BNDES prioriza apoio a projetos de energia solar e deixa de financiar térmicas a carvão e a óleo.
O
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) decidiu ampliar o
apoio a projetos de energia solar de até 70% para até 80% dos itens
financiáveis em Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), usada pela instituição em
suas operações e atualmente em 7,5% ao ano. O banco também extinguiu o
financiamento a usinas térmicas a carvão e a óleo.
As
novas condições de financiamento para o setor de energia elétrica foram
divulgadas em 03/10/16, pela instituição, no Rio de Janeiro, e já valem para os
próximos leilões de energia, programados para outubro e dezembro próximos. O
banco não concederá mais empréstimos-ponte para empreendedores do setor
elétrico. Há exigência de participação mínima de 20% de recursos próprios do
investidor nos projetos, com possibilidade de emissão de debêntures (título de
crédito representativo de empréstimo que uma companhia faz junto a terceiros),
das quais o BNDES se compromete a adquirir até 50%, visando reduzir o risco,
principalmente na fase de construção do empreendimento.
A
diretora de Infraestrutura e Sustentabilidade do BNDES, Marilene Ramos,
informou que as decisões foram tomadas em consenso com o Ministério de Minas e
Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O objetivo é
privilegiar, dentro dos recursos de TJLP, projetos de fontes de energia
alternativas que mostram maior retorno social e ambiental. Haverá ainda espaço
para financiamentos a taxa de mercado, buscando maior participação do setor
privado na emissão de debêntures, segundo Marilene.
A
diretora disse que a priorização para energia solar está ligada ao fato que
essa é uma tecnologia em fase de desenvolvimento no Brasil e é preciso
consolidar o segmento no setor de energia brasileiro. O banco manteve em até
80% sua participação em projetos de eficiência energética, definindo o mesmo
nível de financiamento para projetos de iluminação pública eficiente.
“É
um setor que, nós acreditamos, vai crescer muito, porque são projetos de grande
viabilidade, têm condições de, financiados dessa forma, se pagarem em prazos
relativamente curtos, e representam, para as cidades e prefeituras, uma enorme
economia. Além disso, têm um impacto social muito grande, na medida em que as
cidades mais iluminadas são mais seguras, permitem opções de lazer noturno e,
além disso, propiciam a instalação aqui de uma cadeia de produção de todos os
equipamentos”. Na questão específica das luminárias a ‘led’, Marilene Ramos
destacou que é um mercado que gera empregos de alto nível e qualidade.
Energias
alternativas
O
BNDES decidiu manter em até 70% em TJLP sua participação nos itens financiáveis
nas demais fontes alternativas, entre as quais eólicas, biomassa, pequenas
centrais hidrelétricas (PCHs) e cogeração renovável. O intuito é dar incentivos
à participação dessas fontes na matriz energética nacional. Para energia
eólica, em especial, o prazo de financiamento é de 16 anos, “tendo em vista a
vida útil do equipamento”, observou a superintendente da Área de Energia, Carla
Primavera. Para as demais energias alternativas, o prazo de financiamento é de
20 anos.
A
diretora de Infraestrutura disse que as novas condições de financiamento à
energia elétrica estão alinhadas com o compromisso assumido pelo governo
brasileiro no Acordo de Paris, em dezembro do ano passado, para aumentar a
participação das energias alternativa na matriz. Daí a decisão do banco de não
financiar mais usinas termelétricas a carvão e a óleo, responsáveis pela maior
emissão de gases poluentes na atmosfera.
Dentro
da meta de ampliar a participação privada nos setores de geração de energia de
grandes usinas hidrelétricas, linhas de transmissão e distribuição, o BNDES
promoveu alterações, prevendo participação maior do mercado privado. No caso
das hidrelétricas, por exemplo, o banco reduziu a parcela em TJLP dos itens financiáveis
de 70% para 50%. Marilene Ramos lembrou, porém, que assim como todos os demais
setores, a participação do BNDES poderá se elevar até 80% do valor total dos
itens financiáveis, incluindo a emissão de debêntures a serem emitidas pelo
empreendedor.
No
caso do setor de distribuição de energia, o banco manteve o financiamento em
50% dos itens financiáveis, sendo que a metade disso será com recursos em TJLP
e a outra metade em taxas de mercado. No setor de transmissão, ocorreu
alteração maior, aonde a participação do banco chega a até 80% dos itens
financiáveis, mas integralmente a custos de mercado. Nessa área, o banco
alongou o prazo de financiamento para 20 anos, prevendo a possibilidade de
emissão de debêntures.
Marilene
Ramos informou que a decisão de deixar as linhas de transmissão sem crédito
mais barato ou subsidiado, representado pela TJLP, objetiva evitar distorções
em relação à geração. “Porque uma linha de transmissão muito longa, financiada
a TJLP, acaba mascarando a maior ou menor viabilidade de um projeto de geração
que está localizado em regiões mais distantes, em detrimento de outro que
poderia ser mais viável. A ideia é que dentro do financiamento de linhas de
transmissão, essa condição é totalmente internalizada na modelagem, antes do
leilão e, com isso, você vai ter uma visão mais realista do que efetivamente
custa transmitir energia no país, e não diluir parte desses custos para o
conjunto geral dos consumidores”. A meta é definir seus custos reais,
completou.
Térmicas
a carvão
A
diretora Marilene Ramos afirmou que a decisão do BNDES de não financiar mais
térmicas a carvão e a óleo, com o objetivo de promover a participação na matriz
de fontes de energia limpas, não impede que haja projetos com carvão no país
desde que sejam financiados pelo mercado em geral. A superintendente de
Energia, Carla Primavera, acrescentou que os projetos relativos a leilões
passados respeitam as condições divulgadas pelo BNDES antes de sua realização.
“Eventualmente, se existir algum projeto dentro da casa para aprovação, que foi
objeto de um leilão passado, as condições passadas são respeitadas”.
Empréstimo-ponte
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