A
Era dos combustíveis fósseis está com os dias contados. O futuro da humanidade
depende do sucesso da energia renovável e da economia de baixo carbono. O
crescimento da produção das energias solar e eólica tem sido espetacular,
embora o mundo ainda esteja muito distante da meta de 100% de energia limpa.
Evidentemente, as fontes renováveis não são uma panaceia para os problemas da
degradação ambiental provocada pelo aumento da pegada ecológica da população
mundial.
As
atividades antrópicas já ultrapassaram a capacidade de carga do Planeta. A
solução passa pela promoção do decrescimento demoeconômico e da restauração das
áreas anecúmenas. É urgente reverter a curva da perda de biodiversidade,
evitando a sexta extinção em massa da flora e da fauna. A defaunação é um
verdadeiro holocausto biológico que vai reverberar sobre a própria humanidade.
Desta
forma, são bem-vindas as iniciativas para o desinvestimento em combustíveis
fósseis e a redução da emissão de gases de efeito estufa. Em artigo recente
mostrei que o desenvolvimento tecnológico já permite sonhar com a utopia do
carro elétrico, autônomo e compartilhado (ver link abaixo) alimentado por
telhados solares:
“Na
tecnópolis do futuro, um simples aplicativo de celular permitirá conectar a
saída de casa, do trabalho ou de uma festa, interligando com o local de
destino. O carro viria de forma autônoma. A população se locomoveria com um
menor número de carros em circulação. O automóvel se tornaria apenas um meio
(como se fosse um táxi) e não um fim. Neste mundo de sonho, haveria muitos
ganhos com o uso dos carros compartilhados autônomos. Os engarrafamentos seriam
reduzidos ou eliminados, assim como a perda de tempo provocada pela imobilidade
urbana” (ALVES, 24/11/2016).
Esta
possibilidade não é apenas um sonho tecnófilo cornucopiano. A utopia do carro
elétrico, autônomo e compartilhado poderia contribuir para a redução da
produção e circulação de automóveis no mundo, reduzindo também a pressão sobre
a extração de recursos naturais e contribuindo para o desacoplamento entre
produção de bens e a degradação ecológica. Mesmo sabendo que a tecnologia não é
capaz de resolver todos os males da acumulação de riqueza, não é justo e nem
conveniente reforçar os preconceitos da tecnofobia (medo da tecnologia
moderna).
Outra
inovação tecnológica que promete resultados concretos nos próximos anos é a
avenida elétrica. As estradas de painéis solares – que podem transmitir a
energia do sol em redes elétricas – já apresentam resultados promissores.
Artigo
de Anna Hirtenstein, no site Bloomberg (24/11/2016), mostra que uma subsidiária
da Bouygues SA projetou painéis solares resistentes, capazes de suportar o peso
de um caminhão de 18 rodas. Após quase cinco anos de pesquisa e testes
laboratoriais, eles estão construindo 100 locais de teste ao ar livre e
planejam comercializar a tecnologia no início de 2018.
A
autora argumenta que à medida que os custos solares despencam, os painéis estão
sendo cada vez mais integrados aos materiais do dia a dia. A Tesla Motors Inc.
surpreendeu os investidores ao revelar telhas de telhado como painéis solares.
Outras empresas estão integrando alternativas fotovoltaicas em fachadas de
edifícios. Assim, a Wattway junta-se a outros grupos, incluindo a Suécia Scania
e Solar Roadways nos EUA, que procuram integrar painéis no pavimento.
Estradas
pavimentadas com painéis solares podem ser usadas no futuro.
A
empresa Wattway diz que para resistir ao peso do tráfego, foram usadas várias
camadas e vários tipos de plásticos para criar uma caixa clara e durável. O
painel solar embaixo é um modelo ordinário, semelhante aos painéis nos
telhados. A fiação elétrica é incorporada na estrada e o engenho é coberto por
uma superfície antiderrapante feita de vidro esmagado. Um local de teste de um
quilômetro de extensão mostrou que os 2800 m2 de painéis solares
devem gerar 280 kW no pico, com a instalação gerando a energia suficiente para
alimentar a iluminação pública em uma cidade de 5.000 habitantes por um ano.
Assim,
a França inaugurou, em dezembro de 2016, uma estrada solar. A rodovia é
pavimentada com painéis solares capazes de fornecer energia para a iluminação
pública de Tourouvre, pequena cidade de 5 mil habitantes no noroeste do país,
na região da Normandia. O trecho de um quilômetro coberto com 2,8 m2 de
painéis solares revestidos de resina foi ligado à rede de energia elétrica
local.
Desta
forma, carros elétricos, autônomos e compartilhados e estradas de painéis solares
são utopias que nos fazem sonhar com o futuro menos poluidor, mas que só serão
viáveis se conseguirmos superar a distopia da pobreza, dos conflitos, da
violência e da desorganização das cidades. (ecodebate)
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