Tabaco energético é sustentável e alternativa para
biocombustível
Tabaco
energético é a aposta das empresas italiana Sunchem e a gaúcha M&V
Participações. Uma iniciativa inédita no Brasil e já realiza a primeira
colheita do tabaco energético em uma área experimental de 10 hectares na
localidade de Rincão Del Rey, município de Rio Pardo, Rio Grande do Sul.
O objetivo
é proporcionar uma alternativa para o produtor de tabaco através do
aproveitamento das sementes para a fabricação de óleo vegetal e,
consequentemente, de biodiesel ou bioquerosene de aviação, ração animal e biomassa
para geração de energia.
A Sunchem
já investiu mais de 10 milhões de euros na Itália no desenvolvimento desta
tecnologia. “No Brasil, a M&V já investiu 1,5 milhão de reais e pretende
investir mais 20 milhões nos próximos 10 anos. Nosso plano é construir a
primeira indústria no sul do Brasil - Sunchem South Brazil - com produção
de 250 mil toneladas do tabaco energético ao ano”, explica o sócio executivo da
M&V Participações, Sérgio Detoie Cardoso Martins.
De acordo
com Detoie, não há lavoura mais rentável que a do tabaco para o fumo. “Nosso
foco é assistir o produtor de tabaco para ter uma renda adicional na área de
diversificação da lavoura. Hoje, a área média de um produtor de tabaco é de 16
hectares, onde dois deles são destinados à produção de tabaco para o fumo e
outros 14 para outras aplicações. O objetivo é dar ao produtor a oportunidade
de utilizar um percentual desta área de diversificação para produzir o tabaco
energético. Em nenhum momento competimos com a indústria fumageira”, esclarece
Sérgio.
No país, o
projeto do tabaco energético é desenvolvido desde 2010. De acordo com Detoie, a
Itália é o país mais avançado no assunto e já desenvolveu diversas aplicações
para o óleo. “Uma delas que está sendo comprovada é o bioquerosene de aviação.
O produto indica ter características físico-químicas muito vantajosas já que
seu ponto de congelamento é bastante inferior às alternativas disponíveis no
mercado. Como consequência, a energia utilizada para manter o combustível no
estado líquido a baixíssimas temperaturas em altitudes de cruzeiro é bem
menor”, ressalta Detoie. Atualmente, a tecnologia está sendo testada também nos
EUA, Norte da África e várias regiões da Europa. O Brasil possui algumas
vantagens competitivas muito promissoras para ser um grande produtor de tabaco
energético. “Hoje, o Brasil já é considerado um dos maiores produtores de
tabaco, é altamente desenvolvido no setor agrícola e desfruta de políticas
favoráveis ao uso do biocombustível”, salienta Sérgio Detoie.
Para os
próximos cinco anos, a Sunchem e a M&V Participações pretendem alcançar uma
área de cinco mil hectares para produzir 15 milhões de litros de
biocombustível. Uma boa alternativa para reduzir a dependência da principal
matéria-prima para a fabricação do biocombustível: soja.
Outra
matéria prima que veem se destacando para reduzir a dependência da soja é o
milho. “O problema, no entanto, é que o milho é um produto com baixa
rentabilidade na produção de combustível e seu uso nesta aplicação aumenta o
seu preço e de outros alimentos, como resultado de uma simples análise de
oferta e demanda. No mundo há um grande desafio: alimentar uma população que
pode chegar em 2050 com nove bilhões de pessoas. Entendemos que o milho deve
ser utilizado para alimentar as pessoas e não os veículos”, ressalta Detoie.
Case do
tabaco energético
O projeto
do tabaco energético iniciou em 2011 no Brasil. A primeira colheita de porte
para processamento industrial na América Latina está acontecendo na propriedade
de Nelson Tatsch em Rio Pardo (RS) e deve se estender por mais alguns dias.
Para conhecer a resistência da planta de tabaco energético, esta lavoura teste
foi desenvolvida no período contrário ao período recomendado para a planta do
tabaco. As mudas foram transplantadas nos meses de abril e maio e resistiram às
geadas nos dias 6 e 7 de junho, bem como às condições impostas pelo inverno
gaúcho. “Apesar dos desafios climáticos, a planta do tabaco energético cresceu
e produziu as sementes esperadas em condições adversas nas quais a planta de
tabaco para fumo não sobreviveria. Ainda não existem dados conclusivos sobre a
produtividade, mas há um reconhecimento notório sobre a planta ser muito
robusta. Além da manutenção da lavoura existente, temos planos para expor em
março de 2013, na feira Expoagro, uma lavoura de aproximadamente 600 metros
quadrados”, complementa.
Histórico
da Sunchem
A Sunchem é
uma empresa criada para o desenvolvimento e aproveitamento do tabaco
energético, sediada na província de Parma, na Itália, e fundada em 2007 a
partir da também italiana Idroedil. Para entender a Sunchem é preciso saber um
pouco sobre a Idroedil. Fundada nos anos 70, a empresa do dr. Carlo Ghilardi
demonstrou desde sempre que tem uma visão de longo alcance, focada na
tecnologia sustentável, pois já na época começou trabalhando com gestão de
resíduos e produção de energia de fontes renováveis. Há 30 anos, a Idroedil já
gerava aquecimento de estufas a partir de lixo urbano sólido, estando assim à
frente do seu tempo.
A Sunchem
nasceu com inovação e sustentabilidade em seu DNA. Paralelamente corre a
história da Plantechno, laboratório comandado pelo professor Corrado Fogher,
professor de genética agrícola na Universidade de Piacenza. A Plantechno
representa o lado científico do empreendimento e força motriz da pesquisa sobre
o tabaco. Desde 1990 o professor e sua equipe vêm efetuando análises genéticas
na planta do tabaco. Em 2003 foi aprimorada uma variedade sem nicotina, sem
transgenia, rica em óleo, com potencial econômico extremamente vantajoso. Estas
características tornam a variedade única em seu gênero e amplamente aproveitável.
Estava criado o embrião do produto tabaco energético. Em 2007, Plantechno e
Idroedil criaram a Sunchem e passaram a uma fase de testes em escala mundial. (portaldoagronegocio)
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