciona conforme a pessoa gira uma manivela que está presa a uma
roda de bicicleta. Em seguida, um aparelho que converte energia mecânica em
energia elétrica chamado dínamo, que mantém contato com o roda, também gira,
fazendo com que os ímãs e o fio de cobre que estão dentro dele produzam uma
corrente elétrica que acende uma lâmpada. Em proporção maior, este é o
funcionamento de uma turbina de usina hidrelétrica, que ao invés de usar a
força humana para girar, utiliza a força da queda d’água. (fiocruz)
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